CADIMUS: Mutação escrita por Sombrio1


Capítulo 14
Erick - Brian


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais... #Boa leitura



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Era como se as coisas se movessem em câmera lenta. A luz que a menina produziu lentamente ia embora, mas meus olhos ainda não estavam acostumados à volta das cores, por isso tudo parecia que estava coberto por uma nevoa cinza, fina, e espessa. Olhei para as pessoas que estavam nas bordas da arena vendo a luta, elas limpavam os olhos com as mãos para enxugar as lagrimas que saiam sorrateiramente do canto dos olhos por causa da luz forte. No meio do campo Luke estava de joelhos e olhos abertos olhando para Fada que estava a sua frente, com os braços estendidos como se estivesse pregada a uma cruz invisível. A camisa dele havia se rasgado com a luz, e em todo o seu peito nú havia uma tatuagem. Era um sol pequeno, desenhado com a carne queimada sobre as costelas dele, os raios se estendendiam longamente em direção ao peito e todo o resto do corpo. Ela também estava sem camisa, assim como sem short e sem sandálias. Ela estava nua. Seu corpo era magro e pálido, seus cabelos loiros caiam como uma cachoeira de ouro pelas costas, os seios eram grandes e convidativos. Ela era perfeita. Continuei observando o corpo dela sentindo a excitação crescendo lentamente em mim.

Eu a queria naquele momento, não importasse o que custasse. Mas quando olhei para Luke meu desejo foi desfeito tão rápido como havia chegado.

Ela olhou em volta passando os olhos lentamente pela multidão que a assistia calada a vitoria dela. Era como se a luz que há poucos minutos ela produziu, tivesse levado as vozes e o agito daquele lugar. Aquilo me deixou preocupado. Será que eu teria ficado mudo também? Quando pensei em balbuciar algo para ter certeza, fui cortado. Pois vindo de dentro da multidão Jorge gritou. - A VENCEDORA E FADA! - mas mesmo perante o aviso ninguém se atreveu a dizer nada. Apenas observaram quietos enquanto ele erguia a mão dela para mostrar à vencedora, e consistiram em continuar calados quando ela saia lentamente da arena, andando como se fosse uma modelo.

Ficamos em silencio, observávamos Luke que ainda estava ajoelhado e olhando para algo que não estava mais lá. Por instante eu pensei que ele havia ficado congelado ou virado uma estatua, mas ele mostrou-me que novamente eu estava errado.

Luke caiu, dobrando o corpo para frente e fazendo com que a poeira levanta-se.

E naquele momento era como se todo o meu início de mundo novo tivesse desabado, não tive tempo de pensar em nada e quando eu me dei conta eu estava do lado dele, uma mão em cima do peito e a outra o dava tapas para que ele acordasse.

Fantasma tocou no meu ombro, olhei para ele minha vista estava embaçada. Eu estava chorando, eu estava com medo, preocupado, e quase entrei em pânico quando constatei que a pele de Luke estava mais fria que gelo.

– Ele está morto. - Jorge se juntou a mim e pegou no pulso dele, embora seu poder fosse gritar a voz dele naquele momento era preocupada e baixa.

– Não está. - Eu respondi a ele, mesmo sabendo que não era verdade.

Luke morreu. Fada o matou. Essa era a verdade.

– Ele está frio - Jorge disse a voz carregada de tristeza e luto.

– Talvez os poderes da Fada tenham tirado o calor dele. - Fantasma dessa vez se juntou a nos. Os lábios comprimidos em uma linha que representava preocupação. – Vamos leva-lo aos médicos. Eles vão cuidar dele.

Brian veio em direção a nós, saindo do meio da multidão, empurrando os demais mutantes que se aglomeravam para ver a cena.

– Me chamou? - Ele perguntou olhando para Fantasma, que apenas concordou com a cabeça. Brian olhou para o chão e se abaixou para pegar Luke. Imediatamente Jorge se afastou.

– Não, quero que apresente o Erick a Cadimus, depois que fizer isso me encontre nos médicos. - Fantasma ordenou.

– E o Luke? Quem vai leva-lo? - Brian perguntou buscando resposta.

– Sabrina e capaz de resolver isso. - Ele balançou a cabeça para a multidão e uma senhora gordinha saiu, correndo para mais perto de nós. Percebi a exclamação negativa de Jorge quando ela chegou até nós.

– Eu disse que decidir quem sai e quem entra dos 5, com os duelos era péssima ideia. - Ela disse rispidamente para Rixon com uma voz esganiçada e ao mesmo tempo agitada.

– Por favor, tem como levar o Luke pros médicos? - Fantasma disse calmamente, fingindo que não havia ouvido nada.

– Será que você não me ouve nunca! – Ela reclamou, esperou Fantasma dizer mais alguma coisa, mas quando ela viu que ele não faria nada, o obedeceu, pegou Luke com uma das mãos e o levantou como se fosse uma boneca de pano, colocou em seu ombro e saiu da arena em direção a multidão que se abriu para ela passar.

Senti meus passos me levando na direção dela, mas fui interrompido por uma mão forte e grande que segurava meu braço. Olhei para o dono da mão, os dedos me segurando fortemente enquanto em seu rosto preocupação e medo se misturavam em um rosto serio.

– Você vem comigo! – Ele disse enquanto rapidamente me tirava da arena.

Tentei espernear para não ir, mas sua mão se apertou ainda mais forte em meu braço. A multidão se abriu enquanto saiamos em direção ao portão.

– Me solta! – Eu dizia, quase gritando. Meus olhos eram como cachoeiras vivas, esparramando lagrimas pelas minhas bochechas. Mas ele não me ouvia, apenas continuava indo para mais perto do portão a passos largos e rosto serio.

Quando chegamos ao portão minhas lagrimas ainda saiam lentamente de meus olhos, a imagem de Luke caindo era repassada em minha mente como em um filem que se repete infinitamente. Senti a mão dele soltar de meu braço, quando olhei para ela só vi um borrão que ia para o chão como se fosse um pilar a fim de sustenta-lo juntamente com seus joelhos que se encontraram com o chão de joelho no chão. Achei que ele estava tendo um ataque ou algo do tipo, mas não estava. Ele estava alto e soluçava muito, como se estivesse se sufocando com suas lagrimas.

– Você está bem? – Perguntei.

– Você não entende não é? Você acha que isso aqui e a droga de uma colônia de ferias, e que alguém vem nos salvar cedo ou tarde? - Ele me encarou. Seus olhos se encontraram nos meus, não pude deixar de perceber o quão vermelho estava. Talvez Luke tenha sido muito especial para ele, como um irmão ou algo do tipo. - Se você acha isso, tenho uma coisa para dizer para você novato. Isso não é uma colônia de ferias. E nós nunca vamos sair daqui.

Ele virou as costas para mim e começou a andar, meus pés saíram do lugar e o seguiram.

A nossa pequena jornada de 3 minutos, foi quieta, mas apenas por fora. Dentro de mim as palavras de Brian se repetiam criando ecos por todo o meu cérebro. "Nós nunca vamos sair daqui." Me ocorreu de perguntar para ele há quanto tempo ele estava aqui. Mas quando vi as costas dele na minha frente às perguntas engasgaram em minha garganta.

– Esse e o refeitório. - Ele disse apontando para um grande espaço a céu aberto com mesas e cadeiras feitas com madeiras e pedras.

– Como são criadas as coisas aqui? - Eu perguntei de modo rápido e apavorado.

– Você já viu uma menina soltar fogo e outra incendiar a cidade com luz, e ainda tem duvidas de como criamos as coisas? Acho que o Luke tinha razão de ficar com raiva de você. Você e burro! - Ele disse, e quando eu pensei em responder ele continuou. - O que me faz lembrar, o que tanto te interessa o portão? - A pergunta dele foi muito clara, mas eu não sabia se eu queria responder. Ainda não confiava suficiente em Brian. - Luke disse na ultima reunião que você é maluco, ele citou também que você ouve ruídos que ninguém ouve. Isso tem a ver com o portão?

O encarei de boca aberta, minha mente ainda tentava processar o que eu havia ouvido. Luke falava de mim, e Brian deu um palpite certeiro.

– Não vai me responder? - Ele perguntou seriamente.

– Sim, e sobre os ruídos, bem e que eu queria o entende-lo. Eu ando pensando que esse e o meu poder. - Na minha mente a palavra "poder" soou menos patética do que quando eu disse em voz alta.

– Ah sim! Então você acha que ouvir ruídos e o teu grande poder. Patético.

– Acredite, eu acho o mesmo. – Tentei entrar “no jogo” dele exatamente como eu havia feito com Luke, talvez desse certo dessa vez.

Mas para minha infelicidade não havia dado, ele apenas continuou andando e parando às vezes para apontar os locais mais importantes da cidade como:

Aonde eles produziam comida, que na verdade era uma espécie de campo de futebol, em que dois mutantes faziam chover sobre plantações que cresciam grandes e fortes num piscar de olhos.

Ou como na área de treinamento, que era um grande espaço quadrado onde alguns mutantes iam para tentar aperfeiçoar seus poderes.

Quando saímos da área de treinamento não contive minha curiosidade e perguntei.

– Você tem poderes legais, porque não os usam para sair daqui?

– Você age que nem um idiota, porque não é um palhaço? – Ele disse rindo, mas quando percebeu que eu falava serio, se endireitou e ficou serio. – Olha novato, uma coisa que você tem que saber e que já tentamos sair daqui. E Já fizemos de tudo, certa vez, nos juntamos e atacamos o portão varias vezes, mas ele não caiu. Então decidimos ser um pouco mais radicais e fazer algo diferente. Decidimos atacar os guardas que trazem mutantes novos para cá. Nossa, foi o pior erro de nossas vidas. Tramamos isso durante meses, e foi um dos planos mais bem arquitetados que eu já participei, mas deu completamente errado. Quando chegou o dia, todos atacamos juntos aos guardas, foi um banho de sangue. E claro que para o nosso lado. Desde então os mutantes tem medo de se rebelar novamente, muito sangue inocente já foi derramado. E acho que e melhor assim, sem guerras, sem mortes criadas por armas nucleares ou algo do tipo. – Ele ficou calado por um momento, talvez relembrando quantas pessoas morreram no combate da Cadimus, não sei. Mas eu podia apostar todo meu dinheiro de que ele queria sair dali. E voltar a vida normal que ele tinha antes de ser um mutante. Eu sabia que ele tinha um pouco de mim, e naquele momento eu queria o explora-lo centímetro por centímetro de seu cérebro e de sua vida conturbada. Talvez fosse por curiosidade ou simplesmente meus genes de jornalista atuando dentro de mim, forte e intensamente, como era antes – Ali são os médicos. – Ele anunciou enquanto apontava para uma construção de pedra parecida com uma casa. – Vamos, temos que ver Luke.

Ele começou a andar para os médicos e eu o segui, passo a passo, com perguntas formigando como fogo e patas de aranha em minha garganta.

– Você é muito direto no que fala. - Eu disse, temendo que ele me xingasse ou algo do tipo.

– O que quer dizer com isso? - Ele perguntou em um tom de voz diferente. Talvez ele não me considere como uma ameaça mais. Pensei.

– O modo de você falar. Perguntei sobre a Cadimus e você me respondeu sem hesitar.

– Se quisesse enrolação novato era só falar que eu pedia pro Fantasma te contar a historia. Agora comigo e diferente. Perguntas são pra ser respondidas rapidamente, sem enrolação.

– Você disse que já houve uma guerra. Porque não me conta mais sobre ela?

– Contar mais? Não há mais nada para contar. A gente se rebelou, um monte de pessoas morreram, e fim. Acabou. - Chegamos à porta dos médicos, Brian se virou para mim. - Olha, Fantasma deve estar esperando para contar sobre a rebelião para você, ele não pode ler sua mente e isso ajuda á esconder um pouco...

– Diz logo - A impaciência em mim gritou mais alto. Mas logo me arrependi quando os olhos dele se fixaram nos meus. Engoli em seco e deixei terminar.

– Quero que não comente sobre o que eu te disse sobre as revoluções até ele falar contigo. – Antes que eu pudesse dizer que Fantasma saberia, ele disse. - Ele vai saber que eu te contei, mas isso não e problema. E só. Vamos entrar.

O quarto dos médicos era grande e espaçoso, havia varias camas espalhadas pelo espaço e potes com fogo vivo estavam espalhados em cima de cada cômodo do quarto.

Fantasma estava de pé ao lado da cama de Luke, como se o estivesse o observando, o pano que cobria seus olhos estava caído sobre as costas.

– Ele está bem? – Perguntei antes que me segurasse.

– Vai ficar. – Ele disse calmamente, era como se ele quisesse acreditar naquilo tanto quanto eu.

– O que é isso? – Perguntei apontando para a tatuagem de sol que cobria o peito dele.

– Isso Erick, e a marca de fada. Ela só usou essa marca uma vez para matar uma pessoa. – Deve ter ficado pálido, pois Fantasma simplesmente riu e completou sem eu precisar dizer nenhuma palavra. – Ma e preciso mais do que um simples ataque para matar nosso amigo Luke. Não é mesmo? – Apenas concordei com a cabeça. – Brian, faremos uma reunião mais tarde, espero que esteja lá.

– Estarei. – Ele disse exatamente como um soldado quando o capitão o dá uma ordem direta.

Ficamos quietos por alguns minutos observando o corpo inerte de Luke sobre a cama.

– O sorteio das pedras vai acontecer agora. - Disse Fantasma - Leve Erick para ver.

– Tudo bem.

Antes que eu pudesse reclamar as mãos de Brian pegaram meu braço e me levaram para fora. Andamos lentamente até a praça. Muitas pessoas se amontoavam em frente a Jorge, que segurava uma bola cortada ao meio com vários papeis dentro.

– O que é isso? – Perguntei a Brian.

– Sorteio das pedras, decidimos quem luta nos torneios assim. – Ele me respondeu rapidamente como se estivesse nervoso com o que estava para acontecer.

– Qual e o propósito desses torneios? – Perguntei. Ele me olhou e bufou com impaciência.

– Nossa você sabe fazer alguma coisa alem de perguntar? – Abaixei a cabeça. – O torneio e pra ver quem fica nos 5. Os 5 são como o governo daqui. Eu sou parte dos cinco juntamente com Fantasma, Letícia, Fada e Luke. Agora cala a boca e presta atenção, porque o sorteio já vai começar.

Fiquei quieto e olhei para Jorge que lentamente colocava a mão dentro e puxava um papel.

– BRIAN. – Ele gritou e Brian saiu do meu lado e foi para o lado dele. Senti-me sozinho por um momento, mas logo me acalmei. O pânico subiu a minha garganta e eu me lembrei que não tinha perguntado a ele se meu nome estava lá.

Olhei para Jorge, ele não olhava para mim, apenas se virava e lentamente colocava a mão dentro de um recipiente e puxava um outro papel. Por favor! Por favor! Minha mente gritava. Fechei os olhos e esperei.

– ERICK. – Ele gritou. Abri os olhos desejando que o mundo caísse em cima de mim logo, no lugar de ficar desabando pouco a pouco.

As pessoas olharam para mim e me empurraram (Algumas gentilmente, outras grosseiramente), até o lugar onde Jorge e Brian me esperavam.

– Parabéns! – Jorge sussurrou em meu ouvido enquanto entregava para mim o papel que ele havia tirado. Olhei o papel. Era branco e em grandes letras curvadas escritas com carvão dizia: Henry

– Hey ouve um... – Comecei desesperadamente a dizer.

– ESSES SERÃO OS PROXIMOS COMPETIDORES DO DUELO, NO QUAL LUTARAO ATÉ UM FICAR DE PÉ NA ARENA.

Engoli em seco. “Até o ultimo ficar de pé.”

– Jorge ouve um... – Minha boca parecia que foi pregada por uma fita isolante invisível.

Olhei para a plateia tentando descobrir quem fazia aquilo. Mas não vi ninguém, além do corpo que olhava para mim sorrindo, com um pano bege tampando seus olhos.


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Notas finais do capítulo

Olá leitor, perdoe a minha demora pra postar esse capitulo. Mas eu tenho desculpas rsrsr
Primeiramente por motivos escolares, e depois que eu escrevi o capitulo e alguem apagou. Talvez tenha sido o Y mas enfim. O capitulo tá ai. Espero que tenham gostado. Mas eae eu quero saber de vocês. Ficou legal? Ou ficou ruim?



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