No ônibus o Black foi à janela, eu fui do seu lado, eu estava ansiosa para partir, mas ainda havia pessoas entrando no veículo.

– White, porque você vai com essa criatura? – Hugh perguntara ao passar por nós.

– Oi pra você também, Hugh! – Black cumprimentava bebendo um suco.

– Sabe que não pode comer aqui? – Hugh lembrou.

– E dai? – Black parecia não querer saber. – Eu estou bebendo.

– Hum. – Hugh achou o comportamento dele imaturo e infantil. – Agora que se vai casar devia escolher melhor as pessoas com quem anda, White! – Assim ele retirou-se.

– O QUÊ?! – Black disse cuspindo o suco.

– Surpresa!... – Eu não queria que ele soubesse assim.

– Você… vai casar? – Ele parecia tristonho. – Mas… ainda tem dezasseis…

– Eu sei, mas minha mãe já me arranjou um noivo, quer dizer… dois. – Isto nunca há de soar bem…

– DOIS?! – Ele estava cada vez mais espantado. – E posso saber quem são eles?

– Um é o Hugh… - Respirei fundo. – O outro é o N.

– O QUÊ?! – Cuspiu mais um bocado de suco. – Eu devia parar de beber esta bodega, o ônibus está ficando todo peganhento.

– É… - Concordei.

– Mas eu julguei que N era seu irmão. – Black encarava o pacote vazio.

– E é… - Expliquei.

– O QUÊ?! – Porquê sempre a mesma reação?! – Felizmente o suco já acabou! Não aguentava cuspir mais! – Ele mudou o assunto. – Seus pais estão incentivando ao incesto?

– Sim. Eles não querem que eu acabe com uma pessoa como… você…

Levantei a cabeça para o olhar, ele encarava o pacote tristemente, não sabia que aquilo o ia deixar tão triste assim, afinal… nós não namoramos, não é? Ele não se devia importar muito com quem eu caso ou não.

– Eu sou uma má influência para você né? – Ele perguntou com a cabeça baixa.

– N-não! Nada disso! É só que… você sabe como eles são… - Eu consolei.

– Sei… até demais… - Uma lágrima surgiu num olho do rapaz.

– Está chorando, Black? – Preocupei-me.

– N-não! É só que… Não interessa… - Eu fiquei desconfiada, mas ele parecia não querer contar. – Já agora, está um alguém ali para a ver.

Olhei pela janela e vi meu irmão… quem dera que fosse o Cheren, mas não, era N. Ele sorria, parecia procurar-me, quando me viu acenou, eu acenei de volta, depois o sorriso dele desapareceu.

“Que aconteceu?” – Pensei.

Depois vi que ele olhava para Black do meu lado, olhava-o com um olhar mortal, depois olhou-me como quem diz “não devia estar com ele”, aquilo fez-me engolir em seco, felizmente, arrancámos naquele preciso momento, suspirei de alívio.

– Seu irmão me odeia assim tanto? – Black perguntou.

– Ele é desse jeito mesmo, ele sempre foi muito protetor. – Expliquei. – Ele não faz por mal.

– Acha que eu alguma vez lhe faria mal, White? – Black parecia indignado.

– Eu sei que não, mas nem todos pensam assim… - Apoiei-me no seu ombro, acabei por adormecer, pois acordei muito cedo.

………………

– White, White! – Senti alguém cutucar. – Já chegámos.

– Hum? – Abri um olho um pouco a custo. – Oi, Yellow.

– Vamos, temos de ir, os Pokémons não esperam! – Ela puxava-me para fora do ônibus.

– Ok, ok, mas onde está Black? – Perguntei, achei estranho ele não estar ali.

– Black? Oh, ele foi com o Ruby e o Green lá para fora. – Yellow indicou.

É, ele tinha reagido mal ao facto de eu me ir casar, provavelmente não me quereria ver…

– Vamos! – Yellow puxou-me finalmente para fora.

Tirámos as nossas malas e dirigimo-nos ao ponto de encontro, estavam lá dois professores e uns quantos Mareep, vi Black junto com os outros, tal e qual como Yellow dissera.

– Ok, meninos, isto é muito simples, vamos acampar aqui de hoje para amanhã, o objetivo é apreenderem a dormir ao relento, para saberem como o fazer quando partirem numa jornada. Pois alguns nem devem sonhar como isso se faz. – O professor explicara.

Não sei porquê, mas, provavelmente por instinto, todos olharam para mim depois do professor ter dito a última frase. LÁ POR TER NASCIDO NUMA FAMÍLIA CHIQUE NÃO QUER DIZER QUE EU NÃO SAIBA ACAMPAR!

– Ficam por vossa conta, meninos! Vimos de manhã para ver como estão. – Assim os professores saíram e entraram no edifício da quinta.

– Então? Vamos montar a tenda? – Leaf pedira.

– VAMOS! – Yellow estava entusiasmada.

– White, partilha a tenda comigo? – Sapphire pedia.

– E-eu, eu ia… - Estava para aceitar, mas alguém me impediu.

– Como, é? Não disse que ficava comigo? – Black aparecera do meu lado.

– BLACK! Eu julguei que ia ficar com o Ruby depois do que lhe disse no autocarro… - Disse encarando o chão.

– Ei, acha mesmo que ia falhar com o que prometi? – Ele sorriu.

– Bem, parece que vou ficar sozinha, na tenda.- Sapphire sorriu também.

– Não acho, Ruby também não tem ninguém. – Ele lembrou.

– É? Então vou perguntar-lhe… - A moça ausentou-se um pouco corada.

– Bem, vamos montar a tenda! – Ele puxou-me para uma vala e largou a mochila, tirando uma tenda lá de dentro.

– Porquê uma vala? – Perguntei.

– É mais difícil encontrarmos Pokémons aqui. – Ele explicou. – Me passa essa vara ai?

– Claro. – Passei-lhe o objeto que pedira.

O tempo foi passando, eu o ajudei a montar a tenda, em pouco tempo estava de noite.

– Ufa, deu trabalho em? – Eu suspirei.

– Trabalho? Você não fez nada! – Ele ria.

– Então da próxima vez, vá buscar as coisas sozinho! – Brinquei também.

– Ah, pare de ser assim. – Ele aproximou-se e colou nossos lábios.

Porque ele fazia isto? Não que eu não gostasse, mas… mesmo sabendo que era impossível ficarmos juntos… mesmo sabendo que eu ia casar, ele continuava com a amizade colorida, apenas uma amizade colorida, nada mais…

– Ah! Como esta coisa se monta! – Ouviu-se um grito do lado de fora.

Eu e Black saímos dali, reparamos que Yellow tentava montar a tenda perto de um bando de Mareep.

– Xo! Xo, Pokémon feio! Xo! – Leaf tentava afugentar as criaturas atraídas pelo barulho.

– Leaf, eu se fosse a você não irritava esses bichos… - Black aconselhou.

– Porquê? – Ela perguntou.

– MAREEP! – Um Mareep mais agressivo usou raio paralisante nela.

– Ai… - Ela gemeu. – Não me consigo mexer…

Eu ria, depois dei-lhe um anti paralisante, era estranho usar aquilo numa humana, mas nunca ouvi dizer que fosse perigoso.

– Obrigado. – Ela agradeceu.

– Ei, alguém dá uma ajudinha aqui? – Yellow pediu segurando a tenda.

– Estou indo. – Black ofereceu-se para ajudar.

Black pegou nas coisas e levou-as para um local um pouco mais longe daqueles Mareep, depois montou a tenda.

– Qual foi a vossa de montar a tenda no meio da grama alta? – Perguntei. – Queriam ter uma companhia estranha para dormir?

– Nada disso! Pensámos que os Pokémons não eram tão curiosos! – Leaf defendia-se.

– E eu é que sou a menina da cidade! – Resmunguei.

– Está pronta, aconselho-vos a não gritar muito, os Pokémons daqui são atraídos pelo som. – Black explicara.

– Arigato, Black-kun! – Yellow agradeceu beijando-lhe a face e o abraçando. – Não quer ficar aqui comigo esta noite?

Ia começar… vamos lá ver o que ela tramou desta vez…

– Mas você não tem a Leaf? – Black perguntou saindo do abraço.

– Sim, mas ela não é tão inteligente e forte como você! – Ela explicou.

– EI! – Leaf ficara ofendida.

– Que faço se um Pokémon aparecer? – Yellow ignorara a outra.

– Se isso acontecer, pegue em uma das suas Pokébolas e taque neles depois de lutar. – Black aconselhava. – Se estiver difícil grite por socorro que eu e White viremos.

Eu ri, a cara da Yellow era um pouco de irritada, nunca tinha sido negada daquela maneira, mas ela nunca se chatearia com o Black.

– Tá bom… - Ela murmurou vencida.

– Gente, querem vir jantar com a gente? – Red convidara. – Vamos contar histórias de terror!

– Uhhh! Terror! Estou dentro! – Yellow anunciava.

– Ok, nós vos esperamos! – Red disse.

– Ótima oportunidade para me agarrar ao meu namorado. Vejam e apreendam, amigas, vejam e apreendam. – Ela gabava-se, à conta disso lá fomos os quatro ouvir histórias de terror…