I Wouldn't mind escrita por Tobi4s


Capítulo 6
I feel so close to you right now ... But I'm drunk




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“Tobias não é filho de Devan”

Acho que ainda estou sob os efeitos da surra que eu levei. Isso só poderia ser mentira.

—Só são alguns documentos. Não vai fazer diferença no processo. —Escuto o advogado dizer. —Senhor Devan, ocasionalmente, sabe disso, certo? Então não teremos problema.

—Ele sabe. —Minha mãe responde.

Nesse momento, lembro-me da discussão entre minha mãe e meu pai.

“Você acha que um dia ele não irá descobrir? De um jeito ou de outro?!”

Será que era isso que eles estavam falando? Sobre eu não ser filho dele?

—Bom, nos falamos amanhã. E não se esqueça de... —O advogado começa a dizer, mas não termino de escutar. Largo a mochila no sofá e saio correndo.

“Tobias não é filho de Devan”

Isso só pode ser brincadeira. Tem que ser brincadeira.

Eu não consigo acreditar. Por que eles não me diriam algo assim? Eu entenderia se eles tivessem falado, afinal, foi Devan que me criou. Ele é meu Pai por direito... Pelo menos eu achava.

“—Não conte pra ele.”

“—Eu não vou. Você vai.”

Seria sobre esse assunto que eles estavam falando naquele dia?

Quando eu penso que a minha vida não pode ficar pior, ela fica.

◄►

São 22:00 e eu ainda estou no Green Child’s. Não sei que horas cheguei, mas também não sei que horas eu vou sair. Afinal, nem dinheiro para táxi eu tenho. Como vou sair daqui?

Minhas pernas estão fora de cogitação, então, descarto a possibilidade de voltar para casa a pé.

Na terceira vez que o gerente dá uma olhada em mim, vou logo dizendo:

—Se quiser que eu vá embora eu vou. Eu não tenho dinheiro comigo agora.

—Eu... Eu... Eu não me importo. Pode ficar o tempo que quiser.

“Ótimo. Piedade só porque, com certeza, ele já deve saber sobre o meu pai. Afinal, todo mundo sabe.”, penso.

Mais uma coisa adicionado à lista de coisas que estão acabando comigo. Primeiro Miranda, depois a acusação contra meu pai e agora isso.

O celular toca umas quatro vezes até eu conseguir achar em algum dos bolsos da calça jeans. Não consigo reconhecer o número, mas quando atendo, uma voz feminina diz:

—Eu odeio os Franceses. São tão esquisitos e tem um péssimo humor. Acho que eu não volto aqui mais nunca...

Carter.

No momento que reconheço a voz, me desfaço em um sorriso. Ela não havia me ligado nem uma vez depois que eu havia chegado, mas havia mandado alguns Emails.

Conheci Carter na British School, um dos colégios mais rígidos e chatos da Itália. Ela foi expulsa de lá quando agrediu uma das professoras, mas os pais dela nem ligaram. Apenas conseguiram outra vaga em outro colégio. É claro que a gente não deixou de se falar depois disso. Além do mais, Carter, era praticamente livre pra fazer o que quisesse. Os pais eram empresários que viviam viajando a negócios e deixavam a filha com quase nenhuma supervisão.

—Mas... —Ela retorna a falar. —Eles tem as melhores vodkas do universo. Você tem que experimentar.

—Bem que eu queria. —Respondo.

—Eu te colocaria pra falar com a Birdy, mas ela deve tá pegando um garçom aqui do bar onde a gente tá. Então, como está indo?

—Péssimo. Quero voltar. Estou com saudades. —Digo.

—Eu também estou com saudades. —Ela diz. —Plus vodka s'il vous plaît.

—O que diabos você acabou de falar?

—Nada. Só pedi mais uma vodka pro garçom.

—E como eles tão te deixando beber? —Pergunto. Mas já sei a resposta.

—Birdy tá meio que... Você me entende.

—Sim, eu entendo. —E começo a rir.

—Seu pai não vai voltar mesmo, né? —Ela pergunta.

Fico em silêncio.

—Tobias... Você tá... —Ela começa a falar, mas muda de assunto. —Ai está ela... Birdy. —Ela começa a rir. —Comment était le menu?

—Apetitoso. —Escuto Birdy dizer e começo a rir. —Tá conversando com quem?

—Tob. —Responde Carter.

Fico conversando com as duas e perco a noção do tempo. Não ouso contar o que tem acontecido, não por vergonha, mas por desprezo a tudo. Quero esquecer de tudo pelo menos por alguns momentos.

Quando elas se despendem, percebo que já são quase 23:30. Não tenho dinheiro pro táxi e não conseguiria ir de a pé.

Resolvo ligar pra Ashley e quando ela atende, vou logo dizendo:

—Ei, Ashley... Sou eu... Você poderia vir me buscar no Gree Child’s? Eu não tenho dinheiro pra ir embora.

◄►

Não estou com a mínima disposição pra ir para o colégio. Mas resolvo ir de qualquer jeito.

Minha mãe saiu antes de eu acordar, mas deixou um bilhete avisando que voltaria a noite. Ainda bem que ela não estava. Minhas irmãs ainda estavam na casa da tia Lydia e eu não estava com o mínimo ânimo pra falar com ela depois do que eu escutei.

Chego ao colégio rapidamente. Estou pensando em tanta coisa, quando percebo que já é hora do almoço.

Sento com Ashley, Bryan e Trevor.

Olho de esguelha e vejo Miranda com Nic e o grupinho dos idiotas. Ela me encara, mas eu desvio o olhar.

Ashley me convida para uma festa numa boate no centro da cidade.

—A gente é menor de idade, esqueceu? A gente não entra. —Digo.

Ashley olha para o irmão e sorri. Frações de segundos depois, responde:

—Digamos que temos conhecidos por lá.

◄►

Ashley passa lá em casa umas 22:00. Minha mãe não havia chegado e não faço a mínima questão de avisar aonde eu vou.

Quando chegamos à boate, Ashley faz uma ligação e o segurança libera a gente. Não é como uma festa onde eu morava, mas até que parecia legal.

Reconheço muitos rostos do colégio.

Eu, Ashley, Trevor e Bryan nos sentamos numa mesa próximo ao bar.

—Vou pegar alguma coisa pra beber. —Diz Ashley. —O que vocês querem?

—Suco. —Responde Bryan.

—Também. —Responde Trevor.

Encaro os dois e não consigo segurar o riso.

—O que foi? —Indaga Bryan.

—Nada eu só achei que... Pode trazer uma vodka pra mim? Com muito gelo, por favor.

Ashley e os garotos me encaram.

—Okay. —Ela responde por fim.

Quando ela volta com as bebidas, vou logo pegando a minha.

—Como vocês conseguem pegar bebida aqui? —Pergunto enquanto engulo praticamente a metade da bebida.

Ashley sorri.

—Onde eu morava a gente tinha que usar identidades falsas. Uma vez eu quase fui pego, mas por sorte, deu tudo certo. —Digo rindo e eles não parecem achar a mínima graça.

—A gente meio que conhece o dono. Ele é meio que... Nosso pai. —Responde Ashley.

—Seu pai é dono daqui? Que sorte. —Digo terminando com o resto da bebida.

Ela sorri.

—Vocês não bebem... Qual o problema, né? —Digo, sorrindo. Acho que to meio confuso. Começo a rir sozinho. —Pode pegar mais um copo pra mim? Eu adoro essa música!

Eles me encaram.

Levanto e vou em direção à pista de dança. Mas o legal é que eu não sei dançar, mas não sei o que deu em mim.

She won't ever get enough Once she gets a little touch If I had it my way You know that I'd make her say ♫

O que diabos eu estou fazendo? Mas percebo que tem muita gente fazendo o mesmo. Tecnicamente, não tem ninguém dançando. Só gente pulando e cantando.

My first kiss went a little like this ♫ Começo a cantar e quando dou por mim, todo mundo está gritando e cantando.

Vejo Ashley e os outros me olhando. Ela está segurando a minha bebida. Volto até eles e não sei bem se estou rindo ou cantando.

—O que você tá fazendo? Eu achei que você ficaria aqui... —Ashley começa a dizer. Pego o copo da mão dela e numa virada, bebo tudo. Sinto minha garganta arder em brasa.

—Eu meio que estou tentando dançar... —Respondo rindo.

My first Kiss ♫

—Com quem foi o seu primeiro beijo? —Pergunto. —O meu foi com a Birdy. Foi incrível.

Não sei exatamente porque falei isso, mas eu comecei a rir logo em seguida.

—VÉI, EU AMO ESSA MÚSICA! VAMOS DANÇAR BEBÊS! —Digo. Outra música se inicia.

I need your Love i need your time when everything’s wrong you make it right ♫

Volto para a pista e me sinto meio zonzo. O que diabos está acontecendo comigo?

Um homem com uma bandeja passa com uns vidrinhos de licores. Pego dois e bebo tudo de uma vez. Acho que não tem problema eu beber mais alguns. Estou me sentindo ótimo.

Começo a imitar o que algumas pessoas estão fazendo.

I need to be free with you tonight i need your Love ♫

Devo estar fazendo isso certo. Uma garota se aproxima e começa a dança perto de mim.

Olho para ela dou um sorriso e continuo a me movimentar.

Ela agarra a gola da minha camiseta e beija meu pescoço. Por um momento, pensei em parar com aquilo. Mas acho que não conseguiria.

Ela continua e a gente meio que não está dançando mais. Coloco minha mão em suas costas, a afasto um pouco para trás e coloco a minha mão esquerda em sua nuca. Ela aproxima seus lábios dos meus e...

Pronto. Isso tá perfeito. Sinto um gosto de álcool, o que me dá mais sede. Não sei quantas frações a gente continua se beijando, mas quando ela se afasta sussurro no ouvido dela:

—Eu agradeceria se você pegasse alguma bebida.

Ela sorri e dou uma piscadela pra ela.

Olho para Ashley e os outros e os vejo ir embora. Caminho até eles.

—Ei, vocês já estão indo? —Pergunto a Ashley.

Ela não responde. Apenas pega sua bolsa e sai rapidamente.

Trevor está caminhando quando pergunto:

—O que foi com ela?

—Ela meio que surtou quando viu você com aquela garota. —Ele responde.

Quer dizer que Ashley estava com ciúmes? Mas a gente era só amigo, certo?

◄►

Perco as contas de quantas coisas eu bebi.

Eu ainda estava com aquela garota. Ela me beijou mais algumas vezes. Não me atrevi perguntar o nome dela. Não me importaria saber.

Minha cabeça está girando.

Quando feel so close começa a tocar, eu começo a cantar e todo mundo faz o mesmo.

I feel so close to you right now ♫

A garota segura minha nuca e me beija novamente. Não sei quanto tempo demora, mas somos interrompidos.

Sinto uma mão no meu ombro me puxando para trás.

I feel so close to you right now t's a force Field♫ , mas eu estou bêbado.

Começo a rir quando sinto uma forte dor no queixo e vejo a garota gritando com o homem que acabara de me bater.

Não entendo bem a cena.

Todos ao redor param pra ver. O homem continua me batendo. Tento o tirar de cima de mim, mas não consigo. Na verdade, nem dor eu estou sentindo nesse momento.

Apenas fecho os olhos. Quando percebo que ele havia saído de cima de mim, vejo que algumas pessoas me ajudaram.

Um garoto que me lembrou muito o idiota do Nic tava ajudando a me carregar.

—Você lembra muito o idiota do Nic. —Digo e caio na gargalhada. —Por que você tá me segurando? Me solta. Eu quero dançar. Eu quero... Eu amo essa música.

Nem sei onde estou quando sinto alguém me colocar no banco de algum carro.

—Eu quero voltar pra lá! —Sussurro. Mas escuto o barulho do motor, e sinto um forte enjoo quando o carro começa a andar.

◄►

Quando acordo, sinto uma forte dor de cabeça. Não sei onde exatamente eu estou. Nem lembro como fui parar ali.

Uma coberta está enroscada na minha perna e vejo que eu não estou em casa. Não estou no meu quarto.

Olho para a janela e vejo o sol nascendo.

A porta range e se abre logo em seguida. Uma garota vestindo uma calça moletom e uma blusa preta entra no quarto. Seus cabelos são ruivos e ela de costas parece ser tão linda...

Frações de segundos depois percebo quem é a garota.

Miranda.

Olho para lado esquerdo e vejo um skate que reconheci imediatamente. Sei exatamente onde eu estou.

Estou no quarto dela. Estou no quarto de Miranda.


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