Lágrimas de sangue escrita por Gothica


Capítulo 13
A mudança.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/522972/chapter/13

Algum tempo se passou depois desse acontecimento. Cerca de 2 anos.

Dhuly estava com 15. Uma jovem moça. Quase uma mulher. Seu rápido desenvolvimento a transformou em uma menina linda, de corpo esbelto e vaidosa.

Aos 15 anos Dhuly mudou bastante. Ela já não comia tanto, não brincava tanto, suas roupas mudaram, seu estilo mudou, seu cabelo mudou, tudo mudou.

Assim que completou 15, ela fez questão de trocar as roupas de seu guarda roupa para coisas mais sensuais. Roupas curtas, decotadas, saltos. As maquiagens ficaram mais pesadas, mesmo sabendo que ninguém a veria, ela dizia que gostava de se sentir bonita sempre. Com uma tesoura comum, ela cortou seu cabelo. Apenas o lado esquerdo. Fez um penteado que ela via na televisão e dizia ser lindo. Realmente ela estava linda. Todos os dias. Uma linda mulher. Minha linda filha.

Nossa vida continuava a mesma, não mudava muita coisa. Ela ainda estava com Tutu, seu ratinho de estimação, nós ainda morávamos no mesmo lugar e fazíamos as mesmas coisas.

Certo dia resolvi chamá-la para ir ao cinema. Para se divertir um pouco.

Enquanto ela pintava suas garras de vinho em seu quarto, eu fiz o convite.

– Filha, o quê você acha que fazermos algo diferente hoje?

– Diferente como?

– Que tal ir ao cinema?

Ela levantou os olhos e me olhou seria e confusa. Não parecia saber o que era.

– Cinema é um lugar com uma tela gigantesca para vermos filmes. Você não gosta de filmes?

Ela logo abriu um largo sorriso e concordou com a cabeça.

– Então podemos ir hoje a tarde, 18:30?

– Claro pai, vai ser ótimo!

Pude ver a felicidade estampada em seu rosto.

A deixando cuidar das garras, eu voltei a relembrar da época em que fazíamos testes para testar suas habilidades. Isso tudo foi deixado de lado. Meu interesse foi diminuindo aos poucos, até que eu nem me lembrasse mais. Foi o que aconteceu. Não usávamos nada que ela aprendeu quando era pequena. Eu sabia que tinha fugido totalmente de meu objetivo.

Aquele dia eu só queria me divertir com minha filha, como um pai qualquer.

Quando deu 17:00, Dhuly apareceu na sala com um salto preto, meia calça, uma vestido curto bem decotado, deixando seus peitos a mostra, um colar, batom preto e lentes verdes.

Eu não ficava mais surpreso em vê-la daquele jeito, já que desde que completou os 15 anos ela andava assim direto dentro de casa.

– Você está linda!

– Eu sei! - ela disse sorrindo e piscou para mim. Pegando sua bolsa, ela caminhou até a garagem e completou - Vamos?

Eu ainda não permetia que Dhuly saisse de casa sozinha. Raramente saímos. Nesses dois anos, posso contar nos dedos as vezes que ela saiu de casa.

Peguei a chave do carro e partimos.

Descendo o morro fomos conversando. Eu a explicava melhor sobre como funciova o cinema.

Chegando lá a quantidade de gente que estava na fila para comprar os ingressos era imensa. Só podia ter um filme muito bom para o cinema ficar daquele jeito.

O filme em destaque era "Amaldiçoado". Esse que Dhuly queria ver.

Compramos os ingressos e entramos.

O filme contava a história de um homem que foi amaldiçoado por uma mulher desconhecida. Ela tomava conta de seu corpo e mente, sem que ele soubesse. Era quase uma dominação total do corpo do homem, sem seu consentimento.

Dhuly prestava bastante atenção no filme. Me cutucando ela perguntou:

– Pai, você acha mesmo que isso possa acontecer? - ela perguntou baixinho para não incomodar ninguém.

– Não sei. Acho que era só pra sair do clichê de filmes de horror...

– Verdade... - ela concordou e voltou a prestar atenção.

Na volta para casa Dhuly me disse o quanto gostou de ter ido. O quanto gostou do filme e o quê ela realmente achava.

– Na minha opinião o cara não era totalmente controlado. Acho que por algum motivo ele "doava" - sinalizou as aspas com os dedos - seu corpo à ela.

– É um bom pensamento.

Chegamos em casa tarde, quase na hora de dormir. Dhuly tinha ido para o banho e eu fiquei na sala vendo tv. Minutos depois ouço ela me chamar.

– Pai! Trás a toalha pra mim, por favor?

Me levantei, fui até a gaveta de toalhas e levei. Bati na porta e esperei ela sair para pegar a toalha como sempre, mas ao contrário do que pensei, ela pediu para que eu entrasse.

– Obrigada!

Quando entrei no banheiro Dhuly estava totalmente nua. O chuveiro já estava fechado e ela tinha acabado de sair do box. A fumaça e umidade do lugar, que por algum motivo estava com as janelas fechadas, escondia um pouco seu corpo, mas eu ainda conseguia vê-la nitidamente.

Rapidamente me virei de costas. Há anos que não vejo Dhuly sem roupa. Desde que ela aprendeu a tomar banho sozinha, aos 4 anos, eu nem se quer a via de calcinha.

Ela agradeceu e começou a se secar normalmente como se eu não estivesse lá. Eu não pude deixar de ver como seu corpo estava bonito. Muito bem cuidado como se ela malhasse. Seria realmente uma linda mulher dali uns anos.

– Então pai, quando iremos ao cinema de novo?

Ela me perguntou tão tranquilamente como se eu não tivesse visto ela nua. Como se aquilo fosse a coisa mais comum do mundo.

Saindo do banheiro sem olhar pra ela eu respondi:

– Veremos Dhuly. - fechei a porta e voltei para a sala.

Eu não sabia se aquele comportamento era normal. Para ela, que quando era pequena morria de vergonha de quando eu a dava banho, isso era algo contraditório. Não fazia sentido.

Talvez fosse apenas um descuido dela. Talvez ela não percebeu que eu tinha a visto. Talvez ela achou que a fumaça era o suficiente para tapar seu corpo. Talvez ela não via mais problema nisso.

Dhuly estava diferente. Estava mais madura.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lágrimas de sangue" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.