"I left a note on my bedpost
Said not to repeat yesterday’s mistakes
What I tend to do when it comes to you"

Foi um beijo calmo, lento. Mas eu não queria parar, podia sentir o gosto do chocolate.

Nos separamos cedo demais na minha opinião.

–Thomas...- Charlie continuava com os olhos fechados- Eu...nós...não deveríamos ter feito isso.

–Me desculpe, a culpa foi minha.

–Foi, sua culpa- ela se levantou num pulo. Subiu as escadas correndo. De longe pude ouvir a porta do quarto batendo. Me deixando sentado no chão, sem movimento.

“Foi tão ruim assim?”

POV Charlie

Não, não, não, não. Isso, definitivamente não podia acontecer! Subi até o meu quarto, batendo a porta atrás de mim.

Deitei na cama, com a cara enfiada no travesseiro. Só havia uma pessoa que eu poderia ligar e me ajudaria: Becca.

–Alô?

–Becca? É a Charlie.

–A sumida resolveu aparecer?

–Foi mal Bec, mas o assunto é sério.

–Ui, fala então né!

–Nos beijamos...- disse de uma vez.

–O que? Quem?

–Eu e o Thomas.

–Não creio! Sua safada, pegando o próprio irmão!

–Falando nisso- tentei desviar do assunto- E você e meu irmão, como estão? –eles estavam ‘juntos’ fazia uma semana. Eu sei...inacreditável.

–Ótimos. Mas eu te conheço, está tentando mudar de assunto. Mas não vai conseguir! Vamos, como aconteceu?

–Vai ter que me contar tudo depois, ouviu? –exigi- Bom...nós estávamos na cozinha comendo...começamos a nos aproximar e aí aconteceu.

–Hum...interessante. E você gostou? Foi bom?

–Foi bom- menti, eu gostaria muito de dizer a verdade. Eu havia adorado a pressão que a boca dele faziam na minha, e como os lábios dele eram macios...mas ela iria dizer que eu estava apaixonada. E eu não estava- Eu gostei até.

–Até parece! Você amou e quer repetir a dose, que eu sei! Mas se você não quer confessar, eu não posso fazer nada.

–Eu não vou confessar droga nenhuma!

–Tudo bem estressadinha! Mas conta: Ele supera o Daniel? –Daniel era meu “ex-namorado”. Se é que nós namorávamos de verdade...mas isso já faz tempo.

–Hum...- tentei dar uma resposta rápida- Sim...não...talvez...AH! Eu não sei! Droga!

–Hey, eu te entendo...

–Entende merda nenhuma! Você tem o meu irmão, não poderia pedir coisa melhor! –eu estava começando a perder a paciência- O que eu tive? Um cara que me traiu com todo o time das líderes de torcida! E agora? O que eu faço?

–Primeiro você se acalma...não tem sentido se lembrar dele. Você sabe disso.

–Eu sei mas...- eu já sentia as lágrimas chegando. Eu sou uma fraca- não tem como ‘não lembrar’, é como se ele fosse um fantasma, me assombra e me deixa com medo...eu não aguento mais isso!

–Você não vai começar a se cortar, vai? –havia preocupação em sua voz.

–Não, claro que não- acalmei-a- Eu só preciso ficar sozinha, de pijama, assistindo Bob Esponja de madrugada e com um balde de pipoca...só isso.

–Como sempre...tudo bem então, se é isso que te faz sentir melhor. Só não esqueça de pegar o Morfeu, ok?

Morfeu era meu unicórnio de pelúcia. Eu sempre o pegava quando estava triste. Pode me chamar de imatura, eu sei que sou.

–Claro- dei risada- Como poderia esquecer?

–Fica bem! Tenho que ir, tchau.

–Fico, você também...beijo.

–Beijos!

Desligamos e eu fui tomar banho. Coloquei o pijama e só aí lembrei que tinha esquecido de perguntar sobre ela e o meu irmão. Mas eu faria isso amanhã. Estava com sono, mas ainda eram nove horas e eu estava com fome. Meu pai já havia chegado e estava em algum lugar qualquer. Desci as escadas e, graças a minha incrível sorte (sintam a ironia, por favor), esbarrei em Thomas. Nem preciso dizer que senti minhas bochechas esquentarem no mesmo instante que o vi, preciso?

–Desculpe- me pediu.

–Pelo que? Eu é que não te vi.

–Por tudo.

–Ok- terminei de descer as escadas me achando a pessoa mais idiota da face da terra.

Fiz um sanduiche com queijo e comi na cozinha mesmo. Não queria correr o risco de trombar em Thomas novamente. Terminei de comer e fui sorrateira até o quarto, pequei meu DVD do Bob Esponja, meu ‘ursinho’ e um cobertor e caminhei silenciosamente para a sala. Todos já estavam dormindo. Menos euu o/ Fiz pipoca e deitei no sofá.

Eu devo ter assistido muitos episódios mesmo, porque ao pegar meu celular vi que já eram quase duas horas da manhã...e eu tinha aula ás sete...legal, #partiuficarcomolheiras!

Ouvi um barulho, alguém deveria estar descendo as escadas...não dei muita bola.

–Charlie? –era meu pai, ferrou.

–Hum, oi?

–O que você está fazendo acordada a essa hora?

–Adivinha.

–Assistindo...- ele olhou para a televisão- Assistindo Bob Esponja? –concluiu sorrindo.

–Como sempre.

–Posso ficar aqui com você? Perdi o sono.

–A casa é sua...

Ele se sentou ao meu lado. Fazia muito tempo que não sentávamos pra assistir alguma coisa juntos. Eu sentia falta disso.

–Ei! Você ainda tem esse bicho? –ele se referia ao Morfeu.

–Sim...sou uma criança.

–Eu me lembro de quando você ganhou isso. Você tinha uns sete anos na época.

–Nós fomos àquele parque de diversões da cidade. E eu não saí um minuto da barraca de tiro ao alvo pra poder ganha-lo, aí o Henry apareceu e o ganhou pra mim...

–Você estava tão determinada a consegui-lo sozinha que brigou com seu irmão porque não precisava de ajuda.

–Era meio óbvio que eu precisava muito da ajuda dele. Ainda preciso na verdade...

–E...como andam as coisas na escola?

–Bom, é a escola, então eu sou meio que obrigada a odiar. Mas tudo está ótimo, já tenho amigos...isso é bom.

–Isso é realmente bom...

Depois disso continuamos em silencio, só assistindo e comendo pipoca...até eu cair no sono.

–----

DROGA DE DESPERTADOR! Eu só preciso de mais 5 minutinhos! Por favor!

–Acorda! –Thomas...

–Eu não quero.

–Quer que eu jogue água de novo?

–Já estou indo! –levantei e fui até o banheiro. Ainda não me lembrava de ter ido pro quarto, mas meu pai deve ter me levado.

Fiz minha “higiene” que consistia em fazer xixi, escovar os dentes e arrumar o cabelo. Exatamente nessa ordem. Depois eu colocava minha roupa. Uma blusa comum, calça jeans, tênis, óculos e colar. E ás vezes passava um batom rosinha.

Peguei meu celular e desci pra tomar café.

–Bom dia.

–Bom dia flor do dia- Tif me cumprimentou, sorridente como sempre. Ás vezes esse bom-humor logo de manhã dava medo- Era você que estava assistindo televisão de madrugada, não era?

–Eu e meu pai. Desculpe se acordamos você.

–Não me acordou não, mas eu vi a pipoca no chão e os cobertores no sofá. Deduzi que foram vocês.

Nessa hora Thomas desceu, trocamos olhares, mas logo desviei.

–Bom dia querido.

–Bom dia mãe.

Ele não me deu ‘bom dia’ e isso por algum motivo me deixou chateada.