Ignored escrita por The Corsarian


Capítulo 12
A Força da Coragem


Notas iniciais do capítulo

Oiii o//
Voltei mais cedo, e como prometido, programei o capítulo... :3
Espero que gostem!!



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Pela segunda vez em menos de um dia, colocaram uma faca em meu pescoço. Mas dessa vez a pessoa não era fraca, e muito menos apertava meu pescoço frouxamente. Eu fiquei ligeiramente sem ar quando colocaram a faca em meu pescoço.

– Eu sabia que você não iria se afastar dela... - Rosnou o cara no meu ouvido. - Afinal, essa vadia precisa de alguém para dar essa bunda magra, não é?

Agarrei seu braço e tentei afastar a faca de meu pescoço, mas o cara era muito forte. Balancei as pernas, tentando chutá-lo, mas não consegui fazê-lo me soltar. Ele riu.

– Eu até prometeria terminar com isso rápido, mas você é tão engraçada, se debatendo, achando que vai escapar... - Ele debochou. - Acho que vou demorar um pouco mais...

Olhei para frente. Mallon não se movia, o que me deixou irritada. Ele tinha uma espada enorme preso ao cinto, obviamente ele iria acabar com àquele cara bem rápido se a sacasse. Mas por algum motivo, ele estava ali, parado, olhando para mim, enquanto um elefante colocava uma faca em meu pescoço.

Rosnei, tentando morder seu braço. Todas as minhas tentativas foram falhas. Nada funcionava, e pela primeira vez, considerei a hipótese de morrer. E fiquei apavorada.

Eu não queria morrer e isso era um fato verídico, e o pior era que meus motivos não eram nada heroicos. Eu apenas estava completamente aterrorizada com a ideia de morrer.

Senti a faca cortando minha pele, o sangue escorrendo por meu pescoço, o braço forte do cara apertando a minha garganta. E a cada segundo eu ficava com mais medo de morrer. Mallon continuava parado, o que me irritou mais ainda.

Se ele não iria me salvar, pelo menos ele deveria se salvar, não?

Debati-me mais ainda. O cara ria de minhas tentativas frustradas, e eu me apavorava cada vez mais a cada segundo. Eu não sabia se iria morrer ali, mas eu sabia que essa hipótese era muito provável.

Então pensei em Dicent, meu único incentivo para voltar. Então fechei os olhos.

Vamos Annelise! Pense! Você tem um cérebro para que garota?! Pense! Pense! Pense!

Mas nada brilhante me veio em mente. Então arrisquei. Mais uma vez balancei as pernas, e finalmente chutei em algum lugar, com toda a força que pude. Ao que pareceu, acertei em um lugar que doía, pois o cara me soltou na hora. Saí de perto dele e logo constatei que ele era o brutamontes do um. Estava claro que matar um monstro como aquele não seria fácil. Avancei até Mallon e peguei sua espada, e segurei-a firmemente com uma mão, e com a outra, agarrei meu chicote.

Se meu aliado não iria fazer nada, eu faria por ele.

Estalei o chicote no cara do um, e ele se contorceu de dor. Estalei o chicote nele mais algumas vezes e logo depois tentei enfiar-lhe a espada em algum lugar, mas ele agarrou minha pernas, derrubando-me no chão. Chutei seu rosto, e me levantei com dificuldade.

Estalei o chicote em seu rosto, marcando-o com uma listra que atravessava seu rosto. Aquilo não pareceu intimidá-lo. Ele se levantou também, por mais que eu tentasse impedi-lo. Logo ele já mirava uma flecha em mim. Acho que a flecha não acertou seu alvo, mas meu ombro certamente não gostou de ser ferido.

Gritei de dor, arranquei a flecha e estalei o chicote de novo. Dessa vez ele se enrolou nas pernas do monstrengo do um, derrubando-o no chão. Acho que ele tinha quebrado alguma parte do corpo, mas eu não estava me importando com isso. Eu só queria vê-lo morto.

Meu ombro doía como o inferno, mas eu me recusava a sentir a dor antes de ouvir o som do canhão indicando a morte do homem à minha frente.

Lembro-me de raramente ficar assim, com essa raiva que deixava um gosto amargo na boca, mas nos Jogos essa raiva vinha com frequência e mudava minhas ações. Me deixava mais corajosa do que eu realmente era, mudava minha personalidade de um modo assustador, me fazia escutar a minha parte psicopata, uma parte de mim da qual eu realmente não gostava.

Agarrei firmemente o cabo da espada e caminhei até o cara do um. Ele não iria se levantar tão cedo, então simplesmente atravessei seu corpo com a espada de Mallon. O canhão soou no mesmo instante, enquanto eu olhava satisfeita para meu trabalho, um sorriso maligno nos lábios, um prazer estranho correndo em minhas veias. Certamente todas as câmeras estavam voltadas para mim no momento. E eu gostava desse fato.

Olhei em volta, como se já fosse uma vitoriosa, mas nesse momento, senti uma mão me puxando para o chão novamente. Então o cara não tinha morrido. Havia sido outra pessoa, e o som do canhão coincidiu com aquele momento. Mas eu sabia que ele iria morrer logo logo.

– Se eu morrer, você vem junto, sua...vadiazinha do...cara...lho - Ele disse com o último resquício de fôlego que lhe restava. Eu vi a faca vindo na minha direção, e como um balão, minha coragem desinflou e o medo preencheu seu espaço.

Então, finalmente, meu aliado se moveu. Mallon me puxou pela mão, correndo comigo pelos corredores. Meu ombro doía muito, então eu gritei. Pensei que ia morrer por falta de sangue ou algo assim, mas Mallon não pareceu ligar, ele apenas me arrastava pelos corredores de pedra com ele.

E eu gritava, vendo minhas manchas de sangue no chão, e achando que iria morrer. E eu estava com medo, muito medo, eu realmente não queria morrer. Mas logo Mallon parou, escondendo-nos numa caverna estranha que ele tinha achado. Como sempre ele cuidou de meus horríveis ferimentos, e ficamos deitados, sentindo o prazer de estarmos vivos. O canhão logo soou, e eu soube que o cara do um estava morto.

Olhei para Mallon no escuro da caverna, eu ainda podia ver o machucado feio em sua bochecha. De repente quis recompensa-lo por todas as vezes que ele cuidou de mim. Em silêncio, cuidei de seu ferimento, limpei o sangue, a ferida, e depois coloquei um curativo sobre ela. E como ele sempre fazia, beijei de leve o local onde estava ferido. Ele sorriu.

– Obrigado - Ele agradeceu-me com sinceridade. Sorri.

– Não foi nada - E logo tudo ficou em silêncio novamente.

Meu ombro doía muito, e meu pescoço, onde o cara tinha cortado de leve, ardia ainda mais do que antes. Mas eu estava aliviada por estar viva. O simples fato de estar ali me deixava feliz. Depois de alguns minutos, como sempre, choveu.

Uma chuva fininha, gostosa de ouvir, uma chuva que dava sono. E eu estava cansada, tanto pela corrida, como pela perda de sangue. Encaixei minha cabeça no ombro de Mallon, que logo pôs-se a acariciar meus cabelos, sussurrando que eu realmente estava cansada, e que eu deveria dormir.

E eu o fiz.

E sonhei. Em meu sonho, eu estava em um lugar estranho, muito estranho, onde era tudo branco e não tinha nada nem ninguém, exceto por uma menininha encolhida em um canto. Ela se parecia comigo, e ao mesmo tempo não se parecia.

Ela usava uma blusa velha e gasta, e seus cabelos estavam bastante bagunçados, caindo sobre seus olhos. De repente, a garota abraçou seus próprios joelhos, e sussurrou "Eu quero ir para casa...voltar para minha casinha. Quero meu amigo, meu irmão, gente que me ama! Minha casinha, minha casinha..."

Ela sussurrava aqui repetidamente, e aquilo estava me assustando. Então ela começou a chorar. Do nada, Mallon surgiu em meu sonho, e com um golpe só, matou a garotinha. Soltei um grito de susto. Então ele me olhou e caminhou na minha direção, lentamente, como uma cobra caminha até sua presa.

Então eu senti medo, muito medo. Segundou depois eu vi sua espada zunindo a minha frente, e tudo ficou escuro.


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Notas finais do capítulo

Beijão ;*