Uma Nova Chance escrita por Elvish Song


Capítulo 7
Velhos Amigos


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam curtindo a fic! Beijos enormes!



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Um calafrio percorreu a espinha de Eragon ao pensar na hipótese de deixar seus filhos em Carvahall, aos cuidados de Elva. A garota, agora mais mulher que menina, o perturbava profundamente, e não apenas porque fora ele quem a fizera se tornar o que tinha diante dos olhos, mas porque jamais se sabia o que ela faria, até que já houvesse feito. Solembum, entretanto, parecia gostar muito da jovem, argumento usado por Ângela para acalmar o Shur’tugal.

– Ainda não consigo compreender. – Comentou o guerreiro para Arya, que viajava com ele nas costas de Saphira, para que Fírnen pudesse levar Elva, Ângela e os pequenos.

– Não consegue compreender o que? – Perguntou a mulher, sentada à sua frente.

– Elva.

– Devia compreendê-la melhor do que todos! Foi você quem lhe deu seus dons.

– Eu compreendo a natureza de suas habilidades, mas não de seu espírito. Já conheci pessoas com habilidades semelhantes, se bem que não tão intensas, que não possuíam um décimo da malícia e da imprevisibilidade dela. Como pode confiar a vida de nossos filhos a uma mulher assim?

– Ângela não é mais previsível do que Elva, e você confiaria tudo a ela.

– É diferente.

– Só porque Ângela não sofreu tanto quanto Elva. A menina tem algo muito amargo dentro de si, mas não por escolha própria. Quanto ao caráter, eu posso lhe assegurar de que não é duvidoso, embora suas ações o façam parecer. Ela odeia você, e despreza a fraqueza das criaturas, mas não faria mal a ninguém. Dura e indiferente, mas não má. De qualquer jeito, ela tem várias dívidas para com Ângela e comigo, e acima de tudo, jamais trairia a confiança de alguém. Você sabe disso. Só pudemos chegar a Galbatorix, tantos anos atrás, porque ela provou sua lealdade.

Calando-se, o Cavaleiro se conformou com as palavras de Arya, mas quando a adolescente sobre o dragão verde o fitou e esboçou um sorriso um tanto cruel, as dúvidas voltaram a seu coração. Como poderia confiar num ser como aquele?

Do mesmo modo como confiou nos Urgals, Eragon, não obstante fossem potencialmente destrutivos e, a seu ver, malignos. E eles não traíram sua confiança. Usaram sua natureza cruel para fins nobres, e nos permitiram vencer. Hoje, temos mesmo urgals Cavaleiros, como Marroghr. – Respondeu Saphira.

Afagando uma escama azul, o guerreiro sorriu: Saphira sempre sabia o que dizer. Ao longe, Carvahall se delineava à sombra do vale, e os dragões começaram a realizar círculos no ar, reduzindo a velocidade e a altitude. Já quase fora da cidade (Eragon nem conseguia acreditar que voltara aquele lugar, após tantos anos), erguia-se o solar onde moravam Roran e a família. Os cinco membros desta aguardavam do lado de fora, acenando com entusiasmo, enquanto um pequeno dragão violeta se empoleirava sobre a cerca, rosnando para o céu. Aquela cena fez o jovem sorrir, ao se lembrar de Saphira recém-saída do ovo.

O pouso em si foi bastante difícil: ambos os dragões eram muito grandes, e pousar em uma fazenda sem quebrar nada foi um feito notável. Mal as enormes patas tocaram o solo, os seis passageiros saltaram para o chão. Esfuziantes de alegria, Islanzadí e Brom correram até os tios, abraçando-os e às crianças. Passado esse primeiro momento, os olhos de Eragon e Roran se encontraram; caminharam um em direção ao outro com sorrisos luminosos, antes de trocarem um abraço longo e esmagador.

– Não acredito que você está de volta! – Exclamou o fazendeiro, dando um tapa nas costas do primo, como que para se certificar de que ele estava realmente ali – Qual foi o milagre?!

– O milagre – respondeu Ângela – Chama-se Arya.

Roran olhou com incerteza para Arya, que afagava a cabeça do filhote de dragão empoleirado em seu ombro; teria ela contado a verdade a Eragon? Para explicar a situação ao irmão adotivo, o Cavaleiro falou:

– Ela me escreveu contando que Ariane se tornara uma Cavaleira. Eu não podia deixar de vir buscá-la pessoalmente.

Katrina e os três filhos se aproximaram, abraçando Eragon com saudades, após terem cumprimentado Ângela e Arya que, ao contrário do retraimento que lhe era habitual, se encontrava relaxada e genuinamente feliz. Mesmo a sombria Elva desanuviara a tensão em sua expressão, e esboçava um sorriso apenas alegre, sem qualquer esgar de crueldade.

Enquanto Katrina conduzia Ângela, Elva e as crianças para dentro, e os três filhotes de dragão rolavam juntos na grama, Arya e Eragon permaneceram junto a Roran, do lado de fora da casa. Suas expressões sérias diziam ao lavrador que havia algo de errado; incomodado, ele declarou:

– Não vieram aqui apenas para me ver. O que aconteceu?

Foi Arya quem tomou a palavra:

– Roran, longe de mim querer atrapalhar a vida que leva com sua família, mas... Você sabe, pois fiz questão de mantê-lo informado, que coisas ruins estão em curso na Alagaësia. Eu e Eragon estamos partindo para o Sul, mas precisamos da ajuda de Roran Martelo-Forte, o único humano detentor do respeito de todos os Urgals.

Ante a surpresa do ex-guerreiro, o casal se apressou em explicar resumidamente a situação. Imediatamente os olhos do capitão escureceram, e ele respondeu:

– Eu tinha prometido a mim mesmo não pegar mais em armas. Mas nesta situação, não há outra escolha honrada. Sei que Katrina e as crianças estão seguras aqui. Contem comigo.

– E, se não for pedir demais, meu amigo – continuou a elfa – Eu e Eragon gostaríamos de deixar nossos filhos aqui, com sua família e com Elva. Carvahall é o único lugar seguro que há.

– Os filhos de vocês, então... Quando você soube, Eragon? – perguntou o mais velho para o Cavaleiro.

– Em verdade, ontem. – Respondeu o outro – Ainda não me refiz do choque.

Iam dizer algo quando Fírnen farejou o céu e, batendo as asas agitado, rosnou em alerta:

Há um Cavaleiro com seu dragão, nas proximidades, mas não é nenhum dos treinados por Eragon.

– Eu vou com Fírnen ver o que é. – Declarou a elfa, e antes que Eragon pudesse protestar – Fique aqui. Defender o norte é meu trabalho. – Sem dar tempo ao Cavaleiro de impedi-la, a elfa saltou sobre o dragão verde, e lançaram-se juntos aos céus.

Por alguns segundos os dois homens ficaram em silêncio. De repente, a voz de Roran se fez ouvir, séria:

– Eragon... Não dê falsas esperanças a Arya.

– Do que está falando, Roran?

– Estou falando – disse o mais velho – Que ela é a mulher mais extraordinária que eu já conheci, mas também a mais sofrida. E ela ama você. Não dê a entender que vocês podem ter um futuro juntos, se não for essa a sua intenção.

–Arya se tornou tão importante assim para você, irmão? Por que se preocupa com o que nós fazemos?

– Porque eu vi, ao longo dos últimos anos, o quanto ela sofreu com sua ausência. – E segurando o braço do guerreiro - por favor, irmão... Não a faça sofrer novamente. Ela é muito importante, para todos nós.

– Eu não a farei sofrer, primo. Eu amo Arya, tanto quanto amo Saphira. Machucá-la seria machucar a mim mesmo. – disse o Cavaleiro, na língua dos elfos. Aquilo pareceu satisfazer seu primo, que sorriu e lhe bagunçou os cabelos antes de voltar para perto da casa e convidar:

– Não quer entrar e conhecer minha “humilde” residência?

Entrar na casa que fora construída sobre as ruínas de seu antigo lar foi um verdadeiro choque para Eragon. A nova casa de seu primo era um verdadeiro palacete, construído em vários andares, de modo a se encaixar na colina em cuja encosta se erguia; o Cavaleiro pôde reconhecer as habilidades de elfos ao reparar que toda a estrutura da casa fora erguida sobre madeira viva: as árvores que pareciam rodear a casa eram, em verdade, parte dela. Sobre os galhos que se entrelaçavam nas mais variadas formas, assentavam-se as pedras que formavam as paredes, certamente esculpidas por mãos de anões. O revestimento interno era de tábuas, cobertas com uma grossa camada de resinas impermeabilizantes. No todo, um belo trabalho, que devia ter levado anos para ser concluído.

– Como conseguiu construir tudo isso, Roran? – Perguntou o mais moço, encantado com a obra, e muito feliz em ver como a vida fora generosa para com seu irmão adotivo.

– É claro que Orik e Arya me ajudaram. Nem sei ao certo quantos elfos e anões trabalharam comigo e com os aldeões para reconstruir toda a vila.

– Era o mínimo que podiam fazer por você, depois de tudo. – Comentou Katrina, indicando a ambos que se sentassem à mesa da sala de visitas enquanto Brom, num gesto exibicionista para os primos, acendia o fogo com apenas uma palavra:

– Brisingr!

Aquilo não passou por despercebido ao Primeiro Shur’tugal, que se lembrou de outro menino, mais velho, que um dia descobrira o poder daquela palavra. Um sorriso aflorou-lhe aos lábios. Ia dizer algo ao garoto quando, de repente, a voz de Arya ecoou no ambiente:

– Temos visitas, e acho que todos ficarão felizes com nosso recém-chegado.

Seguindo Arya porta adentro, para o espanto de todos os presentes, inclusive Ângela e Elva, estava Murtagh: seus cabelos estavam maiores, e o rosto tinha uma barba curta e áspera, mas os olhos não haviam mudado nada – tinham o mesmo brilho de culpa e atrevimento. Ele sorriu timidamente e, dirigindo-se a Eragon, cumprimentou:

– Já faz tempo, não é, irmão?


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Notas finais do capítulo

HUAHUAHUA! (risada maligna)
Murtagh está de volta! Qual será o papel desse homem, na história que se desenrola? Bom ou mau? Amigo ou inimigo? Façam suas apostas!