— Ok, acho que já está na minha vez de lutar! — Grace gritou, tentando fazer sua voz soar mais alta que o barulho dos bastões de madeira se chocando um contra o outro.

— Não pode lutar ainda — Scott advertiu, tentando dar um golpe lateral que foi bloqueado por Apolo. Os dois treinavam como se usassem espadas, ambos tendo plena consciência de que já estavam fazendo aquilo a meia hora e nenhum havia perdido ainda.

— Amanda, diz pra eles que eu posso lutar — Grace se virou para a loira que estava sentada ao seu lado, um sorriso divertido em seu rosto.

— Vamos lá, pessoal, já faz uma semana. Grace está melhor do que nunca — os dois não pararam para argumentarem, apenas continuaram a lutar.

— Quando o Scott perder, você entra — Apolo sorriu, vendo o atlante tentar mais uma vez desferir um golpe e o bloqueando.

Os dois começaram a acelerar o ritmo da luta conforme os segundos passavam. Grace e Amanda assistiam a luta deles ansiosas para saberem quem iria ganhar. Apolo conseguiu fazer Scott baixar o bastão, deixando a parte de cima de seu corpo sem defesa. O herói estava pronto para desferir um golpe naquela região e acabar com a luta quando ouviu Melissa rir e se virou para onde ela e Alex conversavam e mexiam nos computadores. Com isso, ele se distraiu e Scott acertou sua nuca.

— Morto — o atlante disse, vendo-o massagear a parte de trás da cabeça.

— Minha vez! — Grace, a uma velocidade incomum, pegou o bastão de madeira das mãos de Apolo e se posicionou na frente de Scott.

— Pego leve com você, pirralha — Scott sorriu e a viu lhe dar língua, erguendo os bastões e avançando rapidamente contra ele.

Kate e Kevin estavam sentados no sofá com uma enorme caixa marrom entre eles, ambos tentando escolher algum tipo de máscara, já que a equipe estava começando a ficar famosa na TV. Eles não queriam correr nenhum risco, pois sempre havia alguém com um celular filmando e fotografando de ângulos que eles poderiam não ver, então o melhor era manter suas identidades secretas usando máscaras.

— Que tal essa? — a loira pegou uma máscara verde com lantejoulas amarelas nas laterais. Kevin deu uma risada que fez Kate rir também.

— Não tem nada mais discreto?

— Prefere usar um óculos? — ela brincou, referindo-se ao pai do herói.

— Esse disfarce funcionou durante anos, engraçadinha — ele sorriu para ela e voltou a procurar por uma máscara.

— Então, você vai hoje a noite? — ela sussurrou, olhando para o lado e vendo se ninguém mais a escutara.

— Claro! Não perderia isso por nada. Só não vou com vocês, tenho que passar na casa da Catherine antes.

Ele parou de falar quando o sorriso de Kate sumiu e ela voltou seus olhos para a caixa entre eles.

— Vocês dois...?

— Não! — a palavra saiu mais alto do que o esperado, chamando a atenção dos outros para eles. — Não... Eu só quero falar com ela porque a Mel disse que quando terminamos eu fui um idiota, não sou esse tipo de pessoa, mas eu não quero voltar com ela.

— Não teria problema se quisesse, é sua vida — Kate voltou a olhar para ele, dando-lhe um sorriso fraco que quase o fez gritar que a única pessoa com quem ele queria ficar era com ela. Ao invés disso ele apenas retribuiu o sorriso com um aceno de cabeça.

— Vocês vão se matar, parem com isso! — eles ouviram Melissa gritar e se levantaram, indo para onde Scott e Grace batiam os bastões. Era claro que ela estava indo um pouco devagar para ficar sincronizada com o atlante, mas, se continuassem daquela forma, logo quebrariam os bastões ou um braço.

— Isso é incrível! — Amanda sorriu, seus olhos não deixando os dois heróis enquanto faziam aquilo.

— Ok, já cansei, Grace — Scott conseguiu travar o bastão dela com seu próprio, fazendo-a parar de mexê-lo e o jogando para o alto. A velocista correu para tentar pegar o bastão e não viu que o mesmo havia caído no chão. Quando passou correndo, pisou no objeto de madeira e escorregou, batendo de cara em uma enorme estante de metal e caindo de costas no chão.

— Ouch...! — Alex fez uma careta quando a viu levar a pancada, assim como os outros.

Apolo viu a estante começar a balançar, como se estivesse prestes a cair sobre Grace, que massageava seu rosto.

— Grace, cuidado! — ele gritou, vendo-a olhar em sua direção.

— Com o quê? — a loira então ouviu um barulho alto e olhou para cima, vendo a estante vir em sua direção, porém antes de acertá-la, a mesma parou.

A velocista rolou para o lado e viu que quem havia segurado a estante não fora Kevin ou Apolo, mas Amanda. A Luthor ergueu o objeto de metal e a colocou no lugar, olhando para baixo.

— Tudo bem?

— Sim, graças a você! É a segunda vez que me salva, estou te devendo duas — Grace sorriu e se levantou, indo pegar o bastão. — Revanche, cabeça de peixe!

Kevin e Kate trocaram olhares quando todos pareceram voltar ao que estavam fazendo. Eles se aproximaram da estante e a loira se posicionou ao lado da mesma, colocando suas mãos na lateral e tentando empurrá-la. Tudo o que conseguiu foi movê-la um centímetro, pois a estante de metal era muito pesada.

— Ela levantou isso com uma mão? — Kevin falou baixo, olhando para Kate.

— Foi o que me pareceu — a heroína colocou a mão na cintura e pensou por um segundo. — Como ela fez isso?

Kevin desviou o olhar para a Luthor e tentou encontrar uma resposta. Ela não pareceu ter feito nenhum esforço para levantar a estante, e agora fingia que nada havia acontecido, aquilo era definitivamente suspeito.

— Amanda, temos que ir — Alex disse, se levantando enquanto mexia em seu celular. — Nos vemos mais tarde pessoal.

— Vocês vão na fest... — Apolo cobriu a boca de Grace antes que ela dissesse algo comprometedor. A mais nova riu ao perceber que todos haviam ficado tensos quando ela quase contou o segredo.

— Acho que também já vou, tenho muito o que fazer — Kate disse, andando até Grace a puxando pelo braço para o elevador onde os irmãos Luthor estavam. — Você vem, Kev?

Ela o viu assentir e andar para dentro da cabine de metal.

— Também vou, nem morto vou ficar sozinho com esses dois — Scott riu e entrou antes que as portas se fechassem.

Apolo e Melissa olharam um para o outro e um silêncio desconfortável reinou na sala. Ambos parecendo tentar encontrar um assunto urgentemente.

— O Kevin me disse que hoje é seu aniversário — Apolo falou, se aproximando e sentando-se na cadeira ao lado dela.

— Sim, mas eu não sou fã de grandes comemorações — ela olhou para a mesa e cruzou os braços.

— Sei que é um costume aqui dar um presente no dia do aniversário, então...

— Não precisava comprar nada, eu odeio meu aniversário.

— Eu não comprei — ele sorriu, tirando uma caixa pequena de seu bolso e entregando para ela. A morena arqueou as sobrancelhas e, com hesitação, pegou a caixinha, cuidadosamente embrulhada em um papel fino de presente.

Ela rasgou o embrulho e abriu a caixa, revelando uma pulseira fina de couro marrom com algumas pequenas pedras de cores escuras nela.

— Minha mãe disse que o presente se torna mais especial quando é feito a mão — ele viu um sorriso surgir nos lábios dela.

— É linda — Melissa ergueu os olhos da pulseira para encontrar os dele e assim ficaram por longos segundos, até que ela colocou o presente na mão dele e ergueu seu braço direito. — Adoraria usá-la agora.

O sorriso do moreno se tornou mais iluminado e caloroso, quase a deixando sem fôlego. Ele abriu o fecho da pulseira e a colocou no pulso da morena para depois deslizar sua mão para baixo e segurar a dela. Melissa pareceu se esquecer de como respirar e seu coração bateu mais rápido, ela se repreendeu mentalmente por se deixar ficar daquela forma só por ele segurar sua mão.

O silêncio foi interrompido pelo toque do celular dela, que rapidamente soltou a mão do herói e atendeu a chamada.

— Alô? — um suspiro escapou por seus lábios depois que ela falou, quase que como se estivesse prendendo a respiração por todo aquele tempo.

— Senhorita Wayne, o Patrão Bruce deseja que volte para a Mansão —Alfred disse do outro lado da linha, e ela, por pouco, não falou que preferia continuar ali com Apolo.

— Tudo bem, chegarei em dez minutos — dizendo isso, a morena desligou o aparelho. — Preciso ir. Obrigada pelo presente, Apolo.

Ela se levantou com ele e ficou sem saber o que fazer. Não iria apertar a mão dele e também não iria abraçá-lo, em sua expressão a confusão era clara. Apolo se inclinou para frente e deu um beijo na bochecha dela, deixando-a visivelmente corada.

— Feliz aniversário, Mel.

As palavras ficaram presas em sua garganta e ela apenas andou rápido para o elevador, sentindo seu rosto queimar e estando ciente de que havia ficado vermelha na frente dele.

— Você é patética... — ela disse a si mesma quando as portas de metal se fecharam.

§

— Toc, toc, aniversariante! — Melissa ouviu a voz de Selina, sua madrasta, na porta e se virou para ela. — Você está maravilhosa, Mel!

A jovem usava um vestido preto preso de um lado do seu ombro e com uma cauda longa apenas na lateral dele. Seu cabelo estava solto e não havia nenhuma maquiagem em seu rosto, exceto por um batom claro em seus lábios.

— Por que precisamos ir nesse evento hoje? Eu queria ficar em casa — ela viu Selina se aproximar e sentar-se ao seu lado na cama.

— Seu pai precisa estar lá e nós temos que ir apoiá-lo. Além do mais, hoje é seu aniversário! — ela tirou uma grande caixa das costas e a entregou para Melissa.

— Selina, eu te disse que...

— Shhh, sem reclamar! Adoro te dar presentes, principalmente porque esse aqui combina com sua roupa — os olhos castanhos dela quase brilharam quando Mel abriu a caixa e ficou boquiaberta.

— Uau! São lindos — ela não costumava ligar para esse tipo de coisa, mas aqueles sapatos eram os mais bonitos que ela já vira; Um salto alto preto com detalhes prateados nas laterais. — Obrigada.

A jovem conseguiu dar um sorriso por alguns segundos e depois voltou a ficar séria.

— Prefiro você sorrindo — Selina tentou animá-la, mas sabia que era difícil. Melissa era uma garota difícil.

— Estou com vinte e um anos e não faço ideia de quem seja minha mãe. Acho que ele nunca vai me contar — ela desviou o olhar para a janela e Selina colocou a mão em seu ombro.

— Mel, sei que não sou sua mãe, mas desde que você era pequena eu a considero tão minha filha quanto a Cassandra. Bruce e eu te amamos e é isso o que importa, se ele não quer que você saiba quem sua mãe é, acredite, é para o melhor.

— Você sabe quem ela é? — Melissa tinha os olhos molhados, mas não se permitiu chorar. Selina suspirou e negou com a cabeça. A heroína se virou para sua madrasta e a abraçou. — Obrigada por ser como uma mãe para mim, Selina.

— Não fala com essa vozinha que eu choro, vou arruinar toda a minha maquiagem — as duas riram e se afastaram.

Melissa colocou seus novos sapatos e as duas se levantaram, indo para a saída e encontrando Bruce parado na porta.

— Estão prontas? — ele perguntou, colocando a mão na cintura de sua esposa.

— Sim, estou ansiosa para isso — Selina sorriu.

— É, um evento beneficente cheio de pessoas chatas. Oba! — Melissa revirou os olhos depois de fingir estar empolgada. Quando os três começaram a descer as escadas, Melissa parou bruscamente ao ouvir centenas de vozes gritarem "Surpresa!".

A heroína apertou o corrimão com força por conta do susto e trincou o maxilar, não acreditando no que eles haviam feito.

— Vocês... Fizeram uma festa surpresa para mim?! — ela rangeu os dentes, virando-se para os dois.

— A Cassandra fez — Bruce deu um sorriso e viu o Melissa ficar vermelha de raiva.

— Não bate na sua irmã, ela só queria tornar sua noite especial — Selina riu, sabendo que Melissa odiava aquele tipo de coisa.

— Não vou bater nela, vou estrangulá-la e depois me livrarei do corpo! Ninguém vai suspeitar quando jogá-la na Baía de Gotham — a morena desceu as escadas rapidamente, sendo obrigada a falar com algumas pessoas que lhe desejavam feliz aniversário.

— Em minha defesa, eu disse que seria uma péssima ideia! — Barry comentou, não podendo conter o riso ao ver a expressão da aniversariante quando apareceu no salão.

— Eles vão me pagar por isso! — ela cruzou os braços e recebeu um abraço de Diana.

— Não fica assim, Mel. Seus amigos estão aqui, tenta se divertir um pouco.

— É, a Natasha e o Joe chegaram na Terra hoje e estão doidos pra te ver — Hal disse, colocando a mão no ombro da heroína.

Saber que seus amigos que já não via a muito tempo estavam lá a fez ficar com menos raiva e começar a pensar que não seria tão ruim.

— Vou procurá-los. Se encontrarem a Cassy, digam que estou procurando por ela — ela disse as últimas palavras com ódio e deixou os membros da Liga.

Quando entrou na sala de estar, viu que os móveis haviam sido retirados e que algumas mesas haviam sido postas pela extensão da sala. Agora ela havia entendido o motivo de Alfred fazê-la entrar pelos fundos, só dessa forma ela não notaria os preparativos. No escritório, uma música agradável tocava, todos os convidados pareciam estar descontraídos e se divertindo.

Chegando a sala de música, a morena avistou seus amigos conversando perto de uma janela e sentiu seu sangue ferver. Com passos firmes e pesados, ela se aproximou deles, pronta para jogá-los dentro de um poço sem fundo por não terem lhe contado sobre a festa.

— Ferrou, ela viu a gente! — Grace gritou e se escondeu atrás de Scott quando viu Melissa andando na direção deles.

— Vocês sabiam disso?!

— É seu aniversário, Mel, tínhamos que fazer algo e a Cassandra deu essa ideia maravilhosa! — Kevin riu, não sabendo se ela puxaria um anel de kryptonita e socaria seu rosto.

— Por falar nela, onde está essa peste? — quando a heroína se virou, sentiu sua irmã pulando em seus braços, dando-lhe o abraço mais apertado que alguém já lhe dera em sua vida.

— Feliz aniversário, maninha! — Cassandra gritou e continuou a abraçar Melissa, apesar de a jovem permanecer imóvel. Quando a morena finalmente se afastou, olhou para os heróis parados a sua frente e seu sorriso se abriu ainda mais. — Hey, pessoal! Meu nome é Cassy e eu sou irmã da garota mais emburrada do mundo.

— Prazer, sou a Kate — a loira sorriu e apertou a mão dela.

— O Kevin fala muito sobre você — ela disse de forma tão espontânea e rápida que o herói só percebeu depois de alguns segundos.

— Não falo muito! Só comento algumas coisas — ele ficou ainda mais sem graça quando Kate deu uma leve risada.

— Grace e Scott — a velocista disse, apontando para o atlante e impedindo que Kevin continuasse a se enrolar mais.

— E você é o Apolo, certo? — Cassandra olhou para Melissa. — Bem que você disse que ele era bonito!

— Eu nunca te disse isso! — ela falou, mais alto que o esperado. — Nunca falei nada sobre ele com você.

— Uma coisa interessante que vocês não devem saber sobre a minha irmã é que ela fala dormindo — Cassy sussurrou, rindo como os outros e vendo Melissa revirar os olhos.

— Você também é uma super heroína? — Scott perguntou.

— Sim e não. Ajudo as pessoas que precisam, não coloco vilões fantasiados na cadeia ou coisas do tipo.

— Por que não faz parte da equipe? Uma ajuda nunca é ruim — Kate diz e é cortada por Melissa.

— Não tem equipe. E além do mais, Cassandra está de saída — Melissa deu um tapa na mão da irmã quando ela tentou, discretamente, apertar sua bochecha.

— De saída? — Kevin perguntou, dessa vez olhando para a mais nova.

— Er... Eu meio que estava namorando o Jeffrey Crane, o filho do Espantalho, há um ano e meio atrás e meu pai descobriu. E como vocês conhecem o senhor Wayne, ele decidiu que para eu ficar longe dele, eu precisava passar um tempo estudando medicina na Austrália.

— A Cassandra tem a mania de namorar os filhos dos vilões do Batman — Kevin comentou, e ela fingiu estar ofendida, colocando a mão sobre o peito.

— Em minha defesa, foram só oito caras e uma garota, e eles eram muito divertidos.

— Ainda bem que vou me livrar de você — Melissa tentou se afastar, mas sua irmã a puxou para outro abraço.

— Não precisa se fazer de durona, vou voltar em três meses, amorzinho! — Cassandra deu um beijo na bochecha dela, rindo ao vê-la limpá-lo e empurrá-la para longe. — Quando eu voltar quero fazer parte dessa equipe, tudo para ficar mais perto da minha mana.

— Em três meses já vamos ter terminado tudo — Melissa virou as costas para os seis e foi para o outro lado da Mansão.

— Vocês duas são bem diferentes — Apolo comentou, não tirando os olhos de Melissa conforme ela se afastava.

— Extremamente, tipo óleo e água, mas ainda somos próximas — Cassandra parecia sorrir a maior parte do tempo, ao contrário da irmã. Os heróis nem podiam imaginá-la sem aquele sorriso no rosto de tão alegre que ela parecia ser.

— Caramba, ela está conversando com pessoas que não somos nós — Grace falou alto, apontando para onde Melissa conversava com uma garota alta de cabelo castanho e pele alva, que tinha duas asas enormes em suas costas, e um garoto moreno com um anel azul brilhante em seu dedo.

— Joe e Natasha! — Cassandra correu até eles e os cinco a seguiram.

— Cass... — Joe não teve tempo de terminar e ela já havia lhe dado um abraço bem apertado.

— Vocês ficaram longe por tanto tempo — a morena choramingou, abraçando Natasha logo depois.

— Estava completando meu treinamento em Thanagar, já o Joe ficou esse tempo todo passeando pela galáxia sem fazer nada de útil — Nat o provocou, recebendo uma risada falsa dele.

— Olá, outros amigos da Mel — Grace se intrometeu na conversa.

— Vejo que fez novos amigos além do Kevin — Natasha sorriu para eles.

— Não por vontade própria — Melissa murmurou. — Esses são Apolo, Kate, Scott e Grace.

— Nunca os vi por perto ou na Torre — Kate comentou.

— Shayera e Hal foram um dos primeiros membros da Liga a terem filhos, os dois também passam muito tempo longe da Terra — Kevin explicou.

— Poderia estar conosco, Kev, mas preferiu ficar aqui com os humanos — Natasha disse, séria.

— Sou um humano — Joe falou, fingindo estar ofendido.

— Todos aqui somos, menos o Scott que é metade peixe — Apolo comentou, fazendo os outros rirem.

— Pela última vez, não sou metade peixe!

— Achei que todo atlante fosse parte peixe — disse Natasha, cruzando os braços.

— Sabe tanto sobre atlantes quanto eu sei sobre os cérebros de pássaro de Thanagar.

Cassandra deu dois passos para o lado, se afastando de Natasha como se soubesse que ela fosse fazer algo contra Scott, talvez quebrar seu braço ou apenas jogá-lo da janela.

— Olha como fala, cabeça de molusco, ou vou te ensinar como lidamos com idiotas convencidos em meu planeta — retrucou com um tom de voz nada amigável.

— Adoraria ver você tentar.

— Ok, chega de disso — Joe fez uma corda com a energia azul de seu anel e envolveu o pulso de Natasha, a puxando para longe. — Foi um prazer conhecê-los.

— Não consegue calar a boca? — Grace deu um tapa no ombro de Scott, que apenas riu.

— Gostei dela.

— Ela te detestou — Melissa disse, vendo-o dar de ombros.

— Por isso gostei dela.

Todos deram uma leve risada só por imaginarem a cena de Natasha dando uma surra em Scott quando ele tentasse lhe dar uma cantada.

— Apolo, posso falar com você? — Cassy perguntou e o moreno assentiu, logo tendo seu braço puxado para a outra parte da casa. — Responda sinceramente ou chamo o meu pai para te interrogar! Você gosta da minha irmã?

Aquela pergunta o pegou de surpresa, então o herói não conseguiu formular uma frase completa e bem explicada.

— Sim... Quem não gostaria? Ela é uma ótima amiga.

— Eu sei disso, a questão é que ela não gosta de você só como amigo — as palavras de Cassy fizeram uma expressão de surpresa surgir no rosto de Apolo. — Olha, minha irmã pode ser fria e fechada, mas tem um carinho enorme pelas pessoas próximas a ela e, se eu fosse você, não deixaria uma chance dessas escapar, porque todos já perceberam que vocês formariam um casal lindo.

Apolo ficou em silêncio por alguns segundos, olhou para o lado onde Melissa conversava com Kevin e suspirou.

— Não tenho ideia de como fazer isso.

— Vai me dizer que um cara lindo como você nunca namorou antes? — a morena fez um careta quando percebei que era isso mesmo. — Ok, não é difícil. É só ir até lá, chamá-la para conversar longe de todo mundo e dizer o que sente.

— Não sei se é uma boa fazer isso agora - o herói olhou em volta.

— Ela está descontraída, agora é o momento perfeito! — Cassandra sorriu e empurrou o moreno na direção da irmã.

—... e é por isso que eu não posso mais comer frutos do mar — Grace terminou a história e Kate colocou o salgado de camarão novamente na bandeja do garçom.

— Acho que depois disso eu nunca mais vou conseguir comer frutos do mar! — a loira fez um cara de nojo.

— Nenhum de nós — Melissa completou.

— O que perdemos? — Cassy perguntou e quando Grace ia recontar a história, Kevin a cortou.

— Não vão querer saber.

— Ok, então. Mel, acho que o Apolo queria conversar alguma coisa com você em particular — ela sorriu e viu o semideus assentir levemente com a cabeça.

— Tudo bem — a aniversariante andou para longe deles, olhando para trás por um momento para ver se Apolo a seguia. Quando chegaram perto da escada principal, ela subiu alguns degraus e ficou satisfeita ao perceber que ali estava mais calmo que o andar de baixo. — Sobre o que quer conversar?

Ele abriu a boca para dizer algo, as palavras, no entanto, não saíram e ele permaneceu calado. Seus olhos estavam presos nos dela até ele começar a tentar tomar coragem para dizer a coisa mais simples que uma pessoa poderia dizer para a outra, mas que parecia extremamente difícil no momento.

Melissa não fazia ideia do que ele pretendia, Cassandra devia ter algo haver com aquilo, era a cara dela. O herói já havia preparado um discurso inteiro em sua cabeça quando baixou o olhar e viu que ela usava a pulseira de couro que ele lhe dera mais cedo.

— Gostou mesmo do presente? — perguntou, dando um sorriso verdadeiramente alegre.

— Claro que sim — a morena também sorriu e ergueu o pulso. — Não menti quando disse que era lindo.

— Melissa! — os dois olharam para baixo ao ouvirem o nome da morena e viram os gêmeos Luthor parados na entrada principal como se tivessem acabado de chegar.

— Ah, eu tenho que... — ela apontou na direção deles e Apolo concordou com a cabeça. — Depois a gente conversa, ok?

— Ok — apesar de sua expressão normal, ele ficara chateado por não ter conseguido dizer o que queria para ela.

O moreno desceu as escadas atrás dela e foi na direção oposta, onde avistou Cassandra e Kevin parados ao lado de uma improvisada pista de dança.

— Como foi? — Cassy perguntou.

— Não como o esperado — ele olhou para o lado onde Melissa e Alex conversavam.

— Volto já — Cassandra correu na direção da irmã.

Grace se aproximou deles enquanto comia vários mini sanduíches e seguiu os olhares dos heróis, vendo que Kevin observava enquanto Kate e Scott dançavam no meio dos outros convidados, e Apolo tinha sua atenção voltada para Melissa e Alex.

— Você são lerdos! — ela gritou, assustando os dois. — Vão mesmo deixar meus dois ships favoritos morrerem em uma noite?

— O que é um ship? — Apolo perguntou e Kevin revirou os olhos para a loira.

— Sem comentário, Grace, por favor.

— Vou pegar um refrigerante, quando voltar espero que essa situação tenha mudado! — a velocista, então, correu para longe, não se importando nos convidados que quase derrubou ao fazer isso.

Cassandra chegou até sua irmã por trás e a segurou pelo couro cabeludo. Apesar dos protestos e da tentativa de Melissa de se soltar, ela a puxou para longe de Alex e a colocou contra uma parede.

— Qual é o seu problema?! — Mel gritou, massageando a parte de trás de sua cabeça.

— O que você disse para o Apolo? Se o Luthor estiver atrapalhando vocês eu juro que atropelo ele com o batmóvel!

— Cass, o Alex e a Amanda chegaram e eu fui cumprimentá-los! Apolo e eu podemos conversar mais tarde.

— Não é uma conversa normal, ele ia dizer que gosta de você!

— Eu também gosto dele.

— Como mais que amiga! — ao ouvir isso, os lábios de Melissa formaram um "oh". — Mel, pelo amor de Deus, não estraga tudo. Eu não me lembro de ver você assim por nenhum outro cara. Não tenta esconder seus sentimento porque eu gosto de ver você feliz.

Ela ficou congelada por alguns segundos. Sua irmã podia ser irritante a maior parte do tempo, mas quando ela ficava séria era quase pior que seu pai.

— Onde ele está? — perguntou, vendo o sorriso voltar ao rosto de Cassy.

— Acabou de sair para a varanda.

Melissa se virou e andou o mais rápido que seus novos sapatos lhe permitiam. Naquele momento ela se lembrou do por quê odiava salto alto. Quando chegou à varanda, viu o moreno se virar em sua direção. Estava chuviscando, porém a lua minguante era visível no meio de algumas nuvens.

— O que faz aqui fora? - perguntou, andando até parar ao lado dele. Apesar do salto, ela não chegava nem perto de ser mais alta que o moreno.

— A música estava me irritando um pouco. E você? — ele a viu dar de ombros.

— Também não curto muito Ed Sheeran. Podemos continuar a nossa conversa.

— Se estiver ocupada... — ele parou de falar ao senti-la colocar uma das mãos em seu braço.

— Não estou. Conversar com o Alex é legal, mas fica chato por ser sempre sobre as mesmas coisas.

— Então nossas conversas não serão tão interessantes, não conheço muitos assuntos sobre esse mundo moderno — ele a viu dar uma leve risada e ficou confuso.

— É um dos motivos porque gosto de você, Apolo. Não é previsível e nem como os outros caras, não tem medo de dizer o que pensa e é honesto — ela deu um passo na direção dele e olhou para cima ao sentir a chuva aumentar. — Devíamos entrar.

Apolo também olhou para cima e depois para baixo, vendo o rosto dela completamente encharcado. Um sorriso surgiu nos lábios de ambos, ela levou sua mão direita a lateral do rosto do herói e torceu para que ele se inclinasse, já que não conseguiria ficar na ponta dos pés. Apolo, por sua vez, colocou uma das mãos na cintura da morena e inclinou o rosto para frente, fechando os olhos no momento em que seus lábios se encontraram em um beijo suave.

Melissa usou sua mão livre para segurar a dele e aprofundou o beijo, parando imediatamente ao ouvir algumas risadas ao fundo. Ele deu um passo para trás, sem soltar a mão dele, e viu que praticamente todos da festa os estavam observando através das janelas e da porta da varanda.

Um flash foi visto vindo do celular de Grace.

— Isso! Agora posso postar no Twitter "#Pelomenosumdosmeusshipsdeucerto" — ela fez uma careta para Kevin e Kate enquanto digitava sem nem olhar para seu telefone.

— Meu trabalho está feito — disse Cassandra, satisfeita.

— Talvez seja uma boa ideia Melissa acompanhar Cassandra para a Austrália — Bruce disse, sério.

— Não seja mau com eles! — Diana cruzou os braços, sorrindo para o amigo.

Melissa e Apolo entraram logo em seguida, passando no meio de todos e tentando ignorar os olhares.

— Vamos nos secar lá em cima — ela disse para o pai.

— Em quartos separados — ele respondeu, olhando para Apolo, que sentiu um frio incomodo na espinha.

— Bruce! — Selina o advertiu, abrindo caminho para os jovens passarem.

Amanda chegou ao local só naquele momento e não entendeu porque todos estavam reunidos no mesmo lugar, mas ao ver Melissa e Apolo subindo as escadas de mãos dadas, pareceu compreender tudo.

— Uh, você perdeu essa, maninho — ela disse para o irmão. Alex sorriu e bebeu um gole de sua bebida antes de responder.

— Já consegui o que queria.