I Wouldn't mind escrita por Tobi4s


Capítulo 13
Revival




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Estou parado na frente  de meu pai.
Dou uma olhada no ambiente  ao redor percebendo  a quantidade  de pessoas que  se sentavam de frente para indivíduos com um uniforme de cor laranja.
Ele parece  estar diferente. Suas feições  se tornaram completamente estranhas a minha visão.  Dou uma olhada no fundo da sala  e vejo dois guardas  segurando  duas armas enormes e encarando a parede a sua frente  como se olhasse diretamente para  alguma coisa no horizonte.
Me ajeito na cadeira e sinto uma onda de dor percorrer  minha perna e coluna. Fecho os olhos por frações  de segundos e logo  volto a prestar atenção  na voz de meu pai.

— Eu tentei  dizer, antes de tudo acontecer,  mas as coisas pareceram tão  inapropriadas... - Sua voz saia tão  baixa que tento me focar ao máximo  para entender.

Fico em silêncio  por alguns segundos e respondo:
—Deveria ter contado. -Estico meu braço  e passo o dedo em meu antebraço. -Mamãe  te disse? Eu ouvi tudo. E por mais que isso me perturbe depois  de tudo que houve  nos últimos  meses resolvi vim dizer que  realmente não  ligo. Afinal, foi sempre o senhor  que me criou certo?

Devan fica  em  silêncio. Percebo seu olhar se desviar até  a cicatriz que subia em meu braço.  Tiro o mesmo de cima da mesa.
— E sobre o... - Ele começa  a dizer, mas o interrompo rapidamente.
—Não  quero falar sobre isso.
Sabia exatamente  o que ele iria falar. Mudo de assunto rapidamente.

—Conversei com o seu advogado. Seu julgamento  é semana que vem.
—Não conseguiram adiar? - Ele indaga.
—Se pelo menos dissesse sobre o que toda essa merda  significa... Eu tentei, fui atrás  de Max, mas não  a encontrei. Nathan foi esperto.
—Eu não  a matei. - Ele diz sério. - O que acha?  Que eu iria contar toda a verdade e assistisse  tudo se desmoronar... Max, ela sim é a peça  central  pra que tudo isso acabe.
—Carter e eu estamos tentando  rastrea-la, mas... - Sou interrompido  pela voz do guarda dizendo que o horário  de visitas  havia acabado.
Me levanto devagar da mesa e vejo meu pai fazer o mesmo. Aproximo e o abraço  por alguns  segundos.

—Vou te tirar daqui.
—Eu sei que sim. - Ele responde e dou as costas,  caminhando até  a porta de saída. 
Vou andando pelo corredor e observo a quantidade de janelas. Observando meu reflexo vejo algumas cicatrizes em meu pescoço.  Minha perna ainda estava  um pouco dolorida.
Minha cabeça  repudiava olhar tudo aquilo,  o que me fazia desviar o olhar e fixar minha visão  no chão. 

                           《》

Ao sair do presídio  caminho lentamente até  o carro. Abro a porta e vejo Carter mexendo no celular  e ao me ajeitar no banco percebo a mesma colocar o celular em seu colo.

—Como ele tá? -Ela pergunta. 
—Na mesma. Não  quis contar nada. Ele tá  escondendo alguma coisa, eu sei que sim. Nada  disso faz sentido... Cosima e Max.
—Birdy acabou de me mandar mensagem... Ela a achou.
—Max? -Pergunto  rapidamente e ela confirma com a cabeça.  - Mas como? Ela...
—Birdy não  disse muita coisa,  mas passou o endereço.  -Carter me interrompe.
—Droga, só temos até  semana que vem.  Max não  irá  aceitar. Nathan já a deve ter ameaçado...
Dou um murro  no porta luvas e Carter me encara.
—Ele vai pagar pelo que ele fez. Vamos tirar seu pai desse lugar. 
Ela liga o carro e acelera. Fecho  meus olhos por frações  de segundos e como toda vez, todas as poucas memórias dos últimos  meses inunda minha cabeça. 

FLASHBACK  ON

Ao estacionar meu carro, vejo Miranda se aproximar com  uma mochila. Abro um sorriso e falo:
—Doeu escolher só  algumas coisas?
—Isso é a coisa mais louca que iremos fazer...
—Não quer mais? -Indago e vejo a mesma abrir a porta e se ajeitar no banco do passageiro. Ela abre um sorriso e se aproxima. Retribuo o selinho e fito meu olhar ao dela.
—Eu só... Vamos ficar longe disso tudo. E a Carter?
—Ela vai ficar por aqui com a Birdy e logo vai se encontrar com a gente... - Falo e dou uma olhada pelo retrovisor. Não  havia ninguém  na rua.
Dou partida no carro e acelero. Dirijo até meu ponto de encontro com Carter e ao chegar, desço e caminho até  Carter com os meus braços  abertos. Ela me abraça  e logo começa  a dizer:

—Vocês  são  completamente malucos. Que ideia é essa de ir embora daqui?  A é por isso que eu amo você. 
Já  havia conversado com ela e dito todas as coisas e explicações  possíveis  que poderiam ser dadas para justificar tudo aquilo.
—E minha mãe?  - Pergunto levando  meu olhar a minha mochila. - Pegou minha carteira? -Estico meu braço  pegando a mesma.
—Ela não tava lá quando eu cheguei... Você  sabe  que ela vai querer envolver a polícia.
—Mais envolvida  que ela já  está  com a minha família?  -Não  consigo  conter um sorriso debochado e percebo Miranda se aproximar de mim.
—Carter eu prometo que vou te manter informada okay? E tente deixar Birdy longe do Nic. O mais longe possível. -Volto a dizer percebendo o olhar de preocupação  estampado no rosto de Carter.
Minha cabeça  estava inundada com pensamentos de tudo que ocorrera. Minha volta, Miranda, a prisão  de meu pai, que não  é  meu pai, biologicamente  não.  Meu pai assassino, Carter, Birdy, Nic. Eu só queria estar longe de tudo aquilo.
Me despeço  de Carter e volto novamente para  o carro. Miranda se ajeita  no banco e liga o rádio.
Ficamos por minutos ali em silêncio.  Apenas escutando a música  que tocava.
Definitivamente era o melhor.  Melhor estar com  ela e longe desse lugar. Não  perderia mais tempo.

FLASHBACK OFF

Carter estaciona na porta de um edifício  no centro da cidade e ficamos  parados por vários  minutos esperando Birdy aparecer.
Por volta  de vinte  minutos depois ela aparece e abre a porta de trás. 

—Preparados para o culto  da iniciação?  -Ela fala e não consigo conter um sorriso. -Cadê  a animação? Logo logo estaremos livre. Metra Academic terá  orgulho  de dizer  que passamos por lá.
—Você  animada para o Colégio?  -Carter pergunta  e começa  a rir.  -Essa é nova.
—Finalmente a partir de hoje faltam exatamente alguns meses para a nossa formatura, isso não  anima vocês?  E finalmente as coisas parecem estar dando certo. O meu castigo  acabou e o da Carter também.  E nossos pais concordaram em nos deixar terminar aqui, apesar da retirada  de um terço  da mesada... a gente sobrevive. E Carter só vê  se dessa vez não  bate em nenhuma professora e não  seja expulsa. Apenas seis meses e o exame final e a gente consegue.
Carter dá partida no carro e fico olhando pela janela.
—Vamos  hoje depois da aula no endereço.  -Carter quebra o silêncio  e continua a dizer. -Max... Falar com ela.
—Vamos conseguir.  -Birdy diz e fico em silêncio. 
Depois da visita de ontem no presídio não  consigo  parar de pensar em Nathan e em Max. Meu pai estava escondendo alguma coisa.
Minha cabeça  se inunda e traço  uma linha de raciocínio.  Nathan está  ligado com Cosima e com a empresa que meu pai trabalhava. Meu pai foi acusado injustamente por um crime que não  havia cometido. 
Max é a única  pessoa  que pode confirmar  o álibi  de meu pai.
Uma semana.
Apenas uma semana para conseguir o testemunho para o julgamento.
Fico tão  inerte em meus pensamentos que mal percebo quando chegamos no colégio.  Desço do carro e sinto minha  cabeça  girar.

FLASHBACK ON

—Ei, a gente pode parar por alguns minutos. -Miranda diz olhando a estrada. - Eu sei que você  tá um pouco cansado.
Estamos na estrada a quase três  horas. Carter já  havia me ligado mais de quatro vezez.
Sabia que minha mãe  já  estava  atrás  de mim e provavelmente  os pais de Miranda também. Carter estava apenas fingindo que não  sabia pra onde eu e Miranda estávamos  indo.
—Sua mãe?  - Ela olha meu celular. -Meus pais não  param de me ligar, talvez pelo menos uma vez na vida  espero que eles estejam conversando sem gritaria um com outro... Talvez o divórcio  tenha sido uma boa ideia.

Fico prestando atenção  na estrada, enquanto  Miranda observava a ponte Britight e o rio abaixo da mesma.

—Isso é loucura sabia? - Ela indaga  com um sorriso esboçado  em seu rosto. - A gente saindo daquela  cidade idiota e... Talvez tenhamos feito a escolha certa. Ficar  longe de tudo.

Sabia que em parte ela estava se referindo as coisas que haviam acontecido com o meu pai e todo meu drama familiar.
—Eu disse a você que iria provar... Quer que eu grite pro mundo inteiro o quanto eu estou feliz por você  estar aqui e o quanto  eu amo você? 

Meu celular começa  a tocar novamente e percebo ser Carter. Escuto o barulho da chuva começar  a bater na lataria do carro e volto a falar, ignorando a ligação:
—Vamos chegar  em mais ou menos uma hora okay?
Carter e eu já  havia planejado. Eu e Miranda iríamos  até uma das cidades vizinhas e ela nos encontraria alguns dias depois  e nos ajudaria a fazer o que quer que fôssemos fazer. Não  tínhamos  um roteiro traçado  pra algo do tipo.
—Ei, sabe aquela... -Miranda começa  a dizer, mas é interrompida quando uma claridade ofuscante inunda o carro  e logo ao perceber, tento virar o volante.
Escuto o barulho e fecho meus olhos. Tento achar a mão de Miranda, mas a última  coisa que consigo escutar é seu grito.
Tudo parecia estar em câmera  lenta.
Fixo  meu olhar no caminhão  e logo em seguida minha visão  embaça  e sinto o carro girar duas vezes e cair com um estrondo forte no chão. 
Fico por vários  segundos tentando virar meu pescoço, mas uma dor agoniante preenche toda minha coluna.
—Miranda... -Sussurro baixinho. Tudo fica em silêncio  e a única coisa que escuto frações  de segundos depois  é o barulho de uma buzina e o barulho de algo se quebrando.
Estávamos  caindo.
A única  coisa que escuto antes de apagar  completamente é o barulho do carro afundando  na água.

                       《》

Abro meus olhos lentamente e a claridade fazem os mesmos doerem. Fico por segundos tentando mexer qualquer  parte de meu corpo, mas não consigo.
Carter se aproxima e começa  a dizer:
—Ah meu Deus! Você  acordou...
Ela se afasta e começa a gritar algum nome que não  consigo ouvir.
Um médico  se aproxima e começa  a me examinar.
Tento  falar algo, mas não  consigo.
Carter estava no canto do quarto com os olhos cheios de lágrimas. 
Forço  minha memória  tentando entender o que havia acontecido.

FLASHBACK OFF

Vou caminhando lentamente até  a entrada do colégio,  ainda  inerte.
—Tobias...
Escuto Carter dizer, mas respondo rapidamente:
—Tá tudo bem.
Observo  o jardim  e a única  coisa que consigo lembrar é a figura de Miranda parada me encarando. Todos os olhares se voltam para mim.
Vejo Nic e do outro lado do estacionamento.
Ashley  e Trevor me encaravam como se nunca tivessem me visto. Tudo era estranho demais. Cada detalhe e cada visão  daquilo me fazia ter mais certeza ainda de que tudo mudara.
Desvio meu olhar novamente para a figura de Miranda que me encarava sem qualquer expressão em seu rosto.
Meus olhos se enchem de lágrimas  e fecho os mesmos por frações  de segundos  e tudo inunda minha cabeça  novamente.
Minha volta... Miranda... Meu pai acusado de assassinato... Carter e Birdy... o baile... eu e Miranda fugindo. A única  visão  que consigo moldar em minha mente é Miranda sentada ao meu lado no carro enquanto conversávamos normalmente.
"Que tipo  de garoto não sabe andar de skate?", a voz dela ecoa em minha mente, deixando tudo anestesiado demais.
Estou sentado ao seu lado. Minhas mãos  seguram o volante firmemente  enquanto  tento dizer a ela todas  as coisas que preciso dizer. Mas não consigo. Os flashs de memória  em minha mente se transformam e o quarto de hospital é moldado enquanto estou deitado e Carter está  sentada numa poltrona ao meu lado. Sua expressão é vazia.
Abro meus olhos e a figura de Miranda desaparece. Tudo me deixa inerte demais. Fico parado esperando que ela chegasse ali naquele exato momento.
Ashley e Trevor passam por mim e acenam lentamente com a cabeça. 
"Me desculpa, por ter te ignorado esse tempo todo. Por não ter entrado em contato... Por agir como uma idiota, por inventar desculpas e te tratar como se você não fosse importante. Desculpa", a única coisa em que consigo pensar é no momento em que ela me havia dito isso  há meses atrás no dia do baile.
Perco as esperanças em vê-la chegar. Ela não iria.
                        


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