Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Deu tempo! Corri um pouquinho e consegui escrever mais um capítulo antes de viajar! Espero que gostem!



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Oh, giving fire to your flame, (Oh, colocando fogo em sua chama)
Every time you speak my name (sempre que voc
ê falar meu nome)
Close your eyes and say it to me (feche os olhos e me diga)
Yes darling, yes darling, yes. (sim, querido, sim querido, sim).

Sam acenou para os alunos, que estavam compenetrados em seus afazeres. Deu uma última olhada em direção a Dean e saiu da sala, com o coração apertado. Em passos largos, andava apressado pelos corredores. Já era impossível conter as lágrimas.

Agora estava claro: Dean sentia algo por ele, e forte. O clima que rolara durante o treino não fora fruto de sua imaginação. Os olhos marejados e as mãos trêmulas do louro eram prova disso.

Sim, claro, aquilo não deixava de ser um alívio... Sabia que estavam destinados a ficar juntos... Sabia que mais cedo ou mais tarde, Dean corresponderia o seu amor... Mas lá no fundinho, sempre existia a dúvida...

Sam entrou no banheiro. Não havia melhor lugar para se esconder e deixar aliviar a pressão que sentia no peito... A felicidade de ser correspondido era ao mesmo tempo um martírio... Dean tinha só quinze anos afinal. O que haveria ele de fazer? Não podiam ficar juntos... Não agora...

O professor trancou-se em um dos cubículos do banheiro. Precisava ficar sozinho... Deixar as lágrimas rolarem livremente.

Já estava conformado em assistir Dean acabar de crescer, lindo e forte, diante de seus olhos, sem que pudesse tocá-lo. Mesmo que o menino namorasse, mesmo que demorasse anos, mesmo que doesse... Ele estava preparado. O que ele não estava preparado para ver era Dean sofrendo...

Sam soltou um soluço alto.

Aqueles olhinhos verdes, confusos, assustados... Aquelas lágrimas de emoção, ou quem sabe até de medo... Ver Dean daquele jeito estraçalhava seu coração. Não, aquilo ele não podia aguentar... O que fazer? No momento, ele só sabia chorar.

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Misha, Justin, Ruby e Jo, empolgados, permaneceram sentados trabalhando na trilha sonora e figurino da peça, mesmo depois de Sam se retirar. Dean, ainda estremecido, queria ficar sozinho.

– Eu já terminei o meu ensaio. Vou pro meu quarto... Depois a gente se vê... – disse para os colegas.

Os outros acenaram para ele, e nem perceberam seus olhos vermelhos. Infelizmente, nem todos naquele colégio eram assim tão distraídos...

– Dean, está tudo bem? – perguntou Brian Scott, assim que viu o menino, visivelmente abalado, indo em direção ao dormitório.

– Tudo bem... – respondeu o garoto titubeante.

Não parecia tudo bem... Brian era observador. Dean estava com os olhos vermelhos e o rosto pálido.

– Tem certeza? – insistiu – Já sei... Brigou com a namoradinha...

– Não... – suspirou Dean. Queria que Brian o deixasse em paz.

– Dean, você pode se abrir comigo, viu? Se precisar de qualquer coisa...

– É só uma alergia... – mentiu o menino. O treinador teria continuado a conversa, mas por sorte do louro, o homem tinha uma reunião dali a pouco. E ainda precisava usar o banheiro... Deu um tapinha no ombro do garoto.

– Então se cuida! Quinta-feira tem treino, hein? Não esquece.

Dean forçou um sorriso. Tudo o que ele menos queria naquele momento era pensar no tal treino, com “Navalhada” e tudo mais. Despediu-se do treinador e apertou o passo.

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Brian olhou o relógio e se apressou. Já estava se aliviando no urinol quando ouviu alguém chorando.

O homem terminou o que tinha de fazer, e, mesmo estando com pouco tempo, não pôde deixar de oferecer ajuda. Ele perderia o início da reunião se fosse preciso, mas não iria deixar uma pessoa sofrendo daquele jeito, desamparada...

– Hey! Quem está aí? Está tudo bem?

Sam reconheceu a voz de Brian. Que droga! Era azar demais! Logo Brian... Pensou em ficar calado, mas sabia o quando o desgraçado era insistente.

– É o Sam... Mas não se preocupe, está tudo bem. É assunto pessoal...

Brian surpreendeu-se. Imaginara antes tratar-se de um aluno. Para um homem feito chorar daquele jeito, devia ser grave...

O treinador estava prestes a insistir. Perguntar se Sam não precisava mesmo de alguma ajuda... Mas de repente lembrou-se de Dean. Dean chorando... Sam chorando... Logo depois da reunião da peça de Teatro... O homem sentiu um vazio no estômago. Não era possível...

– Sam, abre essa porta! – esbravejou.

Sam já estava abrindo, após enxugar o rosto da melhor maneira possível.

– Já saí, Brian. Satisfeito?

Mas ao olhar o semblante do outro, Sam percebeu que ele não estava nada satisfeito. Parecia furioso aliás... Que homem louco...

– Winchester, eu espero que você não tenha feito nenhuma besteira! Você não se atreva a fazer uma besteira com o Dean!

Os olhos do professor Scott faiscavam, marejados de ódio e mágoa. Sam morreu de raiva. Ele não tinha feito nada com Dean! E mesmo que tivesse, não teria sido nenhuma besteira! Idiota! Imbecil! Por que Brian precisava atrapalhar mais ainda sua vida, que já era complicada?

– Não sei do que você está falando, Brian, me deixa em paz! – grunhiu Sam. Se retirou do banheiro em seguida, ou não teria se controlado. Sua vontade era de socar o treinador Scott ali mesmo.

Brian sentiu uma lágrima brotar em seus olhos. Se Sam tivesse feito alguma coisa, qualquer coisa, com o garoto, ele iria descobrir... E não sossegaria até que aquele pedófilo desgraçado fosse parar na cadeia. Estava morrendo de ódio. Dean era só um menino...

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Sentado na cama de seu quarto no Saint Peter, Dean pensava no que lhe acontecera horas mais cedo. O contato... O cheiro... O desejo ardente que teve de tocar, beijar e agarrar seu professor de teatro durante o treino. A vontade desesperada que tinha de vê-lo novamente, naquele exato momento.

Aqueles cabelos sedosos, o sorriso encantador, os braços fortes... Seu jeito de falar, andar, respirar. E como era impossível Dean pensar nele sem sorrir feito um bobo...

Isso fazia dele gay? Significava que gostava de homens? Talvez... Nem ele mesmo sabia. Mas gostava de Sam... Estava convencido... E como poderia não gostar? Gostaria mesmo que o professor fosse uma mulher, um hermafrodita ou mesmo um alce...

Dean sorriu mais uma vez. Que homem lindo e perfeito... Pena que devia achá-lo um idiota... Porque era assim que Dean se portava diante de Sam... Como um idiota!

Se mais cedo Dean sentira que o professor também lhe desejava, agora pensava ser um bobão por sequer ter considerado essa hipótese. É claro que aquele ser maravilhoso não poderia estar interessado nele... Sam com certeza era hétero e vivia cercado de mulheres, quando não tinha que trabalhar duro no colégio, tentando se livrar das garotinhas, e pelo jeito também dos garotinhos, apaixonados por ele... Sim, ele era tão ou mais patético que Ruby...

O menino suspirou. Colocou “Yes” do Tim Moore, que havia baixado, para tocar, enquanto chorava porque seu amor nunca haveria de ser correspondido. Depois, quando cansou de se sentir miserável, ligou o seu tablet e, como não conseguia pensar em outra coisa, começou a desenhar Sam Winchester.

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Nos dias que se seguiram, Dean passou seu tempo suspirando pelos cantos e desenhando Sam escondido. Chorava ao som de músicas de amor, sozinho em seu quarto. Sorria sem graça, e ao mesmo tempo encantado, todas as vezes que cruzava com o moreno pelos corredores do colégio. Ansiava pelas aulas de teatro e principalmente pelos encontros da peça.

Sam não teve coragem de ensaiar a luta com Dean de novo. Disse ao menino que deixariam para mais tarde, o que para Dean não deixou de ser um alívio. Estavam agora trabalhando nos cenários e no texto.

Enquanto isso, Brian, prestava atenção a cada movimento dos dois. Não conseguira ver nada que incriminasse Sam. Ainda... Mas os olhares que este lançava a Dean, e vice versa, não passavam despercebidos.

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Em uma certa segunda-feira, Dean havia chegado cedo ao Colégio. Sentado, sozinho, dava os últimos retoques na sua obra prima: a pintura digital que fizera de Sam - lindo e sorridente. Dean sorria de volta, orgulhoso e apaixonado pela sua criação.

– Bom dia, Dean!

O menino se assustou e desligou o tablet correndo. Se qualquer pessoa visse o desenho estava perdido...

Era Jo, que havia chegado junto com sua melhor amiga, Ruby. Dean andava tentando evitá-la ao máximo... Já tinha decido que terminaria com a garota, só não sabia exatamente quando. Por enquanto, com medo que alguém desconfiasse de seu amor por Sam, preferia continuar com o namoro.

As meninas estavam no meio de uma conversa, mas pelo jeito não se importavam que ele escutasse.

– Está decidido! Hoje mesmo me declaro para ele! Já cansei com esse negócio de paixão platônica.

Dean estremeceu. Ruby queria se declarar para Sam?!

– Tem certeza, amiga? Sei lá... Depois o clima entre vocês pode ficar chato...

– Você acha que eu não tenho chance nenhuma, não é? – A morena pareceu se irritar.

É claro que ela não tinha chance... O que estava achando? Apesar de pensar assim, Dean não pôde deixar de se sentir apreensivo. Preferia que a menina não fosse tentar a sorte com o professor Winchester... Prestou ainda mais atenção à conversa.

– Não é isso... Mas, sei lá... Ele vai dizer que você é muito nova... – ponderou Jo.

– Eu sei... Vai dizer que eu sou nova demais, e que sou aluna, e blá blá blá... – completou Ruby. – Mas se ele vier com esse papo, eu vou cortar logo. Eu tenho quinze anos, mas sou muito madura! Uma mulher de verdade...

– Tomara que ele te dê uma chance... Eu vou ficar torcendo! – disse Jo por fim.

“E eu torcendo contra...” – pensou Dean. Já estava se conformando em não poder ter Sam para si. Se Ruby conseguisse conquistá-lo, ele cortaria os pulsos... Ia ser um golpe duro demais.

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– Errr... Sam... Posso roubar um minutinho do seu tempo?

– Sim, claro. Pode falar, Ruby. – respondeu o professor, com educação.

O pátio estava cheio... A menina titubeou.

– É que é algo meio pessoal... Podemos ir para um lugar mais privado?

– Tudo bem... Vamos para o meu gabinete então... – Sam não fazia ideia do que poderia ser...

Dean, que assistia a tudo de longe, estremeceu ao ver os dois, caminhando juntos, e se afastando. Que droga! Estava morrendo de ciúmes.

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– Pronto. Pode falar. – Disse Sam assim que fechou a porta atrás de si.

– É... Sam... Eu... – Ruby sorriu. – Eu queria te dizer que gosto muito de você... E eu sinto que é recíproco...

Oh não... Aquela garota estava ali para se declarar para ele? Que enrascada... Sam tentou cortá-la, mas a menina não deixou.

– Por favor, não diga nada agora... Eu sei que sou nova e tudo mais... Mas acima de tudo eu sou uma mulher e você é um homem e... Nós podemos ser felizes juntos!

– Ruby...

A morena interrompeu-o mais uma vez.

– Por favor, dê uma chance ao amor! – exclamou, de forma dramática.

– Não... Desculpa... Não dá... – o homem respondeu por fim.

– Mas por quê? – insistiu a garota.

Sam Winchester suspirou. É claro que a primeira coisa que lhe passou pela cabeça foi dizer que não podia ficar com uma aluna. E que ela era muito nova pra ele... Ao mesmo tempo... Quem era ele para dizer aquilo? Logo ele que sonhava com o dia em que poderia finalmente ficar com Dean... Se fosse o louro ali na frente dele, com certeza não resistira a tentação...

– É por que e tenho quinze anos, não é? Isso não é justo! – guinchou a menina.

– Não... Não é isso...

Poderia contar que era gay... Mas, apesar de ser assumido, Sam não gostava de falar abertamente sobre isso com os alunos. Sua vida sexual não lhes dizia respeito.

– É só que eu não gosto de você! Não desse jeito... – completou, finalmente.

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Quando Dean viu Ruby aparecer chorando, após levar um enorme fora, sorriu por dentro. Sentia uma pontinha de culpa. Não é que quisesse ver a garota sofrendo... Mas se Sam não podia ser dele, também não podia ser dela. Nem de ninguém...

Jo correu para consolar a amiga.

– Mas isso não vai ficar assim! – fungava a morena. – Ele disse que não gostava de mim... Mas isso é porquê ainda não me viu como mulher...

– Amiga, deixa o professor Winchester pra lá... – aconselhou Jo.

Mas Ruby estava decidida. Não era hora de desistir ainda.

– Eu vi um convite em cima da mesa dele... Era para o show de uma tal Clara Kentucky, em uma casa de shows chamada Smokey Gray... No fim de semana depois do próximo...

Jo e Dean olharam para a garota curiosos. O que ela pretendia fazer com aquela informação?

– Eu vou dar um jeito de ir até lá, me encontrar com ele. – Ruby enxugou os olhos. Parecia agora muito mais empolgada com o desafio de conquistar o professor do que triste. – Quando ele me vir sem uniforme, com um vestido de arrasar e toda maquiada, vai cair aos meus pés...

“Assanhada...” – grunhiu Dean para si mesmo.


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