The Pain In Between escrita por bia souto


Capítulo 4
Home Sweet Home


Notas iniciais do capítulo

EU JÁ DISSE QUE AMO ESCREVER ESSA FIC?



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Kurt não comia direito fazia semanas. Um mês e três semanas desde que chegara em Washington, para ser exato. O castanho sentia a falta de Blaine de tal forma que nunca havia imaginado. Ele passava os dias na cama, após de fazer os deveres de casa (o castanho precisava de alguma distração). Apenas... deitava. Pensando em Blaine, ele passava hora após hora encarando as mesmas rachaduras na parede do beliche de baixo do de Finn.

Ele saiu de casa umas quatro vezes nos últimos tempos, sendo que duas foram para a casa de Elliott - seu amigo, que era sua dupla nas aulas de química e biologia avançada - e outras duas foram para um restaurante com seus pais no aniversário de Finn e no de Burt e Carole. Ele não queria parar de viver, longe disso. Kurt ainda apreciava o fato de poder dar uma caminhada noturna com o irmão ou rir se uma piada boba com Elliott, mas Blaine deixara um vazio tão grande...

Anderson não ligava mais ou mandava mensagens. Ele ligou para dar parabéns para Finn e mandou mensagens para Kurt por engano. Mesmo assim, ele nunca direcionava a palavra a Kurt, e o castanho não podia evitar porém pensar que havia feito algo errado. Blaine não ficava distante de Kurt por uma coisinha boba. Geralmente, quando o castanho ou o moreno passavam dos limites com uma brincadeira ou algo do gênero, eles conversavam e se desculpavam. Mas agora... tudo estava diferente. Ou apenas se normalizando?

– Kurt, Burt e minha mãe querem falar com a gente. – O irmão de Kurt avisou, entrando no quarto dos dois para deixar a mochila no chão. – Vamos lá, irmãozinho. Pela cara deles, não pode ser coisa ruim. – Insistiu o mais alto, e Kurt fechou o livro de geografia que tinha em mãos.

– Estou descendo. Me dê um minuto para colocar algumas roupas confortáveis. – Pediu o castanho, e Finn assentiu, saindo do quarto. O castanho checou o celular para ver se havia alguma mensagem de Blaine, mas não havia nada... como sempre. Ele tirou o casaco de moletom e colocou um pijama, fazendo o mesmo com a calça apertada.

– Kurt, Finn. Sentem-se, por favor. – Burt pediu, ao ver os dois meninos na sala. Os irmãos se dirigiram à mesa da cozinha e tomaram seus lugares ao lado do outro, de frente para Burt e Carole. – Meninos, eu recebi um e-mail do trabalho enquanto vocês estavam na escola, e eles disseram que- – Carole o cortou:

– Vamos voltar para o Alabama daqui a um ano! – Os meninos ficaram de olhos brilhando quando ouviram a primeira parte da frase. Depois o sorriso que se esboçava parou. – Vamos lá, gente, sabemos que não é pouco tempo, mas pelo menos isso.

– Deixe-me explicar, querida. – Pediu Burt, e sua esposa assentiu. – Meu chefe disse que o emprego é temporário no dia que eu aceitei a oferta. Sei que não falei isso a vocês, mas foi porque não queria aumentar a esperança de ninguém aqui, principalmente você, Kurt. – O filho mais novo assentiu. – Ele disse de dois a quatro anos, e sei o quão devagar o tempo pode passar quando você quer que passe rápido. Então... eu falei com ele sobre isso hoje, e pedi que fosse de apenas um ano. Porque a única vez que você saiu dessa casa sem ser para a escola ou restaurantes conosco, foi para ver aquele tal de Elliott para um trabalho. E eu não aguento te ver assim, filho. Finn tem seus amigos, e não é como se você estivesse traindo a amizade de Blaine por ter outros amigos. Permita-se um pouco, garoto. – Kurt não conseguia encontrar palavras que expressavam sua gratidão às palavras do pai, então deu-lhe um abraço apertado e demorado.

– Se isso foi só por causa de Kurt e Blaine, por que eu tive que ficar aqui até agora? – Finn perguntou, recebendo uma cotovelada nada gentil da mãe. – Ai! Mãe!

– Não estrague o momento, Finn! – Reprimiu a mulher, mas o abraço de seu marido e enteado se encerrou logo depois. O castanho secou os olhos e subiu as escadas, avisando que sairia com Elliott. A família assentiu e Finn deitou no sofá para jogar vídeo game enquanto os pais conversavam casualmente à mesa.

Em seu quarto, Kurt pegou o celular e discou o número de Blaine. Ainda eram três da tarde, significando cinco para o moreno. Logo após o primeiro toque, no outro lado da linha foi ouvida a voz de Blaine:

– Oi, Kurt. – Sua voz estava triste. Ele estava franzindo o cenho e fazendo um biquinho que Kurt simplesmente sabia.

– Blaine, oi. Você não me ligou, ou mandou mensagens. Eu sinto muito sua falta. – Ele não obteve resposta. – ...Eu só queria avisar que, uhm, eu vou voltar para o Alabama. Em um ano, mas já é alguma coisa.

– Que bom, isso é ótimo. Você deve deixar bastante coisa para trás... – O moreno disse, aparentemente sem se conter.

– C-Como assim, Blaine? Eu deixei muito para trás ao vir para cá. Voltar será apenas um alívio, te ver novamente...

– Mas e o cara que estava aí? Eu liguei antes do aniversário de Finn, por Skype, repetidas vezes. Daí seu irmão me disse que você estava com um cara. Elliott?

– Ele é meu parceiro de química, Blaine. Nada mais, eu juro. – Prometeu Kurt, ouvindo um suspiro do amigo.

– Adam era seu parceiro de escola... – O moreno murmurou.

– Blaine, eu juro. Elliott é um amigo.

– ...Jura mesmo?

– Mesmo.

– Eu acredito em você. – Kurt suspirou de alívio, e ouviu Blaine rindo do outro lado da linha. – Nesse caso... podemos nos falar por Skype?

– Claro que podemos, B. – Concordou o castanho, já lingando o computador. Ele só desligou o celular quando o rosto de Blaine apareceu na tela. – ...Oi.

– Oi, de novo. – Os dois riram um pouco. – Escuta... me desculpe. Eu não sei por que eu estava com ciúmes. Você tem todo o direito de começar sua vida aí.

– Sem problemas. Eu sinto muitas saudades suas, Blaine. Todos os dias. – Ele disse, batendo levemente a testa contra a mesa do computador. – Eu só... é estressante e frustrante o quanto eu sinto sua falta.

– Eu entendo, K. Eu também fico assim. Mas vamos falar de outras coisas! – Propôs o moreno, começando imediatamente a reclamar de como o professor de geometria havia passado toneladas de dever para o dia da prova de física, e Kurt apenas ria, compartilhando com ele a frustração dos professores.

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Quando os dois amigos perceberam, já era meia noite em Washington e duas da manhã no Alabama. Kurt já havia quase cochilado quando Blaine reclamava do quão irresponsáveis as pessoas do grupo de teatro eram, pois ainda não tinham uma peça pronta e blá... blá... blá...

– Kurt! – Blaine chamou, fazendo o castanho pular na cadeira. – Desculpe, eu não queria te assustar. Mas acho melhor você ir dormir, não? Está muito tarde. Eu vou também.

– Eu não quero parar de falar com você. – Resmungou o castanho, sonolento. – Por favor, não pare de falar comigo nunca.

– Eu não vou. Agora, descanse um pouco e eu vou lhe mandar uma mensagem assim que acordar. Daqui a... quatro horas e quarenta e cinco minutos.

– Me desculpe por te manter acordado, B.

– Não, tudo bem. Eu provavelmente estaria acordado de um jeito ou de outro... – Raciocinou o moreno, esfregando os olhos vermelhos.

– Eu... eu estaria chorando. – Kurt disse, a voz trêmula devido ao sono. Essa era a parte da noite que Kurt contava absolutamente tudo para qualquer um, Blaine sabia muito bem daquilo. – Porque eu sentia... sinto... tantas saudades. Sério, eu quero muito te beijar de novo.

– Kurt, vá dormir. – Pediu Blaine, corando. Ele nunca conseguia desligar antes de Kurt.

– Eu só queria ficar com você! Desde... desde o oitavo ano eu gostei de você... mesmo estando com uma quedinha em Sam ou em Sebastian, era você quem meu coração escolheu. – Kurt começava a demorar mais em cada palavra, seus olhos pareciam pesar toneladas mesmo sendo vistos com a má definição da webcam de Blaine. – E Adam... ele foi só uma tentativa de te esquecer, sabe? Mas eu... eu nunca o quis.

– Boa noite, Kurt.

– Eu te amo, Blaine.

– Eu também te amo. – A tela do menino de Washington ficou preta quando ele apertou o botão vermelho na ligação, depois desligou o computador para dormir (o negócio fazia um barulho infernal). Ele abriu sua cama e entrou debaixo das cobertas, aquecendo-se do frio de início de Novembro.

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Os meses se passaram e Kurt e Blaine entravam no Skype todos os dias. Às vezes, faziam deveres juntos, ouvindo apenas a respiração um do outro antes de irem dormir. Outras, conversavam por horas e horas sem parar. E ainda tinham as ligações de dez, quinze minutos, quando um dos dois tinha tempo para apenas aquilo, ou estavam sem tempo e se ligavam pouco antes de irem se deitar.

Era março, e a primavera se iniciava nos Estados Unidos. Ainda um frio de finalzinho de inverno, que combinado com o sol ficava ótimo. Blaine estava se preparando para provas finais e aplicações para faculdade, enquanto Kurt contava os dias para que Outubro chegasse e ele pudesse sair dali. O castanho planejava se inscrever em alguma universidade no ano seguinte.

Mas seu plano inicial seria beijar Blaine novamente, assim que chegasse.

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Em junho, Kurt jurou para si mesmo que nunca havia visto Blaine tão triste, estressado e nervoso ao mesmo tempo. Ele tinha sempre olheiras e rugas de preocupação apareciam em sua testa. Ele constantemente chorava com Kurt e desabafava: seus pais colocando pressão para que ele não fosse “um ser errado”, como eles falavam, o bullying no Alabama High apenas piorava e Sebastian estava dando em cima dele.

Enquanto isso, ele ainda tinha que ir em vários lugares para audições de faculdades, tais como Julliard, Yale, Harvard (Blaine era um menino inteligentíssimo), NYADA, e a faculdade comunitária do estado, caso seus planos não dessem certo. O moreno estava cada vez mais distante e, às vezes, haviam semanas inteiras que Kurt não ouvia dele.

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Em julho, Blaine parou de responder tudo. Kurt até mandou um tweet e uma pergunta no Tumblr, mas não obteve resposta. Ele ligou para a casa dos Anderson, mas o telefone nem tocava. Tudo o que Kurt menos queria era parar de falar com Blaine.

Mas ele temia mais ficar sem saber o que acontecera e porque ninguém da família do amigo retornava suas constantes tentativas de contatá-los. Era apavorante.

Kurt perdeu onze quilos nas três últimas semanas do mês. Burt havia reparado, assim como Carole. Ele não cuidava mais de sua pele como cuidava antes, deixando suas tão odiadas sardas e espinhas à mostra. Ele usava moletons para tudo o que era lugar e mal tinha três horas de sono por dia.

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Agosto foi inferno. Ele não queria mais nada... Blaine não havia dado sinal ou visualizado as mensagens de Kurt. Ninguém sabia o que estava acontecendo, nem mesmo o castanho, e ele ficava mais e mais desesperado a cada dia.

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Setembro demorou uma eternidade. E nada de Blaine.

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Outubro devolveu um mínimo de brilho às feições de porcelana. Mas a dúvida e a preocupação eram cada vez mais evidentes nos olhos azuis. Até que o dia chegou – Halloween. Kurt não cantava músicas de acampamento desde que... bom, desde que acampara. Com Blaine.

Mas agora, ele cantarolava junto à madrasta e o irmão no carro, voltando para a doce Alabama. Os Hudmel’s haviam recuperado sua casa antiga e Kurt já havia sido matriculado na faculdade comunitária, enquanto aplicaria para outras ao longo dos meses.

Eram seis da tarde quando os quatro estacionaram o carro na garagem, esperando o caminhão de mudanças com suas coisas.

Kurt não perdeu tempo em correr para a casa de Blaine, encontrando-a completamente destruída, com vidros quebrados, as portas abertas, a grama alta... ele correu para dentro, porém não viu nada. Estava escurecendo, e tudo continuava escuro. Ele sentiu uma mão em seu ombro e pulou.

– Garoto, desculpe, mas essa casa está interditada. – Disse um homem, com um cabelo loiro bagunçado e olhos negros. – Você não viu a placa na porta?

– N-Não. Eu... eu acabei de me mudar para cá e estou procurando a família que mora... morava aqui. Os Anderson’s.

– Entendi. Bom, meus pêsames. A família foi assassinada em julho. Pelo filho mais novo... ele deveria ter mais ou menos a sua idade.

– Blaine?

– Isso mesmo, Blaine Anderson.


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Notas finais do capítulo

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