I Wouldn't mind escrita por Tobi4s


Capítulo 10
Idiot




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FLASHBACK ON

—Você viu a cara dela? —Birdy diz rindo enquanto caminha cambaleando.

Carter ri e diz:

—Coitada.

Estamos voltando do baile. Depois do “discurso” de Birdy e o tumulto por causa do vídeo, eles anunciaram o rei e a rainha e acabaram com a festa.

—Eai Tobias, gostou da coroa? —Carter pergunta enquanto dá um gole em sua garrafa.

Giro a “coroa” na minha mão e respondo:

—Legal.

—Legal? —Carter indaga. —Você foi o rei do baile.

—É por causa dela. —Digo, alterando o tom. Quando percebo, volto ao tom normal e repito. —Por causa dela.

—Não foi só por causa dela.

—Gente, eu tô aqui. —Birdy diz.

Acelero o passo. Na verdade, nada nessa noite deu certo. Apesar de tudo, não foi como eu esperava.

Carter percebe que estou andando depressa e acelera o passo chamando o meu nome.

—Que foi? —Pergunto.

—Eu que pergunto. Você tá estranho.

—Não é nada.

Birdy berra:

—Me esperem!

Desacelero o passo enquanto Birdy caminha até nós.

Caminhamos em silêncio. Vez ou outra escuto Carter e Birdy sussurrarem. As ignoro.

Carter segue outro caminho alguns minutos depois e eu e Birdy continuamos andando em silêncio.

Quando chegamos na porta de minha casa, ela finalmente quebra o silêncio:

—Ei, obrigada... Por essa noite.

Sorrio.

—Boa noite. —É a única coisa que consigo dizer enquanto caminho em direção à porta.

—Espera. —Ela diz e puxa meu braço, se aproximando de mim. Cada vez mais. Ela sorri e me beija. Frações de segundos depois se afasta e diz:

—Boa noite.

Levo as mãos aos meus lábios, sorrindo enquanto a vejo caminhar para o outro lado da rua.

FLASHBACK OFF

O resto da semana passa rapidamente. Minha mãe concordou em deixar Carter e Birdy hospedadas, mesmo não tendo gostado da ideia. Não conversei com ela depois disso.

Não tentei entrar em contato com Ashley depois de nossa última “conversa” e na verdade eu não queria lembrar de nada. Como eu disse, coloquei todos os problemas num baú no fundo de minha mente. Sem problemas. Birdy e Carter estavam ali e me ajudariam a esquecer tudo.

O assunto da semana foi o maldito baile. Eu não queria ir. Vou por causa das duas, já que elas praticamente me obrigaram.

E Birdy tem um certo problema pra resolver. Tentei tirar da cabeça dela esse “problema”, mas ela ainda está disposta.

Nic.

Desde a “conversa” na loja, Birdy vive falando coisas sobre Nic, e por mais que eu tente impedir ela de fazer alguma coisa, ela não vai parar. Então, resolvo deixar Birdy agir como Birdy. É a melhor coisa que posso fazer.

Durante a semana saio com elas durante a noite. Mas a noite de sexta foi no mínimo, complicada.

◄►

Birdy pesquisa lugares pela região e resolve ir à boate do pai de Ashley. Carter concorda e é claro, não posso recusar mesmo que isso signifique lembrar das coisas estúpidas que fiz da última vez que estive lá.

Não temos problema ao entrar, afinal, Carter trouxe as identidades falsas que costumávamos usar. E como Ashley não está aqui para permitir nossa entrada, nos arriscamos com as identidades.

Duas horas depois de chegarmos Birdy já está bêbada e perco a conta de quantos garotos ela beijou.

Fico sentado numa mesa com Carter. Resolvo não beber nada.

—Já contei cinco. E você? —Carter pergunta rindo.

—Perdi a conta. —Respondo.

—Ansioso pra amanhã?

—Definitivamente, não.

Ficamos em silêncio. Alguns minutos depois Birdy se aproxima de nós enquanto dança e diz.

—Estão fazendo o que aqui? Venham, vamos relembrar os velhos tempos.

Carter revira os olhos e levanta.

—Você vem? —Ela diz enquanto me encara.

Levanto. Mesmo sendo contra a minha vontade. Carter segue Birdy e eu faço o mesmo.

Ao chegar na “pista de dança” não sei o que eu faço. Birdy começa a fazer uma dança estranha e Carter começa a rir. Logo, caio na risada também.

E assim ficamos a maior parte da noite. Birdy dançando enquanto eu e Carter caíamos na risada.

Estou rindo quando sigo meu olhar e vejo quem eu menos esperava encontrar.

Miranda.

◄►

Meu pai sempre dizia que eu não conseguia mentir bem. Eu não conseguia.

“Aquilo não significou nada pra mim”, primeira vez na minha vida que consigo mentir sem entregar o jogo.

Miranda fita os olhos em mim e desvio o olhar.

Carter segue meu olhar e vê Miranda pegando alguma bebida no bar. Reconheço o garoto que está com ela. Luke. Um dos amigos idiotas de Nic. Olho em todas as direções procurando Nic, mas não o vejo.

—Tobias? —Carter indaga. —Aquela é a...

—É. —Digo.

Birdy para de dançar e nos encara. Vejo seu olhar seguir os de Carter e seus olhos param em Miranda. Ela fita Miranda por alguns segundos e depois me encara. Luke se afasta de Miranda e volta a conversar com uma garota loira a poucos centímetros de mim.

—Miranda, certo? —Birdy diz.

Birdy dá um passo à frente.

—Birdy... —Carter começa a dizer. Mas é tarde demais. Birdy caminha até Miranda e reviro os olhos enquanto a sigo.

“Eu definitivamente, não mereço isso”, penso.

—Então... Miranda, certo? —Birdy diz enquanto pega uma garrafa em cima do balcão e começa a beber.

—Sim... E você seria? —Miranda responde e percebo que ela me olha por algumas frações de segundos.

—Não vem ao caso agora. Uma pergunta, como você consegue ser tão idiota?

—Birdy, para. —Digo e estendo a mão, mas ela recua.

—Me desculpa, te conheço? —Miranda retruca.

Ótimo, duas das garotas mais violentas que eu conheço começando uma discussão. Ótimo.

—Vadias como você merecem se afogar na própria lágrima. —Birdy diz.

—Já chega! —Digo e a puxo. Birdy foi longe demais. Eu não a deixaria falar assim. —Vamos embora.

—Me solta! —Ela grita enquanto praticamente se chacoalha pra se livrar de mim.

—Birdy, já chega! —Carter diz.

Vejo Miranda caminhar pro outro lado. E puxo Birdy com mais força e ela grita meu nome enquanto praticamente tenta se livrar de mim.

Sigo meus olhos até Miranda e a vejo sair da boate. Meu primeiro pensamento é ir atrás dela e é o que tento fazer antes de Birdy deixar sua garrafa cair. Escuto o som de vidro se quebrando.

Frações de segundos depois sinto uma dor na minha perna direita.

—Droga. —É a única coisa que consigo dizer antes de começar a caminhar em direção à saída.

◄►

Mancando, tento achar Miranda. Não há ninguém lá fora, exceto pelo segurança e ela...

A vejo abrir a porta de seu carro e grito seu nome.

Ela me olha. Caminho até ela.

—O que foi que aconteceu? —Ela pergunta enquanto caminha em minha direção. —Você tá bem?

—Tô. Não foi nada. E desculpa por aquela situação lá dentro. Birdy é meio complicada. —Digo.

Ela sorri.

Ficamos em silêncio por frações de segundos.

—Você precisa ir ao médico. Eu te levo. —Ela diz.

—Não, tá tudo bem... Eu só queria pedir desculpas. Tá tudo bem.

“Beija ela e depois diga que não significou nada, seu idiota”, penso.

—Tem certeza?

—Tenho. Tá tudo bem. —Respondo. —E sobre a última coisa que eu te falei no colégio eu...

Não termino o que começo. Sou interrompido.

Demoro alguns segundos pra cair na realidade. Miranda está me beijando. E dessa vez, não fui eu que a fiz calar. Foi totalmente ao contrário.

O beijo demora alguns segundos e ela se afasta sorrindo. Contenho-me para não pedir mais.

Ela se aproxima de mim e sussurra no meu ouvido:

—Alguém já te disse que você fala demais seu grande idiota?

Ela sorri e entra no carro.

◄►

Na manhã seguinte, não consigo pensar em outra coisa a não ser ela. Nem a dor que sinto na minha perna direita afasta esses pensamentos.

Fui ao hospital na madrugada. Minha mãe me levou. Levei alguns pontos, mas nada demais.

Carter nos acompanhou e ficamos em silêncio na ida e na vinda.

Não consigo de nenhuma forma tirar Miranda de meus pensamentos. Será que devo ligar pra ela? Mandar mensagem ou alguma coisa do tipo? Não sei o que eu faço. Acho que eu poderia ficar assim pra sempre. Relembrando aquele momento.

Estou deitado quando Carter entra em meu quarto.

—Como tá a perna? —Ela pergunta, deitando ao meu lado.

—Só um pouco de dor. —Respondo. Não sei o porquê, mas sorrio.

—Tá sorrindo desse jeito por quê?

—Nada. É só que... —Não consigo terminar de falar. Devo estar parecendo àquelas pessoas bobas, rindo por qualquer coisa, mas nesse caso, não é qualquer coisa.

—Fala. —Ela diz sorrindo.

—Miranda. —É a única coisa que consigo dizer.

—O que tem ela?

Demoro algumas frações de segundos pra responder.

—Ela me beijou. —Digo por fim.

—Ela o que?

Sorrio.

—Eu comecei a falar e ela de repente, me beijou.

—Eu sabia. —Carter diz sorrindo.

—Sabia o que?

—Que vocês ainda se entenderiam. Nem precisaram da minha ajuda.

—Da sua ajuda? —Digo confuso.

—Eu meio que ia te ajudar com ela no baile. Você sabe... —Carter começa a dizer. —A se entenderem.

“Ela vai adorar”. Então era sobre isso que elas estavam falando.

—Birdy não tava muito a fim de ajudar, quer dizer, ela caçou confusão ontem. —Digo, confuso.

—Você sabe que a Birdy é complicada. E ela estava bêbada. Mas ela ia ajudar.

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

—Então, chamou ela? —Carter quebra o silêncio.

—Chamou quem? —Digo e tenho certeza, aquele beijo me deixou lesado.

—MEU DEUS! SEU IDIOTA! A Miranda é claro. Você não chamou ela pra ser seu par no baile?

—Eu não... —Começo a dizer.

—Você é retardado cara! —Carter diz rindo. —Você tinha que chamar ela.

Penso por alguns segundos. Será que ela aceitaria ir comigo? Quer dizer, as coisas andaram meio estranhas com a gente nos últimos dias.

—Não é tarde demais. —Carter diz.

Sorrio e digo:

—Não é.

◄►

O baile (se fosse ontem, eu chamaria de festa estúpida), mas agora... Faltam algumas horas para o baile. Não sei exatamente que horas será, mas tenho que arranjar tempo para convidar Miranda.

Carter se oferece pra buscar minha roupa.

São 15:00 quando finalmente tomo coragem e sigo para a casa de Miranda.

Estou, definitivamente, soando frio. Toco a campainha três vezes e segundos depois ela aparece na porta. Está com os cabelos soltos e está usando uma camisa xadrez e uma calça moletom.

—Oi. —Digo sorrindo.

—Oi. —Ela diz sorrindo. —Entra eu...

—Não. Eu meio que preciso falar uma coisa agora, antes que eu não consiga.

Sinto minhas mãos gelarem e tenho certeza que estou corando nesse exato momento.

Ela sorri.

—Eu sei que está completamente em cima da hora e eu sei que as coisas andaram estranhas com a gente ultimamente, mas... —Faço uma pausa, me recompondo. —Quer ir ao baile comigo?

Me preparo para a resposta.

Ela sorri e se aproxima de mim. Envolvendo-me em um abraço.

E entendo essas ações como um sim.


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