Dona Sinhá Mirandina conhece o Doutor Frigermânio, homem de bom caráter que está sempre a mandar cartas para a Lua na esperança de receber um telefonema do vento. Disse-me uma vez ele que temos que esperar confiantes pela brisa suave dos bons recados que bate em nossas portas e preenche nossos ouvidos de belíssimas sinfonias.

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Os amigos do Dr. Frigermânio fizeram uma festa maravilhosa. Sr. Aluígeno tocou alaúde e Dom Dersinandino acompanhou-o no tambor. Enquanto nós escutávamos a música, um terceiro amigo, José Spulletero, contou-me da vez em que os três se reuniram para fazer uma surpresa ao Doutor.

“Nós conhecemos uma talentosa poetisa e pedimos para ela responder as cartas para a Lua que o Dr. escrevia tão concentradamente. Mas escute o que nos aconteceu. Ao chegarmos com as cartas respondidas, Dr. Frigermânio observou-as pasmo. Depois olhou bem para o fundo de nossos olhos e disse: “Por que fazem isso comigo? Não sabem vocês que estas cartas nunca foram feitas com a intenção de serem respondidas? Minhas preciosas metáforas devem viajar pelos ouvidos das pessoas e é por isso que conto com os senhores para contar minhas estórias a quem vos pedir.” Desde então nós passeamos pela cidade lendo vez ou outra algumas de suas cartas para quem por ali transita.”

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Não há um domingo que eu não passe com Dona Sinhá Mirandina, Dr. Frigermânio e seus companheiros. Cada vez volto para casa com um conselho diferente e registro todos eles para não me aventurar a esquecê-los.

Quem sabe em algum dia de minha velhice eu ainda escute as belas sinfonias do vento ou as preciosas metáforas da Lua.