The Pain In Between escrita por bia souto


Capítulo 5
Nothing Left To Lose


Notas iniciais do capítulo

GENTE, ESSE CAPÍTULO
EU MORRI
OBS: tem a Violet e o Tate nesse capítulo, com menções de um outro personagem de AHS



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Kurt teve que se apoiar em um móvel qualquer da casa para não cair. Blaine, era o nome em sua mente. Blaine havia matado sua família?! Mas... como ele pôde? O castanho ficou pensando naquilo, e apenas naquilo, quando a porta da casa se abriu, rangendo alto o suficiente para o nariz do castanho torcer em dor.

– Devem ser apenas as crianças. Eu vou checar. – O homem loiro falou, num tom firme e gentil. Ele deixou Kurt sozinho na grande sala de jantar e andou, provavelmente, até o corredor de entrada. Kurt ouviu ele gritando com alguém ou algo assim, mas não entendia direito nada do que acontecia. – Meu nome é Tate. – Apresentou-se a pessoa que estava com ele, arrancando-o parcialmente de seus pensamentos.

– O-Oi. Eu sou Kurt. – Informou o castanho, quase num sussurro.

– Escuta, Kurt, vá para casa, descanse um pouco. Arranje uma bela fantasia para o Halloween e saia com seus amigos, está bem? – Sugeriu Tate, colocando uma mão extremamente fria no ombro de Kurt.

– Ok... Obrigado, Tate. – O castanho realmente precisava de um bom banho... mas... e Blaine? Quer dizer... como assim? Naquela hora, quando Tate e Kurt estavam prestes a abrir a porta, a mesma foi aberta, revelando uma menina de mais ou menos a idade de Kurt.

– Tate! Tate, você não vai acreditar... oh. Olá. – A menina se virou para Kurt. Ela usava um casaco roxo comprido, uma saia até depois dos joelhos, com uma meia calça e um all-star de cano alto. Seus cabelos loiros caíam do topo de sua cabeça por seu rosto, cobrindo uma fração de seus olhos. – Meu nome é Violet. – Ela se apresentou, estendendo a mão para o castanho.

Quando o mesmo a pegou, sentiu a frieza da mesma. Era igual a de Tate. Um pouco estranho, mas não fazia diferença. Estava realmente um pouco frio lá fora, mas não era como se Kurt tivesse espaço em sua cabeça para aquilo naquele momento.

– Violet, baby, o que foi? – Perguntou Tate, puxando a menina pelas mãos delicadamente. Kurt esboçou um sorriso. A menina sorriu para ele e apenas selou seus lábios.

– Eu vi Addy hoje. Vagando pelo cemitério, com a fantasia do Halloween... uhm... aquele Halloween. – Violet disse, olhando para o menino que estava ali do canto dos olhos castanhos. – Aquele outro menino ainda está aqui?

– Shhh! – Reprimiu Tate, ciente do olhar curioso de Kurt. Outro menino? – Esse é Kurt, Vi. Ele estava procurando os Anderson... – Ele lhe lançou um olhar cauteloso.

– Ah, entendo. Então ele não... ele não tem as mãos frias por causa disso? Quer dizer, foi o que eu senti. Ele está...? Você sabe...

– Sim, ele está. E estava indo para casa agora, certo, Kurt?

– Certo. Certíssimo. – Concordou o castanho, saindo do local um pouco rápido demais. Algo sobre aqueles dois era estranho... estranho demais.

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Eram seis da tarde quando a porta foi aberta e Blaine soube, sentiu que era Kurt. Ele sorriu um pouco. Era Halloween e era o único dia do ano que o moreno podia sair daquela casa. Se ele soubesse que a mansão que ele morava guardara tantas outras histórias, ele teria ido embora, morar com seu irmão aonde quer que ele estivesse. Mas agora estava preso com seu pai, sua mãe, Tate, Violet e alguns outros espíritos perdidos.

O moreno estava andando até Kurt quando parou para se olhar no espelho: havia uma marca de tiro em seu pescoço e vários arranhões em seu braço. O castanho nunca podia vê-lo daquele jeito. Mas, novamente... era Halloween e Blaine podia fingir que seus ferimentos eram falsos. Ele pensou em como Kurt havia ficado quando a energia fora cortada de sua casa e ele ficou sem meio de comunicação algum com o mesmo e em como o castanho possivelmente ficaria quando descobrisse tudo, porque, honestamente, Kurt sempre descobria tudo. Era horrível pensar naquilo, pois uma coisa levava à outra e... aquela memória atingia sua mente mais uma vez.

Blaine havia acabado de fazer um relatório de um livro e desligou o computador, mandando uma mensagem rápida de boa noite para Kurt antes de se deitar. Ele estava pensando em Sebastian, que não parava de dar em cima dele, e na ameaça que o menino havia feito... Ou Blaine aceitava uma noite com ele, ou Blaine não aceitava e aconteceria de qualquer jeito, fora o que Sebastian disse. O menino não podia estar falando sério, ele tinha apenas dezessete anos. Ou podia? O moreno estava tão sozinho e, convenhamos, assustado, mas decidiu que mesmo cogitar dormir com Sebastian era uma péssima ideia, mesmo com a possibilidade de... coisas mais sérias e dolorosas.

Afinal, ele gostava de Kurt. E muito, Anderson não permitiria que o cara que tirasse sua virgindade... lá embaixo fosse Sebastian. Ele queria que sua primeira vez por baixo fosse especial e... bem, com Kurt. Mas aquilo tudo, tantos pensamentos, estavam ficando cansativos. Então Blaine apenas virou para o lado e dormiu.

Deveriam ser três ou quatro da manhã quando o moreno acordou, suando. Ele estava tremendo e com frio, e podia jurar que ouvira a voz de Kurt. Mas... havia sido um sonho. “Mais uns meses, apenas, Blaine.” Ele pensou. Era final de Junho e tudo estava estressante e frustrante. Ele colocou uma mão trêmula para fora do cobertor grosso e bebeu um mísero gole d’água.

Nesse momento, sua porta se abriu, revelando um cara todo de preto, era uma... uma fantasia. Uma fantasia sexual. Seus olhos eram azuis esverdeados, e ele começou a caminhar até Blaine. Sorrindo de lado, o menino subiu na cama, um joelho de cada lado das coxas do moreno e as mãos afundando o colchão dos lados do pescoço do mesmo.

Blaine não conseguia pensar direito, mas ele sentiu lábios nos seus e seu instinto foi empurrar a figura dos olhos azuis para longe, mas aqueles olhos lembravam tanto os de Kurt, por mais que não fossem... ou será que eram? Tudo estava confuso e o homem de preto continuou a beijar Blaine, que dessa vez ficou parado.

Ele sentiu mãos percorrendo seu corpo com um fogo, uma ardência que existia apenas do lado da figura misteriosa, e de alguma forma o homem de preto conseguiu tirar seu pijama, sem tirar os lábios dos seus e, de repente, ele era Kurt, mas ao mesmo tempo não era... e Blaine sentiu dor. Uma dor intensa e inexplicável... ele sentiu que o homem dos olhos azuis havia-o penetrado, mas ele achava que pedia para o mesmo parar...

Tudo isso entre gemer o nome de Kurt e tentar tirar o homem de cima dele com a pouca força que ele tinha. Blaine sentiu a dor ir embora e sua cama ficou vazia. Ele ouviu um barulho que parecia um gatilho ser puxado e-

Um tiro. Parecia até ter sido nele.

E foi. Demorou alguns minutos e um final de vida inteiro para perceber, mas foi. Seu pescoço sangrava e Blaine gritava furiosa e dolorosamente. O homem de preto abriu o zíper da máscara e sorriu para Blaine, suado. Era Sebastian Smythe. Aquela foi a última cena que viu antes de tudo ficar negro e ele sentiu a vida deixando seu corpo.

Blaine sacudiu a memória embora pelo o que parecia a milésima vez no dia e ouviu a voz de Tate, vinda da sala de jantar:

– ...arranje uma bela fantasia para o Halloween e saia com seus amigos, está bem?

– Ok... Obrigado, Tate. – Era a voz de Kurt. Kurt! O menino ainda parecia apenas uma ideia na cabeça de Blaine, uma fonte para escapar da dor, mas ele estava ali. O moreno ousou espiar da cozinha, e Tate o viu. Ele saiu correndo silenciosamente e saiu pela porta. O ar fresco era revigorante.

– Blaine! – O loiro gritou, saindo atrás do moreno pelo jardim. – Blaine, o que combinamos sobre encontrar Kurt? Você matou sua família, lembra-se disso?

– Você quer dizer, o cara que me matou assassinou minha família e eu, e quem leva a culpa e é o vilão sou euzinho aqui? Claro que me lembro, como poderia esquecer...

– Blaine. Não banque o difícil, agora. Você sabe como as pessoas podem ficar se encontrarem qualquer um de nós! Você acha que eu me esqueci, mas você me pediu para proteger esse garoto se ele voltasse algum dia e procurasse por você, e é o que eu estou fazendo. Entendeu?

– Entendi. Claro. Me desculpe, eu só... eu sinto tanta falta dele. Não falo como ele há meses e ele parece tão magro, pelo menos olhando de trás. – Uma lágrima quente escorreu pela bochecha de Blaine, que secou a mesma rapidamente. – Eu odeio isso. Eu quero minha vida de volta.

– Todos nós queremos, garoto. Agora, deixe-me terminar o que eu estou fazendo, ok? Confie em mim.

– Obrigado, Tate. Sem sua experiência eu não estaria aqui... quer dizer, estaria, mas-

– Eu entendi, Blaine. Agora, suba, ou saia. Se divirta hoje à noite, porque eu duvido que Kurt sairá de casa depois dessa notícia. – O moreno assentiu e levou um tapinha no ombro. Ele saiu pela porta novamente e começou a vagar pelos arredores. Ele sabia que o máximo que aconteceria pela manhã seria aparecer em casa, caso ele não voltasse, mas mesmo assim não queria ir muito longe.

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Blaine passou na McKinley, que ainda tinha um memorial para Blaine e sua família. Ele andou até o auditório no escuro, já que não sentia medo de mais nada. Ele não tinha muito a perder, para ser honesto. Quando ele pôs o pé nos palcos, sentiu a mesma sensação percorrendo seu corpo quando Kurt o apresentou ao teatro.

Ele ficou ali até ter certeza que Kurt não estaria fora de casa, até umas oito, e foi até a casa do melhor amigo em passos lentos e amedrontados.

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Ele viu quando Kurt chegou em casa, às oito e vinte e seis, e entrou sorrateiramente atrás dele. Violet havia o ensinado a controlar quando você era visível e quando você tinha a opção de não deixar ninguém te ver. Nos primeiros dias, foi difícil, com muitos policiais e detetives investigando o caso. Eventualmente, Blaine aprendera tudo e mais um pouco.

Ele subiu as escadas e lutou contra o desejo de pegar a mão de Kurt. O castanho entrou em seu quarto e sentou-se na cama, deixando que as lágrimas rolassem. Blaine sentiu sua pessoa – bom, seu espírito – brigando consigo mesmo para aparecer, e a tensão no ar aumentou. O castanho a seu lado lentamente parou de chorar.

– Blaine? – Ele chamou, a voz rouca. – Blaine? – Ele disse, mais firmemente. – Eu sou um idiota. Ele morreu. É claro que ele não está aqui. – Kurt reprimiu a si mesmo, massageando os lados da cabeça com dois dedos.

Blaine saiu correndo e entrou no banheiro de Kurt, trancando a porta e fazendo-se visível novamente. Ele soltou uma respiração e deixou que seu corpo se acalmasse. Aquilo era perigoso e Tate ficaria furioso quando ele voltasse. Mas, de novo, o que ele tinha a perder? Nada. Mas Kurt... Kurt tinha coisas a perder. Como sua sanidade, para começar.

Ele ouviu Kurt tentando abrir a porta, e sentia o medo do castanho dali. Hummel nunca havia sido amigável ou tranquilo com a ideia de espíritos, pois pensava que todos eram maus e Blaine sabia disso. O moreno já havia perdido a conta de quantas vezes passara a noite abraçando Kurt por causa de uma tempestade, ou de um vento que batia as portas. Abraça-lo era tudo o que Blaine queria naquele momento...

E sentir os lábios de Kurt involuntariamente pressionados contra seu pescoço, ou ter o braço dormente pela manhã, quando dormia na casa do castanho. Ajudar Kurt a escolher uma roupa, rir das coisas mais banais e sem graça. Aquilo era pedir muito? Ou talvez só mais um beijo, um beijo final e Blaine deixaria Kurt sozinho.

Quem sabe os dois não se encontrariam algum dia? Blaine sempre fora curioso em relação a como Kurt seria nos quarenta, sessenta anos. Alguns cabelos grisalhos e rugas apenas começando a aparecer, o físico, como sempre, impecável, com os músculos definidos. Roupas eternamente incríveis, talvez uma família.

Família era uma coisa que sempre deixava Blaine mal, muito, muito mal. Ele nunca, nunca teria filhos. Nunca trabalharia, ou iria para uma faculdade. Nunca veria como seus filhos seriam, nada. Ele estaria preso para toda a eternidade em seu corpo adolescente de dezessete anos, com seu cabelo sempre do mesmo tamanho. Ele veria muitas e muitas pessoas viverem e morrerem, e isso o deixava simplesmente... incapaz.

Incapaz de sorrir ou chorar, apenas ficar com uma expressão neutra nas feições, muito embora seus olhos ainda guardassem uma essência jovem que estaria para sempre ali, então as esferas cor de mal aparentavam tristeza. Mas apenas Kurt podia identificá-la facilmente. No final do dia, Kurt seria sempre uma parte de Blaine.

Naquele momento, o castanho batia na porta. Toc... passava-se um segundo ou dois. Toc... Pareciam ser batidas da cabeça de Kurt. Toc... E então Blaine reuniu suas forças – Toc... – e desapareceu. Quando ele se olhou no espelho, não havia ninguém lá. Toc... Ele destrancou a porta e as batidas pararam repentinamente.

Depois, a maçaneta girou lentamente, e a porta foi abrindo-se. Os olhos azuis de Kurt viajaram por toda a extensão do cômodo, e deixou que a porta abrisse por completo, deixando um pequeno espaço que o moreno poderia facilmente passar por. Porém, ao perceber a pequena, quase inexistente distância entre seu corpo e o de Kurt, Blaine se tornou sólido novamente.

E Kurt sentiu, pois se virou, assustado. Seus olhos azuis piscina se arregalaram inacreditavelmente mais.

– Blaine?


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Notas finais do capítulo

TO DESESTRUTURADA, TCHAU
bjo



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