Uma Nova Chance escrita por Elvish Song


Capítulo 12
Batalha - parte um


Notas iniciais do capítulo

Meninas, eu juro que não morri! Sei que você estão querendo me matar, e têm todo o direito (não façam isso, que aí eu não posso mais postar!). Sumi por uma monte de motivos... Perdi uma pessoa querida, mudei de casa duas vezes, tinha provas... Ufa! E como se não bastasse, veio o maldito do bloqueio de escritor... Mas agora passou, e prometo que vou atualizar com mais frequência. Não garanto que poderei postar tanto quanto queria, mas tentarei fazer um cap a cada quinze dias. Se der, posto mais, ok? kisses, girls! (e boys, se tiver)



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Ângela se aproximou de Eragon e Murtagh: a herbolária vestia uma armadura de couro e bronze por sobre calça e camisa verdes, trazia um sabre no cinto e duas facas longas nas mãos. Seu elmo tinha a forma de uma cabeça de corvo, cujo bico era a peça protetora do nariz; os cabelos louros estavam presos numa trança apertada que caía sobre o ombro direito até a cintura, amarrada com penas e contas de sementes. Ambos os cavaleiros fizeram uma breve reverência para a amiga, e Eragon perguntou:

– Como está Arya?

– Veja por si mesmo – respondeu a mulher, virando-se para indicar a rainha élfica, já de armadura e com suas armas presas ao corpo. O Cavaleiro gelou ao vê-la, e exclamou:

– Arya! Você não está em condições de lutar!

– Não ouse me dizer o que posso ou não fazer, Eragon-Matador-de-Espectros – disse a elfa, fitando-o com olhos zangados – uma espada a mais fará toda a diferença quando tivermos de enfrentar aquela... Aquela coisa!

– Você mal se recuperou do ataque! Ele quase arrancou seu coração!

– Mas não o arrancou, não é? – ela deu de ombros – de qualquer modo, Ângela já cuidou disso. Vamos: nossos dragões nos encontrarão nos contrafortes Sul, e devemos estar à sua espera. Ainda temos um mergulho pela frente.

Murtagh, que se encontrava encostado a uma pilastra pouco atrás do grupo, meneou a cabeça e comentou com ironia:

– Nada como um banho frio para começar bem uma batalha, não é? – e adiantando-se, disse em voz alta, deixando-se ouvir por todos os que estavam próximos – quando descermos pela chaminé do vulcão, os invasores já estarão no salão da Isidar Mithrim. Vamos fazê-los recuar para a Caldeira, e tentar fazer o máximo de prisioneiros que pudermos; Orik e Roran no comando até lá. Já enviamos as mensagens a Torhen e Vana Argetlam, que devem chegar amanhã para nos ajudar a debelar o confronto.

Eragon e Arya assentiram: aquele não era seu verdadeiro plano - que consistia em Eragon e Saphira mergulharem na própria caldeira do vulcão, desmoronando o túnel que levava dos rios de fogo até a cidade acima, enquanto Murtagh, Thorn, Arya e Fírnen continham o avanço do restante da tropa invasora até que o caminho houvesse sido destruído. Entretanto, anunciar um plano falso em voz alta fora idéia de Ângela e Orik, que ainda suspeitavam haver traidores infiltrados em meio aos clãs remanescentes. A estratégia verdadeira só era conhecida pelos que a haviam elaborado: Eragon, Arya, Murtagh, Roran, Orik, a rainha Aifa e Ângela; desse modo, se houvesse realmente algum traidor, e vazassem informações, seriam as informações erradas.

– Certo; agora devem ir – disse Ângela, vendo os capitães de Orik já metidos em suas armaduras e elmos com chifres, reunindo os soldados e os perfilando – antes que nossos inimigos cheguem, e isto se torne um caos.

– Tome cuidado, feiticeira – pediu Murtagh – é uma aliada preciosa demais para tombar em batalha.

– Vou tomar isso como um elogio e declaração de afeto, garoto – respondeu a mulher loura, com um sorriso – agora vão. E sejam cautelosos quando descerem... – ela deixou o restante da frase subentendido.

O trio de Cavaleiros trocou um olhar cúmplice antes de, como se num movimento combinado, dirigir-se para o corredor que levava às galerias inundadas. Atravessaram o amplo saguão da Isidar Mithrim, desceram por uma escada em caracol esculpida na rocha e então seguiram por uma passarela que parecia não ter fim, descendo cada vez mais rumo ao coração da montanha.

*

– Isso não é bom... – comentou Eragon, inclinando-se na borda da passarela para ver o fundo da galeria, onde corria a água. Estavam no que um dia devia ter sido uma masmorra, mas que agora era apenas parte dos aquedutos: uma enorme cisterna de pedra bruta e coberta de limo, cujo nível da água era controlado e, no momento, encontrava-se tão baixo quanto possível – água muito profunda e agitada. Não vai ser fácil nadar aí com armadura. – e suspirando – eu vou na frente.

– Nem pensar! – protestou Arya – sou mais leve e nado melhor. Além disso, conheço as galerias, e sei o caminho a seguir.

– Então, pode pular assim que eu gritar que é seguro. – Disse o moço, virando-se de costas. Murtagh também parecia preocupado, e alertou:

– Pule fora da corredeira, ou vai ser arrastado; ali parece haver pedras... O melhor é cair bem abaixo de onde estamos, ou vai quebrar todos os ossos.

– Ah, obrigado, Murtahg – disse o guerreiro mais jovem, calculando o salto – assim me sinto bem mais confiante. – Fechando os olhos, ele se obrigou a imaginar que aquilo era apenas mais um exercício com Saphira, que ela estaria lá embaixo para segurá-lo, como sempre faziam. Respirando fundo, ele saltou.

A queda levou três segundos, e então o Cavaleiro sentiu seu corpo adentrar a água gelada; por instinto bateu os pés, e lego sua cabeça aflorou à superfície, enquanto ele era jogado para um lado e para outro pela força da correnteza e tinha de fazer força para não ser carregado. Encontrando apoio nas paredes curvas do fundo da cisterna, gritou para os amigos:

– está tudo bem! A água deve ter uns vinte metros de profundidade, e a correnteza é menor perto das bordas. Podem pular!

Mal havia falado, um espadanar de água para todos os lados lhe avisou que a elfa e o humano haviam se juntado a ele; pouco depois, os três se reuniam agarrados às pedras musgosas, enquanto o fluxo ameaçava arrastá-los.

– E então, Arya? – perguntou o Cavaleiro Vermelho – para onde?

– Vamos com a corrente; ela vai nos carregar por dois aquedutos abertos antes de cairmos num reservatório; ali teremos que mergulhar e passar por um duto fechado, que nos leva ao lago nos contrafortes sul.

– Quão longo é o duto?

– Uns cem metros. Acham que conseguem? – perguntou a rainha.

– E temos escolha? – devolveram os dois homens – Primeiro as damas.

A elfa largou as pedras nas quais se apoiava e deixou-se levar pela corrente, deitando-se de costas, braços cruzados diante do corpo e pernas estendidas à frente. Era difícil manter-se à tona daquele modo, mas a posição garantia que um impacto mais forte não seria fatal. Eragon e Murtagh a imitaram, e logo os três eram levados velozmente através do fornecimento de água de Farthen-Dûr.

Como a Dröttning dissera, sua viagem nada convencional terminou num grande reservatório, cuja única saída era o duto controlador de volume, este totalmente submerso. Sem hesitação, eles tomaram fôlego e desceram em direção ao canal. Este era, de fato, muito longo; avançavam depressa, e ainda assim a leve claridade ao fim da passagem parecia não se aproximar. A falta de ar se fazia em seus pulmões, e ainda assim estavam longe. Foi apenas quando Eragon sentia seu peito prestes a explodir, incapaz de reter o fôlego por mais um segundo que fosse, que afinal viram a luz acima de suas cabeças.

Os três guerreiros romperam a flor d’água, aspirando o ar avidamente; quando se recuperaram, constataram com alívio que seus dragões ali estavam, aguardando em meio às árvores esparsas e frondosas.

“Vocês estão bem?” – perguntaram todos os dragões, em uníssono, preocupados com seus Cavaleiros.

– Estamos bem, não se preocupem – respondeu Eragon, chegando primeiro à margem e tocando o focinho de Saphira, riu – Nem pense em tentar me secar, azulzinha. Da última vez, minhas sobrancelhas levaram um mês para crescer.

Nardil e Farner se juntaram ao grupo, ansiosos por fazer sua parte; resfolegavam e batiam as asas nervosamente, enviando para as mentes dos Cavaleiros uma série de imagens, sons e sensações frenéticas. Os irmãos deveriam sobrevoar o sopé da montanha – tomando cuidado com eventuais flechas – e aproveitar qualquer oportunidade de atacar os acampamentos inimigos com fogo. Tendo feito isso, deveriam voltar e mergulhar pela chaminé do vulcão, saindo diretamente sobre o confronto que se daria na cidade, onde ajudariam a terminar a batalha tão depressa e sem baixas aliadas quanto possível.

A elfa e os humanos saltaram para as costas de seus dragões, que se lançaram aos céus com poderosas batidas das asas; as árvores se curvaram com o vento criado pelas asas dos cinco voadores, que se separaram ao atingir certa altitude. Enquanto Thorn, Fírnen e Saphira voavam em direção à base sul da Beor, os dois mais jovens mergulhavam rumo aos acampamentos surdanos. Para o bem ou para o mal, tinha começado.

*

“Arya, a passagem é estreita demais” – constatou Thorn, ao ver o caminho que a elfa e seu dragão pretendiam tomar – “Não podemos voar por aí!”

– Não vamos voar, Thorn – respondeu ela – Você e Saphira terão de observar como Fírnen fará, e repetir. Será um mergulho e tanto, confesso, mas é o único jeito de chegarmos à nossa meta. – e dando um tapinha carinhoso no pescoço de dragão verde – Pronto?

Tanto quanto poderia estar – respondeu ele, dando um impulso forte com as asas que o lançou para cima, antes de dobrá-las de um modo estranho – nem abertas, nem completamente fechadas – e deixar-se cair num mergulho vertical. Antes que os dois Cavaleiros humanos pudessem dizer o que fosse, Saphira e Thorn seguiram atrás de Fírnen, três fachos de luz precipitando-se rumo ao chão em velocidade vertiginosa. Eles mal podiam ver aonde iam, pois o vento não lhes permitia abrir muito os olhos, mas sentiram a abrupta mudança de direção quando os voadores, um após o outro, fecharam de vez as asas impulsionando-se para frente, de modo a passar através da “estreita” abertura que levava aos túneis das Beor. Seguiram-se fortes sacolejos, e então um baque violento quando os três pousaram pesadamente, batendo as asas dobradas para aliviar a queda.

Estão todos vivos? – perguntou Saphira, balançando a cabeça – Certo, essa foi totalmente nova, para mim. Querem repetir a dose?

Não se atreva – respondeu Eragon, mentalmente, sentindo toda a frente do corpo dolorida após quase ter sido esmagado contra as costas da companheira – a menos que queira ser um dragão sem Cavaleiro, porque eu não sobrevivo a outra dessas.

Sem nada dizer, Arya apontou o caminho à frente, que iluminado em tons de vermelho e alaranjado... A Caldeira. Por aquele caminho chegariam ao próprio coração de fogo da cordilheira, e também, ao exército inimigo. Tenso, Murtagh expandiu sua mnte até tocar as dos amigos, que lhe permitiram o contato:

Quando descermos, Arya e Fírnen se ocuparão de desmoronar o túnel principal e as vias secundárias que sobem para a cidade; Eragon e Saphira irão bloquear o avanço das tropas que ainda não houverem feito a passagem, e eu e Thorn destruiremos o túnel que leva o exército inimigo à Caldeira. Parte do contingente deles chegará à cidade, onde Nardil e Farner tomarão parte na defesa... Bom para fazer prisioneiros, é claro. Outra parte do exército ficará aqui embaixo, presa conosco... Todos para a caldeira. E quando aos que ficarem presos fora daqui...

Terão de voltar e se explicar ao Mestre – completou Arya – E um de nós irá atrás, para descobrir quem é ele.

E quanto a Arnor, pequenina? – indagou Fírnen – Ele estará na vanguarda, é claro.

Nós o capturaremos quando voltarmos para a batalha, lá em cima. Tenho muito a descobrir sobre esse desgraçado. – respondeu a rainha, ainda com as lembranças de como ele quase lhe arrancara o coração. Nunca confessaria isso a ninguém além de Fírnen, mas mesmo as lembranças da horrível sensação a faziam tremer... fora muito pior do que qualquer dor existente, a sensação de morte, ou melhor, de aniquilação iminente. Tinha constas a acertar com a criatura.

Os dragões avançaram caminhando pelo túnel, que se alargava à medida que avançavam; afinal, chegaram à abertura, que terminava numa longa queda com mais de quinhentos metros de diâmetro, por outro tanto de altura. E lá, bem ao fundo, próximo demais à lava para não estarem protegidos por magia, os seguidores do General. Os dragões bufaram e rosnaram baixinho, agitando-se sob seus Cavaleiros; preparados, entreabriram as asas e, com um salto, lançaram-se ao ar.

Tudo o que tiveram de fazer foi planar, pois as correntes quentes de vapor faziam por si sós o serviço de mantê-los no ar; os cavaleiros se protegeram com magia, para não serem queimados pelos gases escaldantes que subiam do poço de magma, enquanto suas montarias desciam cada vez mais, descrevendo círculos cada vez menores, até se lançarem em outra espiral descendente, quase um mergulho, desviando-se agilmente das setas que começaram a ser lançadas.

Num movimento sincronizado, os três dragões chegaram a quase tocar o magma antes de subir outra vez, cuspindo fogo sobre as tropas, que se desorganizaram ao tentar evitar o ataque. Os comandantes berravam:

– Você estão protegidos contra o fogo, seus vermes! Realinhem-se! – mas isso de pouco adiantava, pois ali não estavam meros dragões com seus Cavaleiros... Eram os três Primeiros, montados por seus companheiros. Isso por si só instilava o pavor na mente até mesmo dos Urgals.

Num movimento fluído e contínuo, o dragão verde arremeteu para cima, contra a rampa que levava do poço para os corredores dentro das paredes; enquanto Arya derrubava adversários e protegia a si e a seu amigo com escudos mágicos, ele usava suas garras e cauda poderosas para abrir rombos nas paredes e desgastar rocha e terra da passarela. A elfa o ajudava com golpes de energia, esfacelando as bases da passagem, que se partiam e começavam a desmoronar. O pânico se instalava nas tropas divididas, enquanto os que haviam conseguido passar – mais de metade das tropas - eram obrigados a prosseguir.

Thorn arremeteu para baixo, rumo às escadarias que levavam Urgals, Kulls, humanos e poucos anões até o poço de magma; assim como Fírnen fazia acima, a enorme criatura vermelha começou a golpear com toda a sua força, destruindo tudo à sua frente, esmagando inimigos, protegido pela magia de seu Cavaleiro. Não havia nada em sua mente além do desejo de sangue que aprendera quando filhote, sob poder de Galbatorix – aquele treinamento cruel, que ele pensara ter superado, deixara marcas profundas e permanentes na personalidade do pobre dragão. Felizmente, naquele momento isso era uma vantagem, que ele utilizou.

Eragon e Saphira, por sua vez, desempenharam bem o seu papel: as poderosas asas azuis criavam correntes de vento violentas, que arrastavam para lá e para cá os guerreiros inimigos – devia haver bem uns mil, ali. A dragoa investia com mordidas, patas, garras, estraçalhando adversários e rasgando-os como se fossem folhas soltas. Entretanto, não era o bastante para o Shur’tugal, que saltou de cima de sua companheira e pôs a própria espada a provar o sangue em batalha. Ele era rápido, escapando a flechas, lanças, espadas e adagas com velocidade inacreditável; a benção dos dragões lhe dera a força e a velocidade de um elfo, e era com elas que ele se lançava por sob as pernas dos kull e urgals, contardo-lhes os tendões; girava em redor de humanos e anões, fazendo-os desferir golpes uns contra os outros no afã de acertar o demônio de cabelos castanho-avermelhados.

Com ambas as passagens desmoronadas, o Cavaleiro Vermelho e a rainha dos elfos se juntaram ao amigo, e entre o pânico, a posição desfavorável e a inabilidade mágica dos que haviam ficado presos na Caldeira, logo não havia mais guerreiro vivo no poço de fogo. Tendo terminado seu trabalho sob a cordilheira, o trio se reuniu; os dragões bateram as asas outra vez, usando as correntes de ar ascendentes para se elevarem através da chaminé profunda. Ainda havia trabalho a ser feito, agora dentro das Beor, e não sob elas.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor!
PS - quero recomendar algumas fics, aqui, ok?
Para as fãs de O Fantasma da Ópera:
Concrete Angel - Laynet
Diário Proibido - Laynet
Music of The Night - Elfa feiticeira (euzinha)
Diabolik Lovers - Laynet
Linha do Tempo - Priss Patz
O Fantasma do Titanic - Le Corvalan

Para fãs de O Senhor dos Anéis
Amandil, a filha das Estrelas- Elfa feiticeira (eu de novo)
Nora Fulkert, um conto de amor na Terra Média - Norha Wood

E para os fãs de Eragon:
Wyrda - Brisigrr
vão lá conferir, se quiserem!



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