Modified - Interativa. escrita por uzumaki


Capítulo 37
Nós poderíamos ser heróis


Notas iniciais do capítulo

Tarde mais sem graça que churrasco de paulista, mas dá pra viver eu acho. ~Desculpe se eu ofendi algum paulista, mas vcs não sabem oq é churrasco até comerem a carne recém caçada de algum tatu na brasa e com muito sal grosso~
Ah, o que posso dizer sobre esse capítulo? Está divo. Sério, terminem de ler pra sentir finalmente meus instintos assassinos engrenando.
Já foram quantos personagens?
Aaron (x)
Rafael (x)
Clary (x)
E além desse, ainda faltam três pra matar, gente, eu queria realmente matar mais ;-;
Bem, leiam o capítulo e nos vemos lá embaixo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/528878/chapter/37

Cath arrombou uma parede para poder entrar na casa. E quando alguns dos homens de Uriah chegavam a se aproximar, Connor usava maestria corporal. Ele quebrou um homem ao meio só estalando os dedos.

– Pietro hackeou a rede e disse que Oliver não está na mesma sala que Charlie. - Connor avisou. Ele estava cuidando do walkie-talkie.

– Então vamos continuar procurando. - Cath afirmou.

– Vamos. - Connor assentiu.

Eles seguiram andando. Aquilo deveria ser um porão, e não as próprias catacumbas. Eram túneis e mais túneis cavados que Cath não sabia direito o que pensar. Aquilo era um laboratório subterrâneo. Não havia salas ali. Apenas túneis mal iluminados.

Esses túneis eram estranhos. Havia certas partes de cimento, mas a maioria era terra mesmo. Terra molhada, que dava a impressão de que ia vir abaixo a qualquer momento. Dava pra se ouvir até mesmo uma goteira.

– Tem uma lanterna? - Cath perguntou.

– Nossa, como eu queria que o Rafael estivesse vivo. – Connor disse. – Ele teria sido muito útil.

– Ah, não me lembre. – Cath pediu.

Catherine escorregou na terra sem querer. Connor a segurou pelo braço.

– Isso tá escorregadio. - Ela constatou.

– É. – Connor deu um sorriso, que logo se perdeu em um pensamento. – Catherine... O que você pretende fazer contra Uriah?

– Fazê-lo pagar por Aaron, Rafael, Charlie, Oliver. E por Allec. - Cath respondeu.

– Matando ele?

– Não.

Connor suspirou aliviado.

– Trucidando. E depois jogando as tripas para os cachorros - Cath deu de ombros.

– Cath. A gente não resolve os problemas matando gente adoidado. - Connor agarrou o braço da amiga.

– Olha só, Connor. Esse cara matou Aaron. Matou Rafael. E destruiu nossas vidas! Eu não dou a mínima se ele vive ou morre. Só prefiro ele morto. - Cath puxou o braço de volta, irritada. Deu as costas para Connor e seguiu andando. Mas o garoto era insistente.

– E se não conseguirmos? Você já parou para pensar na ideia de que podemos não ganhar essa luta? Que Uriah pode nos pegar novamente e fazer o que quiser? - Perguntou. Cath olhou para ele.

– Ele não vai me pegar. Não vai mesmo. Ele não tem como. Ontem eu dei uma olhada na internet. Meus pais. Os dois estão desaparecidos. Desaparecidos, Connor. Há uma semana. E como eu não estou onde eu deveria estar, estão dizendo que eu desapareci também. Dei uma olhada no nome da família de vocês também. Todos estão desaparecidos. Se não toda a família, pelo menos um. Sua irmã, Connor. O irmãozinho de Grim. A mãe de Charlie. O pai de Andrômeda. A mãe de Luke, a mãe de Maison, o sobrinho de Daphne, o irmão de Calebe, a irmã menor de David e Diana, o pai de Pietro, a mãe de Hugo! Todos desaparecidos! Mas pelo menos sobrou algum familiar. Meus pais sumiram. Os dois. Provavelmente mortos!

Cath chorava. Connor estava estático, paralisado. Chocado. Cath, que já estava se acostumando ao fato, não tinha mais como se sentir triste. Sua defesa era o instinto assassino.

– Eles todos? Todos mesmo? - Connor não queria aceitar. - Por que... Por que você não disse?

– E quebrá-los? Isso iria destruir eles. Destruir. Eu estou no chão. Porra cara, eu tô destruída! Eu não consigo nem me levantar de manhã. Eu choro à noite e tenho pesadelos horríveis. Eu tô ferrada! E quer saber? Eu ainda estou aqui. Porque eu quero assistir de camarote a morte daquele filho da puta. De preferência com as minhas mãos o estrangulando, mas não necessariamente.

Connor estava sem reação. Poderia chorar, mas não tinha lágrimas para isso. Sua irmã estava desaparecida. E de acordo com o que Catherine tinha dito, ele também estava. Como estariam seus pais agora? Estariam quebrados? Com certeza Connor não tinha a veia sanguinária de Catherine, mas agora ele mesmo queria matar Uriah.

– Agora vamos achar Oliver. - Cath disse, puxando seu braço. Temia ser fria demais, mas Connor precisava de um choque de realidade.

Eles seguiram andando por dois metros, quando Cath estancou em pleno passo. Connor, que vinha atrás, não poderia se achar mais triste, enraivado e surpreso, mas descobriu que a surpresa é um sentimento difícil de guardar.

– Oliver? - Cath murmurou.

Depois de dias, ali estava Oliver Sonenclar, de pé, com a postura ereta. Havia vários machucados em sua pele branca como a neve, e uma cicatriz no ombro, mas fora isso, ele parecia bem. Quer dizer, nem tão bem. Seus olhos estavam duros como pedra, e sua expressão indiferente ao ver os amigos.

– Oliver! - Cath berrou, correndo para abraçar o garoto. Antes que chegasse a ele, porém, foi recebida por um tiro. Ela caiu no chão como um saco de batatas, se virando para a ferida de bala em seu ombro esquerdo. O pior nem era isso. O pior era que o tiro vinha de uma arma, que Oliver estava carregando.

A mente de Connor deu um nó. Mas antes que pudesse terminar um pensamento, ele correu para Catherine no chão.

– Connor... - Ela balbuciou, em dor.

– Vai se regenerar você vai ficar bem. - Ele disse, apressado, tentando estancar o sangue.

– Tenho que tirar a bala, ou senão não tenho como me regenerar. - Cath disse.

– Nós vamos conseguir, logo, logo...

– Connor, cuidado!

Um tiro. Rápido e limpo. Um tiro perfeito no meio da testa de Connor. O garoto caiu para trás, morto. Cath deu um berro, tentando se afastar do assassino de Connor, Oliver.

– Oliver você matou Connor! - Ela berrou, chorando. Ignorando o próprio ferimento, ela se jogou sobre o corpo do amigo, gritando de dor e pesar. Chorava como nunca, sem nem voltar a atenção para Oliver. - Connor! Connor por favor. Como é que vamos ser uma dupla de super-heróis sem o outro super-herói? Por favor, não me deixa aqui sozinha. Connor...

Oliver estava na sua frente já. Sem nem mudar a expressão, ele pegou Catherine pelo pescoço e a ergueu. Na mesma hora ela deu a falta do ar. Oliver a ergueu mais alto. Cath engasgava com o aperto no pescoço.

Juntou os pedaços dos últimos acontecimentos, tentando montá-los em um quebra-cabeça cruel.

Tentou fazer o jogo que Katniss Everdeen ensinava no último livro daquela trilogia. Era uma boa linha de pensamento antes de morrer.

Eu sou Catherine Jones. Tenho 17 anos recém-completos. Fui adotada aos sete anos por uma família maravilhosa. Eles provavelmente devem estar mortos agora. Arranjei novos amigos que devem estar morrendo lá fora. Fiz um amigo chamado Allec que estava sendo controlado pelo próprio pai e que matou Rafael e depois deu um tiro na minha amiga Mariana. Provavelmente esse cara que controlou Allec está controlando meu outro amigo, Oliver. Oliver foi sequestrado junto com Charlie. Eu e Connor o achamos. Ele matou Connor. E agora está me matando. Minha vida é uma droga.

– Não faça isso. - A pequena parte dela que queria viver conseguiu dizer. A falta de ar era tanta. Seu pescoço estava sendo apertado tanto que o sangue não conseguia correr. Seus pulmões gritavam. Era a agonia em sua forma mais pura. - Ollie. Ollie, volte.

Ela sentia sua vida se esvair. Tudo parecia colorido e brilhante como nunca esteve. Algo a sua frente a chamava. A luz do lugar estava a cegando. Ela já começava a fechar os olhos. Então, sem explicação, o aperto em seu pescoço se afrouxou, a liberando. Ela caiu deitada no chão. A agonia estava voltando. Começou a tossir loucamente, vomitando sangue. Puxava ar, mas nada parecia suficiente. Seus olhos lacrimejavam. Seu ombro parecia envolto em chamas. A queda machucara seu quadril. Tudo doía.

Mas ela conseguiu ajeitar a visão na hora em que Oliver tropeçava para trás sozinho, como se algo o empurrasse. Finalmente ela viu uma expressão naquele rosto de pedra. Pesar. Os olhos de Oliver se movimentaram da sua pequena figura arrebentada no chão para o corpo de Connor. No mesmo momento a dor de perder o melhor amigo atingiu Catherine com tudo. Recomeçou a chorar por luto. Oliver estava com os olhos arregalados.

– Vai embora Catherine. - Ele pronunciou, com dificuldade. - Eu não vou conseguir me controlar por muito tempo.

– Oliver... - A voz de Catherine estava grossa, instável. Ela pigarreou para tentar acomodá-la. - É Uriah que está fazendo isso?

– Me desculpe. - Oliver disse, deixando escapar uma lágrima. Então, ele sumiu. Apenas isso. Desapareceu no nada, se teletransportando. E Cath se encontrou sozinha, ao lado do corpo de Connor.

Reunindo coragem e força, ela se levantou do chão. Lutando contra as lágrimas, sem conseguir as parar, ela ajeitou a metralhadora que nem usara nesses últimos momentos no ombro direito. Começou a andar. Mas virando-se para trás descobriu que não poderia deixar Connor para trás. Mesmo com uma dor inigualável no ombro, tentou puxar o pesado corpo de Connor com o ombro bom.

Puxou, puxou e puxou por quinze minutos. Foi quando conseguiu sair do túnel para fora. A primeira coisa que viu foi uma nascente vermelha de sangue. Imaginou se era dos seus ou dos deles. Tentou puxar Connor, mas alguém a impediu. Ela moveu a mão para a metralhadora, mas era só David.

– Ah meu deus, Cath! - Ele lamentou, olhando seu ombro. Então virou para Connor. Já dava para se ver que ele controlava as lágrimas, mas ao ver o garoto com o rosto coberto de sangue e com um tiro na testa, finalmente desabou. - Clary morreu.

Catherine chorou pela ruiva. Começou a chorar soluçando. Tentou controlar, mas os soluços eram fortes.

– O que aconteceu com Charlie? - Perguntou. Não queria mais uma morte.

– Ela está bem. - David respondeu. - E Oliver?

Cath não queria falar sobre Oliver. Então só balançou a cabeça em negativa. David entendeu isso como um "Oliver está morto" e lamentou a perda. Abraçou Catherine. Cath retribuiu, porque realmente estava se sentindo o ser humano mais triste do mundo. Era egoísmo, ela sabia. Mas ela era assim. Perder os pais, a amiga, o amigo, depois os melhores amigos. Não era pra qualquer um não. Começou a duvidar da existência de um ser divino lá encima. Sua mãe sempre dizia que Deus estava a protegendo. Mas que deus era aquele que deixava crianças serem assassinadas? Que deixava os seres humanos matarem uns aos outros? Queria berrar para o alto. Berrar ou chorar. Talvez as duas coisas ao mesmo tempo. Mas no fundo da sua mente, a lembrança do pai era clara. Em dia de prova, o professor fica calado, ele dizia. Ah, que se dane tudo isso. Ela iria lutar por si mesma agora. E por vingança.

– Você vai ter que deixar Connor aqui. - David disse.

– O quê? Não!

– Eles jogaram Clary no meio de uma nascente, Cath! Jogaram ela como se fosse um saco de lixo na água. Eu tenho que a deixar lá. O que eu vou fazer com o cadáver dela, agora que a alma se foi? Ela não está mais lá. Connor não está mais aqui. Deixe ele ir.

Catherine sabia que ele estava certo. Mas ainda assim era Connor. Connor, o primeiro amigo que ela teve no Acampamento, o que a salvou. Mas David estava certo. Ela largou as pernas de Connor com cuidado. David a puxou pelo braço correndo. Então Cath deixou o amigo para trás, seguindo pelo matagal até onde o carro do falecido Rafael, mas agora de Hugo, os esperava. Cath entrou no banco ao lado do motorista. Não estava com cabeça nem paciência para dirigir. A dor estava em seu auge depois da corrida fatigante. Ela cumprimentou uma Charlie que chorava no banco de trás e viu David entrar no carro. Ele chorava muito, seu rosto ficava vermelho. Ele deu a partida e finalmente começou a dirigir, para o mais longe possível. Eles ainda teriam que voltar pelos amigos, mas tudo o que precisavam agora era espairecer.

O pôr do sol estava incrível. A luz laranja encheu o carro. Isso os tranquilizou, mas não eliminou as lágrimas que insistiam em correr no rosto dos três sobreviventes daquela missão suicida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aaron (x)
Rafael (x)
Clary (x)
Connor (x)
É, faltam três.
Sabe, dia desses terminei de reler Jogos Vorazes. A primeira vez que li, a história não fixou direito em mim, mas agora ela realmente deixou sua impressão. Ela é uma trágica história, mas convenhamos, a Katniss é um pouquinho exagerada. Claro, não estou me colocando no lugar dela, perdeu o pai e os amigos e foi obrigada a participar de um show de horrores, mas o psicológico dela sempre foi fudido. Cara, tudo bem caçar pra sustentar a família, apenas dizendo que ela é exagerada quanto a isso. Porra, pelo menos ela tinha o Gale pra ajudar, mas ela carrega todo mundo como se fosse culpa dela. Então, essa menina que já era mais delicada que coice de égua xucra tá realmente precisando de terapia.
Bem, mas ainda prefiro Maze Runner a Divergente (decepção literária mor) e Jogos Vorazes (por que teve que virar modinha?).
É, eu gosto de desabafar sobre meus livrinhos queridos.
Beijo, até o próximo capítulo!