Caleb e Clarissa foram os primeiros a chegarem em Lunar, o reforço chegaria assim que o sinal fosse dado. Mas esse sinal não chegou e nunca chegaria, pois a quantidade de energia que se acumulou ali, varreu toda Lunar, não havia nenhum elfo por ali, o que era estranho, considerando que Damon era o príncipe das trevas e eles precisariam dele em algum momento, havia algo errado. Mas de alguma forma, era bom que não houve ninguém por ali, aquela magia que vinha dos sentimentos mais profundos como o amor e a saudade, causada pelo encontro entre a família Lightwood-Jones, foi o preciso para que seu reino ficasse a salvo, pois uma barreira foi levantada e uma tranca colocada, sendo que só os puros de coração poderiam adentrar aquele lugar.

Damon e Aurora apertavam os braços em torno dos pais, enquanto os dois os acolhiam em seus braços, ainda unidos, uns nos braços do outro, como um ninho, o ninho deles, aquele que trazia conforto e segurança, eles estavam juntos de novo, depois se quatro longos anos, era tudo que desejavam em seus corações e nada poderia separa-los, nunca mais, a dama da noite garantiria isso.

— Amor, a chave – Caleb diz apontando para o pescoço dela, onde uma chave com um brilho azul reluzia.

— A junção entre almas – Aurora sorri, enquanto admirava a chave e logo seus pais faziam uma cara confusa, de quem não havia entendido seu comentário – a chave de Lunar só se apresenta depois da junção entre almas, eu e Damon somos gêmeos, filhos do destino, vocês dois são almas gêmeas, ou seja, somos parte de vocês.

— Que interessante – Clarissa diz animada, Damon ainda estava grudado a ela, como se não quisesse soltá-la e ela apenas alisava os cabelos dele – meu amor, olha pra mim.

Ele nega, e ela mesmo assim tenta segura-lo pelo rosto, até ele ceder e encarar os olhos castanhos da mãe.

— O que houve? – Clarissa pergunta, enquanto o encarava firme, seu tom era gentil, mas ele sabia muito bem que deveria responder.

— Tem algo que precisa saber – ele se afasta um pouco e olha para Aurora que apenas assente – precisamos ir para Solaria, Charlotte fará um sacrifício de sangue, mas...

— É o Nabu quem morre – Aurora diz de uma vez, recebendo um olhar duro do irmão, ela não ligava, sempre seria direta – vocês podem impedir, ou podem deixar que aconteça.

— O que o destino escolheu é o que será meninos – é Caleb quem diz, enquanto segura os ombros da esposa – e viemos aqui por outro motivo, Clarissa precisa ficar longe das irmãs de Ice, elas estão usando magia negra para atrair a mãe de vocês, é perigoso estarmos fora de Lunar.

Não é que Caleb não ligava para o fato de que um dos seus iria morrer, a questão ali é que todos estavam lutando por algo, e alguns deles teriam que tomar suas decisões e aceitar suas consequências sozinhos. Não dava para eles impedirem só porque a visão mostrava que podia, quais os pesos do carma sobre isso? Eles já haviam arriscado demais, não dava para arranjar outra confusão, bem, eles só não sabiam da decisão massiva que haviam tomado no passado, o que desencadeou aquele momento até ali.

— Vou envolver o castelo com magia de luz, e uma proteção extra para evitar que ela consiga sair – Aurora diz – nada nem ninguém poderá tirá-la daqui.

Todos apenas concordaram, mas havia um segredo sobre a dama da noite e a dama de ferro que ninguém sabia, nem mesmo os gêmeos, era que se uma invocasse a outra, não havia feitiço que poderia segura-la, pois ela iria até onde estava sendo chamada. E aquilo seria muito importante depois, mas por um único detalhe, elas duas não eram as únicas damas que existiam, havia uma terceira dama e ela seria crucial para o futuro deles.

Os quatro adentraram o castelo de Lunar e viram que realmente estava vazio, os habitantes dali deviam ter se escondido em algum lugar, seria uma missão para eles iniciarem, assim que tudo estivesse finalmente feito e quando os elfos estivessem longe dali.

Clarissa e Caleb foram para seu quarto, enquanto Aurora tratava de fazer o feitiço e Damon preparar o jantar, com auxílio da magia, mas ainda um jantar.

— O que você acha sobre Charlotte e Nabu? – Caleb pergunta se sentando na cama, enquanto Clarissa estava sentada de frente para o espelho, apenas olhando seu reflexo.

— Não tem muito o que pensar meu bem, Charlotte sabe o que está fazendo, e sei que no final ela não vai se arrepender – Clarissa suspira cansada – todos nós estamos lutando por algo, e todos nós desejamos apenas uma coisa, um recomeço.

— Você me parece sabia demais – Caleb sorri e sua amada apenas assente, sua mente vagava, enquanto havia um grito ecoando dentro de si.

— Seria loucura eu dizer que escuto vozes?

— Como em O Iluminado ou mais do tipo alucinação auditiva?

— Não amor – ela teve que ri, Caleb as vezes não sabia a hora de levar a sério – mais do tipo, um chamado, mas não um chamado do tipo eu preciso conter alguém, mas um chamado de socorro, um chamado de estou aqui e posso lhe ajudar.

— Desde quando começou com isso? – agora Caleb tinha as sobrancelhas franzidas.

— Desde que voltamos – Clarissa se levanta da penteadeira e vai até a cama, se sentando no colo dele – parece que estar aqui me ligou a alguma coisa, alguma coisa que antes não era permitida sentir.

— Será que é Nix? Ela é sua senhora.

— Não, Nix não parece que está aprisionada, sei que as fadas etéreas estão em seu lugar de paz, não há guerra para elas lutarem.

Os dois então ficaram em silêncio, não havia muito que podia fazer, por isso apenas se mantiveram ali, até a hora que Damon os chamou para jantar, e logo depois foram dormir, no dia seguinte eles teriam que ir a Solaria, não diriam para ninguém sobre saberem da escolha do destino, e manteria Clarissa ali até determinado momento, não podiam arriscar que ela fizesse algo que não queria.

Clarissa se esbarrou em Bloom e Ice no corredor, logo depois de todos irem dormir, o plano era que na manhã seguinte fizessem sua homenagem a Nabu e depois Sky partiria para Eraklyon com seus especialistas, e Bloom para Domino com as Winx.

— O que fazem aqui a essa hora? – Bloom pergunta confusa.

— Poderíamos fazer a mesma pergunta – Ice cruza os braços debochada, vendo Clarissa sorrir divertida.

— Eu não conseguia dormir, e o Sky ronca como uma pedra – Bloom resmunga.

— Acostume-se querida, acredite, eles pioram – Clarissa fala negando – e você Ice?

— Eu vim te procurar – a loira responde.

— Na calada da noite? Vai mandar me matar?

— Não idiota – ela ri, mas logo fica séria, Bloom notou o clima e já ia saindo, mas acabou ficando quando Ice segurou seu braço e negou – preciso dizer que se chegar o momento em que eu não conseguir conter minhas irmãs, que deixe a dama sair.

— Ice – Bloom quem diz incrédula, Clarissa não tinha palavras para aquilo – sabe que a dama da noite vai tirar toda magia que existe nelas, e isso...

— Pode matá-las, eu sei – Ice suspira assentindo – mas não posso condenar o mundo porque amo demais as minhas irmãs, Sky quase morreu.

Na verdade ele morreu, pensara Bloom, mas o seu silêncio era a melhor opção no momento, não desejava iniciar aquela conversa agora, talvez em outro momento, já bastava os gritos e os sonhos.

— Você tem certeza disso? – Clarissa pergunta e Ice assente – você vai conseguir me perdoar?

— Eu já lhe perdoei – Ice segura a mão da amiga e aperta – precisamos de vocês quatro na nossa luta, precisamos acabar com isso, precisamos expulsar os elfos daqui.

— Eu e Caleb estamos fazendo pesquisas, mas precisávamos da biblioteca de Solaria, talvez acesso a biblioteca do reino de vocês – temos a espada, temos o lorde de ferro, e estamos conseguindo as chaves, mas não acho que com a caixa vamos conseguir pega-los.

— Eles estão todos em Alfea, sabemos disso, mas o que há em Alfea que eles querem? – Bloom pergunta sugestiva e as duas parecem pensar.

— Seja o que for, vamos descobrir, me avise quando tomar Domino de volta, eu preciso de tudo relacionado a Alfea – Clarissa diz e a ruiva apenas assente.

Elas precisavam ser rápidas, precisavam acabar logo com aquilo e ter seu merecido recomeço.