Lágrimas de sangue escrita por Gothica


Capítulo 14
A malícia.


Notas iniciais do capítulo

*Esse capítulo contém fraco conteúdo sexual.



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Em uma segunda-feira nada divertida, com nuvens escuras no céu e barulho de trovão, depois do almoço Dhuly, Tutu e eu estávamos no quarto arrumando as novas roupas de Dhuly. No domingo ela decidiu que queria fazer compra, mesmo sabendo que não era preciso. Querendo agradá-la, dei o dinheiro a ela e fomos. Voltamos com diversas sacolas cheias de roupas, maquiagens e novos sapatos.

A hora da arrumação transformou nosso quarto em uma grande pilha de roupas. Dhuly fez questão de jogar todas as suas roupas no chão para organizá-las todas novamente.

Antes de começarmos a guardar, mas com o quarto já todo bagunçado, Dhuly quis experimentar as roupas.

– Qual vestido você achou mais bonito pai? - ela me perguntou segurando quatro ou cinco vestidos diferentes.

Eu, sem saber o que responder, disse que preferia o do Tutu e ela caiu na gargalhada.

Enquanto brincávamos, Dhuly começou a tirar a blusa na minha frente, como se eu não estivesse ali de novo. Assim como tinha acontecido do banheiro, ela me ignorou. Pude ver seu sutiã preto bem detalhado, que ela mesma escolheu há muito tempo. Eu, sentado na cama dela, comecei a brincar com Tutu para não parecer que estava interessado em vê-la daquele jeito. Não me parecia mais certo ver minha própria filha assim, como eu fazia com Toly. As coisas mudara. Meus pensamentos também.

– Pai...

Antes de terminar a frase, achando que ela já tinha posto o vestido, eu voltei meu olhar a ela e fiquei pasmo.

– O quê acha dessa calcinha? - ela completou.

Quando me virei Dhuly estava somente de calcinha e sutiã. Um conjunto preto com alguns detalhes brilhantes, bem bonito. Ela, não satisfeita, se virou para que eu tivesse a visão de trás.

Certamente eu me envergonhei e tive uma atitude inesperada. Tentei fugir do assunto soltando algumas piadinhas como "era legal a época que você vestia calcinhas de girafa". Ela não parecia nem um pouco incomodada de mostrar seu corpo daquele jeito para seu próprio pai.

Também levando na brincadeira, eu acho, Dhuly disse "pois é, ainda bem que eu cresci. Agora tenho o corpo de uma mulher muito desejada". Eu fiquei calado, fingindo que não tinha ouvido. Não sei se naquela hora eu deveria dar um sermão a ela ou dizer alguma coisa. Ela não saia de casa, não era uma adolescente normal, não namorava. Eu não teria com o que me preocupar. Permaneci calado.

Depois que ela pôs um dos vestidos, o mais extravagante, roxo, colado ao corpo, o que deixava bem a mostra suas curvas, com um decote que deixava metade do sutiã aparecendo, eu fiquei mais envergonhado do que antes.

– O quê achou?

Eu fiquei parado um tempo olhando para ela. Me lembrei de Toly, que também foi minha filha e eu tratei como namorada. Com Toly eu não ficava envergonhado, com Dhuly era totalmente diferente.

Sem resposta, Dhuly caminhou até minha frente e se esticou para pegar algo que estava trás de mim. Fazendo isso, seus peitos ficaram tão perto de meu rosto que eu podia até mesmo sentir seu perfume. Que belo perfume. Meu coração começou a disparar, talvez de nervoso.

Voltando ao lugar, ela segurava outra calcinha, tão pequena que eu nem sabia que cabia nela.

– Eu vou beber uma água... - eu disse meio nervoso. - Arrume essa bagunça, por favor.

– Claro pai! - disse sorrindo e balançando a cabeça.

Enquanto eu saia do quarto, pude ver pelo reflexo do espelho era retirando o vestido.

Corri até a cozinho sem saber o que fazer. Minhas bochechas queimavam de vergonha. Ela era minha filha, não deveria fazer esse tipo de coisa.

Pequei um copo d'água para relaxar.

Talvez eu estivesse meio paranoico. Talvez ela não estivesse fazendo nada daquilo de maldade. Talvez quem visse malícia em tudo aquilo era eu.

Mantive esse pensamento na cabeça porque era o mais coerente, já que eu conhecia muito bem minha filha. Prometi a mim mesmo que pararia de ver tudo com tanta maldade.

Assim que bebi a água toda, pus o copo de volta a pia e Dhuly apareceu correndo.

– Tudo arrumado, senhor! - ela brincou.

– Muito bem mocinha!

Chegando perto de mim ela deu um pulo e nós dois caímos no chão. Dhuly em cima de mim.

– Desculpa pai! Machucou?

Ela se levantou rapidamente e me ajudou depois. Eu evitei pensar qualquer coisa a respeito e voltei à sala.

Sentado no sofá pude ouvir o "pi pi pi" do microondas e já imaginei que Dhuly estaria fazendo pipoca. Os segundos se passaram e não ouvi os estouros. Fiquei confuso.

Quando ela saiu da cozinha senti um cheiro delicioso. Olhei para trás e a vi com um balde de pipoca na mão e dois copos de refri. Porém, dentro do balde haviam ratos com alguns temperos.

– Nossa! A quanto tempo não comemos isso! - eu arregalei os olhos e estendi os braços para que ela me desse o balde.

– Espera aí apressadinho!

Com toda a calma do mundo Dhuly foi até mim. Parou na minha frente e se agachou para pôr os copos na mesinha. Fazendo esse movimento, o vestido que ela tinha posto se levantou e novamente vi sua calcinha, sem que eu quisesse.

Desviei o olhar e tentei pegar o balde da mão dela. Nesse ato ela se desequilibrou e segurou o balde com toda a força para que não caísse tudo no chão, mas ela caiu. Caiu sentada no meu colo.

– Tudo bem? - eu perguntei ignorando a situação constrangedora.

– Tudo! - ela sorriu, riu e se levantou numa boa. Sentou do meu lado e começou a comer normalmente.

Isso não era normal. Eu não poderia estar vendo malícia onde não tinha. Estaria Dhuly fazendo de propósito?


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