Ignored escrita por The Corsarian


Capítulo 13
Uma Princesa Fraca


Notas iniciais do capítulo

Oiii voltei e dessa vez voltei certinho, de novo :3
Me sinto tão alegre e com a sensação de dever cumprido!! *--* Sou tão boazinha!!!
Bom, mas agora eu tenho um recadinho sobre esse capítulo, se preparem para shippar, chorar, vomitar arco-íris, porque esse capítulo vai abalar as estruturas de alguns...
Enjoy ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/518541/chapter/13

Além de acordar com o maldito pesadelo, o estrondoso, e inconfundível som do canhão, invadiu meus ouvidos. Acordei gritando, mas logo Mallon tapou minha boca.

– Shhhh... - Ele sibilou em meu ouvido. Fiquei com mais medo ainda.

Depois daquele sonho, eu duvidava que fosse olhar para Mallon da mesma maneira que antes.

Lentamente, meu aliado foi retirando a mão de minha boca, permitindo-me ficar ofegante, que era o que eu queria desde o começo. Mallon me olhava com curiosidade

– Pesadelos? - Sussurrou ele. Assenti rapidamente. - Quer continuar de vigia?

Assenti novamente. Ele deu de ombros e se deitou sobre meu colo. Eu podia ver o grande curativo que tapava sua ferida. Eu nem queria ver a ferida por baixo daquilo, mas eu sabia que teria que fazê-lo uma hora ou outra.

Coloquei minha mão sobre o rosto dele, tentando tapar aquela visão horrenda dali. Mas novamente, meu sonho me assolou. Afastei a mão rápido. Não sei porque ter medo de um sonho, mas decididamente eu estava amedrontada.

Olhei para fora da caverna. O céu estava tão escuro, que parecia ser completamente negro. As estrelas não brilhavam, e alguma nuvem tapava a linda luz da lua.

Fiquei completamente desperta até a manhã chegar. Não adormeci uma única vez, com medo dos sonhos que poderia ter. Acordei Mallon quando o sol estava quase nascendo. A dor em meu ombro já estava insuportável, e o corte em minha garganta também não estava nada legal.

Assim que Mallon acordou, a primeira coisa que fez, foi verificar o estado de meus ferimentos. Enquanto ele limpava o machucado horrendo em meu ombro, olhando para seu trabalho com uma expressão concentrada, me peguei pensando novamente em minha decisão. Mallon teria que morrer, assim como muitas outras pessoas. Para ser mais exata, ele e mais sete pessoas teriam que morrer.

E eu não estava muito contente com isso. Estava certo que eu tinha matado umas poucas pessoas até agora, mas eu não me sentia bem com o fato de voltar para casa, à custa do sangue de outras pessoas. Não achava algo honroso ser glorificada por matar gente.

E novamente pensei na besteira que tinha feito. Se eu não tivesse levantado minha voz naquela hora, se a raiva não tivesse me dominado, eu estaria em casa, olhando para a superfície do lago, talvez com Dicent ao meu lado. Mas certamente eu não estaria matando pessoas. Não estaria fazendo escolhas, que poderiam me matar, ou me salvar. Eu estaria em meu Distrito, vivendo minha vidinha.

Gemi de dor ao sentir Mallon limpar a área que a flecha me atingiu.

– Desculpe - Murmurou ele. Mallon estava sério, e olhava preocupado para meu ferimento. Na hora, fiquei assustada.

– O que aconteceu? - Perguntei rapidamente. Ele levantou os olhos para mim, parecendo incerto.

– Não vou mentir, o ferimento não está nada bonito - Ele me disse com sinceridade. Mordi o lábio. - É um pouco profundo, e sem querer te assustar, fico impressionado que tenha sobrevivido. É um machucado bem sério, Anne.

Fiquei calada. E então uma urgência me atingiu.

– Quanto tempo ela pode ficar sem tratamento? - Rebato dura. Ele me olha penosamente.

– Não sei, talvez quatro dias, uma semana no máximo - Murmurou Mallon. - Ele é muito sensível, se abre com facilidade. Você precisaria levar alguns pontos.

Assenti de leve. Merda. Mil vezes merda. Eu preciso vencer essa coisa em uma semana, ou estou morta.

Olhei de relance para Mallon. Meu Deus, como eu conseguiria matá-lo?

Apenas me calei mais uma vez, e deixei Mallon cuidar de minha ferida. Logo Mallon estava cuidando da ferida em meu pescoço. Suas mãos trabalhavam com rapidez e leveza, provocando-me cócegas. A dor ali era um pouco menos acentuada, e eu conseguia aproveitar o leve toque de meu aliado naquela região.

Desejei não gostar tanto de sua pele. Desejei não gostar tanto de seus dedos roçando de leve em meu pescoço, dos beijinhos que ele distribuiu depois que terminou o curativo. Desejei que aqueles beijinhos não subissem, desejei que ele não estivesse beijando minha boca.

Espera, o que?!

Foi então que me toquei. Os lábios quentes e macios dele, estavam sobre os meus. Ele não avançou muito mais, apenas tocou minha boca com a ponta da língua, então se afastou. Assustei-me por completo.

Mallon se virou, como se não tivesse feito nada de mais. Mas meus lábios não esqueceram. Eu não esqueci, por mais que quisesse fazê-lo.

Como eu mataria ele agora?

Soube, na hora que seus lábios tocaram os meus, que eu já tinha me perdido.

Eu já tinha sido puxada para Mallon, eu já o queria, eu já o amava. E eu não podia ter deixado isso acontecer!

Esfreguei a boca com força, tentando uma forma desesperada de esquecer, mas nada adiantou. Eu queria mais daqueles lábios, mais daquela boca. Fiquei desconfortável ao lembrar que, provavelmente, todas as câmeras estavam voltadas para mim agora. Eu queria mandar a todos, um belo dedo do meio, mas eu sabia que não podia.

Caso eu voltasse, o que eu planejava fazer, ninguém iria gostar de se lembrar de meu dedo do meio.

Quando Mallon voltou o olhar para mim, virei-me com vergonha e medo. Eu não queria que ele visse meus planos em meus olhos, eu não queria que ele tentasse me impedir, eu queria voltar para casa e esquecer de uma vez que ele existiu.

Mas eu sabia que aquilo era impossível. Eu me lembraria de Mallon pelo resto da vida, e carregaria o farto de tê-lo matado. Fechei os olhos. Que merda!

Saímos da caverna, e começamos a andar. Dessa vez eu podia andar sozinha, por mais que minha perna já estivesse toda fodida de novo. Eu mancava de leve, mas nada me impediria de correr, caso fosse preciso.

O dia estava muito quente, mas eu nem ao menos ousava retirar meu capuz. Não queria que Mallon me visse, e nem queria perder meus olhos nos dele. O chão de pedra, como sempre, estava ensopado, o que me fazia escorregar o tempo inteiro.

O dia parecia estar competitivo. Eu ouvia gritos altos, e desde manhã, até a hora em que o sol estava brilhando forte lá no alto, o canhão se fez ouvir por três vezes. E eu sabia exatamente quem eram as pessoas que matavam tanto.

Os Carreiristas provavelmente estavam furiosos por eu ter matado o líder deles, então estavam nos caçando, o que em si, não é nada divertido. Olhei para o lado, e Mallon não parecia muito preocupado com fato de que um ataque estava iminente.

Andamos por horas, até meus estômago roncar alto.

Depois de alguns dias sem comer direito, era óbvio que eu estava com fome. Paramos em algum lugar estranho, nos sentamos e comemos em silêncio. Nada de conversas, nada de comentários, nada de nada.

Olhei para o céu, e pensei no que Dicent estava fazendo.

Normalmente só ele vinha a minha mente em momentos como esse. Dicent e seus conselhos sábios, saberia claramente o que fazer, porque provavelmente, ele leria as emoções e Mallon e facilmente poderia prever seus movimentos.

Tentei ler as emoções de Mallon, mas como sempre, ele estava inexpressivo, os olhos duros e vazios, o rosto não deixava transparecer os sinais de uma pessoa viva. Mordi o lábio, dessa vez me perguntando o porque daquele beijo.

Porque diabos ele fez aquilo? Estaria ele planejando uma distração para me matar?

Por algum motivo, nunca me passou pela cabeça que Mallon tinha a intenção de me matar. Mas com somente cinco pessoas no jogo, além de nós, era óbvio que ele deveria estar planejando minha morte nesse momento, assim como eu planejo a dele. Afinal, ambos queremos vencer. Ambos nos voluntariamos, e queremos voltar para casa, seja pela glória, pelo dinheiro, pela família, e o que quer que fosse.

Mas o que aquele beijo tinha a ver com isso?

Ele planejava me distrair? Fazer eu me apaixonar por ele?

Aquilo não fazia sentido nenhum para mim.

Terminamos de comer e voltamos a andar. Não andamos muito, até eu ouvir um barulho. Um barulho irritante e contínuo. Franzi a testa, olhando em volta. Mallon também deveria estar escutando, pois olhava em volta como se alguém estivesse nos seguindo.

– O que será que é isso? - Ele indagou baixinho. Sacudi a cabeça, num claro "Não sei!".

Foi então que um estrondo alto foi ouvido, e a parede de pedra ao nosso lado se espatifou, lançando destroços para todos os lados. Protegi a cabeça com os braços assim que caí, mas nada parecia impedir as pedras de choverem sobre meu rosto.

Depois de um tempo abri os olhos, e vi o que mais que aterrorizou ver.

Uma enorme pessoa, parada ali no meio. Ela era anormalmente alta e forte, provavelmente era um dos bestantes que a Capital mandava como uma “diversão” a mais. Mas era suficientemente assustadora para me fazer tremer.

Olhei em volta, procurando Mallon, que já estava de pé, com a espada em mãos. Ele me olhou com firmeza, e fez um sinal com a cabeça. Mataríamos aquela coisa juntos.

O super cara que estava acima de nós abaixou o rosto, fitando-nos com atenção. Ele não parecia muito interessado na gente, mas não era o tipo de desinteresse em que o outro quer deixar a pessoas em paz. É o tipo “eu não quero você atrapalhando a minha vida”.

Resumindo, aquela coisa estava pronta para nos esmagar.

Mallon enfiou a espada no pé do super cara, que não pareceu ficar feliz com algo espetando seu pé. Estalei os dois chicotes de uma vez em seu rosto, o que o fez colocar a mão em concha sobre um olhos, era um bom momento para fugir.

Mas ele logo se recuperou, e parecia mais furioso do que antes. Ele abriu e fechou as mãos, como se quisesse nos dar um soco. Mas eu já sabia que ele estava cego de um olho. Tentei cegá-lo por completo, mas ele estava completamente eufórico, pronto para nos matar e ser feliz brincando com nossos ossos.

Soube na hora que não conseguiria matá-lo, e então corri.

Mallon correu atrás de mim, e assim fomos, correndo e se esgueirando pelos corredores, tentando desesperadamente despistar aquele gigante.

Depois de corrermos muito, e tropeçado mais um pouco, finalmente conseguimos fazer o gigante se perder no labirinto de corredores, e nos sentamos, encostando as costas na parede.

Meu ombro ardia como o diabo, e meu pescoço queimava mais que tudo. Gemi um pouco, limpando o suor da nuca, não atrevendo a tocar o ferimento. Olhei pelo canto do olho para Mallon, que tocava a bochecha com uma careta de dor.

Suspirei e me inclinei sobre Mallon, pegando a caixa de primeiros socorros. Cuidei de seu ferimento mais uma vez, limpando e logo vedando-o com o curativo. Mallon murmurou um obrigado e se virou, não olhando mais para mim, o que significava que ele estava me ignorando, o que não era nada bom, ao menos não para mim.

Balancei a cabeça. Quanto mais ele me ignorasse, melhor seria para mim, assim eu talvez conseguiria conviver com o fato de matá-lo. Ou talvez não.

E então ficamos ali, sentados, lado a lado, sem nada a declarar, apenas sentindo a presença um do outro.

– Acho que devemos procurar outro lugar para ficarmos. De preferência um mais escondido... – Comentou Mallon. Assenti de leve, e não proferi palavra alguma.

Andamos por mais um tempo, e logo encontramos um lugar que parecia bem escondido e confortável, porém muito estreito, então para cabermos ali, teríamos que nos espremer, e se apertar, ficando juntinhos, o que não me pareceu uma ideia convidativa, mas mesmo assim o fiz.

Logo Mallon estava me abraçando, e eu estava apertada em seus braços, sem pode falar nada, já que não tinha outro jeito. Mas ele pareceu se aproveitar da situação, envolvendo minha cintura com os braços, afundando o rosto em meu pescoço...

Aquilo não me deixava nem um pouco confortável.

Remexi-me, sabendo o porque de tanto desconforto. Eu odiava admitir, mas eu estava com medo de Mallon pelo sonho, e por causa do beijo. Sua aproximação de mim só me deixava mais amedrontada.

Mallon conseguiu, de algum modo, ajeitar os sacos de dormir dentro da nossa “toca”. Estávamos, os dois, amontoados ali, envolvidos por sacos de dormir, com uma pequena abertura que dava visão para o lado de fora, como uma janela. Lá fora ventava, e mesmo ali dentro, amontoada entre os sacos de dormir, e envolvida pelo calo de Mallon, eu sentia frio.

De repente, para o meu desagrado (ou não), ele começou a distribuir seus famosos beijinhos por meu pescoço, sempre tomando o cuidado de evitar meu machucado. Suspirei satisfeita, e me odiei no mesmo segundo. Eu não deveria gostar, eu deveria abominá-lo, sentir-me indiferente em relação a ele, para não ter medo de matá-lo quando chegasse a hora.

Mas eu era fraca e tinha me apaixonado por ele.

E tudo aquilo podia se resumir em uma única palavra: merda!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí?? O coração quase pulou pela boca meu povo??
Ai dá até dó de fazer isso com vocês :'(
SQN SOU MÁ MUAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Enfim, digam o que vocês esperam para o próximo capítulo, o que vocês querem para o próximo capítulo, sugestões, opiniões, tudo é bem-vindo!! :3