Speedy já havia procurado em toda a cidade, mas não viu nenhum sinal de Alex, Amanda e Duela. Era como se os vilões tivessem desaparecido no ar e agora só seriam encontrados se quisessem. Com certa frustração, a velocista voltou para a Mansão Wayne para contar a péssima notícia aos amigos, esperando que Superboy tenha tido mais sorte do que ela. Assim que chegou, entrou pela porta dos fundos e encontrou os outros heróis de pé ao lado das escadas.

— Encontrou eles? — Kate perguntou, tão rápido que a loira mal teve tempo de falar primeiro.

— Não... Aqueles traidores e a psicopata sumiram mesmo! — Grace cruzou os braços e continuou emburrada.

— Não encontrei nada também — Kevin disse, sentindo a mesma raiva da velocista por não ter conseguido encontrá-los.

— Bom, se depois de fazerem tudo aquilo eles não tivessem um plano para sumirem, eu diria que são idiotas — Tony comentou. Ele, Yuki e Cassy se juntaram os outros quando souberam que Melissa estava bem.

— São idiotas por nos deixarem irritados! — Cassandra disse. — Se meu pai descobrisse que a Mel foi sequestrada por esses malucos, eles estariam ferrados. Por sorte ele está muito ocupado com assuntos da Liga.

— Com toda essa confusão me esqueci de perguntar se você descobriu algo sobre o Coração Negro, Tony? — Kate olhou para o detetive.

— Não descobri onde está, mas acho que sei como pará-lo — ele pensou um pouco antes de falar. — Eles não soltariam o Coração Negro no meio de uma cidade sem ter um meio de pará-lo, porque ele pode destruir o planeta em uma semana se ninguém o impedir. Estou apostando em um mecanismo que o fará se autodestruir, só que precisamos encontrá-lo antes que tudo isso comece.

— As chances são mínimas, não sabemos aonde a base deles fica, nem se esse mecanismo de autodestruição é mesmo real — Kate falou, não parecendo otimista com esse plano.

— É nossa melhor chance. Podemos falar com a Liga e ver se ele nos ajudam... — Yuki foi interrompida por Kevin.

— Prometi ao Batman que ficaríamos fora desse caso, o que podemos fazer é alertar os nossos pais sobre o que descobrimos.

— Concordo que os motivos para ele querer isso são sérios, mas nós não podemos deixar tudo o que fizemos nos últimos meses de lado porque ele acha que não somos capazes de vencermos esses vilões — Scott não era o único que pensava assim e sabia disso.

— Viu o que aconteceu com a Mel, essa foi por pouco! Temos que tomar cuidado — Kate disse, não escondendo a preocupação pela amiga.

— Acham que eles não sabiam sobre ela? — Cassy questionou. — Se a chefe deles for quem o Tony diz ser, eles devem saber sobre quem a Mel é. Então por que deixá-la ir embora sem lutar?

— Talvez o Damian seja mais valioso para eles. Quando éramos crianças, ouvi a mãe dele dizer que seu futuro já estava planejado — Yuki comentou.

— Temos muitas perguntas sem respostas, e por algum motivo eu sei que o Bertinelli pode responder todas — Cassandra se virou para o detetive sem rosto e ele a ignorou, continuando a prestar atenção em uma poeira que caia do teto até ela chegar ao chão.

— Tony? — Yuki o cutucou levemente com o cotovelo para fazê-lo voltar sua atenção para a conversa novamente.

— Hum? Falaram alguma coisa? — ele se fez de desentendido.

— Não pode me ignorar pra sempre! Quantos anos tem? — Cassy bufou, querendo dar um soco no moreno.

— Nunca vou entender essa briga de vocês... — Kate suspirou, massageando as têmporas. — Podemos focar no que é importante?

— Pessoal! — todos se viraram para o topo das escadas, onde viram Apolo. — Ela está acordando.

Sem demora, os sete subiram as escadas e andaram pelo corredor com o semi-deus, até chegarem ao quarto da Wayne. Apolo abriu a porta e entrou, encontrando a cama, em que antes ela estava, vazia.

— Ela estava aqui há dois minutos... — ele franziu o cenho.

— Meu Deus, ela foi sequestrada de novo! — Grace gritou, colocando ambas as mãos na cabeça e começando a ficar desesperada novamente. — Precisamos começar as buscas imediatamente! Não podem ter ido longe, eu vou pular por aquela janela ali e ver se consigo alcançá-los.

— Grace... — Scott tentou chamá-la, mas a loira já havia corrido até uma das enormes janelas e tentava abri-las sem sucesso, pois estavam trancadas.

— Tô quase conseguindo! — ela continuou a tentar abrir, porém parou ao ver a porta do banheiro do outro lado do quarto se abrir e Melissa sair de lá, parando imediatamente ao ver todos ali dentro.

— Oi... — ela acenou, rapidamente sentindo uma pressão forte ao redor de si e percebendo que estava sendo abraçada pela velocista.

— Caramba, ficamos tão preocupados com você, Bat! — ela choramingou.

— Grace... — ela ouviu Melissa falar, quase sem ar.

— Foi mal, me esqueci que você não abraça — a loira se afastou, deixando que os outros se aproximassem.

— Obrigada pela preocupação, estou bem — ela disse, uma expressão neutra em seu rosto, não deixando transparecer nenhuma emoção.

— Sei que precisa de tempo para se recuperar, mas o que exatamente aconteceu nesse tempo em que você ficou... Ouch! — Tony soltou uma exclamação quando Cassandra lhe deu um soco no braço forte o bastante para deixar uma marca roxa no local, em seguida lhe lançando um olhar que dizia: "Deixa ela em paz!"

— Não precisa falar nada agora, maninha — a morena voltou-se para a irmã. — Estaremos aqui se precisar.

— Ok. Não preciso, podem ir.

A forma direta como ela disse isso deixou todos surpresos.

— Mel, sabemos que ainda está chateada, mas não pode fingir que está tudo bem depois de ficar três dias nas mãos da Duela — Kevin disse, preocupado.

— O que eu quero é ficar sozinha. Estou com dor de cabeça, cansada e com muita raiva de tudo para falar com vocês agora. Obrigada pelo resgate, podem ir.

Eles não entenderam bem o motivo para ela estar querendo se afastar depois de ter passado por uma experiência quase que traumática. Porém sabiam que quando ela quisesse, iria se abrir, então escolheram ir embora e não incomodá-la mais.

Apolo deu um beijo na testa dela antes de seguir os outros para o lado de fora do quarto. Melissa respirou fundo antes de virar as costas para a porta até ouvi-la se fechar, se virando para ver que Tony não havia saído.

— Precisamos conversar — o detetive falou.

— Não quero conversar com ninguém.

— Isso é sério, preciso saber o que aconteceu nesses três dias em que ficou com eles — ele se aproximou dela, que pareceu impaciente.

— Agora quer conversar? — ela arqueou uma sobrancelha. — Porque eu sinto que todos sabem algo que eu não sei, e que tudo pelo que eu passei nos últimos três dias poderia ter sido evitado com uma simples conversa! Não sei mais o que está acontecendo, não sei mais em quem confiar... — ela sentiu um nó se formar em sua garganta enquanto falava, mas continuou mesmo assim. — Você teve várias chances de me contar, mas escolheu não fazer isso, assim como o meu pai. Eu nem quero mais saber, não ligo para o que esses vilões vão fazer com o soro e por que me deixaram viva, só que também não quero mais saber do Deep Six. 

— Está com raiva, já entendi, mas estamos ficando sem tempo — Tony suspirou, escolhendo bem sua próximas palavras. — Escuta...

— Não, escuta você! — ela apontou o dedo indicador na direção do rosto do moreno, que era dezessete centímetros mais alto. — Estou cansada de mentiras, se não for me dizer a verdade, pode ir embora!

Antes que ela pudesse abaixar seu braço, ele segurou seu pulso, bem no local em que a pulseira que Apolo dera de presente para a namorada estava. Ele deu uma boa olhada no braço da Wayne antes que ela se afastasse dele bruscamente, parecendo não perceber o que ele havia feito.

— Quando estiver disposta a colocar seu orgulho de lado e admitir que precisamos conversar, sabe meu número — Tony virou as costas para ela e saiu do quarto.

Melissa esperou quase cinco minutos antes de se aproximar de uma janela, destrancá-la e então sair pela mesma, descendo por algumas plantas grossas que cresciam pela parede. Quando chegou ao chão, andou até a garagem e pegou seu carro, deixando a Mansão Wayne o mais rápido que conseguiu.

§

Dois dias depois...

Ethan estava completamente entediado na base do DS, assim como Grace. Os dois estavam deitados no chão enquanto contavam as estalagmites que ficavam presas no teto da caverna.

— O que vocês estão fazendo? — Kate apareceu, quase assustada por ver os dois deitados daquela forma.

— Contando pedras, porque o Kev não deixa a gente continuar no caso do soro! — a velocista indagou, ficando emburrada.

— Sabe porque não podemos — a mais velha colocou as mãos na cintura.

— Já sei, essa vilã é muito perigosa, tem um exército de meta-humanos e quer nos matar, blá blá blá... Nem ligo! Nossos pais já enfrentaram coisa muito pior, nós conseguimos fazer isso de olhos vendados.

— Não foi você quem quase acabou sendo morta pelo Zeus? — Ethan olhou para o lado, recebendo um olhar furioso da amiga.

— Eu tinha tudo sob controle! E você nunca mais vai me deixar esquecer isso, não é? Nunca mais te conto nada, Palmer.

Ele ia responder, quando seu celular tocou e ele viu ser sua mãe.

— Eth, que bom que você atendeu — Felicity falou do outro lado da linha.

— Oi, mãe. Algum problema?

— Eu não chamaria de problema, mas é mais ou menos um problema... — a loira ficou em silêncio por um tempo. — O Batman pediu para eu decodificar uma criptografia, e caramba, ele é o Batman. Parece que alguém roubou uma coisa muito importante da Wayne Enterprises e fez algo com as câmeras de segurança, só saberemos quem roubou quando essa criptografia for completamente destruída. Estou um pouco enrolada aqui, então resolvi pedir sua ajuda porque você é muito bom nisso.

— Eu vou adorar te ajudar, não estou fazendo nada mesmo — o moreno se levantou e Grace foi atrás, curiosa. — Só manda o arquivo para o meu email, vou tentar fazer o mais rápido possível.

— Obrigada, Eth! — depois de agradecer, Felicity encerrou a chamada.

— O que foi? Temos algo para fazer? — Grace perguntou, já empolgada ao ver o amigo sentando-se na frente do computador.

— Vou precisar do seu raciocínio rápido para agilizar as coisas, então sim, temos algo para fazer.

— Oba! O que estamos esperando, então? — a loira tentou mexer no teclado, mas o moreno a impediu de fazer isso, sabendo que Grace era ótima em qualquer outra coisa, menos mexer em computadores.

Kate deu uma risada ao ver os dois começarem a discutir sobre o que fariam e depois andou até a outra parte da base, vendo que Apolo, Scott, Cassandra, Yuki e Kevin estavam sentados no grande sofá, também parecendo bem entediados.

— Vocês deveriam seguir o exemplo da Grace e do Eth e procurarem algo para fazer — a loira sentou-se ao lado de Cassy.

— A maioria dos criminosos sumiram das ruas, já devem estar sob o controle do soro, então nós não temos absolutamente nada para fazer — Scott jogou a cabeça para trás, sentindo que pegaria no sono a qualquer momento.

— Ainda estou preocupado com a Mel — Kevin disse. — Sei que ela ligou para o Apolo e disse que estava tudo bem, mas eu sinto que não está.

— Ela precisa de espaço, nem imagino o que a Duela fez com ela — o semi-deus respondeu.

— Se fechar e ignorar a gente não vai ajudar — Cassandra suspirou.

— Não podemos pressioná-la também, vamos dar um tempo — Kate se levantou e tirou sua jaqueta de couro. — Se estão sem nada para fazer, vamos treinar!

— Ah, por que não treina com a Yuki e a Cassy, elas ainda não apanharam para você — Scott disse, lembrando-se de uma vez em que lutou com a loira e ficou horas sem sentir seu braço de tanta pancada que recebeu.

— Ok, vamos lá! — Cassandra praticamente pulou do sofá e Yuki sorriu, seguindo as duas.

— Pega leve com elas, Kate — Kevin advertiu, vendo-a dar um aceno com uma das mãos.

Ethan e Grace passaram as próximas três horas tentando acabar com a criptografia e estavam começando a desistir.

— Todo mundo foi tomar sorvete e a gente ficou aqui por causa dessa coisa! — a loira reclamou. — Nunca vi algo tão difícil assim, quem fez não era humano.

— Toda criptografia pode ser quebrada, só precisamos tentar algo que não tentamos ainda — o moreno pensou em tudo o que havia aprendido com seus pais e no que havia aprendido sozinho, com dez anos ele já sabia como hackear computadores e celulares, com treze quase conseguiu criar uma bomba atômica, ele podia fazer aquilo.

Ele começou a digitar vários números, que apareciam na tela a uma velocidade enorme, quase tão rápido quanto Grace podia estar fazendo. A loira lia os números a cada vez que eles apareciam e entendeu o que o amigo estava fazendo. Ethan sabia que haviam infinitas combinações para aquilo, mas apenas uma era conhecida como a mais difícil de ser identificada, e ele a conhecia muito bem.

Assim que terminou, a imagem na tela mudou para uma das imagens de segurança e isso fez Grace dar um pulo em cima do moreno.

— Conseguiu! Finalmente, eu não aguentaria mais ficar três horas com essa coisa — ela o abraçou com força, deixando-o atônito, pensando se deveria abraçá-la de volta. Não teve a chance de fazer isso, pois ela se afastou rapidamente. — Vamos encontrar os outros e tomar um sorvete com nove bolas e cauda de chocolate!

— Espera, preciso mandar isso para a minha mãe.

— O que tem de tão interessante nisso afinal? Quero dizer, por que teriam esse trabalho toda de montar uma criptografia só para não conseguirmos ver as imagens de segurança?

— As câmeras da Wayne Enterprises não podem ser desligadas e nem param de funcionar caso haja uma queda de energia, se alguma delas for obstruída, a polícia é acionada imediatamente. O único jeito de não ser visto roubando seja lá o que fosse, era fazendo uma criptografia que levaria horas, talvez dias para ser quebrada — Ethan explicou, também estarrecido por pensar que alguém se daria a todo aquele trabalho.

— Devíamos saber que é, podemos acabar com o tédio e ir atrás desse bandido — Grace voltou a se sentar ao lado do amigo e cruzou as pernas sobre a cadeira, esperando o jovem passar as imagens de segurança na grande telona acima deles.

Quando Ethan ia iniciar o vídeo, ouviu as portas do elevador se abrindo e os outros heróis chegaram, todos com potes de sorvete em suas mãos, o que fez Grace soltar um triste "Awn".

— Trouxemos para vocês, não precisa chorar — Scott disse, entregando um pote em suas mãos para a velocista, vendo os olhinhos azuis dela brilharem de felicidade.

— Por isso eu amo vocês! — ela começou a comer rapidamente o doce gelado.

— Nos ama só por que te damos comida? — Kate sorriu para a amiga e entregou o outro pote para Ethan.

— Exato! Tem outro motivo? — Grace deu uma risada e continuou a comer.

— O que estão assistindo? — Kevin perguntou, olhando para o vídeo na tela grande.

— Imagens de segurança da noite em que algo foi roubado da Wayne Enterprises. Pelo visto era um projeto confidencial e apenas dois cientistas sabiam dele — Ethan leu algumas informações que vieram junto com o email de sua mãe. — A gente estava prestes a descobrir quem fez isso para vocês terem algo para fazer, já que todos os outros bandidos sumiram da cidade.

— Mostra logo, se não vamos morrer de tédio em alguns dias — Grace disse, cutucando o amigo com sua colher e terminando de tomar o sorvete logo depois.

O jovem fez o que ela disse e iniciou o vídeo, adiantando até o momento em que viu movimento e o colocou na velocidade normal. Os heróis observaram com atenção alguém entrar no laboratório, digitar um código em um painel na parede e entrar naquela sala, segundos depois saindo com uma caixa prateada.

— Por favor, me digam que não sou o único vendo isso... — Scott estreitou os olhos para olhar melhor para o rosto da pessoa no vídeo.

— Ethan, passa de novo — Kate pediu, também não tendo certeza se havia visto corretamente.

E ele o fez, voltando a filmagem e pausando quando o rosto ficou visível. Todos ficaram em silêncio por um momento, verdadeiramente confusos ao perceberem que conheciam bem aquela pessoa.

— Não sabia que o meu rosto era inchado assim — todos levaram um susto ao ouvirem a voz de Melissa, pois não a tinham visto entrando em momento algum, nem mesmo Kevin a ouvira.

— Credo, garota! Você precisa andar com um sino no pulso para parar de nos assustar assim — Grace colocou a mão no peito, recuperando o fôlego depois de falar tudo muito rápido.

— Preciso usar o meu computador por um momento, depois vou embora — a Wayne se aproximou do painel e Ethan se afastou rapidamente, dando espaço para ela.

— Só por curiosidade, por que você roubou o nosso pai? — Cassandra perguntou, ficando ao lado da irmã.

— Irritar ele é um dos motivos — ela começou a enviar arquivos para o próprio telefone e depois apagá-los no computador.

— E o que você pegou? — Kevin questionou.

— Ele estava trabalhando em uma cura para o soro, e eu preciso dela para terminar o que começamos — depois que terminou, Melissa checou seu celular e desligou o computador. — Eu estava fazendo uma também com os Luthor, guardei alguns arquivos aqui e precisava deles, agora posso ir.

— Olha, se você vai mesmo continuar com isso tudo, nós não vamos deixar você sozinha — Apolo disse, se aproximando da namorada.

— É, até porque a Liga tem mais problemas por causa do Coração Negro, é nosso dever parar esses malucos juntos! — Grace se levantou, sorrindo.

— Porque eu sou inútil sem vocês — Melissa se virou para Kevin, que suspirou.

— Mel, eu só disse isso porque...

— Porque era verdade. Não preciso mais da ajuda de vocês, já tiveram sua chance... Agora é tarde demais — ela se virou e tentou andar na direção do elevador, mas sentiu uma mão em seu ombro e parou.

— Você não vai lutar contra eles sozinha, Bat — Apolo a viu se virar.

— Eu quero fazer isso. Mas podem ajudar, ficando fora do meu caminho — ela respondeu, friamente.

— Batsy-girl! Por que está demorando tanto? — todos se viraram rapidamente na direção do elevador, de onde a voz fina e alta havia vindo. Melissa revirou os olhos enquanto se virava também, vendo Duela, Damian e Alex de pé a alguns passos de onde os heróis estavam.

— Eu disse dez minutos — a morena andou para mais perto dos vilões.

— Verdade, mas eu não confio em você! — a palhaça deu uma risada, que só aumentou ao ver as expressões confusas e pasmas dos heróis. — Eles não esperavam por essa.

— Falem a verdade, ela não é a melhor atriz que já conheceram? — Alex sorriu, olhando para Melissa.

— Mas que merda está acontecendo aqui? — Grace foi a única que conseguiu sair do estado de choque em que seus amigos também estavam.

— Foi tudo armado... — Kate falou para si mesma, começando a sentir uma raiva enorme crescer dentro de si. — Estava com eles o tempo todo?!

— Olha, temos uma nova detetive no grupo — Melissa respondeu.

— Primeiro os Luthor e agora você?! Agora vão me dizer que o Scott também é do mal? — a velocista olhou para o amigo, que fez que não com a cabeça. — Acho bom mesmo, se não eu te matava.

— Você os ajudou conseguirem o meu sangue fingindo que estava em apuros, e fez isso porque sabia que nos importamos com você e faríamos de tudo para te salvar — Kevin nunca havia sentido aquele tipo de traição, e agora que sentiu, se esforçava para não deixar sua tristeza transparecer.

— Pula o drama, eu só ajudei vocês a tomarem a decisão certa da maneira mais fácil, do contrário teria mais sangue derramado no chão do que naquela seringa — ela voltou seu olhar para Apolo e Cassandra, que ainda estava boquiabertos e sem palavras. — Há quanto tempo vocês sabem?

Os heróis logo entenderam o que ela disse e ficaram calados por um tempo.

— Mel, a gente não podia te contar — Cassy finalmente disse. — Tínhamos medo que...

— O quê? Que eu me voltasse contra vocês e a Liga depois que descobrisse o que fizeram comigo? — a morena deu uma risada sem humor. — Claro, ter minha família e meus amigos mentindo para mim é bem melhor do que me contar a verdade. Que eu sou uma máquina assassina assim como o meu irmão.

Ela percebeu todos olhando para Damian depois que disse as últimas palavras e chegou a conclusão de que eles ainda não sabiam.

— Só vou fazer o que fui criada para fazer desde o começo. Talvez se tivessem conversado comigo antes, nada disso estaria acontecendo.

— Não sei que lavagem cerebral eles fizeram com você, mas precisa parar com essa bobagem! — Kevin disse.

— Não pretendo parar. Agora vocês sabem como é ser traído por quem mais gostam, e sinceramente, ver a cara de vocês quando descobriram não tem preço.

— Não vamos deixar você sair daqui com esses arquivos — Kate deu um passo a frente, cruzando os braços.

— Adoraria ver vocês tentando me impedir — Melissa inclinou levemente a cabeça para o lado, como se esperasse a loira atacar.

A loira tentou dar um passo a frente, mas sentiu seu corpo congelar no lugar quando Melissa levantou uma das mãos em sua direção. Os outros sentiram a mesma força os mantendo no lugar e tentaram se mexer, sem sucesso.

— Não sou mais tão inútil agora — a Wayne fez uma força para frente, como se estivesse empurrando alguém e os heróis foram todos empurrados contra a parede de pedra da caverna, ficando bem acima de um abismo com algumas pedras afiadas no fundo. — Ainda estou aprendendo a usar essa telecinesia, mas acho que estou indo bem.

— Melissa, você não quer fazer isso! — Apolo gritou, assim como os outros tentando se mexer, ainda sem efeito.

— Eu quero e eu vou. Se forem espertos ficarão fora do nosso caminho — ela fez um sinal com a cabeça e os vilões andaram na direção do elevador. — Ah, e você e o Kevin não virão atrás de nós, porque tem seis pessoas que não voam para salvarem.

— Melissa! — Kevin gritou, mas ela virou as costas e saiu do campo de visão deles.

A força que os empurrava de repente sumiu e os que não conseguiam voar começaram a cair.

— Eu cuido disso! — Apolo disse, voando o mais rápido que conseguiu para pegar os amigos e deixando Kevin ir atrás dos vilões.

Ele voou na direção do elevador, mas quando ia entrar no mesmo, Alex lhe deu um soco no rosto, tão forte que o fez cruzar a base e atravessar uma parede do lado oposto. Duela deu uma risada maníaca e apertou um botão em suas mãos, acionando alguns explosivos no teto e fazendo várias pedras caírem, por pouco não acertando os heróis.

— Tá tudo bem? — Yuki perguntou para Grace depois que Apolo colocou todos em solo firme. A loira havia se deitado no chão e olhava para o teto.

— Não! Não está tudo bem! Nossa amiga acabou de revelar que é uma traidora, nós não temos mais como fazer um antídoto para o soro e eu machuquei meu bracinho quando ela me jogou na parede!  — a velocista franziu o cenho. — Preciso de um abraço...

— Todos precisamos depois dessa bomba — Scott comentou.

De repente, uma luz roxa iluminou a base e no segundo seguinte, Zoe e Miles apareceram, acompanhados por uma garota alta de cabelos castanhos.

— Melissa, sua...! — a maga olhou em volta e rosnou. — Vocês me atrasaram, não tive nem tempo de matar aquela idiota da Wayne.

— Estávamos no meio de uma missão, você teve uma visão e não nos contou nada e ainda reclama porque queríamos te ajudar? — Miles arqueou uma sobrancelha.

— E você ainda me trouxe contra a minha vontade! — a garota disse.

— Não reclama, Hope — Zoe se virou para os amigos do Deep Six. — Foi mal gente, queria ter chegado antes, talvez se eu contasse a minha visão da Mel traindo a equipe nada disso teria acontecido. Odeio essas visões que chegam em cima da hora.

— Se tivesse nos contado antes não diminuiria a nossa decepção — Cassandra disse, ainda não conseguindo acreditar em tudo aquilo.

Todos viram Kevin se aproximar, massageando o maxilar no local em que recebera o soco.

— Aquele desgraçado está com minha super força — o moreno comentou.

— O que faremos agora? Não temos o antídoto e o plano deles já está quase sendo colocado em prática — Kate olhou para o amigo.

Kevin percebeu que todos esperavam ele responder aquilo, e não tinha ideia do que falar. Estava totalmente destruído depois de saber que sua melhor amiga havia passado para o lado dos vilões e mal conseguia pensar direito, mas sabia que precisava.

— Nós vamos conseguir, só precisamos da equipe unida e de um plano — Kevin olhou para Ethan. — Preciso que chame o resto do Deep Six, porque não deixaremos eles vencerem.