PVO Valentina

Nos casamentos tradicionais, os noivos fogem da festa para irem á lua-de-mel. Mas, o meu casamento quanto o da Bia e da Lucy não é tradicional, digo isso porque ao invés de irmos pra lua-de-mel, nós fomos pro Hospital ver como a Isa e o bebê estavam.

– O médico acabou de avisar que o bebê já nasceu - diz Marta, quando cheguemos na sala de espera. - E a Isa está bem.

– O bebê nasceu saudável? - pergunta Lucy.

– O médico não falou nada a respeito - responde Marta. - Mais se depender do que ele falava durante o pré- natal... Eu tenho medo que o bebê tenha algum problema.

Teve um enorme silêncio entre nós até que eu o quebrei:

– Gente, vocês já avisaram o Brayan? - perguntei.

– Ele nem sabia que ela estava grávida! - lembra Vitor.

– Mais ele deve ficar sabendo que o filho dele nasceu! - insisti.

– Quer ligar pra ele Valentina, pode ligar – Marta resmungou. - Agora, eu estou preocupada em saber se o meu netinho vai ficar bem!

Assenti e me distanciei um pouco deles para poder falar melhor com o Brayan. Depois do quinto toque, ele enfim atendeu.

– Alô? Quem é?

– Brayan, aqui é a Valentina.

– Oi Vale. O que foi? Me desculpe, mas eu estou cheio de coisas pra fazer, pode ser rápida?

– Claro, irei direto ao ponto – falei. - Você precisa voltar pro Brasil imediatamente porque seu filho nasceu.

– C- Como é que é? - ele gagueja. - Que filho? Eu não tenho filho nenhum!

– Durante esse tempo todo a Belisa escondeu de você a verdade, porque ela não queria te incomodar porque o seu pai está doente – expliquei. - Mas o bebê nasceu, e eu tenho certeza que a Isa ficará feliz em vê-lo.

– O que é?

– Um menino – respondi. - E esse menino pode ter problemas de saúde. Por isso, Brayan venha logo! - e desliguei.

PVO Brayan

Um filho! Ainda não posso acreditar que durante nove meses, Isa escondeu que estava esperando um filho meu.

Assim que desliguei o telefone, corri pegar minhas coisas e fiz uma carta rapidamente para meus pais avisando que voltei pro o Brasil pra conhecer meu filho.

No caminho até o aeroporto, lembrei-me da conversa minha com Belisa a uns nove meses atrás: eu sabia que ela escondia algo de mim, e era o nosso filho.

– Você não deveria ter escondido isso de mim, Belisa - falei comigo mesmo.

Consegui comprar a última passagem pro Brasil, e quando finalmente entrei no avião lembrei da noite de amor que tivemos na última noite em Bueno Aires, jamais irei esquecer daquela viagem.

PVO Belisa

Quando fiquei um pouco mais forte, caminhei com a ajuda de uma enfermeira até a incubadora para ver meu filho.

– Seu filho é esse aqui, de azul - ela aponta para o bebê que estava perto do vidro.

– Apenas um vidro nos separando, meu anjo... - coloco minhas mãos no vidro, e choro. - Ele vai ficar muito tempo aí?

– Ele está tendo dificuldades pra respirar... - a mulher diz.

– Mais ele corre riscos de vida?

– Tudo depende dele. Ele tem que ser forte! - fala ela.

– Meu pequeno - encosto minha cabeça no vidro e choro mais. - Por favor, fique bom! - e deslizei até o chão.

– Por favor senhora, vamos voltar para o quarto! - a enfermeira tenta me colocar de pé.

– Não! – gritei. - Eu não vou sair daqui até ele ficar melhor!

– Mais a senhora... - ela tenta dizer.

– Me deixa com o meu filho! - gritei.

Ouvi alguns passos até minha direção, não quis saber quem era.

– Isa, tem uma pessoa que veio te ver - ouvi minha mãe dizer.

– Diga pra pessoa ir embora porque eu não quero ver ninguém, só quero que meu filho fique bem!

– O nosso filho, você quis dizer - ele se senta do meu lado, e me abraça.

– O que você faz aqui? - pergunto, olhando pro chão.

– Me ligaram avisando que meu filho tinha nascido - disse ele. - Por que não me contou, Isa?

– Você já tinha muitos problemas...

– Eu deixaria tudo lá pra poder ter acompanhado o crescimento dele aqui - e Peter passou a mão na minha barriga.

– E o que adianta? - enfim olhei pra ele, não contendo as lágrimas - Ele está com dificuldades pra respirar, ele pode não sobreviver!

– Ele vai sobreviver! Ele vai ser forte, acredite - diz ele. - Sabe por quê? Porque estamos juntos nessa! Eu e você estaremos aqui - ele me ajuda a se levantar e ele faz o mesmo - Nós vamos estar aqui pra mostrar pra ele que o amamos e que queremos que ele fique melhor.

Enxuguei as lágrimas do meu rosto, e coloquei minha mão direita no vidro.

– É o que mais quero, é que ele fique melhor.

– Qual desses bebês é ele? - pergunta Brayan.

– Esse primeiro aqui - falei e acariciei o vidro como se fosse ele - É ele.

– Ele é lindo - sussurrou Brayan, colocando a mão dele sob a minha. - O nosso filho é lindo, Isa.