Ignored escrita por The Corsarian


Capítulo 15
Escutar Conversas Talvez Não Seja Tão Errado


Notas iniciais do capítulo

Oeee o//
Gente eu fiz as contas e acho que a história acaba no lá para o capítulo 26, ou 27, por aí.
Se preparem para muita, muita emoção, e para ver a nossa Annelise boca suja e chatinha, de um jeito diferente, em todos os sentidos.
Espero que gostem :3
Enjoy ;)



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Fiquei vigiando a noite toda, e quando Mallon acordou, ele logo foi embora, dizendo que precisava fazer algo. Estranhei muito isso. Ele já tinha saído ontem, hoje também iria sair?

Mas não questionei.

Fiquei sentada ali por um bom tempo, até finalmente ouvir um barulho lá fora. Coloquei a cabeça perto da "janela" para observar quem era, e quase pulei de susto ao ver os Carreiristas. Mordi o lábio, com medo de eles me encontrarem.

Arrastei os sacos de dormir na entrada, tapando boa parte da visão, deixando somente uma fresta para eu ver o que se passava lá fora.

– Cadê aquele babaca?! - Rosnou a menina/menino do 1.

– Sei lá... - Murmurou a outra garota, a do 2, a que falava muito. Deline. - Ele combinou de estar aqui, mas agora pareceu acovardar. Eu vi na cara dele ontem. Vai ver ele gosta da menina.

– Cale a boca, Deline - Murmurou o outro cara do 2. Foi então que eu coloquei a cabeça para funcionar.

Só tínhamos sobrado nós na Arena. Eu, Mallon e os Carreiristas. Um dos caras já estavam ali, e o único outro homem da Arena era Mallon, e a garota do 1 estava esperando um homem.

Não.

Não podia ser. Mallon não faria isso. Ou faria?

Suspirei e esperei para ver no que dava.

– Você só fala merda. Deveria fechar logo o bocão e usar suas facas, já que é a única coisa que faz direito. Além do mais, ele disse que a garota está por perto, quer que aquela vadiazinha de bosta escute você? - Disse o cara do 2 gélido, agarrando a adaga no cinto.

– Ali está ele - Apontou a garota do 1.

E realmente ele estava ali. Mallon. Me contive para não matá-lo ali mesmo. A raiva subiu pela minha garganta, deixando um gosto amargo em minha boca, apertei os punhos até tremer e tive que me conter o máximo possível para não matar Mallon ali mesmo.

Aquele filho da puta desgraçado!

Como pôde?!

Engoli em seco, mordendo a mão para não falar nada. Apenas escutei.

– Olá, finalmente chegou! - Exclamou Deline com um sorriso malicioso. - Estava transando com sua mais nova putinha?

Então ela soltou uma gargalhada alta. A garota do 1 lhe deu um tapa na boca.

– Cale a boca, Deline - Ela sibilou. - Se disse mais uma palavra, morrerá aqui mesmo.

– Pra que ser grossa... - Murmurou manhosa a do 2.

– Quero saber quando esse joguinho acaba, 4 - Começou a garota/garoto/brutamontes. - Estou cansada de esperar para esses Jogos acabarem. Quando a garota morre?

– Breve. Amanhã, no mais tardar - Falou Mallon baixinho, mas do tipo culpado, sim do baixinho de "não quero ser ouvido".

Mordi com mais força a mão. A vontade de bater nele era enorme, eu queria tanto sair dali para matá-lo imediatamente, que chegava até a doer. Mas eu seria morta pelos outros se fizesse isso, por isso mantive-me quietinha no lugar, apenas observando a cena.

Por um momento Mallon pareceu lançar um olhar assustado para a nossa "toca". Mas foi só impressão, pois ele desviou os olhos rapidamente.

– Bom mesmo, 4. Quero a garota fora do meu caminho, depois iremos pensar em lutar - E dizendo isso, a 1 deu as costas e foi embora, seguida pelo par do 2.

Mallon saiu de minha vista, dando as costas para o grupo também, andando em direção ao labirinto. Eu não sabia o que ele ia fazer, e muito menos queria saber.

Soltei a mão e vi que ela sangrava de tanto que eu mordi.

Xinguei Mallon baixinho, de todos os os nomes feios ou não que eu conhecia.

Mas ouvi novamente barulhos lá fora e voltei a me sentar, quietinha, cobrindo a mão para ele não ver, pois senão ele faria perguntas.

Mallon entrou pela "janela" e estava com um sorriso no rosto. Minha vontade de arrancar aqueles sorrisos no tapa teve que, infelizmente, ser contida. Eu guardaria aquela raiva para depois. Para mais tarde. Para a hora certa.

– Olhe o que eu encontrei! - Mallon exclamou, estendendo um paraquedas.

Não pude deixar de ficar feliz. Agarrei o paraquedas, abrindo-o, e retirando dali um potinho. Ao abri-lo também, vi uma quantidade média de um produto cremoso e verde. Ele tinha um cheiro forte e desconhecido. Era um cheiro bom no entanto, agradável para mim, já que tinha um cheiro familiar de remédio.

– É uma pomada curativa - Digo baixinho. Mallon sorriu.

– Vamos testar seus efeitos então!

Logo ele sentou-se pertinho de mim. Lembro da noite anterior, que eu tinha ficado toda animada e nervosa com sua aproximação. Agora eu sentia nojo, ódio e raiva com ele por perto. Mallon, como toda vez, abaixou um pouco minha blusa para tratar do ferimento do ombro. Foi então que ele encontrou um ferimento mais antigo, aquele das garras da ave.

– Tire o casaco, por favor - Pediu.

Eu o fiz somente para aliviar as dores de meu corpo. Mallon tratou de todos os ferimentos com aquilo, e logo eu sentia melhoras, com aquele remédio milagroso de efeito rápido.

Tratei de Mallon só para ele não desconfiar que eu estava diferente, do contrário, eu não o teria feito. Fiquei ligeiramente impressionada em como os sentimentos mudam assim, de uma hora para a outra. Ontem eu tinha certeza de que não conseguiria matá-lo. Hoje eu dificuldades para não fazê-lo ali, naquele momento.

Depois de tratar Mallon, me afundei nos sacos de dormir, bem longe dele de preferência. Foi quando eu tive vontade de cantar. Fazia tempo que eu não cantava, mas eu gostava tanto. Olhei para Mallon. Não queria que ele ouvisse, não queria que ninguém ouvisse.

Mas eu queria tanto fazê-lo...

Me contive novamente. Quantas vezes eu tinha reprimido meus desejos hoje?

Eu cantaria para Dicent quando chegasse. Cantaria todas as músicas que eu conhecia e ele escutaria todas elas, feliz e quieto, apenas aproveitando o momento.

Suspirei e fechei os olhos, mas o sono não vinha. Bufei e virei para o outro lado. Lá fora começou a chover forte. Dentro da "toca" apenas algumas leves e finas gotas caíam de vez em quando.

Mallon me olhava atentamente, parecendo captar cada movimento meu. Resolvi não dormir. Ele poderia me matar enquanto eu estava adormecida. Eu não correria esse risco. Fingi fechar os olhos, deixando uma pequena parte aberta para eu monitorar Mallon. Então fingi ressonar para parecer estar adormecida de verdade.

Mallon me observava atento, seguindo meus movimentos com os olhos, como se estivesse obcecado por mim ou algo do tipo. Eu queria mandá-lo olhar para o outro lado, mas acho que mesmo que eu o fizesse, ele não obedeceria.

Depois de um longo tempo, em que Mallon me observava sempre, ele começou a acariciar meu rosto.

– Não está com sono? - Indagou. Arregalei os olhos incrédula.

Como ele sabia que eu estava fingindo?

Suspirei e me rendi, ficando sentada ao seu lado.

– Não. Estamos quase no final e eu estou morrendo de nervoso - Balbucio. Tomara que ele acredite. A verdade? Eu estava louca para acabar com todo mundo e finalmente vencer aquela coisa, voltar para casa e me afastar de tudo e de todos.

Ficar só com Dicent talvez, então eu o sustentaria e ele nunca passaria fome outra vez.

– Eu também me sinto assim - Ele apenas murmurou e não continuou a conversa.

Ficamos em silêncio, um ao lado do outro pelo resto da noite.

Agora matá-lo parecia tão fácil quanto respirar.

Talvez assim seja melhor.


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