Designium escrita por Caio Historinha


Capítulo 3
Lionel


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por Caio Tavares



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A luz de dentro do Parlamento era tão forte que fazia calor. Era primavera lá fora, mas aqui dentro era verão.

Lionel Vegger remexia-se inquieto em sua cadeira, ajeitando os óculos a cada segundo e aguardando com certa impaciência a sua vez de falar. Era um homem alto, negro, calvo e de porte atlético. Por todas as razões do mundo poderia ter-se tornado um jogador de basquete, mas preferira ser político.

– Senador Vegger, queira tomar seu lugar no púlpito, por favor. – chamou Angus Herrmann, o presidente do Partido. Era um homem idoso, com uns poucos cabelos loiros na cabeça e as costas levemente arqueadas. Balançou a cabeça em aprovação quando Lionel chegou perto dele, tomando o microfone de suas mãos.

O salão era imenso, com centenas de cadeiras enfileiradas dos dois lados. A lâmpada no centro do teto incidia principalmente sobre, a ponto de fazê-lo suar. Respirou fundo e tentou ignorar todos os incômodos da situação.

– Caros senadores, Lordes e Comuns. – ele começou, enquanto ajeitava o colete, o paletó e a gravata. Era um dos poucos parlamentares que ainda utilizava a indumentária completa, mas sentia-se bem assim. – Venho hoje apresentar meu projeto revisado da estatização do Serviço de Caça aos Superdotados.

– Fala dos justiceiros que perseguem estas aberrações da natureza, não¿ - interrompeu Robert Belford, o senador mais gordo do Partido adversário, e provavelmente do mundo inteiro. Vestia um terno azul-petróleo grande como uma tenda. – Eles já fazem muito bem esse serviço, por que deveríamos colocá-lo sob nossa tutela¿

– Porque eles não respeitam a lei, senador Belford. – Lionel continuou – Há mais de trinta anos empresas privadas perseguem, torturam e matam os superdotados, ignorando completamente a Lei Magna ou os direitos humanos. A maioria delas nem sequer possui registro, e assim como a realidade dos SDs, são mantidas em segredo do grande público.

– Há uma boa razão para não revelarmos os detalhes dessas aberrações ao povo, senador Vegger. – o gordo voltou a falar – Imagine o escândalo que seria, o pânico geral que se formaria e os terríveis crimes que sucederiam a essa revelação.

– O maior dos crimes já foi cometido. Testes de armas químicas, biológicas e nucleares feitos sem supervisão, sem segurança e de maneira inconsequente pelo governo e um punhado de empresários ambiciosos. Os resquícios de tudo isso atingiram a uns poucos cidadãos do nosso país, que atualmente são vítimas de uma horrenda inquisição! – Ele levantou um pouco a voz, refletindo logo em seguida se deveria tê-lo feito. O calor fazia seu rosto suar, então preferiu tirar os óculos e deixá-los sobre os papéis no púlpito. – Eles não têm culpa do que são, senador Belford, e não merecem ser tratados assim. Se trouxermos este serviço para a tutela estatal, poderemos descobrir a melhor maneira de lidar com os dons dos SDs, e quem sabe até mesmo usá-los para o bem comum.

– Bem comum¿ - Belford soltou uma gargalhada de desprezo. – Não vivemos em uma história em quadrinhos, Vegger. Os SDs são aberrações, e devem ser tratadas como tal. São um perigo à nossa sociedade e cultura, e os cidadãos de bem não devem estar expostos a este perigo. Minha posição é a mesma de sempre, sou completamente a favor da ação dos Farejadores, e não se pode aplicar leis humanas para proteger quem não é humano.

Lionel respirou fundo, com xingamentos fervilhando em sua cabeça. Não seja estúpido, disse a si mesmo. Belford era um homem arrogante e inescrupuloso, mas ainda tinha muito prestígio com o povo. No momento em que se preparava para responder, Angus Herrmann se levantou.

– Senador Vegger, seu tempo acabou.

Ótimo, ele pensou, mais uma votação perdida. Sentiu uma ponta de raiva de Herrmann, mas ele não tinha culpa, eram as regras. Do mais, todos já sabiam de que o projeto se tratava. Era de se esperar. Um terço do Parlamento ainda era de políticos conservadores, outro terço era de medrosos e o restante era do seu partido. Independente de suas convicções e argumentos, os homens da lei decidiram contra o projeto, com mais de trezentos votos contra e menos de cinquenta a favor. Pensou em descobrir quem do seu partido o estava traindo, mas decidiu que não valia a pena. A seção foi encerrada às quatro da tarde.

Saiu apressadamente pela porta, abandonando o prédio antes de todos. Era o único senador negro presente, e não gostava da ideia de ter os transeuntes observando-o em contraste com a multidão de parlamentares. Parou por um instante, absorvendo a brisa do dia, e então seguiu para os estacionamentos. Seu chofer o aguardava escorado no Cadilac, tomando um copo de café.

– Boa tarde, senhor Vegger. – James o cumprimentou.

– Boa tarde, James. Para o lugar de sempre, por favor.

Os dois entraram no carro e enveredaram pelas ruas de Londres. Lionel manteve a janela aberta o tempo todo, agradecido pelo vento fresco do dia. Em menos de meia hora, chegaram ao restaurante. Ele desceu e dispensou o Chofer.
O letreiro era antigo e tinha alguns pontos de ferrugem, mas em geral estava bem conservado. “Vegger’s Massas e Carnes, desde 1831 com o melhor serviço da cidade.”

Ele duvidava que fosse realmente o melhor serviço, mas também não tinha nada a reclamar. Todos os garçons o conheciam, e sua mesa estava sempre reservada. Lionel conhecera aquele restaurante antes de aprender a andar, afinal foi lá que sua mãe começou a trabalhar depois que chegou da Jamaica. Depois de um tempo acabou casando-se com o dono do estabelecimento, um tal Stewart Vegger, que viria a ser seu pai. O homem branco e bigodudo que aparecia nas fotos não tinha nenhuma semelhança física com Lionel, mas de fato transmitira-lhe um sobrenome e uma fonte de renda.

Comeu dois sanduíches e bebeu chá, enquanto assistia aos noticiários. Depois andou pelas cozinhas e conversou com o gerente para ver se estava tudo em ordem; e de fato estava. Sua única frustração hoje seria o Parlamento.

Havia um beco ao lado do Massas e Carnes, que servia como seu depósito de lixo. Ele mal podia suportar aquele odor, mas forçava-se a isso diariamente porque era preciso. Andou até os fundos daquele buraco, evitando poças d’água e gatos de rua, até perceber que estava completamente na penumbra. Seguro.

Respirou profundamente e fechou os olhos, sentindo seu coração bater mais devagar. O vento fresco do dia parou, assim como o som dos carros e das pessoas. Os gatos do beco ficaram imóveis, e em dois segundos o mundo estava congelado. Quando Lionel abriu os olhos, estava livre. Caminhou tranquilamente até uma lata de lixo, onde ocultava suas roupas da Resistência. Calças, botas, camisa e capa de couro negro, além de seu par de óculos. Deixou seu terno se senador lá dentro, enquanto assumia sua verdadeira personalidade.

A caminhada não era longa, na verdade só era preciso alcançar o primeiro bueiro. A menos de cem metros dali, levantou a tampa do chão e desceu pelas escadas na parede do esgoto, fechando o mundo logo acima de si. Quanto tocou os pés no chão, permitiu que o mundo voltasse a girar.

O barulho de seus passos na água ecoava pelos canos, e sua respiração pesada fazia coro com o mundo subterrâneo. As ratazanas correram dele, e o som da presença humana o guiaram na escuridão. Andou por mais de dez minutos antes de ver a primeira luz. Não era de lâmpada nenhuma, mas sim de uma lanterna, provavelmente alguém de sentinela.

– Alto lá! – uma voz aguda com um leve sotaque russo exclamou, apontando a luz para ele. – Quem se aproxima¿

– Desde quando você usa essas palavras, Tyra¿ - Lionel perguntou, achando graça da situação. – Vamos, tire essa lanterna da minha cara antes que eu vá aí te dar uns tapas.

– Claro, senador Boobba. - Tyra riu, abaixando a lanterna e aproximando-se dele. – Como foi o dia no Parlamento¿

– Péssimo, como sempre. – ele respondeu. Abaixou-se um pouco e deu um beijo no rosto de Tyra. Era uma mulher loura de olhos claros e sorriso sincero. Poderia ser bonita, não fosse a marca de um tiro de raspão que percorria a lateral de sua cabeça. – Mas deixemos isso de lado. Tenho ideias novas para discutir com Salize.

– Acho que vai ter que esperar dessa vez, cara. O chefe está treinando um novato.

– Um novato¿ Interessante. Bom, estou curioso para conhecê-lo. Até mais, Tyra.

– Até mais, Boobba.

Ele prosseguiu o caminho um pouco mais leve e mais feliz. Tyra sempre fora boa companhia, e também uma parceira forte no campo de batalha. Tinha a linda habilidade de produzir e controlar o fogo, e as labaredas que produzia eram tão quentes quanto o sol. Agora as lâmpadas começavam a aparecer, todas aparadas em fios pendurados em ganchos pelo teto. Passou por um bando de crianças brincando, todos eles filhos de SDs, portanto condenados desde o berço. Depois deles, havia jovens a treinar com seus bastões de madeira e facas sem gume, e um ou outro exibindo seus poderes recém-estalados. Elétron fritava hambúrgueres para o jantar com os raios azuis que saíam de seus dedos, enquanto Astros purificava a água do chão com apenas um toque. São boa gente, Lionel pensou. Melhores do que muitos daqueles senadores egoístas.

A tenda do Alto Escalão estava localizada logo abaixo de um bueiro. Se houvesse um problema lá fora, Salize dizia, os líderes deveriam ser os primeiros a sair e lutar. Lionel considerava justo. Os irmãos Tannen, altos e fortes como mamutes, guardavam a entrada do recinto. Abriram espaço assim que ele se aproximou, e então seguiu para onde o líder deveria estar.

– Senhor Boobba. – Um garoto de cabelos longos e olhos azuis se levantou para cumprimentá-lo. Lionel levou um tempo até lembrar o nome dele.

– Olá, Rock. Como estão as coisas¿

– Muito bem. O senhor Salize está sondando a mente do novato.

O homem esguio e pálido estava sentado no canto da tenda, olhos nos olhos com um homem simples de cabelos castanhos. Lionel já vira esta cena centenas de vezes, quando o líder procurava nos novatos algum indício de que seria um inimigo da Resistência, afinal nem todos os SDs eram afáveis.

– O que está vendo, chefe¿ - ele tocou o ombro de Salize.

– Sem escudos, sem compartimentação ou alteração. – o líder respondeu, sem tirar os olhos do novato. Eram tão pálidos quanto o resto de seu corpo, e por muito pouco o homem não parecia cego. – Ao que parece, a mente está limpa.
Ele desviou o olhar e estalou os dedos, o que fez o novato despertar do “transe”.

– O que temos aqui, afinal de contas¿ - Lionel perguntou ao líder, achando graça da expressão de surpresa no rosto novo SD.

– Um telecinético. – Salize respondeu. – Bom, ao menos este é o poder que predomina até agora. Também encontrei uma boa dose de magnetismo, e até um broto de telepatia. Enfim, ainda pretendo fazer bases telepáticas nele, mas preciso ganhar confiança.

– Podemos confiar em você, novato¿ - Lionel sorriu. Só então percebeu que o homem era até bem bonito, e tinha quase a mesma idade que ele.

– Eu... Eu acho que sim. – ele respondeu. - Perdão, acho que o conheço de algum lugar.

– Senhor. – Rock o corrigiu – Devemos nos dirigir ao Alto Escalão por ‘senhor’.

– Está tudo bem, Rock. Ele acabou de chegar. Qual o seu nome¿
– Tedersson, mas pode me chamar de Ted.

– Nenhum dos dois é muito impressionante. – Lionel disse, cruzando os braços. – Não concorda, Salize¿

– Concordo. Depois arranjaremos um nome melhor para você, Ted.

– Sim, já sei onde eu o vi. – Ted se virou para ele – O senhor é Lionel Vegger, não¿ Foi candidato a senador nas últimas eleições.

– E devo dizer que ganhei uma cadeira, mas aparentemente você não votou em mim. – ele sorriu. – Mas não se preocupe. Aqui em baixo sou Boobba, o temporizador.

– Temporizador¿

– Controlo o tempo. Posso decidir que horas são, atravessar dias em segundos e mudar alguns acontecimentos. Infelizmente, meu poder não é ilimitado.

– E o senhor, Salize, o que é¿ - Ted perguntou ao líder.

– Muitas coisas, eu diria. Quando tudo começou, tinha uma inteligência acima do comum. Depois minha mente se expandiu e passou a invadir a dos outros, era um inferno. Descobri que se chama de telepata; e também consigo restaurar as funções vitais, tanto no meu corpo como no de outros. Como uma regeneração infinita.

– Impressionante. – Ted respondeu.

– Você diz isso porque ainda não provou os hambúrgueres do Elétron. – Lionel disse, e todos riram. – Caro Ted, se não tem mais nenhuma pergunta, tenho assuntos importantes a discutir com nosso líder.

– Na verdade, tenho só mais uma. Esses... Farejadores, que tentaram me matar mais cedo. Como poderei retomar minha vida se eles já sabem que eu sou um SD¿ Ou terei de ficar aqui em baixo para sempre¿

– Não se preocupe quanto a isso. – Salize respondeu. – Construí uma aura psíquica em torno de você, assim eles não podem farejá-lo até que use seus poderes novamente.

Pode seguir com sua vida, mas não dê na vista.

– Entendi. – E saiu com Rock na sua cola.

– Pois bem. – o líder disse, sentando-se em uma cadeira, enquanto Lionel se sentava na outra. – Como foram as votações no Senado¿

– Por que faz perguntas das quais já sabe as respostas¿

– Não quis invadir sua mente. – Salize sorriu. – Mas é verdade, eu sei. Há momentos em que eu tenho vontade de fazer organizar um ataque para varrer aqueles filhos da puta, Boobba, não sei como você se controla perto deles.

– Nem eu, na verdade. – ele devolveu um sorriso triste. – Mas se não podemos combatê-los por cima, ainda há o combate sujo para travar.

– Sim. Mandei os nossos farejadores em uma nova expedição pela China e Índia, à procura de novos SDs e focos de resistência. Há dois meses chegou uma menina capaz de manipular a gravidade, mas preferi trancar seus poderes para esperar que cresça um pouco.

– E Aedan, no Brasil¿

– Ainda não recebi notícias.

– Acha justo trazer estrangeiros para apodrecer nesses esgotos¿

– Era isso ou morrer apedrejada. E só tem três anos, vai se acostumar aos poucos.

– Três anos¿ Não sabia que o estalo poderia chegar tão cedo. O meu só veio aos doze.

– E o meu aos vinte, mas parece que a ‘doença’ está evoluindo. Ainda tem casos em que o corpo não suporta a radiação e morre, mas os SDs têm ficado cada vez mais poderosos. A qualquer ora eu posso estar obsoleto. – Salize soltou um risinho.

– Quem sabe, assim não precisarei mais te aturar. – Lionel sorriu. - Mas diga logo, eu sei que você tem assuntos sérios a tratar.

– É verdade. Meus contatos disseram que Robert Belford continua desviando dinheiro público para financiar empresas de farejadores. Não sei exatamente quais são, mas alguns nomes apareceram na lista.

– Nomes de quê¿

– Empresários. Usam uma organização qualquer de fachada, mas na verdade dirigem os exércitos que nos caçam. Belford é inteligente o bastante para não se envolver diretamente, mas Daniel McFly e Rollard Selfie não.

– Donos de empresas automobilísticas. O que quer que eu faça¿

– Leve-os à falência. Controle a mente do proprietário e dos diretores, jogue da pior maneira possível e drene todo o dinheiro deles. Assim os farejadores ficarão menos abastecidos.

– Menos, porém não totalmente. Além disso, se eu eliminar duas empresas, outras cinco surgem no lugar.

– Podem surgir, mas não é tão simples. O dinheiro que some dos cofres públicos passa primeiro pelas mãos de Belford, depois para os empresários. É uma máfia cuidadosamente bem formada, mas ao mesmo tempo com uma estrutura sensível. Se duas saem do sistema, as outras vão se acotovelar para conseguir aumentar sua fatia no bolo. Até tudo se reorganizar, teremos tempo suficiente para fazer uma verdadeira limpeza.

– É uma boa ideia. – Salize respondeu, após refletir por um momento. – Mas não garanto que posso fazê-lo instantaneamente. Consigo controlar duas pessoas por vez, três por pouco tempo e até cinco por alguns instantes. Talvez em quatro ou seis meses esteja tudo feito.

– Espero que sim. Bom, creio que seja tudo por hoje. Tem algo a me dizer¿

– Que eu me lembre, não.

– Então não há nada. – ele sorriu, levantando-se. – Preciso ir. Tem alguém me esperando lá em cima.

– Ah, tem¿ Bom, tome cuidado com esses relacionamentos. Não se esqueça: o segredo de seu poder deve ser mantido.

– Sei bem disso, meu caro. Não deixarei que o amor me escravize. Boa noite, Salize.

– Boa noite, Boobba.

Ele saiu em silêncio, observando as luzes que se apagavam dentro das tendas. Somente as lâmpadas nos corredores ficavam acesas durante a noite. Todos ali dormiriam, a maioria nos esgotos mesmo. A vida dupla que Lionel tinha era um privilégio de poucos. Salize não dormiria, todos sabiam disso. Sua hiperatividade cerebral o mantinha acordado há só Deus sabe quantos anos, e por isso era tão magro e pálido. Não fosse a regeneração infinita, ele poderia já ter morrido de estafa.

Despediu-se de Tyra na saída e posicionou-se ao pé da escada. Com os olhos fechados, fez o tempo parar mais uma vez. Era noite cerrada lá em cima; já passando nove da noite. Não faz mal, ele pensou. Juntou as mãos como que em oração, e quando as separou, um portal se formara. O portal crescia conforme ele orientava, e depois crescia sozinho. Além dele estava outro mundo, que ao mesmo tempo era o mesmo mundo.

Era a Londres de hoje, às quatro da tarde. Nada do que acontecera nos esgotos se desfez: ele apenas se transferiu para o passado, duplicando sua existência naquele momento. Atravessou o portal e viu um homem negro de óculos usando roupas de couro, completamente congelado, mas em um plano temporal diferente do resto do mundo. Era um fator decepcionante do seu poder: nunca poderia encontrar consigo mesmo em outro momento do tempo.

Às vezes tinha vontade de dar algum recado ou conselho, mas era impossível. Seguiu até o beco e vestiu novamente seu terno de senador; e então seguiu para casa, com o tempo ainda congelado. Caminhar era cansativo, mas não tanto quanto com o mundo girando. Normalmente ele teria seguido para casa no horário normal, mas marcara de encontrar-se com ele às cinco horas, no seu prédio. Quando chegou, escondeu-se atrás de uma pilastra e deixou o tempo fluir.

– Olá, senador Vegger. – Emmet o chamou, com o mais maravilhoso dos sorrisos.

– Olá, Emmet. É bom te ver.

Abraçaram-se, mas não demais. Seria melhor resguardar certas coisas para depois de fechar a porta. Estavam juntos havia três anos, e até então ninguém descobrira. Em um mundo caótico que o punha entre senadores caóticos e exércitos de farejadores, Emmet era o único que o fazia realmente feliz.


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