Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Minha viagem foi ótima! Obrigada pela paciência. Agora estou de volta, então, voltando de onde tínhamos parado...



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Nos dias que se seguiram, Ruby não pensou nem falou em outra coisa senão em ir atrás do professor Sam Winchester na boate Smokey Gray. Jo havia concordado em acompanhar a amiga, e Dean se prontificou a ir com elas. Por pior que fosse ver Ruby se jogando em cima do seu amor, era melhor que ficar imaginando a cena de longe. De alguma forma “torcer contra” parecia mais eficaz se ele se mantivesse por perto.

Misha e Justin, os únicos a saber do plano dos três, estavam achando tudo uma grande loucura.

– E como vocês pretendem ir até lá? Ou entrar lá? – perguntou Misha desafiador. – Duvido que os pais de vocês deixem... E essa boate não permite menores de idade...

– Eu tenho uma carteira de identidade falsa! – exclamou Ruby em resposta. – E as carteiras da Jo e do Dean já estão sendo providenciadas... Tenho um amigo que sabe falsificar direitinho!

– Mas como vocês vão até lá? – dessa vez foi Justin quem perguntou, insistindo na indagação feita anteriormente por Misha.

Ruby e Jo se entreolharam. Não sabiam ao certo...

– Nós daremos um jeito... Nem que a gente tenha que fugir de casa e pegar um táxi...

Dean arregalou os olhos. Essa era a parte mais preocupante do plano. Para ele, fugir de casa parecia uma tarefa impossível... O louro sentiu-se aliviado quando Misha surgiu com uma solução bem mais viável.

– Vai ser no mesmo dia da festa da Adeline... – comentou o moreno. – Eu e o Justin estamos pensando em ir... Vocês poderiam ir também, e, de lá, fugir para fazer a loucura de vocês... Apesar de eu achar uma péssima ideia...

– Genial! – comemorou Ruby tascando um beijo na bochecha do amigo. Ir atrás de seu grande amor e finalmente conquistá-lo parecia cada vez mais fácil de se concretizar...

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Dean suspirou... Ele nunca, em um milhão de anos, teria coragem de se aproximar de Sam e dizer a ele sobre como se sentia. Por isso, tinha uma certa inveja de Ruby... A garota podia estar se expondo ao ridículo e correndo o risco de levar mais um fora. Mas, pelo menos, ela estava tentando... A ele só restava sofrer calado. Que droga ser um garoto apaixonado por um homem... Nem mesmo desabafar com os amigos ele podia... Falar com seus pais então, nem pensar.

O garoto retocou mais uma vez o retrato de Sam em seu tablet. Estava lindo... O louro sorriu, entristecido. Queria tanto poder abraçar aquele homem... Como não podia, agarrou um travesseiro mesmo. O maior e mais macio que tinha no quarto...

Em pouco tempo Dean já havia apelidado o fofo objeto de “Sammy Pillow” e colado dois olhinhos verdes, feitos de papelão. Talvez ele fosse mesmo enlouquecer se não falasse sobre sua paixão para alguém... Mas quem? Os meninos iriam gozar da cara dele... Precisava ser alguém mais velho... Roger? Não. Dean detestaria decepcionar seu pai, que estava tão feliz por ele ter arranjado uma namoradinha. Quem sabe então o professor Brian Scott? Dean começou a considerar seriamente a possibilidade de procurá-lo para conversar.

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A semana passou depressa. Assim que pôs os pés em casa, na sexta-feira, Dean foi logo falando sobre a festa de aniversário da sua “grande amiga” Adeline, que seria no fim de semana seguinte. A princípio Roger ficou com um pé atrás. Nunca tinha ouvido falar na garota e não gostava da ideia de Dean sozinho por aí a noite.

– Depois a gente conversa, filho... Vai se arrumar que nós vamos sair para jantar.

– Sair? – Dean fez bico. Tudo o que ele queria era combinar logo sobre a saída da semana seguinte e ficar em paz em casa, ouvindo músicas de amor e escrevendo poesias para Sam.

– Isso mesmo. Vai se arrumar. – insistiu o pai.

– Deixa eu ficar em casa... – pediu. – Eu tenho dever para fazer...

– Dean... Amanhã você faz! Vai ter o dia todo...

O louro olhou para o pai um tanto irritado. Era impressionante como o tratavam como se ainda fosse um bebê. Nem mesmo ficar sozinho em casa ele podia... Em vez de se arrumar, entrou na internet e começou a conversar com os amigos. Queria saber logo o que fariam no próximo sábado. Agora que estavam todos perto de seus pais poderiam decidir melhor.

– Já está pronto, Dean? – gritou a mãe, da sala.

– Não... Eu quero ficar em casa.

– Sozinho? – Interveio Roger, já se encaminhando para o quarto do filho.

– Pai... Eu já tenho quinze anos... - falou menino, suplicante.

Roger então percebeu que o filho estava conversando pela internet. Provavelmente com a namoradinha... Sorriu. Era difícil de admitir, mas seu garotinho estava mesmo crescido...

Notando o olhar condescendente do pai, Dean aproveitou para insistir sobre e festa. Em pouco tempo, finalmente conseguiu o que queria: ficar sozinho em casa aquela noite, e ir à festa com os amigos no sábado seguinte. Havia finalmente convencido Roger que precisava de um pouco de liberdade para curtir seu primeiro amor.

– Tchau, pai! Tchau, mãe! Bom jantar! – despediu-se Dean, sorridente.

– Se cuida, filho. – respondeu Roger. Sentia uma pontinha de dor no coração em largar o seu garotinho sozinho em casa.

Dean deitou-se na cama satisfeito, colocando o laptop no colo. Estava tudo combinado agora. a mãe de Jo ficara incumbida de levar os cinco adolescentes para a festa. Na volta seriam buscados pelo pai de Misha. Ou pelo menos Misha e Justin seriam... Jo, Ruby e Dean provavelmente voltariam de táxi da Smokey Gray.

O garoto despediu-se dos amigos em seguida e desligou o computador. Era hora de ouvir suas músicas, olhar o desenho que fizera de Sam e escrever poesias e cartas de amor para ele... Finalmente um tempinho a sós para curtir seu amor platônico.

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Seus olhos estavam marejados. A carta que escrevia para Sam era tocante, ou, ao menos, assim ele pensava. Era difícil colocar no papel tanto sentimento.

O coração de Dean acelerou ao ouvir o barulho da porta. Olhou o relógio. Seus pais haviam saído a menos de 30 minutos...

– Mãe!? – chamou uma voz feminina, ecoando pela sala vazia.

Dean franziu o cenho. O que Mackenzie estava fazendo ali aquela hora? Logo agora que ele estava sozinho e sossegado? Que azar! Dean saiu do quarto e enxergou a irmã do alto da escada que unia os dois andares da casa.

– Macky! A mãe não está... – respondeu em voz quase gritada.

Mackenzie olhou para cima de relance, aparentando estar de péssimo humor. Também, pudera... Ao seu lado estava o nojento do Saul, e pareciam estar no meio de uma conversa desagradável.

– Sete e meio não é ruim, Mackenzie... – argumentava o homem. – Você não quer que eu minta pra você, quer?

– Ahh Saul, cala a boca! Para o seu romantismo eu dou nota zero! – retrucou a moça. Em seguida olhou para o irmão – Saiu, é? Que merda! Ela vai demorar?

– Eles saíram para jantar faz menos de meia hora. Acho que demoram sim... – respondeu o garoto, torcendo para que o casal resolvesse ir embora dali.

– Puta que pariu! – xingou Mackenzie com raiva. – Vamos embora, Saul!

– Não, Macky... A gente está sem grana... Não custa nada esperar um pouco... – retrucou o homem. Dean notou o sujeitinho olhando guloso em sua direção.

– Já o seu irmãozinho... – continuou Saul, pelo jeito retomando à conversa anterior. – Ele é nove e meio. Vocês não são irmãos de pai e mãe, são?

Mackenzie saiu batendo pé, em direção à cozinha. Saul sabia mesmo ser desagradável... Dean teve pena da irmã. O homem continuou sorridente, olhando em direção ao garoto. O menino sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Melhor voltar para o seu quarto e se trancar por lá...

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Algum tempo havia se passado e tudo estava quieto. Talvez Mackenzie tivesse desistido de esperar. Talvez fosse seguro ir buscar um sanduíche na cozinha...

Quando Dean colocou seus pés para fora do quarto, entretanto, teve uma surpresa bastante desagradável: Saul...

– Onde está a Macky? – perguntou o menino assustado com a proximidade do homem.

– Dormiu... Acho que bebeu demais.

Pelo bafo do sujeito, ele também, pelo jeito, havia ajudado a dar cabo das bebidas que o casal sempre carregava no porta malas do carro. Para "emergências", diziam eles...

– Bem, eu... Vou dormir também... – Disse Dean, gaguejante. Deu meia volta. Mas antes que pudesse voltar para seu quarto, foi segurado pela cintura.

– Sabe, eu falei que você era nove e meio... Foi só para não chatear a Mackenzie ainda mais... Na verdade, você é dez... Você é muito bonito, garoto...

O louro estava pálido de susto. Tentou desvencilhar-se das mãos do homem, mas Saul era mais forte. Foi imprensando o menino contra a grade da escada, esfregando-o com o pau visivelmente duro por debaixo da calça.

– Me solta! – reclamou o louro em voz alta, apesar do nervosismo que lhe tirava o fôlego

Para seu alívio Mackenzie apareceu em seguida, vindo do quarto dos pais. Saul assustou-se, e deu um passinho para trás.

– O que está acontecendo aqui? – esbravejou a moça. Dean estava branco, sem palavras. Quem respondeu, portanto, foi Saul...

– Macky... Eu estava tentando me livrar dele... Mas esse seu irmão...

– Veado! – gritou Mackenzie, furiosa e descabelada. Avançou para cima do garoto em seguida e empurrou-o com força.

Dean desequilibrou-se. Tentou segurar a irmã, mas ela lhe deu um segundo safanão. Horrorizado de susto, o garoto foi lançado escada abaixo. Rolou até o último degrau, e, quando finalmente viu-se firme no chão, ainda levou algum tempo para voltar a si. Apesar dos vários arranhões e pancadas, tudo o que lhe chamou a atenção foi a perna direita visivelmente entortada e a dor agoniante que vinha dela. Dean não conseguiu segurar as lágrimas.

– Merda! Merda! Merda! – Xingou Mackenzie, descendo as escadas em seguida. A moça e o namorado então se aproximaram do garoto.

– Acho que quebrou a perna... – observou Saul.

Mackenzie pareceu ligeiramente arrependida. – Que merda, Dean... Você sabe que eu não queria te machucar! Mas porra, vai se enveadar logo para cima do meu namorado?

Dean nem conseguiu responder. Tudo o que ele queria era que aquela dor fosse embora...

– Me ajuda! – pediu o menino, aos soluços. – Está doendo!

– Porra, Dean. Você sabe que a mãe e o Roger me matam se souberem que eu te empurrei... Mesmo que tenha sido sem querer... E mesmo que tenha sido culpa sua! – completou. – Você vai dizer que escorregou e que nós nem estivemos aqui, ouviu bem?

O louro desesperou-se ao perceber a intenção da irmã de sair correndo de casa.

– Você não pode me largar aqui. Eu nem consigo levantar... – choramingou.

– Eles já devem estar chegando... Aguenta firme. Seja homem pelo menos uma vez na vida! – falou a mulher apressada enquanto “apagava” os rastros de sua passagem pela casa.

– Não, Mackenzie, volta aqui! – protestou o menino. – Por favor, está doendo muito! – completou, chorando.

– Desculpa, mano. Eu tenho que ir... E nem pense em falar que eu estive aqui, hein? Ou eu conto para todo mundo que você é veado!

E com essas palavras, Mackenzie retirou-se apressada com Saul a tira-colo. Dean tentou se mover mas a dor era tanta que desistiu. Tudo o que lhe restava era chorar e torcer para que seus pais não demorassem demais.


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