Uma Nova Chance escrita por Elvish Song


Capítulo 14
Revelaçoes


Notas iniciais do capítulo

Olááááá! Após uma eternidade ausente, consegui voltar! E estou cruzando os dedos para não ter outro bloqueio. Acho que não vai acontecer, pois um acampamento me permitiu terminar de criar a história inteira, então, acho que agora vai deslanchar. Peço um milhão de desculpas pelo sumiço, e posto aqui o novo capítulo!



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                - Mas quem é esse Arnor, Ângela? – perguntou Arya, sentando-se junto à outra, no leito, enquanto Eragon e Murtagh puxavam duas cadeiras e se sentavam de frente para a feiticeira. Ela escondeu o rosto nas mãos, parecendo desesperada, e então respondeu:

                - Não o chame de Arnor, por favor... Não diante de mim. Seu nome é... Era... – ela deu de ombros – eu o chamava de Elvan. – duas lágrimas brilhantes escorreram por seu rosto, se perdendo entre os dedos – Ele era meu filho!

                - O quê?! – perguntou o trio, em uníssono.

                - Ele era meu filho... Mas falhei para com ele... – a voz da feiticeira não era mais que um sussurro fraco e cheio de dor. Sentindo a dor da outra, Arya a aconchegou em seus braços e perguntou com a voz mais doce que já empregara:

                - Mas o que houve, querida? Como ele pode ter se tornado algo tão poderoso e... Pelo que ele disse, nem mesmo está vivo da forma como o compreendemos...

                - Não está, mesmo. Nem poderia estar porque... Porque eu mesma o matei! – o trio fez o possível para esconder as expressões de perplexidade, deixando a mulher loura continuar seu relato. Contudo, ela escapou ao abraço da elfa e, tratando de se recompor, declarou – Tenho muitas coisas a contar para vocês. Coisas que, talvez, devesse ter contado há muito tempo... Preparem-se, pois é uma história longa.

                - Do que está falando, Ângela? – perguntou Murtagh – não está fazendo sentido...

                - Vai fazer, quando eu lhes disser o que preciso. – e virou-se para Arya – a começar por explicar o que realmente sou.

                Com a tensão reinante no aposento, o orbe de luz dourada esmoreceu e tremeu, antes que a rainha retomasse o controle; algo lhe dizia que sua amiga de tantos anos tinha grandes coisas a revelar, e isso a incomodava profundamente, pois sentia que não seriam fatos agradáveis. Seu rosto, porém, permaneceu impassível enquanto a outra falava:

                - Eu nasci nas proximidades do Deserto de Hadarac. Minha mãe era uma feiticeira, e meu pai... Meu pai era um jovem príncipe élfico, ansioso por descobrir o mundo e descobrir a si mesmo. Em suas viagens, ainda durante a era dos Cavaleiros, ele conheceu Ewen, uma mulher diferente de todas as que já conhecera; ela o salvou de um ataque de Ra’zac e... Para encurtar a história, o envolvimento de ambos resultou no meu nascimento... A filha bastarda de Lorde Evandar.

                Arya cobriu a boca com as mãos, estupefata: Evandar! Seu pai! Isso fazia de Ângela sua irmã! Mas como podia ser? Quando isso acontecera?! Ângela parecia ler as perguntas na mente da elfa, pois respondeu:

                - Nosso pai ainda não havia conhecido sua mãe. Isso foi há mais de quinhentos anos atrás, quando ele era mais jovem do que você é hoje. Mas minha mãe não se prendia a homem nenhum, e terminou o romance antes mesmo que descobrisse estar esperando um filho. Logo após meu nascimento, deu-se a partida dela para o sul, para as florestas próximas a Surda. Foi ali que eu cresci, e ali me apaixonei. – havia grande tristeza na voz da herbolária – cresci na companhia de um jovem que minha mãe adotou como seu discípulo... Tenga era seu nome. Um surdano órfão, que tinha as habilidades para feitiçaria que minha mãe tanto prezava, e ao qual ensinou tudo o que sabia, antes de falecer... Ironia do destino, ela, que conhecia todos os feitiços e curas, foi morta por uma simples serpente verde. Uma única picada, e um veneno mortal demais para lhe dar tempo de retornar à cabana e obter as ervas das quais necessitava.

                O choro convulsivo da herbolária se fez ouvir por todo o aposento, enquanto a rainha dos elfos a consolava ternamente.

                - Fiquei sozinha com Tenga; com trinta anos, era só uma adolescente, mas ele já se tornara um homem, e dominara os segredos que minha mãe conhecia. Tornou-se meu mestre e, com o tempo, meu amante. Ficamos juntos por décadas, e tivemos um filho. Um filho lindo, de cabelos dourados e olhos negros, ao qual dei o nome de Evan. Mas nada daquilo era o bastante, pra Tenga... Ele começou a se aprofundar na magia negra e... Algo aconteceu. Ele sumiu por semanas, e quando voltou, estava horrivelmente mudado. Uma sombra o preenchia, e essa sombra, esse mal, fascinou nosso filho, já então um jovem rapaz, que assimilou avidamente tudo que o pai tinha a lhe ensinar. Eu e Tenga discutimos gravemente, e nessa discussão, eu o feri acidentalmente, com um feitiço involuntário. Ele foi embora, ferido e desprovido da magia que tanto prezara. Meu filho, porém, ficou contra mim, desejoso de obter os novos poderes estranhos com que o pai fora “agraciado”.

                Ângela deixou-se cair de costas na cama, parecendo muito menor e mais frágil do que jamais o fizera. Arya a fez deitar a cabeça em seu colo, e então a herbolária continuou, tentando ignorar as expressões de confusão dos dois homens no quarto:

                - Eu me isolei, permaneci nas florestas. Mas Evan estava encantado com seus novos poderes, com a força da magia negra, e pensou que podia ter o mundo a seus pés. E realmente podia. Meu filho cometeu enormes atrocidades: violou mulheres, dobrou e quebrou as mentes de bons homens, de líderes de vilarejos... Obteve tudo o que podia querer. Tentei demovê-lo, mas não fui capaz. E ele se tornava cada dia mais cruel... Até que chegou a um ponto em que eu não podia mais fechar os olhos: eu pusera Evan no mundo, e deixara que se tornasse aquele ser abjeto. Era meu dever pará-lo. Então, eu o matei. Foi a coisa mais dolorosa que fiz em minha vida... Preferiria arrancar meu coração pulsante com minha própria mão, a fazer o que fiz... Mas era preciso. Era o certo.

                - E o que aconteceu, depois disso? – ao contrário de Eragon e Arya, Murtagh não estava preocupado com a comoção da feiticeira, e sim, com o que aquele passado significava. Sempre prático, e sempre frio, aquele filho de Morzan. A feiticeira pareceu se recuperar um pouco com a frieza da voz dele, e se sentou, secando as lágrimas.

                - Após sepultar meu filho, fugi para o norte, para a terra de meu pai. Lá conheci Oromis e Glaedr, que se tornaram dois grandes amigos meus. Nesta época, os Cavaleiros já haviam entrado em declínio, e ele previu que haveria de ocorrer uma queda. Era apenas questão de tempo. Então...

                Então Oromis treinou Ângela— a voz de Glaedr ecoou por todo o aposento, escapando do Eldunarí dourado – Ensinou a ela coisas que uma feiticeira não tinha como saber. Despertou nela dons que nem ela mesma sabia possuir e, com eles, pôde ver o presente e o futuro. E o que viram foi uma sombra. Uma enorme sombra, a se estender sobre toda a Alagaësia, e para os continentes além do Grande Mar. Ele previu a Queda dos Cavaleiros, a guerra contra Galbatorix. Porém, ele não previu Eragon, ou Arya. O papel de vocês, em tudo o que ocorreria, seria irrelevante. Galbatorix estava fadado à vitória, a menos que fizéssemos algo.

                - E o que fizeram, ebrithil? – perguntou Eragon, confuso e surpreso.

                - Esperamos. Planejamos. Conquistamos os aliados certos e, quando chegou o momento, criamos você e Arya. – respondeu Ângela.

                - Como assim, nos CRIARAM? – perguntou a rainha dos elfos, completamente surpresa. – Que história é essa? – ela franziu o cenho – O que fizeram conosco?

                Nunca se perguntou de onde vêm seus dons invejáveis de magia, Arya? Como uma elfa tão jovem pode deter o conhecimento e a força que você possui, sem nenhum treinamento como maga, tendo passado a maior parte da vida entre mortais? O mesmo ocorre com Eragon... Nunca se perguntaram o que lhes permite realizar magia involuntariamente - encantos que só dragões poderiam realizar - como descobrir por conta própria palavras esquecidas da Língua Antiga, ou evocar o Poder sem um único murmúrio? Magia reservada apenas aos dragões, desde tempos imemoriais...

                - Espere... O General me chamou de Mulher-Dragão. – disse Arya, sua mente trabalhando velozmente. De repente, ela franziu o cenho, furiosa, e voltou-se para Ângela – você não fez isso! Não pode ter feito isso!

                - Sim – suspirou a herbolária – eu fiz. Nós todos fizemos. Fomos cúmplices nesta decisão.

                - Fez o quê?! Alguém pode me explicar o que ocorreu? – Eragon estava atordoado demais para compreender o que se passara. Eram tantas as suspeitas em sua mente, que ele já não conseguia saber qual delas era real, e quais eram falsas.

                - A primeira experiência foi com nossa atual rainha dos elfos. – disse Ângela – Islanzadí se feriu gravemente, quando esperava Arya. Glaedr foi único que pôde curá-la, mas não foi só o que ele fez: ao modo que só dragões podem fazer, despejou uma parte de sua própria essência dentro do bebê que a rainha gestava, transformando a criança e, com isso, o próprio destino do mundo. Era a primeira vez que algo assim era feito... Um bebê elfo, que carregava em seu coração as chamas de um dragão. Mulher-dragão. – ela não conseguiu sustentar o olhar da meio-irmã, sabendo que o que fizera, embora tivesse boas intenções, fora uma abominação.

                Quando vimos o poder de Arya, à medida que ela crescia, e o modo como o Destino não parecia controlar seus atos— continuou o dragão dourado— Soubemos que funcionara. As visões de Ângela mostravam que sim, e decidimos repetir o que já fora feito. Mas, desta vez, usamos Brom para alcançar nossa meta. Ele foi nosso cúmplice, mesmo quando dissemos que o plano exigiria transformar para sempre a vida do filho que sua amada esperava. Com um pequeno vidro do sangue de Glaedr, que preservava a magia devido a um encantamento lançado para tal fim, ele reencontrou sua amante, prestes a dar à luz, e fez com que ela bebesse inadvertidamente o sangue do dragão. A magia se entranhou à alma da criança, exatamente como havia feito com Arya.

                Os dois Cavaleiros citados se se entreolharam, prendendo a respiração, e foi a vez de Eragon ficar furioso:

                - Quer dizer que você, Glaedr, Brom e Oromis nos MANIPULARAM? É isso o que nós somos, para vocês? EXPERIÊNCIAS?! Armas que testariam contra Galbatorix, é isso?!

                - Não. Vocês foram aquilo que mudou o curso do destino! Se não houvessem existido tal como são, nem imaginam o que teria acontecido!

                - E o que teria acontecido, Ângela? – Arya também estava furiosa, e se levantara para ficar ao lado de Eragon. Os olhos de ambos tinham chamas de raiva e indignação: sentiam-se usados, manipulados como peões num jogo de tabuleiro. – Teriam perdido a guerra?

                - Não entendem?! Pelos céus, a queda dos Cavaleiros, a guerra contra Galbatorix, esta própria situação que vivemos, agora... Tudo está interligado! É tudo parte do mesmo processo, que só uma mudança inesperada na própria ordem do mundo poderia interromper!

                - Como assim? – Perguntou Murtagh, ainda impassível.

                - Existe algo na Alagaësia. Algo enorme, muito antigo, e muito poderoso. Algo ligado aos dragões e à própria essência da magia como a conhecemos, grande e forte demais para conseguirmos descobrir sua natureza. Algo quase tão antigo quanto a vida. Esse... Ente, o que quer que ele seja... Está de algum modo relacionado a tudo o que houve. Como se todos os fatos houvessem acontecido por sua vontade e manipulação. Algo que manipula os seres viventes, que nos governa como fantoches... Mas não o faz com os dragões! Por algum motivo, essa vontade obscura não pode, ou não quer, infiltrar-se nas mentes dos dragões. E, quando se tornaram parte dragão, também vocês dois se tornaram imunes a tal influência. – explicou a bruxa – em minhas visões, não havia esperança, antes de vocês nascerem: apenas morte e destruição. Mas com sua criação, o futuro se estilhaçou, e tornou-se impossível de prever! Um homem-dragão e uma mulher-dragão não estão submissos ao destino, mas o escrevem. São diferentes de tudo o que já vagou nessas terras e, por isso mesmo, mais poderosos. Eram a única esperança que havia. Eram a única chance de começarmos a descobrir p que era esta sombra, e quais suas intenções.

                Ângela parecia muito perturbada, mas não mais do que Eragon e Arya. Eles desejavam ouvir mais, e sabiam que precisavam ouvir mais, mas era muita coisa para assimilar de uma só vez. Entreolhando-se, compartilharam o mesmo pensamento, e então a elfa se voltou à irmã:

                - Talvez tivessem a melhor das intenções ao nos criar... Mas é muito para ser assimilado de uma só vez. Eragon e eu precisamos de alguns momentos a sós, com nossos dragões.

                - É claro. – respondeu a feiticeira, tão abatida que parecia ter sido pisoteada por uma tropa de Urgals – encontrem Fírnen e Saphira. Falem com eles... Isso pode ajuda-los. Então, quando estiverem prontos, terminarei a história. Será breve, creiam-me... Não sei muito mais do que já lhes contei.

                Sentindo-se mesmo atordoados após aquelas revelações, os dois guerreiros saíram do quarto em posturas rijas, quase robóticas. Em seu torpor – causado pelo choque, pela raiva e pela indignação – suas mãos se tocaram, e este foi um breve conforto em meio ao turbilhão em suas mentes.


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Notas finais do capítulo

Bem, não sei nem se tenho o direito a pedir reviews, mas realmente gostaria de saber o que acharam. Mais uma vez, peço desculpas pelo sumiço, e prometo que não se repetirá.
kisses, Cavaleiros!



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