"Não há para onde correr. Não há para onde fugir. Não há onde se esconder. Não há como escapar. Você está em minhas mão agora."

Palavras muito bem ditas, se me permite dizer. É claro que estou sendo sarcástico. Poupe-me de explicações, apenas acredite que sempre há uma maneira de fugir, de se esconder.

Na verdade, é o que faço nesse exato momento. Mas não pense que estou correndo de algum assassino, ladrão, policial ou coisa parecida. Estou fugindo da sociedade. E isso acontece muito constantemente. Cada vez mais procuro onde me esconder, como passar despercebido dos cães da população, das presas mortíferas das opiniões. Odeio ser alvo das flechas da política, da banalidade que é a vida que vivemos. Penso em me mudar para muito longe, tornar-me alguém invisível, simplesmente não ser notado enquanto passo pelo mundo.

Reflito sobre como seria melhor se eu nem tivesse nascido. Não. Eu não sou assim. Esse é meu personagem, minha ficção. Eu quero fazer diferença para o mundo. Quero torná-lo melhor. Quero que todos vejam o quanto nós podemos mudar, o quanto podemos ser felizes. Quero que as futuras gerações não se preocupem com o que hoje é podre. O que me decepciona é o fato de eu não poder fazer isso. Já não há mais tempo para mim. Mudei de ideia tarde demais.

Salto do último andar do prédio.