Acordei com um pulo na cama e ofegante. Meu coração batia tão forte que parecia que ia sair de meu corpo. Eu suava frio e tremia bastante.

Por pequenos segundos eu havia esquecido o que aconteceu e assim que relembrei, olhei desesperadamente em volta.

– Bom dia papai!

Quando olhei pra onde vinha a voz de Dhuly, só consegui ver aquela mesma boca gigante e podre me devorando mais uma vez.

Mais uma vez senti seus dentes pressionando meu pescoço. Novamente ela havia arrancado minha cabeça.

Me sentindo pior do que antes, me vi deitado em algum lugar. Abri os olhos com pressa e me levantei. Estava em minha cama. Dhuly estava na dela, dormindo como uma anjinha.

Eu respirava com dificuldade. Podia sentir meu coração bater aceleradamente sem nem encostar a mão no peito. Eu realmente estava muito confuso. Meu corpo todo tremia de pavor, coisa que eu nunca senti.

Se tudo estava como de costume, eu na minha cama e Dhuly na dela, só pude concluir que aquilo fosse um pesadelo. O que eu não conseguia entender era o porquê de ter sentido aquelas dores de forma tão intensa como se realmente tivesse acontecido. E o porquê de a mesma cena ter se repetido em menos de 2 minutos.

Me levantei silenciosamente para não acordar Dhuly e fui até o espelho do quarto. Fiquei me observando por alguns segundos e pensando no suposto pesadelo. Distraidamente vi algo em meu pescoço, como se fossem marcas da mordida de Dhuly. Quando fixei o olhar para a área, não havia nada.

– Você está ficando louco... - disse pra mim mesmo.

– O quê houve papai?

Me viro pra trás e vejo Dhuly toda descabelada esfregando os olhinhos e bocejando.

– Nada filha...

Guardaria todo aquele mistério para mim mesmo. Seria bom enterra-lo e esquecê-lo para que minha mente estivesse despreocupada. Foi o que fiz.

– Bom, vamos levantar?! - eu disse sorrindo e correndo até a cama de Dhuly.

Depois desse pavoroso e estranho sonho, os dias foram normais. Nada de anormal aconteceu. Nem na cidade, nem em casa, nem com Dhuly, nem comigo.