I Wouldn't mind escrita por Tobi4s


Capítulo 3
Wait




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FLASHBACK ON

Não sei que horas exatamente são e nem que horas será o embarque. Um misto de arrependimento toma conta de meus pensamentos. Eu realmente fiz certo em nem me despedir dela?

Minha mãe concordou e deixou-me ir com meu pai. A última vez que eu a vi ela estava rindo de mim porque eu tinha ido pedir os pais dela para a deixarem ir para Europa. Só agora percebo o qual ridículo e infantil isso foi

—Daqui quinze minutos. —Meu pai diz sentando ao meu lado.

Não respondo. Fico encarando filas e filas de pessoas passando.

Não haveria mais volta. Eu não a veria mais nunca. Mas a gente poderia se falar por telefone e afins. Não seria desculpa.

Eu mesmo me pergunto: Por que eu não me despedi dela? Por que eu tomei essa decisão precipitada e estou aqui pronto pra embarcar pra Europa e talvez nunca mais voltar.

Quinze minutos me separam da longa distância que me levaria pra longe daqui. Longe desse lugar horrível, mas também me levaria pra longe dela.

—Você não queria, né?—Meu pai pergunta.

Levo frações de segundos pra responder:

—Acho que... Eu quero sim. —Digo confiante. Seria melhor ficar longe de tudo isso, recomeçar em outro lugar que eu não seria apenas um sabe tudo da classe ou um péssimo aluno de educação física, ou apenas esquecer de quase tudo que eu vivi aqui. Recomeçar.

—Eu não queria que fosse desse jeito, mas eu não poderia recusar essa proposta.

—Tá tudo bem. Você não poderia recusar. —Digo.

—E a Miranda?

—Miranda? Ela vai ficar bem. A gente pode manter contato.

—Você se despediu dela?

—Não. —Respondo observando um painel de vidro um pouco longe de mim. Meu pai se levanta.

—Vamos.

Caminhamos para o portão de embarque e olho mais uma vez para trás.

—Vai ficar tudo bem. —Meu pai diz. —Você vai gostar de lá.

FLASHBACK OFF

Já era quase 23:00 e eu não conseguia dormir.

“O que você queria que eu fizesse?”, escuto Miranda dizer em minha mente.

No momento sinto raiva, muita raiva, mas ao mesmo tempo arrependimento por não ter escutado o que ela tinha a dizer. Mas cheguei à conclusão: Ela não se importava. Ela não se importou com nada, nem sei o porquê dela ter me convidado pra jantar se foi apenas pra agir como se ela nem soubesse quem eu era, como se ela não fosse ela mesma.

Minha cabeça está completamente confusa. Não consigo esquecer a discussão de meus pais e não consigo tirar Miranda da cabeça.

“Você acha que um dia ele não vai descobrir? De um jeito ou de outro?!”

“Você me deixou confusa”, na verdade ela me deixou mais confuso ainda.

Escuto a porta rangendo no andar de baixo. Sigo até as escadas e olho.

Meu pai. Ele estava estranho. A camisa parecia que não havia sido passada e seus sapatos estavam sujos. Não consigo ver o que era em seu sapato. Estava um pouco escuro e eu não conseguia enxergar com clareza.

Percebo que ele está subindo as escadas e volto para meu quarto.

Escuto uma porta sendo fechada.

Aonde será que ele estava esse tempo todo? Olho no relógio da parede. 23:10. Espero alguma discussão por parte de meus pais, mas nada acontece. Apenas silêncio.

O tempo vai passando e não consigo dormir. De um lado da minha cabeça, meus pais, do outro, Miranda.

◄►

São 01:30 da madrugada e ainda estou acordado. Fecho os olhos e toda a cena do Green Child’s se repete em minha mente.

Coloco meus fones de ouvido e começo a escutar músicas aleatórias. Resolvo caçar o perfil de Miranda no facebook.

Nada que eu não tivesse visto antes.

Praticamente todas as pages que ela curtia, era as que eu curtia numa conta que eu nem usava mais. Ela tinha vários e vários amigos que eu reconhecia. Nic e sua turminha de idiotas, Lesly e as meninas mais patricinhas da turma do sétimo ano.

Renovada e cheia de amigos, penso.

Não sei o que eu tinha na cabeça, quando num momento de raiva e ironia, mudo o nome de minha conta e a envio solicitação de amizade.

Afinal, aquela nem era a minha conta que eu tinha enviado solicitação pra ela. E o meu único contato com os meus amigos da Europa era por Email ou via twitter, onde a gente falava mais porcaria do que o normal.

Send your dreams where nobody hides Give your tears to the tide ♫

Estou escutando Wait do M83 quando finalmente canso de ver todas as fotos que ela havia postado. E passo para as publicações com datas após alguns meses depois da minha mudança.

Nada e nada.

Uma publicação realmente me chamou a atenção. Na mesma, ela falava sobre amizade verdadeira e alguma coisa do gênero. Paro de ler no mesmo instante.

There's no end, there is no goodbye Disappear with the night Of time, of time ♫

Mas um nome não consegue escapar de meus olhos.

Nic. Ela havia marcado o Nic naquela publicação.

◄►

Antes de ir pro colégio de manhã, checo minha conta. Ela ainda não havia aceitado minha solicitação. Estou morrendo de sono.

Meu pai não me chamou pro café da manhã.

Acho que ele e minha mãe estão brigados. Acho não, tenho quase certeza.

Brendan me chama e avisa que meu pai não nos levará para a escola hoje. Ao invés dele, minha mãe levou.

Minha primeira aula é de química. Nem percebo o tempo passar, estou inerte em pensamentos quando escuto o professor dizer:

—Tobias!

Dou praticamente um pulo da cadeira e o restante da turma ri.

—O que? —Digo. Pergunto-me se saiu de um jeito equivocado.

—Eu te fiz uma pergunta. —O professor diz.

—Eu não... —Começo a responder, mas sou interrompido por uma garota que estava sentada na fila ao lado.

—Íon da quarta com o próton da terceira substância.

Olho para ela. Não a reconheço, mas admito, ela é bem bonita. Seus cabelos são loiros e ela olha diretamente para o professor e depois me encara.

—Correto Ashley, mas eu fiz a pergunta pro senhor Baker.

Escuto o resto da turma sussurrar.

O professor voltar a explicar e eu olho pra Ashley, sorrio e sussurro:

—Obrigado.

Ela sorri.

◄►

Na hora do almoço, Ashley me convida para se juntar a ela, seu irmão Bryan e um garoto chamado Trevor.

—Você vai no recital no Loobs Crazy, né?—Trevor pergunta a Ashley.

—Claro. —Ela responde. —Acho que vai... —Paro de prestar atenção na conversa. Miranda acabou de passar ali junto com Lesly e Nic. Ela me encara e quando eu a encaro, ela vira o rosto. Abaixo a cabeça.

—Tobias? —Escuto Ashley dizer.

—Que? —Respondo.

—Você quer ir? —Ela pergunta.

—Aonde?

—Loobs Crazy.

—Claro. —Respondo. Não estava prestando atenção. Volto a olhar Miranda sentada numa mesa um pouco longe da que eu estava.

◄►

Ashley me manda um sms pra confirmar o horário do recital. São quase 20:00 quando ela passa juntamente com Bryan lá em casa e seguimos para o Loobs Crazy, o lugar que eu não fazia ideia da existência.

Até que foi legal. Várias pessoas declamaram poemas, incluindo Ashley.

“Definitivamente, a distância foi feita para testar o que o tempo não consegue”, o poema dela diz. No começo não entendo muito bem, mas depois entendo.

◄►

Chego em casa 22:10. Minhas irmãs estão dormindo e meu pai está arrumando um vazamento na cozinha.

—Cheguei. —Digo como se ele fosse responder.

—Onde você estava? —Ele pergunta.

—No Loobs Crazy. —Respondo. Achei que ele não iria perguntar onde eu estava.

Percebo que a voz está trêmula e ele parece tenso.

Subo para meu quarto e caio no sono.

Acordo com um forte estrondo e várias vozes.

Desço as escadas e vejo vários policiais na sala de estar. Um está algemando meu pai. Vejo minha mãe com as mãos erguidas enquanto um policial a encara.

Apesar do barulho, escuto um homem que acabara de entrar no recinto dizer:

—Senhor Devan Baker, o senhor está preso pelo assassinato de Cosima Hall.


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