I Wouldn't mind escrita por Tobi4s


Capítulo 11
Do You Wanna Dance With Me?




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FLASHBACK

Eu e Miranda estávamos em completo silêncio. Observávamos as estrelas como sempre fazíamos. Às vezes trocamos alguns olhares, mas admito, eu ainda a observava por mais alguns segundos enquanto ela desviava o olhar.

Eu literalmente não sei explicar o que eu sinto nesse exato momento. É complicado ou é drama. Mas acho que a segunda opção é a mais conveniente no momento.

A gente era só amigo, certo? Certo.

Amigos e apenas amigos, certo? Certo.

Nada mais que amigos, certo? Certo.

Eu queria que isso fosse diferente, certo? Certo.

Como eu disse, literalmente inexplicável o jeito que eu sinto borboletas no estômago quando eu estou com ela. Eu não sei explicar. E por isso tento evitar isso o tempo todo, mesmo que seja impossível.

Impossível tira-la da cabeça.

Ou talvez seja só a maneira de não tornar as coisas estranhas. E espero que as coisas não fiquem estranhas entre a gente, em momento algum.

Mas é complicado. Incontáveis vezes que já comecei a falar, mas parei por medo. Medo de deixar as coisas completamente estranhas.

Ela cruza os braços e percebo ela alisar os ombros, como se aquilo de alguma forma fosse amenizar o frio.

Entro num dilema: Devo ou não fazer o que estou pensando em fazer?

Decido frações de segundos depois. Aproximo-me dela, sem tentar encara-la diretamente.

Estico o braço e sorrio. Ela percebe e deita a cabeça no meu ombro, enquanto a puxo para mais perto. Será que isso ficará estranho demais pra ela?

“Só amigos”, penso comigo mesmo.

Sinto ela se encolher perto de mim. Não sei explicar como me sinto no momento. A única certeza que tenho, é de que eu a queria assim, perto de mim. Pra sempre.

FLASHBACK OFF

Quando chego em casa, Birdy está deitada na poltrona da sala de estar. Ela me encara e não fala nada.

Estou subindo as escadas em direção ao meu quarto quando a escuto dizer:

—Ei, me desculpa por ontem. Eu... Não sei exatamente o que deu em mim.

“Você pedindo desculpas? Tem certeza de que você é você?”, penso. Mas apenas digo:

—Okay.

Subo para o meu quarto.

São quase 17:00 quando Carter chega com a minha “roupa”, se é que posso chamar aquilo de roupa. É ridículo. Mas eu não iria aparecer naquela baile vestindo uma calça jeans e uma camisa gola v, então, terei que, infelizmente, ficar com a “roupa”.

—O QUE ELA DISSE? —Ela indaga fechando a porta do quarto.

—Ela aceitou. —Sorrio.

Ela ri.

Carter fica falando enquanto me mostra “a roupa”, mostrando detalhes que nem eu havia percebido.

—Isso é como se fosse um terno. Normal. —Digo rindo.

—NORMAL? Não é normal. É perfeito.

Como se alguma roupa, importasse agora.

—Além do mais você não vai aparecer lá pelado vai? —Ela diz.

Começo a rir.

—Cadê a máscara? —Ela pergunta.

—Que máscara?

Ela revira os olhos e diz:

—Baile de máscaras, máscaras... —Ela me encara. —Não vem me dizer que você esqueceu?

Ótimo. Esqueci.

◄►

São quase 18:30 quando finalmente conseguimos achar alguma loja que vendesse máscaras. Carter me chamou de retardado a ida inteira e com certeza dirá na volta, que por sinal será longa.

São quase 15 minutos do centro da cidade até a loja. Sem contar na estrada deserta que temos que passar. E apesar de tentar atrasar essa “corrida contra o tempo”, chegamos em casa 19:40, o que significa que estamos definitivamente atrasados.

Birdy já está pronta, apesar de não ter falando nada comigo e nem com Carter.

Por incrível que pareça, sou o último a terminar de me arrumar. Até que a “roupa” não ficou tão ruim em mim. Mas mesmo assim ainda continuo achando ridículo.

FLASHBACK ON

É estranho eu estar ali, parado sem dizer nada. Apenas observando aquilo, tentando concluir se é realmente verdade o que estou vendo.

Uma parte de mim está com raiva por estar vendo aquilo, mas a outra está dizendo que eu me enganei esse tempo todo, dizendo que eu sei de quem eu realmente gosto.

Birdy não percebe minha presença e continua beijando o garoto.

Não que eu me importe, mas ela havia me beijado na noite anterior, na noite do baile. E agora está ali beijando outro. Não que eu me importasse, afinal, o beijo da noite anterior não significou nada pra mim, nada. Não posso negar, eu gostei, mas não significou nada.

Caminho na direção contrária. Longe daquilo.

Cruzo com Carter no corredor perto da sala de biologia.

—Tá indo aonde? —Ela pergunta.

—Eu não tenho mais nenhuma aula agora. —Respondo.

—Vou com você. Viu a Birdy?

—Não. —Respondo.

FLASHBACK OFF

Quando finalmente chegamos, não sei o que devo fazer.

Vai ser complicado achar Miranda no meio de tantas garotas usando máscaras. Antes de entrarmos, um homem disse que não poderíamos de forma alguma tirar a máscara enquanto estivéssemos ali dentro.

Então a única coisa que tenho que fazer é espera-la. E é isso que eu faço.

Fico sentado num dos bancos da entrada do ginásio. Analisando cada garota que passa por ali.

Carter e Birdy estão lá dentro.

E o tempo vai passando...

Quando dou por mim, não há mais ninguém ali fora, exceto por mim. Olho no relógio. Mais de uma hora. E nada de Miranda.

Espero mais algum tempo. Nada.

Resolvo voltar para dentro e caçar Carter. Alguma coisa estava errada. Ela não ia me deixar na mão desse jeito.

—Ei, onde você tava? —Carter diz. —Eu tava procurando por você. Você viu a Birdy?

—Não... Ei, eu preciso ir. Pode pegar a chave do carro?

Ela abre sua bolsa e me entrega a chave.

—Eu não a vejo. —Ela diz, se referindo a Birdy.

—Você sabe como ela é. Ela deve tá por ai com alguém.

—É, ela saiu daqui. E já faz algum tempo. Com aquele garoto da loja.

Garoto da loja?

—Nic? —Indago.

◄►

E eu definitivamente não sei o que fazer. Birdy tá por ai com o idiota do Nic e eu sei que ela vai fazer alguma coisa, ela disse que faria.

Saio andando o mais depressa possível em meio de casais dançando e pessoas bebendo. O que ela faria de estúpido dessa vez?

Carter me ajuda a procura-la. Combinamos de cada um procura-la em alguma parte da escola.

Procuro em quase toda parte. Não a acho.

Chego à conclusão de que provavelmente ela estaria com Nic em algum lugar. E minha conclusão está errada.

Ela está sentada no fundo de uma sala com uma garrafa, bebendo no gargalo.

Ela levanta quando me vê e caminha em minha direção.

—Tobias, você veio me procurar. —Ela diz rindo.

—Carter tá te procurando. —Respondo.

—Que bom que você tá aqui. —Ela diz abrindo os braços.

—Você tá bêbada?! —Seguro seus braços com força e a empurro.

—Não, eu... Fica aqui comigo, eu posso arrumar mais uma garrafa.

—Não. Eu preciso ir. Vou avisar pra Carter que você tá aqui. —Digo e começo a caminhar em direção a porta. Ela me segura e aproxima seu rosto do meu.

—Você tá louca? —Tenho certeza de que isso soou mais alto do que eu queria.

—Você quer. Admita. Você sempre quis. —Ela diz, alisando meus braços e pegando na minha mão.

Afasto-me dela e começo a rir.

—Você chega a ser ridícula sabia? Se jogando pra qualquer um que apareça na sua frente. Talvez seja por isso que você vai terminar sem ninguém, porque você estraga tudo que consegue com alguém. É isso que você faz. —Digo e caminho até a porta.

Ela me segue e segura meu braço com força. Eu a empurro e ela se desequilibra, segurando a garrafa com força. Frações de segundos depois ela se ajeita e se aproxima de mim.

Alguém abre a porta. Nic aparece e mal percebo quando ele me empurra. Como instinto, faço a única coisa que me vem à mente. Fecho meus punhos e soco seu rosto. Ele cai no chão.

Deve estar bêbado demais pra fazer alguma coisa.

—Vadia que merece se afogar na própria lágrima, certo? —Digo ironicamente a Birdy e tiro minha máscara jogando no chão. Encaro ela e Nic. —Vocês dois se merecem.

◄►

Todos me encaram quando passo sem máscara. Tento não ligar. Preciso sair dali, urgente. Preciso ir atrás de Miranda, saber o porquê dela não estar aqui.

Não consigo achar Carter. Sigo em direção ao estacionamento com um único caminho em mente.

Miranda.

Já são quase 23:00. Seria melhor eu ligar?

Estaciono em frente à casa dela e pego o celular. Ligo pra ela e alguns segundos depois ela atende.

—Tobias, eu... —Ela começa a dizer.

—Tô te esperando aqui embaixo. —Digo e desligo. Saio do carro e a espero descer.

Alguns minutos depois ela aparece. Ao vê-la, não consigo conter um sorriso. Mesmo estando com raiva por ela ter me deixado na mão.

Ela se aproxima de mim, e cada vez mais percebo suas feições. Parecia que ela estava chorando.

—Você tá bem? —Pergunto me aproximando dela cada vez mais. E a única coisa que posso fazer no momento é abraça-la, e é isso que faço.

Ela escora a cabeça em meus ombros.

—Me desculpa, eu devia ter avisado. —Ela diz, com a voz trêmula.

—Tá tudo bem. —Digo a encarando. —O que foi que aconteceu?

De alguma forma, vê-la daquele jeito, acabou comigo.

—Me desculpa, por ter te ignorado esse tempo todo. Por não ter entrado em contato... Por agir como uma idiota, por inventar desculpas e te tratar como se você não fosse importante. Desculpa.

E literalmente, sou pego de surpresa. Quer dizer que ela estava assim, por arrependimento, por ter afastado a gente esse tempo todo? E é essa umas das milhares de razões incluídas na minha lista de “Por que eu amo essa garota”. Definitivamente, vê-la falar aquilo... É como se todo esse tempo que a gente ficou longe, não tivesse existido. Ela estava ali pra mim. E eu estaria, sempre, ali pra ela.

Não sei o que dizer. E faço a primeira coisa que me vem à mente. Aproximo meus lábios dos dela. Apoio minhas mãos em sua nuca e a puxo para mais perto de mim. E é essa a sensação que essa garota me causa. Essa garota violentamente fofa me deixa literalmente sem palavras.

Encerro o beijo e a encaro sorrindo. Ela sorri.

Frações de segundos depois digo a única coisa que sempre quis dizer a ela:

—Eu te amo.

◄►

Estamos deitados na grama do jardim da casa dela, observando as estrelas, como sempre fazíamos.

Fico sorrindo bobo quase o tempo todo. Não consigo acreditar que aquilo esteja acontecendo de verdade.

—Lembra quando fazíamos isso? —Ela pergunta.

Confirmo com a cabeça sorrindo.

Estamos tão próximos. Posso sentir a respiração dela.

—Senti sua falta. —Digo. —Mas ainda tô com raiva por você não ter ido ao baile.

Ela sorri.

—Não acredito que perdi a chance de dançar com você. —Ela diz. De alguma forma, consigo entender o porquê dela não ter ido. Mas ainda acho que esse não é o único motivo. Resolvo não perguntar nada.

—Quem disse? —Digo enquanto me levanto e estico a mão pra ela. —Então, mademoiselle, quer dançar comigo?

Ela segura minha mão e levanta, rido. Apoio minhas mãos em sua cintura e ela apoia suas mãos em meus ombros.

Ficamos nos encarando por alguns segundos até que ela me dá um selinho e logo em seguida diz:

—Veio até aqui e agora vai ter que aguentar os trilhões de beijos.

—Ah, é? Então vou vir aqui mais vezes. —Sorrio.

Não sei se posso chamar aquilo que estamos fazendo de dança. Mas eu não ousaria acabar com aquilo.

Quando eu voltei da Europa, eu dizia a mim mesmo que eu não queria ter voltado. Mas a verdade é que eu estava feliz por estar de volta. Não tão feliz por ela agir como se não lembrasse de mim, mas feliz por estar perto dela. Ouvir a voz dela, mesmo sendo nas nossas discussões. De alguma forma, eu mentia pra mim mesmo dizendo que eu estaria melhor longe dela. E talvez seja por isso, que eu não consegui sentir ciúmes de Birdy ao vê-la beijar um garoto certa vez, ou ter recusado ficar com várias garotas quando na verdade, eu não havia conseguido esquecer Miranda. Eu nunca conseguiria esquecê-la.

—Eu também te amo. —Ela diz, enquanto encosta a cabeça em meus ombros.

Sorrio. E desejo ficar ali com ela pra sempre. Dançando, sem música, sobre as estrelas.


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