Uma batida na porta me deixa alerta. Largo o meu café na bancada, e a passos lentos vou até a porta, hesitando antes de por a mão na maçaneta e girar para abrir.

A garota tem longos cabelos pretos, os olhos pretos mais negros que nunca e faiscantes. Um sorriso psicopata dança em seus lábios, e estou paralisada na porta, sem saber o que fazer; o mais sensato seria correr. Fechar a porta na cara dela. Mas não consigo. Minhas mãos estão tremendo, assim como o resto do meu corpo.

– Juliet. - sussurro, a voz um misto de medo e assombro.

– Oi, Mel. Não vai me deixar entrar? - ela diz, quase repetindo as mesmas coisas que eu disse no dia que quase a matei.

Dou um passo para trás, e ela entra, fechando a porta atrás de si.

– Não achei que seria tão cedo.

– Nem eu. Mas sabe, acho que isso pega. Sinto vontade de matar.

Bom, acho que ela vai conseguir saciar o desejo hoje.

– Não acho justo você ser simplesmente entrega para a polícia, e ficar apodrecendo atrás das grades, com comida, água, blá blá blá. Não acho justo com Lúcia. Você tem que queimar. Queimar no inferno.

Minha boca treme.

Na mesma hora, Juliet tenta me socar no rosto. E eu acordo, meu instinto acima do medo, e seguro a mão dela, a jogando no chão. Ela levanta na mesma hora, e me dá uma rasteira, me fazendo cair. Juliet se joga em cima de mim, desferindo socos em meu rosto, alguns me atingindo e outros não. Rolo e a acerto no rosto. Nós duas em uma luta selvagem, como animais. Até escutarmos sirenes.