P.O.V. Bianca

Oito horas em ponto, um filho de Hermes nos chamou para tomar café.

No refeitório tivemos que sentar junto aos filhos de Hermes e algumas caçadoras me encaravam como se eu fosse um inseto que precisava ser eliminado – isso incluía a Zöe.

Fizemos as atividades normalmente, eu tive aula de Grego Antigo e Arremesso de Dardo. Depois almoçamos e voltamos para o chalé para descansar um pouco.

Percy entrou no chalé dizendo que teríamos Caça à Bandeira e os filhos de Hermes começaram a comemorar – até que se lembraram que seria com as caçadoras – e voltamos a fazer as atividades.

Tivemos Navegação nas Correntezas – não foi legal, eu caí umas 50 vezes e a correnteza não ajudava muito. – e tivemos que fazer faxina no chalé – eu geralmente acharia desnecessário fazer faxina duas vezes por dia já que depois do café eles também fazem, mas do jeito que o Chalé 11 era, teria que fazer faxina umas quatro vezes por dia para diminuir as chances de ser o chalé mais bagunçado do acampamento (o mais bagunçado tem que levar a louça depois das refeições).

Finalmente fomos jantar. Meu Deus – deuses. Ainda estou me acostumando com isso – eu nunca comi tão bem na minha vida. No Westover, a comida era de origem desconhecida e não duvidava que alguém acabaria encontrando um bicho lá dentro – ás vezes a comida se mexia. Agora no acampamento, eu poderia escolher a comida que quisesse e o copo de suco nunca esvaziava. E tudo que eu tinha que fazer era tirar um pouco da comida para nosso pai olimpiano.

— Para meu pai olimpiano... Seja quem você for – eu disse e voltei para a mesa. Nico fez o mesmo.

Nico se sentou à esquerda de Connor Stoll – que, claro, estava do lado do Travis – e eu me sentei ao lado do Nico. Os irmãos começaram a tentar convencer Nico de que pôquer era um jogo melhor que Mitomagia. Revirei os olhos. Nico nunca acharia nenhum jogo melhor que Mitomagia.

As caçadoras riam e se divertiam na mesa Oito, e eu decidi não olhar muito para não me arrepender de minha escolha. Nico precisava de mim. Agora mais do que nunca.

Quando terminamos de comer, Quíron fez um brinde aos deuses e formalmente deu as boas vindas às Caçadoras de Ártemis. Os aplausos foram meio fracos, como se todos estivessem fazendo aquilo apenas por obrigação. Era apenas por obrigação. Então ele anunciou a ‘boa nova’, o jogo de captura à bandeira na noite de amanhã, o que teve uma recepção muito melhor.

Depois disso, nós todos seguimos de volta para nossos chalés. Chegando lá, eu praticamente desmaiei de sono e dormi como uma pedra. Os deuses poderiam decidir aparecer em sua forma verdadeira e invadir o acampamento que eu não acordaria. Graças a Deus...ES eu não sonhei, já que meus sonhos eram super reais e em sua maioria são pesadelos – e sem contar que meus sonhos e pesadelos tendem a acontecer de verdade, se é que não era o que estava acontecendo no momento em que eu estava sonhando. Tudo que eu menos queria no auge do meu dia era um pesadelo.

O outro dia passou muito depressa, e logo estava de noite. O jogo – caça à bandeira – seria pequeno: 12 caçadoras contra uns 14 campistas, e isso parecia vantagem, mas pelo o que os outros campistas resmungavam, nem com o dobro de campistas teríamos vantagens.

Do nosso lado, tínhamos dois caras do chalé de Hefesto, três do chalé de Ares – eles provavelmente adiariam a nossa morte. -, os irmãos Stoll, Nico, eu, Percy, Thalia e três crianças de Afrodite. Era estranho que o chalé de Afrodite quisesse jogar. Eles aparentavam ser do tipo que sentavam pelos cantos, conversavam, e checavam seus reflexos no rio e coisas assim, mas quando ouviram que estávamos lutando contra as caçadoras ficamos meio ansiosos.

— Vou mostrar a elas que ‘amor é inútil’ – disse a conselheira-chefa do chalé de Afrodite. Silena acho. – Vou pulverizá-las! – ela falava com tanto firmeza que me encolhi um pouco.

— Vou ficar com o ataque – Thalia anunciou. – Vocês dois ficam na defesa – continuou, olhando para Percy e para mim.

— Ah. Você não acha que com seu escudo e tudo mais, você ficaria melhor na defesa? – eu perguntei.

— Bem, estava pensando que isso ficaria melhor no ataque. 

— Tá, mas eu não treinei para a defesa. Onde o Nico está? É melhor eu ficar com ele, não? Ou deixe que agente só assista hoje. Só pra ver como é e tal.

— Não se preocupe, o Nico está bem. E você vai ficar também. A defesa não é um bicho de sete cabeças, é só... Defender. E qualquer coisa o Percy está aí – Thalia respondeu e eu revezei o olhar da Thalia para o Percy. – Só se lembrem que estamos jogando – terminou com um sorriso malicioso, me fazendo corar.