Ignored escrita por The Corsarian


Capítulo 10
Dores e Amores


Notas iniciais do capítulo

Sorry pela demora, e eu sei que eu vivo me desculpando pela demora, mas esse ano estou toda atrasada com a escola por causa da Copa, e daí tem o atraso das minhas outras fics e uns rolos em casa...
Enfim, tudo isso resulta em demoras constantes, por isso, vou pedir um favorzinho para vocês, se eu demorar mais de uma semana, puxem minha orelha nas MP's :P
Vai ver dou um jeitinho em casa e posto mais cedo se vocês ficarem bravos comigo...
Mas ok! Desculpem o título meio bosta, é que eu tava meio sem ideias :P
Enjoy ;)



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O grito agudo que soltei ao me desviar do pássaro acordou Mallon. Assim que ele acordou o pássaro voltou a voar em minha direção, o bico afiado apontado para minha face, pronto para me matar, mas novamente me abaixei. Mesmo assim, o pássaro mudou rapidamente a direção e arranhou minhas costas com força, rasgando a capa e a blusa, marcando minhas costas dolorosamente.

Mas o peso do pássaro logo saiu de mim, e logo percebi que Mallon o havia espantado. Hesitante, levantei-me e olhei em volta. Agradeci por ter somente o pássaro morto e Mallon ali por perto.

– Precisamos ir -Disse Mallon com firmeza, passando o braço em torno de meus ombros e andando rapidamente para longe daquela árvore.

Eu andava mancando apoiada nele e a cada novo passo, minha perna doía mais e mais, assim como minhas costas, que ardiam como o fogo. O cansaço também não ajudava muito no processo de me mover. Mas eu não ousava parar de andar, mesmo com minha perna doendo e voltando a sangrar, mesmo com o sangue deslizando levemente por minhas costas, mesmo eu estando praticamente desmaiada pela perda de sangue e cansaço.

Mas mesmo com todos os meus esforços, não conseguimos andar muito, e logo já estávamos caídos num dos corredores do labirinto. Rapidamente Mallon cuidou me meus ferimentos e os limpou. Pensei que ele fosse brigar comigo por eu ser incapaz de andar nem sequer alguns metros, mas ele não disse nada, apenas sentou-se ao meu lado em silêncio.

Em poucos minutos adormeci, um sono profundo e sem sonhos, do qual só acordei quando era de tarde.

Mallon havia montado guarda, e permanecia acordado ao meu lado. Assim que abri os olhos ele trocou meus curativos, e disse para andarmos, pois precisávamos nos afastar rápido dali.

Andamos por poucos metros até eu sentir fome. Comemos um pouco dos biscoitinhos nutritivos e voltamos a andar. Permiti-me parar para pensar um pouco sobre os Jogos, e percebi que nada tinha alguma relevância até agora, a não ser pelo fato de não termos abastecido nossas garrafas de água desde o começo.

Foi então que me toquei que a única fonte de água que eu tinha visto até então, fora aquela piscina desta madrugada que passamos com pressa por causa dos Carreiristas. Ao perceber algo tão relevante como isso, repasso a informação para Mallon que fez uma careta.

–Você está certa - Ele me respondeu. - Realmente precisamos encontrar água, quero dizer, mesmo ainda sendo o começo dos Jogos, nossa água já está acabando e precisamos de mais.

Assenti e logo nosso objetivo era encontrar água.

Não era muito fácil se movimentar, já que eu era praticamente um peso morto, que mal se movimentava. Eu percebia a tolerância de Mallon, mas não demoraria muito e ele iria perder a paciência comigo, e eu sabia disso.Mas mesmo com toda aquela preocupação, eu não conseguia deixar de olhar para Mallon. Era óbvia a diferença entre ele e Dicent, mas eu não conseguia parar de compará-los, parecia que era algo inevitável de se acontecer.

Lentamente a imagem dele ia se distorcendo, mudando algumas coisas, até Mallon virar o próprio Dicent. Eu até conseguia ouvi-lo dizer "Hey, patricinha, ande vamos! Você consegue!". A imagem era tão real que tive que abanar a cabeça para afastá-la. Somente esse pequeno movimento me fez gemer em agonia.

Olhei nos olhos do garoto ao meu lado, que me apoiava e me ajudava a seguir em frente, procurando algum sinal de preocupação, ou até mesmo pena, mas seus olhos estavam inexpressivos, duros e escuros, sem vida e nenhuma emoção. Parecia que ele nem mesmo se importava em me carregar, ou nem ao menos ligava se eu estava bem ou não.

Suspirei baixinho. Era difícil saber que eu era um empecilho no momento e eu me odiava por isso. Eu queria ajudar, fazer alguma coisa, e não ficar ali, escorada em meu aliado, completamente inútil, olhando para ele e somente podendo lamentar que ele estivesse naquela situação.

Pensei que se alguém nos atacasse agora, morreríamos tão rapidamente que seria algo impossível de evitar. Estávamos numa posição vulnerável e lastimável.

Depois de horas sendo meio carregada, meio arrastada, finalmente achamos uma pequena fonte de água e abastecemos nossas garrafas de água. Ficamos por ali mesmo, já que era um lugar fresco e um dos poucos locais com grama e árvores do labirinto.

Eu estava completamente exausta. Ficar machucada daquele jeito e ainda ser arrastada por tantos metros, era algo cansativo que me deixava acabada. Mas eu sabia que Mallon deveria estar muito mais cansado que eu, então fiquei com o primeiro turno na vigia assim que a noite caiu. Mallon praticamente desmaiou dentro do saco de dormir com a cabeça em meu colo, enquanto uma chuva fina caia de levinho, mansamente acariciando minhas costas feridas.

O céu logo foi se tingindo de azul escuro, só para logo depois ser pincelado pelos milhares pontinhos prateados e brilhantes que eram as estrelas. Uma grande lua crescente enfeitava o céu escuro e aveludado. Era tudo tão lindo, tão maravilhoso, tão perfeito e calmo.

Perguntei-me se em casa, no Distrito 4, a noite também estava tão linda. Esperei que estivesse, esperei que Dicent estivesse fitando as estrelas e pensando em mim, torcendo por mim. Pisquei levemente, olhando para mais além do céu, tentando ver os planetas talvez. Mas eles não se revelaram, como o esperado. Mallon ressonava baixinho em meu colo, enquanto o vento gelado, junto com a chuva levinha, acariciavam meu rosto. Tudo isso me acalmava cada vez mais, mas ao mesmo tempo me deixava alerta para tudo.

Logo o hino de Panem ressoou alto pela Arena e céu se iluminou. Nenhum rosto apareceu esta noite. Eu estava dividida entre feliz e triste. Mas fiquei neutra, quase indiferente. Não seria uma imagem vaga no céu que atrapalharia meu estado de calma.

Inconscientemente minha mão passou os dedos pelos cabelos macios e molhados de Mallon. Suspirei, sentindo a maciez de seus cabelos perfeitamente loiros.

E isso me levou a pensar. A cada minuto em que eu afundava meus dedos nos cabelos de Mallon, eu ia me afundando mais e mais em memórias de casa e de como eu estaria se não estivesse aqui nesses Jogos, abandonada para morrer nesse labirinto imundo.

Pensei que eu estaria deitada na minha cama em casa uma hora dessas, e eu não conseguiria dormir, então eu iria me levantar e me sentar na janela, olhar para a lua e correr para pegar um papel e uma caneta para desenhá-la, ou até mesmo escrever um pequeno conto, só para no outro dia mostrá-lo para Dicent, que certamente iria elogiar e me pedir para escrever outro conto, desenhar outro desenho.

Então ele iria me levar para a árvore debaixo do lago, e iríamos conversar sobre nosso dia, revelar segredos, contar coisas que ouvimos. Então o papo iria acabar e eu iria colocar minha cabeça sobre os ombros dele, e ficaria ali até adormecer com os carinhos de seus dedos habilidosos sobre meus fios encaracolados.

À tarde eu acordaria e Dicent me convidaria para nadar no lago. Eu tiraria meu vestido e ficaria só com as roupas de baixo e pularia na água, com ele me acompanhando. Competiríamos nado, e eu venceria dele, como sempre. Depois comeríamos toda a comida de minha mochila e iríamos para casa.

Inconscientemente as lágrimas se misturaram com a chuva. Ah, como eu gostaria de estar em casa agora! O que eu não daria para ser ignorada pela minha família!? O que eu não daria para apanhar na mão de régua porque não fiz a minha lição? Eu faria qualquer coisa para estar em casa agora...

Meus olhos se voltaram para o garoto que dormia em meu colo. Seu rosto estava calmo, sereno, em paz, como se estivesse tendo bons sonhos. Parecia que era a primeira vez que eu via meu companheiro daquele modo relaxado. Mallon sempre parecia duro e frio, mas na hora em que dormia ficava tão belo, e fofo. Olhando para ele, eu tive vontade de dormir ao seu lado, mas fiquei somente ali, observando seus grossos lábios entreabertos puxando e empurrando o ar de seus pulmões, seus olhos se mexendo de leve, com os curtos cílios loiros e curtos tremelicando. Sorri, mas logo meu sorriso de foi.

Me doeu de leve pensar que ele teria que morrer para eu voltar para meu lar. Suspirei e sequei as lágrimas. Naquele momento ficou decidido, Mallon morreria. Eu não sabia quando e não sabia como, mas ele não sairia vivo dali. A única relação que temos é de aliados, e uma hora essa relação irá acabar, e quando isso ocorrer, Mallon morrerá. Tudo será como deve ser.

Eu não posso morrer. Eu não posso me apegar. Eu irei me machucar mas valerá a pena.

Olhei mais atentamente para seu rosto. Será uma pena vê-lo sofrer. Eu serei rápida.

Mas ele precisa ficar vivo, por ora. Eu preciso de proteção, e Mallon me dará isso. Ele só deverá morrer no final, e por minhas mãos. Ele só morrerá quando eu determinar que ele não tem mais uso.

Espantei-me com meus próprios pensamentos. Desde quanto eu era sanguinária e calculista desse jeito?

Olhei para o céu novamente, fitando as estrelas com atenção e me perguntando se um dia aquele inferno irá acabar.


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Notas finais do capítulo

Estou aberta a sugestões e consertos de alguns errinhos ou errões, e podem puxar a minha orelha e brigar comigo, eu tô merecendo :/



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