I Wouldn't mind escrita por Tobi4s


Capítulo 7
Skate Day




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FLASHBACK ON

—Dá onde você veio, nunca experimentou isso? —Carter Pergunta.

—Não. —Respondo e volto a beber. Sinto minha garganta queimar.

Carter olha para o lado e chama uma garota que ao perceber, acena para Carter e começa a caminhar até nós.

É a minha segunda semana aqui e já conheço a maioria das pessoas do colégio. Carter é americana, então não tivemos dificuldades em se falar, apesar de eu não ter dificuldades com o italiano.

—Oi. —A garota diz abrindo um sorriso. Tem os cabelos longos e usa uma roupa tão estranha, que chego a me perguntar se ela realmente tem dinheiro pra comprar roupas.

—Birdy, conheça o Tobias. —Carter diz enquanto desvia o olhar de Birdy até mim.

—Oi. —Forço um sorriso.

Birdy, sorrindo, olha pra Carter.

—Então, ele já se batizou? —Birdy pergunta levantando as sobrancelhas

Não entendo o que ela quer dizer com isso.

—Ainda não. —Carter responde rindo.

Birdy se aproxima de mim. No começo, acho que ela irá fazer ou falar alguma coisa. Vejo Carter rindo e quando caio na real, Birdy está me beijando. Alguns segundos depois, ela se afasta e diz:

—Seja bem vindo.

FLASHBACK OFF

Quando realmente percebo que não estou sonhando, encaro Miranda e começo a levantar da cama. Estou com a mesma roupa de quando eu... Quando eu tinha saído com Ashley e os outros.

Por que não me lembro disso com detalhes?

Sinto minha cabeça girar e fico confuso por alguns segundos.

—Ei, você tá bem? —Ela pergunta se aproximando de mim enquanto apoia a mão em meu ombro.

—Aham... Eu só to meio tonto. —Digo e me sento novamente. —O que diabos eu to fazendo aqui.

Ela sorri e diz:

—É uma longa história.

—Tenho... —Começo a dizer, mas sinto uma forte dor na cabeça e me deito. —Droga!

—Tempo?

Tento me lembrar como fui parar ali e com... Ela. Milhões de teorias passam pela minha cabeça nesse momento. Coisas envolvendo a noite anterior e tudo que vem acontecendo ultimamente.

—Tempo. —Respondo.

—Bem... Digamos que você ficou bêbado e se enfiou numa briga.

—Não. Eu não fiz isso... —Levo minhas mãos até a cabeça. Não consigo me lembrar de nada. Exatamente nada do que eu fiz. —Briga?

—Você meio que beijou a namorada de outro cara... E o cara meio que te viu e surtou.

Não consigo acreditar que isso tá acontecendo. Dá última vez que isso aconteceu, foi numa das festas da Carter, fiquei de castigo por dois meses por ter acordado dentro do carro do vizinho da Carter. Fui parar na delegacia, mas minha mãe conseguiu deixar minha ficha limpa.

—Eu tô completamente ferrado... —É a única coisa que consigo dizer nesse momento.

—E eu sei que não é um bom momento pra falar, mas... —Miranda começa a dizer.

—Que foi?

—Sua mãe tá lá embaixo.

NÃO, NÃO E NÃO.

A dor em minha cabeça aumenta, e sinto um enjoo repentino.

—Droga... —Começo a dizer e me levanto rapidamente. Olho em todas as direções, procurando o banheiro.

Corro até lá e consigo escutar Miranda dizer:

—Ótimo... E VOCÊ VAI LAVAR O MEU CARRO, SÓ PRA CONSTAR.

◄►

Depois ter praticamente vomitado tudo (Ou toda bebida), tomo um banho e Miranda me entrega algumas roupas que minha mãe trouxe. Não consigo decidir se estou pronto pra vê-la. Com tudo que tem acontecido ultimamente, a única coisa que sei fazer de bom é jogar tudo no quartinho escuro da minha consciência e esquecer.

No caminho de volta pra casa, tenho que escutar um completo sermão do tipo: “Você já é grandinho o suficiente pra tomar decisões erradas. Precisa saber o que é certo ou não pra você”. Ela acha que estou prestando atenção, mas na verdade, quero perguntar sobre tudo.

“Tobias não é filho de Devan” soa na minha mente e tento de todas formas esquecer, me concentrando apenas na maldita dor de cabeça.

Quando chego em casa, subo direto pro meu quarto e me jogo na cama, pensando em desculpas que terei de dizer a Ashley, por ter agido como um idiota. Aos poucos, consigo lembrar das porcarias que fiz.

Tento ligar pra ela, mas só cai na caixa postal. De tanto tentar, acabo adormecendo.

◄►

São quase 17:00 quando escuto minha mãe gritar do andar de baixo:

—VOCÊ TEM VISITA!

Estou praticamente inerte demais para responder. Então, espero que ela suba e diga alguma coisa. Minutos depois, ela bate na porta e diz:

—Miranda tá aqui. E quer te ver.

Levanto-me rapidamente e respondo:

—Só um minuto.

Tento organizar a bagunça (Tudo), mas acabo piorando tudo. Resolvo apenas esconder o snow Angel, um urso de pelúcia da cor da neve que ganhei a dois anos atrás. Volto a deitar e escondo snow Angel debaixo da coberta.

—Pode entrar. —Digo.

Miranda entra, sorrindo de canto enquanto segura um skate. Minha mãe fecha a porta.

—Oi. —Ela diz. —Como você tá?

“Próxima pergunta”, penso.

—Tô bem. —Respondo.

Ela sorri e ficamos em silêncio por alguns segundos.

—Então... Quer fazer alguma coisa? —Ela pergunta.

Não sei o que responder, quer dizer... Da penúltima vez que a gente conversou acabei falando coisas que eu não devia, e ela apenas confirmou tudo com um simples silêncio. Se ela tivesse falado alguma coisa, percebido o que eu quis dizer... Tudo poderia ter sido diferente.

—Tipo o que? —Indago.

—Quer aprender a andar de skate?

“Que tipo de garoto não sabe andar de skate?”

Sorrio e confirmo com a cabeça.

—Então... Quer ir agora? —Ela pergunta.

—Só espera um minutinho, lá embaixo, eu já vou descer.

—Okay. —Ela diz e se encaminha até a porta. —E a propósito, belo ursinho.

◄►

Não consigo contar quantos tombos eu levo. No final da tarde, são incontáveis arranhões e machucados por todo o corpo.

Miranda como sempre, apenas ri da minha cara.

Por um momento, consigo esquecer tudo. É como se a gente não tivesse ficado longe por nenhum segundo. Como se tudo fosse exatamente como antes.

—Você não vai aprender nunca. —Ela diz rindo.

Estamos deitados na calçada, olhando para o céu.

—Nunca diga nunca.

Ela ri e ficamos em silêncio por alguns segundos.

—Tobias... Eu meio que... Não sei como falar isso...

—Falar o que?

—Você me disse uma coisa, ontem à noite...

“E lá vem, mais um item na lista de coisas idiotas que eu faço”, penso.

—Que coisa? —Indago enquanto viro meu rosto e a encaro.

—Sobre o seu pai... Sobre ele não ser seu pai.

Não consigo responder. E mais uma vez, tudo de bom que eu estava sentindo, acaba.

—Eu não vou contar pra ninguém...

Ficamos em silêncio por mais alguns minutos.

—E você me falou outra coisa. —Ela diz. Levanto-me e a encaro. Ela faz o mesmo e começa a corar. —Você me disse... Coisas sobre...

Sei exatamente o que eu disse. Consigo me lembrar nesse momento, tudo, em mínimos detalhes do que eu disse na noite passada. Mas nesse momento, eu não permitiria ela falar sobre aquilo. Eu não queria que mais uma vez, a gente começasse a conversar e no final discutisse. Eu não a deixaria terminar o que ela começou de falar.

Então faço a última coisa que me vem à mente. Aproximo-me dela. Penso realmente se é o certo. Mas é a única coisa que posso fazer no momento para impedi-la de terminar a frase.

Apoio minha mão direita na nuca dela e a beijo, mesmo sabendo que aquilo não era certo.

—Coisas sobre nós. —Digo enquanto me afasto dela e me levanto. —Eu te disse coisas sobre nós.

Começo a caminhar, tentando de todas as formas esquecer todas as coisas estúpidas que eu fiz nas últimas vinte e quatro horas.


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