Cadeado de diamante negro escrita por Crisântemo Lirium


Capítulo 1
A pétala de sakura vermelha




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Ao ouvirmos sobre o Japão, rapidamente nos lembramos dos animes, como Naruto, One Piece, Sakura Card Captors, Yu Yu Hakusho, etc., correto? Não está totalmente errado pensar assim, afinal é o que anima as pessoas e as fazem sair um pouco do tédio que é a rotina, pois tudo o que querem no fim do dia é um pequeno conforto e isso é possível nos animes.

Os japoneses são muito dedicados, trabalhadores, criativos, amorosos e excelentes em tudo o que fazem, já que são pessoas bastante conectadas, visto que são vidrados na internet sempre. Esse não é o único ponto chave deste país de paisagens tão belas que atraem nosso conhecimento sensível (percepção mesmo) e nos fazem querer estar lá, junto com eles.

Não há apenas japoneses no Japão, não há apenas uma só religião: o xintoísmo que a maioria segue, em torno de 83% (oitenta e três por cento), há também o budismo com 73% (setenta e três por cento) e não obstante o tão famoso cristianismo com apenas 2%( dois por cento), por serem politeístas a religião cristã foi adicionada à cultura japonesa um bom tempo depois. Um povo que sobrevive da caça e da pesca, mas também da tecnologia e do turismo, local onde Carlos Alcântara, um brasileiro, de pele morena e cabelos cacheados, negros como a noite e orbes castanho escuros vive/trabalha em um local que recebe cerca de 3 ( três) mil visitantes por ano.

Sakai é um lugar que encontra-se em meio às folhas verdes das copas das árvores, de campos verdejantes cobertos pela solidez do concreto antigo das escadarias de um antigo castelo feudal japonês que data de 1.500 (mil e quinhentos anos), com a magnitude de um castelo, com pedras postas de um jeito milimetricamente perfeito que os turistas ficam admirados em como é possível aquele castelo estar de pé, após tantos anos. Os pontos turísticos ainda são desconhecidos, por isso este é um dos pontos que recebe maior atenção dos turistas que vão para esse lugar todo ano.

A brisa fresca brinca com os cabelos das pessoas, enquanto sorriem admiradas com o local e Carlos segue, explicando o ambiente e a história por trás desse castelo, já que está no Japão há cinco anos precisamente. No início foi difícil a adaptação, o idioma era diferente, a cultura era única, diferente da do Brasil que era uma miscigenação cultural, onde brancos, negros, índios, portugueses, italianos se misturavam, formando uma cultura só, mas se for parar para pensar a cultura primária do Brasil é a indígena, visto que os índios estavam lá muito antes do descobrimento do Brasil por Portugal, em 1.500 (mil e quinhentos).

Outro fator interessante é que no Japão há as quatro estações, justamente pelo o fato de as águas imprevisíveis e inquietas que banham as areais da praia, com algumas construções humanas, como quiosques serem responsáveis pela mudança climática deste país. Não é só um país rico em educação, saúde, saneamento básico e segurança, se comparado com outros países, é um país em evolução, assim como a raça humana.

Por mais que tenha um sistema jurídico próprio, há ainda analfabetismo – entretanto é apenas 1% (um por cento), porque há pessoas que não querem ocupar sua mente com conhecimento e dentre essa pequena porcentagem, há pessoas que também não têm condições de pagar um colégio particular e moram na rua, tendo de sobreviver de esmola. Apesar de o Japão ter seu sistema jurídico próprio, as penas são claras como a água de um riacho ainda não poluído existe a pena de morte, de fato.

Havia chegado a época da primavera, as pétalas de cerejeira haviam desabrochado em seu estado mais sublime, algumas se soltando das copas das árvores por já terem desabrochado primeiro e estavam sendo levadas pela brisa. O festival da primavera estava aberto e sendo organizado com antecedência, se algo que os japoneses não tinham era preguiça, por isso estavam montando barracas, algumas com comidas, outras com jogos e outras com bebidas.

A instituição de ensino Dream Tsukino estava ajudando a organizar esse festival, seria à noite e os alunos estavam ajudando montando o cenário, com algum balão tipicamente japonês em forma esférica com uma luz que seria acesa dentro para dar aquele visual clichê que todo festival tinha. Outros alunos estavam preparando os fogos de artifício para dar aquele ânimo, as garotas tratavam do jogo de luzes que fariam e dentre elas, uma se destacava: Sakurai Hikari (o sobrenome vem primeiro que o nome, ou seja, lê-se de trás para frente), uma garota de cabelos pintados de rosa, com a cor das íris em tom castanho escuro, pele alva, corpo esbelto, trajando um quimono rosa com estampas de flores de cerejeira na cor branca, com meias brancas e sandálias de palha, com salto por baixo, uma na frente e outra atrás, em cada lado.

O tempo que passaram organizando foi o suficiente para o festival começar, alunos, professores, pessoas de fora também estavam nos domínios do colégio Dream Tsukino. Hikari conhecia Cassandra há dois anos, por isso resolveu convidá-la para ir ao festival e foi pegando o celular, um TouchScreen preto que discou os números do celular de Cassandra para perguntar a ela que horas ela chegaria. A ansiedade havia tomado conta de si, algo que não era normal, mas ambas namoravam há um tempo e isso era um tanto quanto normal lá.

Cassandra era uma mulher de pele alva, o sotaque francês dava um charme a mais ao falar o idioma daquele lugar tão belo e misterioso, trabalhava como vendedora em uma joalheria e carregava dentro da bolsa uma caixinha preta aveludada. O quimono havia lhe caído bem, só estava um tanto justo, era vermelho, com a parte da cintura em um tom amarelo, com finos fios na cor roxa e os cabelos louros caíam como cascata por suas costas devidamente cacheados por baby-liss, havia uma sombra branca com negra em seus olhos, lápis de olho e um tom batom vermelho em seus lábios. Eram exatamente dezenove horas, quando seu celular começou a tocar e o atendeu, a voz doce de Hikari invadiu seus ouvidos como se fosse música.

– Cassandra-san, quando você vai vir? Estou lhe esperando aqui.

– Estou chegando aí em dez minutos, senhorita Hikari. – disse, enquanto saía do estabelecimento e ia para o lado de fora, havia trocado de roupa às pressas, pois havia lembrado do festival há trinta minutos atrás e por esse motivo acenou com uma mão para o táxi que parou e ela abriu a porta, dando as coordenadas do colégio para o taxista que ao ouvir dirigiu até lá.

Hikari desligou o celular e ficou esperando ansiosa pela chegada de Cassandra, até agora não havia se acostumado com esse negócio de “Cassandra-san, Cassandra-senpai, Cassandra-sama, Cassandra-dono, Cassandra-kun” por aí, esses prefixos lhe deixavam doida às vezes. É compreensível que seus pais haviam falecido em um acidente aéreo, agora se lembrar disso lhe chamando de “Cassandra-senpai” era complicado.

Carlos, após o expediente foi ao festival também, a pedido de Yuri que lhe esperava ansiosa e com um quimono azul celeste, com estampas de cerejeira na cor branca, os cabelos negros como a noite presos em um coque por dois palitos apropriados e com um adornos no fim. Havia apenas um brilho labial cor de boca em seus lábios e uma leve maquiagem na cor do vestido, com um lápis de olho leve a destacar os olhos, cujas íris estavam na cor azul por usar lentes de contato recomendada pelo médico.

Por ler bastante, Yuri estava com miopia, por fazer faculdade, tinha dezenove anos e Carlos vinte e sete, a faculdade que fazia era de Direito e faltava um pouco para terminar o curso, ficava a tarde toda estudando, junto da manhã. Era isso que Carlos admirava nessas pessoas, a dedicação e esforço, mas também a gratidão, se algo era feito em benefício de alguém, mesmo que da sociedade, eles agradeciam.

Se fosse feito de ruim, eles puniam, simples assim. Andando lado a lado pela calçada em direção ao local do festival, ambos conversavam sobre como foi o dia de cada um, ela olhava para baixo ao falar com ele, ele havia se acostumado, por isso ser costume daquele país, estava enraizado na cultura as mulheres serem desse jeito.

Até para fazer amor elas eram submissas, só assumiam a posição dominante se o homem assim o permitisse, havia casais que o homem nem tocava na moça por ela ter um status social mais alto e tão honrado que ela não merecia ser tocada por mãos tão impuras, mesmo sendo de seu marido. Alguns minutos de caminhada, curtindo a brisa bagunçar com os cabelos de ambos, Yuri olhava para baixo, visivelmente sem graça tinha uma afeição por Carlos, só não sabia como dizer isso a ele.

Era seu melhor amigo, havia lhe ajudado nas horas em que mais precisou principalmente no que diz respeito à faculdade, ele ajudou a pagar a faculdade dela, quando ninguém mais o faria. O festival estava indo de acordo com os planos dos estudantes e professores.

Infelizmente há os penetras e houve o som de grito vindo de uma parte do festival que algumas pessoas estavam olhando para o corpo de alguém que foi assassinado em uma tentativa de assalto, apenas uma pessoa havia realizado o ato de atirar contra essa pessoa e era um homem pelo seu porte com o rosto coberto por uma máscara, este após ver a atenção voltada a si, saiu correndo.

Carlos foi correndo ver o que era, junto de Yuri que estava preocupada e assustada, a expressão facial dela era de puro medo. Havia o corpo de uma pessoa no chão, segurando alguma coisa, não dava para ver o que era, mas havia uma garota chorando em um canto, olhando para o corpo inerte de uma mulher, com quimono vermelho e nos braços de uma menina de cabelos rosados.

Na mão da garota chorosa havia uma caixinha aberta, de veludo preta, com dois cadeados de diamante negro esculpidos manualmente, com os ferros em forma de coração. Simbolizando o coração de Hikari, cheio de sentimentos contidos.

Cassandra acreditava que o coração de Hikari, o qual era uma estrela em sua vida até o último segundo guardava todos os sentimentos impossibilitados de sair, justamente porque a cultura não permitia que isso acontecesse. Hikari tinha perdido o amor de sua vida, iluminada pelos vagalumes que saíram da escuridão para comer e iluminavam a ponte, dando um aspecto sombrio à cena romântica.


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