I Wouldn't mind escrita por Tobi4s


Capítulo 8
Nothing




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Flashback on

—Então novato, como era a vida lá? —Carter pergunta.

Estamos deitados na grama de um parque, rodeados de crianças gritando enquanto pulam e brincam entre si.

—É complicado eu necessariamente não saber a resposta? —Respondo.

—Então era ruim? —Carter indaga.

—Complicado.

—Complicado do tipo... Sua vida era um saco?

—Complicado do tipo... Minha vida era horrível. —Digo e sorrio.

—Motivos?

—Vários... Acho que infinitos motivos.

—Pelo menos você tem uma família que se importa com você. Ao contrário da minha, bando de velhos que só pensam em dinheiro.

—Essas coisas complicadas... —Digo.

Ela ri.

—Muito complicadas. Alguém especial lá?

Penso por um instante. E tudo que eu havia tentando esquecer nas últimas semanas, volta novamente. Fico em silêncio.

—Qual o nome dela? —Carter pergunta.

—Especial do tipo? —Tento enrolar e me preparar pra dar uma resposta que não transpareça mentira.

—Especial do tipo... Especial. Alguém que você goste de verdade.

Penso por alguns segundos e digo:

—É... Havia alguém especial lá.

FLASHBACK OFF

Passo praticamente o resto do final de semana trancado no quarto. Miranda não tentou entrar em contato, e nem eu tentaria depois da burrada que eu havia feito.

“Porque diabos você não deixou ela terminar de falar? Mas não, ao invés disso você beija ela”, penso.

Tento ligar pra Ashley e me desculpar por tudo que eu havia feito, e como sempre, não obtenho êxito.

Na segunda de manhã, a primeira coisa que faço é ir atrás de Ashley na hora do almoço. Ela está sentada com Bryan e Trevor. Quando me aproximo, ela revira os olhos e desvia o olhar.

—Não sei como vou falar isso, mas... Desculpa por ter agido como um imbecil.

Ashley não me olha. Olho para Bryan e o vejo dar de ombros.

—Você meio que poderia dizer alguma coisa. Mesmo sendo alguma coisa que talvez eu não queira escutar. —Digo quebrando o silêncio.

—Quer que eu diga o que? —Ashley finalmente me encara.

—Qualquer coisa.

—Qualquer coisa relacionado a você ser um super idiota?

—Eu não fiz por mal... Eu...

—Fez porque quis. E acabou estragando tudo. Da próxima vez, tente procurar outra garota que talvez venha querer ser sua amiga. —Ela diz, aumentando o tom da voz enquanto se levanta. Bryan e Trevor fazem a mesma coisa. —Socio.

“Socio”, e mais uma vez, todos os problemas com meu pai inundam minha consciência.

◄►

Não consigo acreditar que Ashley tenha dito aquilo. Afinal, eu nunca demonstrei que eu não me importava. Eu nunca não me arrependi de alguma coisa. Não sou mal. Não havia motivos para me chamar de sociopata, mas eu sabia exatamente o porquê de Nic e Ashley terem me chamado disso.

Meu pai (Se é que posso usar esse termo).

Eu não sabia nada sobre o que estava acontecendo. Na verdade, uma parte de mim não conseguia acreditar que ele poderia assassinar alguém. E deveria haver algum motivo para as pessoas estarem o chamando de socio...

Alguma coisa que minha mãe está tentando esconder de mim.

Resolvo, finalmente, perguntar alguma coisa. Quando chego em casa, vou direto para o escritório dela.

A porta está fechada, mas entro mesmo assim.

—A gente pode conversar? —Pergunto.

Ela confirma.

—Por que ele tá sendo acusado? Ele não seria capaz de matar alguém... Seria? —Indago.

Ela fica em silêncio.

—Eu... —Ela começa a dizer. —Eu não sei. Tudo está contra ele e...

Ficamos em silêncio.

—Sabe do que as pessoas estão chamando ele e a mim? —Indago. —Sociopatas.

—As pessoas não sabem de nada.

—E nem eu. Ou seria uma hora inoportuna de falar sobre eu não ser filho dele?

“Tobias, seu completo filho de uma...”, penso.

Ela fica em silêncio.

—Como se você também não soubesse de nada... —Digo. Me levanto e saio.

◄►

São quase 20:00 e ainda não voltei pra casa. Apenas o silêncio já respondeu tudo.

Não tenho exatamente ninguém pra conversar. Carter não me atende, Ashley não quer me ver nem pintado de ouro e Miranda... Não sei se eu teria coragem de chama-la pra conversar depois do beijo.

A únicas alternativas são: a) conversar comigo mesmo ou B) enfiar a cara na bebida e esquecer de tudo.

E é o que eu faço... Segunda opção.

◄►

Quando acordo no outro dia, sinto uma leve dor de cabeça. Não bebi muito.

Minha mãe não estava em casa e minhas irmãs continuavam na casa da tia Lydia.

Quando chego ao colégio, não há nada que me faça prestar atenção. Nem Ashley sentar em outro lugar na aula de química me faz pensar demais. E isso que farei daqui adiante. Parar de sentir.

Sento sozinho na hora do almoço. Percebo Ashley me olhar algumas vezes da sua mesa do outro lado do refeitório, quando ela percebe que estou olhando, desvia o olhar.

Está quase no fim do horário de almoço quando recebo uma mensagem.

Ei, a gente precisa conversar. Vem aqui no pátio”

– Miranda

Okay, admito, por essa eu não esperava.

◄►

Ela está em pé do outro lado do pátio. Caminho até ela. Pensando se seria o certo.

—Oi. —Ela diz.

Sorrio.

“Diga alguma coisa idiota”, penso. Mas acabo não dizendo nada.

—Sobre o beijo... —Ela começa a dizer.

—Sobre aquilo... Me desculpa. Eu não queria ter feito aquilo, na verdade, eu nem sei o porquê. Me desculpa, eu...

—Tá tudo bem. —Ela diz. —Eu só não queria que tudo ficasse estranho entre a gente, quer dizer, mais do que já está.

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

—Certeza? Eu não queria que... Você sabe, as coisas ficassem... —Quebro o silêncio.

—É, eu sei. —Ela interrompe.

—Então... —Começo a dizer.

—Porque você fez aquilo? —Ela indaga.

—Eu não queria que você terminasse de falar aquilo. Porque eu não saberia o que dizer.

Silêncio.

—Mas não se preocupa. —Digo. —Aquilo não significou nada pra mim. —Sorrio enquanto me viro e começo a caminhar.

No fundo de minha mente, me pergunto se ela acreditou.

Afinal, eu havia mentido.

◄►

Quando chego em casa, minha mãe não está. Subo direto pro meu quarto e tenho uma surpresa ao abrir a porta.

Uma garota de cabelos anelados estava deitada na minha cama brincando com o Snow Angel. E outra estava gritando alguma coisa pela janela.

—Alguém já te ensinou que é feio deixar visitas esperando? —A garota da cama diz.

Segundos depois, reconheço as duas.

Carter e Birdy.


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