POV Jean Grey

A noite havia chegado e eu e Piotr não conseguimos achar um local onde dormir e por isso ficamos vagando pela cidade. Para nossa sorte, São Francisco deu uma acalmada quando a lua apareceu, mas ela estava duplamente assustadora. Os policiais e militares ficavam rondando as ruas e revistando as pessoas, era como viver em estado de guerra. Seguimos outros adolescentes que estavam se desviando dos tira e acabamos indo parar em uma escola abandonada.

As paredes do local estavam completamente pichadas, por dentro estava uma bagunça danada e estava totalmente lotada de jovens mutantes e humanos. Alguns namoravam em cantinhos, outros estavam fumando, havia os que se esquentavam em fogueiras e os que estavam fazendo exatamente nada, e era nessa categoria que eu e meu amigo nos encaixávamos. Atravessamos toda a escola, que não era muito grande, e fomos para os fundos que tinha algumas pequenas quadras de esportes. Onde terminava a escola e começava a rua estava a enorme muralha metálica que nos prendia naquela cidade, alguns garotos estavam mijando no local, vi alguns mutantes usarem seus poderes contra a parede e outros apenas desenhavam e escreviam naquilo.

Colossus achou um banco para sentarmos e ficamos olhando as pessoas a nossa volta.

– Parecem pessoas legais. – Ele disse sem tirar os olhos de um grupo de garotas que o encaravam desde que chegamos. Não podia culpá-las, Piotr era realmente atraente, alto, moreno e musculoso, mas eu tinha ciúmes de meus amigos.

– Nem todos. – Desviei o olhar daquelas garotas e olhei para o outro lado. – Tirando a parte ruim disso tudo, aqui vemos mutantes e humanos juntos, se escondendo, mas juntos. Qual foi a ultima vez que vimos isso?

– Nunca vimos.

De repente um vento forte bateu em nós, mesmo com a muralha nos protegendo de ventos. Do nada surgiu um garoto em cima de um caixote, ele tinha os cabelos cinzas prateados, com um óculos estranho na cabeça e usava roupas rasgadas. Ele olhou para trás, para a porta, e de lá saiu um garoto loiro, uma garota com um enorme casaco amarelo e um baixinho feinho que se juntaram ao garoto que surgiu do nada. Aquele grupinho conseguiu a atenção de todos ali e até os que estavam do lado de fora da escola entraram para vê-los.

– Obrigado a todos que vieram. – Ele começou dizendo. – Sei que muitos tem casa e poderiam estar seguros com suas famílias agora, mas outros não tem onde ficar e nem onde se esconder. Sei que alguns que estão aqui são humanos e outros são mutantes, uns são meus amigos outros nem conheço, mas gostaria de toda atenção de vocês. Não sei se vocês estão por dentro da situação de São Francisco...

– Por fora que não estamos – uma das garotas que olhavam para Piotr brincou e todos riram.

– É, infelizmente. Mas como eu ia dizendo, nossa situação está estranha e confusa. Uma mutante que muitos já conheciam, talvez não pessoalmente, Emma Frost ou Rainha Branca, criou essa confusão. Não sabemos exatamente o que ela quer com isso, mesmo com o seu discurso hoje mais cedo, ela não disse nada com nada, mesmo dizendo coisas a favor dos mutantes, nós mutantes sabemos que ela não está nem aí para nós, só pensa nela.

O garoto loiro se colocou na frente e começou a falar. – Mas sabemos como ela criou essa muralha de metal. Uma amiga nossa possui o dom de manipular metais e ela foi capturada pelos mutantes seguidores da Rainha Branca, e acreditamos que ela forçou nossa amiga a criar isto. Talvez muitos de vocês estão me ouvindo e se perguntando o que tem a ver com isso, e eu digo tudo. Essa é a cidade de vocês, é a vida de vocês e a identidade nossa. Ela está fazendo coisas em nome dos mutantes e está afetando nós e os humanos, podemos não gostar muito de humanos, mas muitos são de nossas famílias ou nossos vizinhos. Não sabemos o porquê da policia não fazer nada para pará-la, mas sabemos que não podemos deixar as coisas assim.

– Mas nós somos apenas adolescentes e ela tem uma gangue inteira. – alguém da multidão gritou sem revelar a identidade.

– É verdade, mas nós também podemos formar um exercito. Somos mutantes assim como eles, os humanos podem ajudar de outras formas, mas não podemos apenas ignorar isso e ir para casa dormir. E quando a comida da cidade acabar, ou a água, ou faltar remédios nas farmácias? Sabem o que vai acontecer? Teremos que nos ajoelhar e implorar a ela por misericórdia, porque se ela trancou a si própria é porque ela esta preparada para isso, mas nós precisamos nos preparar para eliminá-la.

– É isso aí, temos que acabar com essa vadia! – Gritou um rapaz negro e após falar sua pele ficou tomada por espinhos.

– Pessoal venham ver na TV! – Um garoto saiu de dentro da escola gritando, chamando todos para entrarem e ver.

A multidão toda foi de atrás, eu e Piotr fomos juntos, mesmo que estava difícil de ver, podíamos ouvir. Era o prefeito da cidade dando um comunicado, ele disse que tentou lutar contra a situação que São Francisco se encontra, mas ele e a sua família foram pegos e agora ele estava entregando seu cargo a Emma Frost, a Rainah Branca.

– Boa noite cidadãos da White City, isso mesmo, hoje esse local deixa de ser São Francisco para se tornar minha cidade, meu reino. Podem tentar fugir, duvido que consigam. Podem pedir ajuda, boa parte da policia está do meu lado, os “bonzinhos” não possuem armas para lutar e eu tenho meu próprio exercito. Alguns já devem ter notado que não tem como contatar o lado de fora. Vocês podem estar bem atualmente, mas a boa vida irá acabar e vocês irão precisar de mim, por isso não lutem, não rebelem que será o melhor para todos nós. Atualmente meus peões negros estão tomando o hospital, e quem não ser leal a mim não terá direitos médicos, já tomei posse da reserva d’água e tenho minhas próprias reservas de comida e outros suprimentos. Não temam humanos e mutantes, posso estar lhe tirando a liberdade, mas grandes pesquisadores já diziam que a humanidade só vivera em paz sobre o comando de um grande ditador. Não sou um grande ditador, sou uma grande rainha. Não venham contra mim, que teremos paz, me obedecem que terão comida e tudo o que precisarem. Sejam também meus peões, aos mutantes que querem fazer parte do meu exército, venham ser bem recebidos, e aos humanos que querem ajudar, a todos os humanos que querem fazer parte disso, eu lhe os ofereço a evolução da ciência, da religião e da humanidade. – Alguém lhe passa um pequeno frasco que possui fragmentos, como lasquinhas de diamante. – Isso é o que eu chamo de Diamante Branco. É uma droga inventada por cientistas financiados por mim, mas não é apenas uma substancia para te deixar em alto astral, ela altera seu genoma, seu DNA. Ela irá transformar os humanos em mutantes e não se preocupem, eu tenho o suficiente para todos vocês, meus queridos cidadãos de White City. – Quando ela termina de falar passa uma logo escrito “White City TV” e depois começa a passar propagandas sobre ela e o seu reinado. Uma garota joga um raio na televisão e ela explode.

– Isso é loucura. – Piotr fala baixinho no meu ouvido, assim como ele, todos estavam perplexos.

O garoto loiro, que pelo que pude ler de seus pensamentos se chamava Alex, subiu na mesa e chutou a televisão.- Precisamos agir o mais rápido, agora mais do que nunca! – Ele deu uma pausa e ergueu seu braço com o punho fechado, seu braço era tomado por uma energia vermelha translucida. – Quem está comigo?

Não demorou muito e todos que estavam ali ergueram seus braços da mesma forma, notei Piotr ao meu lado transformar apenas seu punho em aço e a nossa volta vários mutantes disparavam seus poderes.

Alguns minutos depois já estávamos todos indo em direção ao Clube do Inferno, e pelo que parece é a nova prefeitura da White City. Alguns mutantes e humanos se separaram do grupo maior para procurar mais pessoas para se juntar a nós, e logo nós já estávamos próximo ao local da batalha. Mas antes de mesmo de vermos o enorme letreiro do clube, observamos toda a multidão que estava em volta do lugar.

– Não pode ser! – A garota que andava com Alex gritou, ela usava uma jaqueta amarela muito chamativa.

– Eles estão aqui por causa daquela droga? – Alex perguntou alto, mesmo sem perguntar para alguém em especifico, e ele parou de caminhar e todos pararam.

– Ela está dando a chance deles serem alemães puros durante a Segunda Guerra. – Eu disse sem falar muito alto, mas o suficiente para eles terem ouvido.

– O que? Eles estão ali por causa do Diamante Branco. – O garoto que parecia mais um peixe do que humano disse.

– Ela quis dizer que Emma está oferecendo a eles uma opção mais fácil do que lutar. – O loiro ficou me olhando por um tempo e depois voltou a fitar a multidão.

Antes do “nosso líder” dizer algo, dar alguma ordem, lá na frente começou a dar uma confusão, era perceptível pelos gritos e barulhos estranhos. Corremos até lá a ponto de ver alguns humanos se tornando mutantes, na verdade estavam mais para monstros. Alguns criavam garras e asas, outros ficavam gigantes e alguns multiplicavam partes do corpo.

– Que coisa horrorosa! – A morena de casaco amarelo colocou seu óculos escuro, como se ela não fosse enxergar eles mais.

– Tem algo bem mais feio dentro deles. – Eu falei baixinho para Piotr, mas os outros me escutaram.

– Do que você está falando? – Perguntou o de cabelos cinzas.

– Não da bola para ela amor, acho que ela é esquizofrênica. – eu não precisava ler a mente dela para saber que não gostou de mim.

– Eu estou vendo algo dentro das mentes deles, até parece que está na alma deles. É um rosto estranho, com um sorriso maligno e olhos brilhantes e o resto de seu corpo é apenas sombras.