Ignored escrita por The Corsarian


Capítulo 5
Uma princesa de chicote


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi, sei que demorei um pouco, mas aqui estou eu!!
Viram a capa nova??Tá ou não tá super fodástica??
Haha ;P
Então gente, eu estou precisando de ideias de como vai ser a Arena...Eu pensei em umas coisas aqui, mas não consegui formar nada, então estou aberta a sugestões :D
Enjoy ;)



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Acordei e desta vez eu estava em meu quarto.Olhei pela janela e vi que deveria ser umas seis horas.Suspirei e fui tomar um banho, mas desta vez me secando e arrumando devidamente os cabelos.Saí do banheiro e sobre a minha cama havia uma roupa estendida.

Era uma blusa delicada e rosa, e uma calça de um tecido gostoso e confortável, de um lilás bem clarinho, quase branco.Vesti a roupa e quando me olhei no espelho, bordado com lantejoulas, um "04" estava estampado em minhas costas.

Antes de sair, resolvi avaliar minha aparência.

Eu tinha longos cabelos castanhos encaracolados, cabelos que iam até a cintura, e olhos tão castanhos quanto meus cabelos.Minha pele era clara como leite, bem diferente do tom bronzeado que a maioria das pessoas no Distrito 4 possuía.E eu era forte.Não forte como Mallon, mas com músculos medianos, aceitáveis para uma garota de dezesseis anos como eu.Talvez eu não fosse reconhecida por minha força, mas até que eu era bonita.

Bonita como uma sereia.

Talvez eu ganhasse alguns patrocinadores na Arena por minha beleza.

Suspirei e prendi meu cabelo num rabo de cavalo bem puxado, como de hábito.Saí do quarto e comi muito bem, e fui até onde eu deveria me encontrar com Andrea antes de ir pela primeira vez ao Centro de Treinamento.Encontrei-a sentada num sofá, fumando.Revirei os olhos e me sentei de frente para ela.

–Bom dia.-Cumprimento-a.Ela inclina a cabeça, cumprimentando-me de volta.

–É o seguinte, princesa, você ainda deve se portar como uma sereia ou princesa ou seja lá o que for, portanto, nada de ficar estalando chicotes por ai.-Diz minha mentora.Aceno com a cabeça, para indicar que entendi.-Muito bem.Então, para começar o treinamento, fique longe das armas o quanto puder.Fique nas estações sobre plantas e sobrevivência na Arena e tente descobrir algum talento novo.Deixe o chicote para as seções de treinamento particulares.

Assenti novamente com a cabeça, e Andrea fez uma pausa, dando uma profunda tragada no cigarro.Antes de voltar a falar, Andrea me fitou por um bom tempo.

–Agora vai lá, faça amizade com as pessoas certas, treine do jeito como te falei, e tente não estragar tudo.-Conclui minha mentora indicando com a cabeça que era para eu sair.

Obedeci sua ordem muda e me retirei da sala, indo até os elevadores e encontrando Mallon esperando na porta de um.Andei até ele e me coloquei ao seu lado.Mallon me olhou de relance, mas nada disse.Ficamos em silêncio enquanto esperávamos o elevador chegar ao nosso andar.Finalmente ele se abriu com um agradável "Tin" e entramos.

–Vai agora interpretar seu papel, princesa?-Perguntou Mallon divertido ao entrarmos no elevador.

–Ao menos eu sou superior a você, trator.-Retruquei dando de ombros.Mallon riu e se inclinou para meu ouvido.

–Mas numa luta entre um trator e uma princesa, quem vence, hãn, princesinha?-Ele sussurrou.Me arrepiei, afinal o recado era claro: Eu nunca venceria dele.

–Tudo pode acontecer.-Respondi fitando-o com certo receio.Chegamos ao Centro de Treinamento.Mallon sorriu.

–Mas pela lógica, uma princesa nunca conseguirá derrubar um trator sozinha.-Então ele saiu do elevador, dando o assunto por encerrado.

Uma mulher começou a falar, mas não escutei nenhuma palavra do que ela estava dizendo.Finalmente fomos liberados para podermos explorar as estações.Olhei em volta.Ali não era muito diferente do Centro de Treinamento do Distrito 4.Várias armas diferentes, mais do que eu conseguia enumerar.Mas havia muito mais do que só armas.

Fui de estação em estação, sempre evitando as armas.Só as usava quando tinha as seções de treinamento particulares com Andrea.Descobri que ainda conseguia manusear perfeitamente um chicote.

Mas dentre todas as coisas que se podia fazer naquele Centro de Treinamento, a mais importante para mim, foi fazer amizades, conseguir aliados.Aproximei-me de Mallon, e logo concordamos que seríamos aliados.Mas foi difícil achar outros aliados.

Os outros Carreiristas eram simplesmente metidos, enjoados e frescurentos demais.Já os outros tributos eram, ou inúteis, ou tão metidos quanto os Carreiristas.Por fim decidimos que somente eu e Mallon iríamos nos aliar, assim os outros Carreiristas ficariam com um número menor de pessoas, o que facilitava nossa tarefa de matá-los.

A semana de treinamento passou rápido.Tão rápido que eu nem consegui percebe-la passando.Num dia estávamos socados num Centro de Treinamento chato, e no outro estávamos numa salinha esperando nossos nomes serem chamados para a avaliação individual.

–Mallon Gott.-Uma voz chamou.Mallon se levantou, e estava prestes a sair quando eu disse:

–Boa sorte, trator.-Ele riu e respondeu:

–Para você também, princesa.-Então ele atravessou a porta e sumiu de vista.

Percebi que os outros tributos nos olharam quando trocamos aquelas palavras.É claro que poderia parecer estranho nós ficarmos desejando sorte um ao outro, mas eu achava desnecessário aquelas pessoas nos olhando.Suspirei, e aguardei a minha vez.Não demorou muito e chamaram meu nome.

Passei pela porta e fiquei de frente para os Idealizadores.

Fiquei feliz por ser uma das primeiras a me apresentar, afinal, agora eles estavam prestando atenção nas apresentações, mas eu duvidava que eles ficariam do mesmo modo até as apresentações dos Distritos 12 ou 11.Mas ao mesmo tempo fiquei nervosa, afinal, era como meu pai disse, quem iria conseguir matar alguém com um chicote?

Mesmo assim respirei fundo e fui na direção do chicote.Estalei-o a esmo algumas vezes, para depois começar a enrolá-lo em algumas coisas, como alguns bonecos.Então comecei a puxar os bonecos para o chão (acabei quebrando três deles). Acabei me empolgando, e estalando o chicote em todas as direções.Estalei-o em algumas caixas de madeira provocando alguns sulcos com grande profundidade.Derrubei um peso de uns oitenta quilos, enrolando o chicote em sua base e puxando-o.

Logo tudo a minha volta parecia estar destruído.E foi então que eu descobri uma coisa sobre mim que eu não sabia: eu poderia ser uma máquina de matar com um chicote daqueles.

Virei-me ofegante para os Idealizadores.Eles me olhavam impressionados, pareciam incapazes de acreditar que uma pirralha fraca como eu, conseguiu destruir tudo ao alcance de seu chicote.

–Está dispensada, senhorita Banks.-Disse um dos Idealizadores.

Sem dizer nada, coloquei o chicote no lugar e saí pelo elevador, ouvindo os cochichos dos Idealizadores atrás de mim.

Cheguei ao quarto andar orgulhosa de mim mesma.Eu me sentia satisfeita e com o sentimento de dever cumprido.Quando cheguei na sala vi Mallon esparramado em um dos sofás, comendo uma enorme barra de chocolate.Assim que entrei na sala, ele sorriu.

–Como foi sua apresentação, princesa?-Indagou ele, não aparentando curiosidade nenhuma.

–Bati em algumas coisas com o chicote.Nada demais.-Digo dando de ombros e me esparramando em outro sofá.Chamei um Avox e pedi um chocolate quente.-E a sua?

–Enfiei as espadas nuns bonecos e eles me dispensaram.-Responde Mallon também dando de ombros.

–Interessante...-Comento sem humor enquanto bebo o chocolate quente que me trouxeram.

–Quanto você acha que eles vão te dar?-Questiona ele, depois de uma pequena pausa.

–Sei lá.Talvez um cinco ou um sete.-Chuto minha nota.Realmente eu não sabia qual seria realmente minha nota, mas esperava que fosse maior que sete.-E você?

–Eu espero tirar um dez ou algo assim.Notas baixas espantam patrocinadores do mesmo jeito que água espanta abelha.-Falou Mallon.Arregalei os olhos.Era verdade, quanto mais alta a sua nota, mais patrocinadores.Também a chance de você ser caçado pelos outros era maior, mas isso era o de menos.

–Verdade.Mas a nota não importa.Poderíamos estar escondendo nossos talentos de propósito para tirar uma nota baixa e não sermos caçados.-Digo pensativa.Acrescento:-Poderíamos estar fazendo que nem aquela garota do sete, Johanna.Tirar uma nota baixa, aparentar ser fraca, só para desviar a atenção e depois sair por aí matando todo mundo na surdina.

–Poderíamos fazer isso.Mas não fizemos.-Lembra-me Mallon.Concordei com a cabeça.

–É, não fizemos.

–O que vocês não fizeram?-Indagou Aank, sentando-se em cima de mim.

–Fingimos ser fracos para desviar atenção.-Explico empurrando Aank para o chão.

–Bem, não acho que isso tenha sido a estratégia que vocês planejaram, não?-Pergunta Aank voltando a se sentar em cima de mim.

–Sai daqui seu gordo!-Reclamo empurrando Aank para o chão de novo.

Ele apenas riu e voltou a se sentar em cima de mim.Eu ia reclamar de novo, mas logo Andrea, Adeely e Belby (O estilista de Mallon) chegaram para assistir as nossas notas.Andrea se sentou ao meu lado e sussurrou em meu ouvido:

–Não admito uma nota menos que dez.

Congelei.O que Andrea faria se eu tirasse uma nota menor que dez?Ela iria se recusar a ser minha mentora?Ou iria me castigar ou algo assim?Afastei esses pensamentos da minha mente.Ela não poderia fazer nenhuma das duas coisas.Mesmo assim eu esperava tirar um onze ou algo assim.

Então as notas começaram a ser anunciadas.Os dois do um tiraram um dez, assim como os do dois.O tributo feminino do três tirou um quatro e o masculino um seis.Então chegou a nota de Mallon.Um dez.É claro que era um dez, afinal, ele ganhava automaticamente cinco pontos por ser do tamanho de um trator.E outros três por ter músculos maiores que os de um touro.Mesmo que Mallon tivesse rolado no chão durante toda a apresentação ele ainda teria ganho um oito.

Então chegou a minha vez.Minha foto brilhou na tela, e antes de a nota aparecer, fechei os olhos com força.Eu não queria ver o estrago que provavelmente aconteceria se eu tivesse tirado um quatro, por exemplo.

Mas no momento em que fechei os olhos, e ouvi os sons de surpresa, pensei que eu tinha conseguido ser a primeira pessoa nos Jogos a tirar um zero.Mas assim que abri os olhos, pronta para ver a pior nota da história dos Jogos Vorazes, tive um deslumbre do número doze na tela, antes de ele piscar e desaparecer.

Meu queixo caiu.Um doze.Eu tinha conseguido um doze.Eu consegui um dose por estalar um chicote em várias coisas.Um doze.A nota máxima.

Eu ainda não estava acreditando.Mesmo quando todos me abraçaram, eu não conseguia entender como havia conseguido tirar uma nota tão alta.Então Andrea parou na minha frente, fitando-me.

–Como?-Perguntei.Andrea sorriu para mim.

–Vai ver eles gostaram do fato de você ser a única pessoa a usar um chicote.E muito bem, pelo visto.Agora eu é quem pergunto, o que você fez lá dentro?-Diz Andrea, aparentando felicidade pela primeira vez desde que eu a conheci.

–Eu..Eu só estalei o chicote algumas vezes, eu não sei como consegui essa nota, eu...-Tentei explicar-me,ou ao menos entender como eu tinha conseguido aquilo.Mas Andrea apenas gargalhou.

–Sabe, eu não me importo!-Exclamou ela.Então ela gargalhou de novo e me abraçou.-Você é a primeira garota que eu treino que vale a pena apostar!

Fiquei feliz por saber que Andrea estava apostando em mim, fiquei feliz por ter tirado um doze, por ter uma chance de vencer.Mas assim que me afastei de Andrea, vi que ninguém estava mais feliz que meu irmão, que me abraçou com força, gargalhou, me elogiou e disse palavras de incentivo.

Mas em nenhum momento vi Mallon ficar feliz.Na verdade sua cara pareceu se azedar ainda mais quando viu minha nota.Cheguei perto dele, finalmente alegre por conseguir ser melhor que ele em alguma coisa.

–Então, quer dizer que pela lógica, a princesa nunca vence um trator sozinha?-Provoquei.Ele fez careta.Eu ri.Então me inclinei em seu ouvido e sussurrei:-Tenho uma notícia para você: a princesa acompanhada de um chicote, dá de doze a dez no trator.

Então dei-lhe um beijo estalado na bochecha e me tranquei no quarto, com uma felicidade incalculável dentro de mim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e não esqueçam de dar sugestões sobre a Arena nos comentários, e é claro, a opinião sobre o Cap. né :3



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