Naquelas horas, ter super audição era uma droga. Ele podia ouvir desde o som dos ponteiros do relógio sobre o quadro negro até o roer das unhas de alguns dos seus colegas. Kevin tentou ao máximo se concentrar na prova, mas aquelas coisas sempre o distraiam. Tudo o que ele podia fazer era respirar fundo e tentar ler as perguntas em sua mente o mais alto que conseguia.

Um apito chato em seu ouvido o fez erguer a cabeça rapidamente e ele percebeu que não havia tirado seu comunicador depois de voltar da base. O herói resolveu ignorar e continuar a fazer a prova, porém o som começou a ficar mais alto, como se alguém tentasse insistentemente falar com ele.

Quando já não aguentava mais aquele barulho, tirou o comunicador de seu ouvido rapidamente e o guardou no bolso, torcendo para o professor não ter visto nada. Com um suspiro, o jovem voltou a pegar sua caneta, mas ao sentir o celular vibrar em seu bolso, ele acabou fazendo a caneta passar por entre as folhas da prova.

Com certa irritação, ele deu um tapa fraco na mesa, sendo o bastante para fazer as pernas de metal se quebrarem e desabarem no chão. O barulho fora tão alto que todos voltaram suas atenções para ele. Antes que o professor perguntasse o que estava acontecendo, Kevin pegou sua mochila e deixou a sala de aula.

— O que foi agora? — ele gritou assim que colocou o comunicador no ouvido.

§

— O que diabos você estava fazendo?! Por que não atendeu antes? — Batgirl gritou, vendo Scott passar voando por cima de sua cabeça e bater com as costas na traseira de um carro.

— Eu pego ele! Vai lá — Kate gritou para Apolo e correu na direção do atlante.

— Estamos com sérios problemas! — Melissa continuava a se concentrar na luta ao mesmo tempo em que falava com ele. — Uma garota injetou o soro e desenvolveu o poder de controlar eletricidade. Acho que foi demais e ela não consegue controlar!

A morena se virou para onde uma garota de cabelos castanhos andava pela rua, raios azuis saindo de seu corpo e acertando tudo ao seu redor. Os civis já haviam sido tirados de lá pela polícia. As pessoas nos prédios, por outro lado, ainda corriam um sério risco de seres eletrocutadas.

— Ninguém consegue chegar perto dela, precisamos de você! — Batgirl, dessa vez, viu Speedy tentar se aproximar e levar uma descarga elétrica bem na barriga, o que a fez desacelerar e receber outro choque.

Apolo se colocou na frente dela e usou sua espada para absorver a eletricidade, sentindo a mesma ficar extremamente quente e começar a queimar sua mão. Batgirl ouviu Kevin dizer algo, mas apenas desligou e correu na direção da garota, lançando um batarangue em sua direção e a fazendo se virar.

— Vamos lá, enguia elétrica, tenta me acertar! — ela grita, percebendo o ódio da garota crescer e as ondas de choque ficarem ainda maiores.

Mesmo se esquivando, Melissa foi pega por um dos raios e foi lançada para longe, sentindo duas mãos fortes segurarem seus braços e ouvindo uma voz familiar logo em seguida.

— Não conseguem ficar um dia sem mim? — Kevin deu um sorriso para a amiga e a colocou no chão.

— Poderíamos derrotá-la sem você, mas gostamos de fazer pelo jeito fácil — ela sorri de canto, baixando a bola dele.

— Claro que sim — Superboy voou rapidamente na direção da garota, sua mão na frente de seu rosto para não ser atingido pelos raios naquela região.

A garota o viu se aproximar e pareceu concentrar toda sua energia nele, apesar de Kevin ter chegado perto sem muita dificuldade. A eletricidade começava a corroer seu uniforme e logo iria conseguir penetrar sua pele, então ele foi rápido e deu alguns passos, ficando cara a cara com a garota.

— Foi mal por isso — ele diz e a ergue do chão, logo empurrando-a para baixo novamente e fazendo seu corpo se chocar contra o concreto. Consciente de que havia usado força suficiente apenas para deixá-la desacordada, o herói nem se deu ao trabalho de checar a garota e foi na direção de seus amigos.

— Você treinou com amazonas e não pensa antes de fazer uma defesa daquelas?! — Melissa dava uma bronca em Apolo enquanto usava uma atadura para enfaixar suas mãos queimadas. — Podia ter morrido!

— Não podia deixar a Grace levar mais choques, ela não tem a minha resistência para esse tipo de coisa — ele retrucou, vendo a loira fazer uma careta.

— Você não cura seus ferimentos em menos de meia hora, eu sim!

— Scott está ferido, pessoal — Kate comentou e Kevin a ajudou a segurar o atlante desmaiado.

— De onde essa maluca surgiu? — Superboy perguntou, franzindo o cenho para a garota caída no meio da rua.

— Seja lá quem for que estava distribuindo o soro, passou essas semanas parado para nos fazer pensar que haviam acabado com essa história — Melissa terminou de cobrir as mãos de Apolo e se virou para o amigo. — Precisamos voltar a investigar e descobrir tudo o que podemos.

— Pode interrogá-la, nós vamos levar Scott para a base e cuidar do ferimento — Kate olha para Kev, que assente.

—– Me deem três minutos com ela — Melissa se virou e andou até a garota.

Os quatro trocaram olhares e resolveram esperar por ela. Sem nenhuma delicadeza, Batgirl puxou o cabelo da recém transformada meta-humana e a fez ficar de pé. Depois de dar um gemido de dor, a garota tentou focalizar sua visão, apesar de ainda estar um pouco tonta.

— Vou perguntar isso da forma mais gentil possível, — Melissa disse, fria e secamente. — Onde conseguiu o soro?

— Não é da sua conta! — a garota conseguiu dizer e Batgirl lançou um olhar para seus amigos, que fizeram um sinal de negação com suas cabeças ao mesmo tempo.

— Ok, então, vamos conversar em particular — a morena continuou a segurá-la pelo cabelo e a puxou forçosamente para dentro de um beco.

— Batgirl! — Superboy tentou chamar a atenção da heroína, mas ela não o escutou.

— Relaxa, ela não vai fazer nada demais — Apolo disse.

— Duvido muito... — Grace desvia o olhar do beco para eles. — Tenho que ir para Central City, meu irmãozinho vai nascer a qualquer momento e eu não posso perder isso! — a loira dá um rápido sorriso e desaparece antes de seus amigos dizerem algo.

Um minuto se passou e Melissa saiu do beco, tento a garota algemada e cabisbaixa.

— O que fez com ela? — Kate perguntou, com um pouco de medo da resposta.

— Não precisam saber... Ela conseguiu o soro aqui em Metrópolis, perto de um laboratório confidencial do governo. Consegue adivinhar que lugar é esse, Super? — Mel olhou para Kev, que suspirou e sentiu-se mais tenso só por pensar na possibilidade de ser naquele lugar.

— Pensei que a Waller tivesse acabado com o Projeto Cadmus.

— Acho que a Liga também pensou — Kate disse e sentiu Scott começar a acordar, dando um grunhido de dor.

— O que eu perdi? — ele sentia uma forte dor no peito onde havia recebido a descarga elétrica, mas conseguiu colocar-se de pé.

— O trabalho ainda não acabou. Vamos sair daqui antes que os repórteres ou a polícia venham nos fazer um milhão de perguntas — Superboy sugeriu, já podendo ouvir o som dos carros se aproximando.

— Onde está a Grace? Podemos precisar dela — Batgirl viu Kevin sorrir para ela.

— Já foi difícil admitir que precisava da minha ajuda, agora diz que também precisa da Grace... Essa equipe te mudou mesmo.

— Deixa que eu respondo ela por você, — Kate limpou a garganta e tentou imitar a voz da morena. — Nós não somos uma equipe, trabalho melhor sozinha.

— Calada, Queen! — Melissa deu um leve empurrão na loira, fazendo os outros rirem.

Ela realmente preferia trabalhar sozinha, pois não precisava se preocupar com seus amigos se ferindo durante a luta, mas ela precisava admitir que com eles tudo ficava mais fácil.

Depois de dar uma dose de anestesia grande para a garota meta-humana, os heróis a entregaram para as autoridades e voltaram a se concentrar no tal laboratório secreto. Kevin se lembrava de ter ido com seu pai até um local que ele dissera ser a antiga base do Projeto Cadmus, onde cientistas do governo usavam DNA alienígena e meta-humano para criar clones, heróis e até vilões.

Assim que chegaram a um velho laboratório abandonado, os cinco entraram depois que Kevin quebrou algumas tábuas de madeira na porta. O lugar estava bem bagunçado e repleto de poeira, claramente não era usado há muito tempo, o que os deixava com certa dúvida quanto a informação.

— Tem certeza de que era aqui? — Apolo se virou para Melissa, vendo-a examinar um dos computadores atentamente.

— Se não é aqui, Cadmus tem uma nova base. Precisamos encontrá-la, é a cara deles fazerem algo como esse soro — Batgirl trincou o maxilar quando não conseguiu encontrar nada de útil e se voltou para a saída.

Kate e Kevin andavam pelo térreo a procura de alguma anomalia e quando estavam prestes a subirem para o segundo andar, ouviram um barulho vindo dos fundos. Superboy voou na frente da loira e depois de passar por um corredor extenso, chegou até uma porta de metal que parecia ser um elevador.

— Não tire conclusões precipitadas — ele disse, alto o bastante para Melissa e os outros ouvirem.

Em pouco tempo os quatro foram ao encontro dele.

— Pode não ser nada, esse prédio tem vários andares — Kate comentou.

— O barulho que ouvimos foi de algo descendo, alguém usou esse elevador recentemente — o herói se aproximou da porta de metal e usou sua visão de calor para fazer um círculo grande nela.

Antes que o pedaço da porta caísse no chão, Apolo cravou sua espada no material e o removeu com cuidado para não fazer um barulho muito alto.

— Esperto — Batgirl sorriu para o namorado e deu um tapinha em seu ombro.

Apolo olhou para dentro do buraco com cuidado e logo depois segurou Batgirl em seus braços.

— Nos vemos lá em baixo! — ele esperou até que ela estivesse se segurando bem e voou pelo túnel escuro.

Kevin também passou pelo buraco na porta e ofereceu a mão para Scott e Kate, que a seguraram e o sentiram começar a descer devagar. Conforme se aproximavam de Melissa e Apolo, podia ver a luz da lanterna dela iluminando o túnel.

— Já vi que isso vai demorar — Kate disse, olhando para Kev.

E ela estava certa. Eles precisaram descer pouco mais de 1km até chegar ao elevador.

Superboy e Apolo deixaram os outros no teto do mesmo e Kevin usou sua visão de raio-x para verificar se ninguém estava ali dentro. Quando confirmou, ele deu um soco na portinha de emergência logo abaixo e deu um pulo para dentro.

Sua surpresa veio quando viu vários homens apontando armas em sua direção no momento em que pisou do lado de fora. Antes que pudesse avisar os outros, eles desceram e sua expressões confusas foram as mesmas que a de Kevin.

— Estávamos esperando por vocês — eles se viraram para onde uma voz feminina e firme falou com eles.

— Não se cansa de fazer merda, Waller? — Batgirl perguntou, olhando para a mulher de terno que se aproximava.

— E vocês não se cansam de bisbilhotar? Já vi porque o nome de vocês é Deep Six — a morena cruzou os braços e não conteve um leve sorriso ao ver os cinco franzirem o cenho.

— Que nome terrível — Scott disse.

— A mídia ama vocês. Infelizmente, meu pessoal e eu não — Amanda Waller era a chefe de diversos projetos secretos do governo, e todos já sabiam disso, mas era impossível determinar quantos exatamente. — Vamos dar a vocês a chance de irem embora agora e não serão presos.

— Como pode ver, estamos morrendo de medo dessa sua ameaça — Batgirl tenta avançar, mas Kevin coloca a mão em seu ombro, impedindo-a.

— Viemos falar sobre o soro. Achamos que quem está fabricando ele pode trabalhar aqui e estar usando o DNA meta-humano que o Cadmus tem para isso — Superboy viu a diretora ponderar suas palavras por alguns segundos e se virar para logo em seguida seguir por um corredor.

— Me sigam — ela ordenou e os homens baixaram as armas.

— Um diálogo civilizado é melhor do que violência — Kevin falou e viu Melissa revirar os olhos.

— O projeto Cadmus foi desligado há muitos anos, mas o governo ainda o usa para prender meta-humanos muito perigosos. Estou aqui hoje por acaso, preciso de um deles para uma missão.

Waller entrou em um enorme salão onde vários cientistas andavam de um lado para o outro. No andar de cima, os heróis podiam ver várias capsular de contenção usadas para manter meta-humanos desacordados e bem presos.

— O soro precisa de uma célula mãe para implantar os poderes em um humano, aqui é o local perfeito para conseguir uma que ninguém dará falta —Kate disse.

— Não sei se temos um traidor entre nós, não passo muito tempo por aqui, mas esse soro tem causado muitos problemas para a ARGUS e para mim — Waller parou na frente de um computador. — Como estou de bom humor, vou deixar vocês darem uma olhada para ver se descobrem algo. Tem cinco minutos!

— Termino em quatro — Batgirl viu um dos cientistas sair de uma cadeira e se sentou nela.

Kevin e Apolo examinavam o local atentamente, quando seus olhos pararam em uma jovem de cabelos castanhos conversando com um garoto, sua pele pálida contrastando com seu cabelo negro.

— Cassy? — Kev quase gritou, mas baixou o tom de voz rapidamente para não alertar Melissa.

Ele e Apolo trocaram olhares e andaram na direção dela, por sorte não tendo sua ausência notada pelos outros.

A morena viu os dois heróis e seu sorriso desapareceu, sendo substituído por um semblante surpreso. Cassandra tentou se esconder atrás do garoto com quem conversava, mas sabia que já havia sido vista.

— O que faz aqui? Achei que já tinha ido para a Austrália — Kevin cruzou os braço e a viu dar um sorriso, mais de nervosismo do que de felicidade.

— Meu pai pensa que eu estou lá... É que o Greg vai em uma missão a mando da Waller e eu vou junto para ajudar, e porque não o vejo a muito tempo e quero ficar com ele — ela segura a mão do garoto. — Greg é meu novo namorado!

— E deixa eu adivinhar, é um criminoso — Kevin encarou o jovem sem muita simpatia.

— Sou um agente da ARGUS, se é que você chama isso de criminoso —Greg retruca. — O pai do seu amigo trabalhava para a Waller, não se esqueça disso.

— Como sabe sobre meu pai? — Apolo deixou uma das mãos próxima a sua espada, já se preparando para qualquer coisa.

— A Cassy me contou — ele respondeu, sério.

— Adivinha quem é o pai dele! — Cassandra se posicionou atrás do namorado. — Vou dar uma dica... — ela usou uma mão para cobrir o lado esquerdo do rosto dele.

Antes que os dois pudessem responder o óbvio, ouviram a voz de Melissa.

— Dent, o que você está fazendo aqui? — Batgirl gritou e abriu caminho por entre Apolo e Kev, vendo Cassandra se esconder totalmente atrás dele. —Quando te coloquei na cadeia, esperava que ficasse lá.

— Pessoas com habilidades tão valiosas quanto as minhas não ficam presas por muito tempo — Greg respondeu. — E não estou obrigando a Cassy a fazer nada, ela vai vir comigo na missão porque quer.

— Verdade — Cassy murmurou, olhando por cima do ombro dele para a irmã.

— Por que não consegue namorar um cara normal, garota? — Batgirl indagou. Ela e Bruce odiavam quando Cassandra aparecia com um namorado que havia acabado de sair da prisão ou que havia fugido dela.

— Greg é normal! Só tem uns probleminhas de personalidade, mas isso o torna ainda mais interessante na minha opinião — ela deu um beijo na bochecha dele e segurou sua mão, o puxando para longe. — Vamos soltar o Ignis e cair fora logo, esse lugar me deprime.

— Espera, Ignis?! Eu levei três anos pra prender esse cara! — Kate gritou, não acreditando o quão fácil seria apenas soltar o criminoso.

— Então é melhor não estar aqui quando ele for solto, ele pode não gostar de te ver — Greg disse antes de entrar em outro elevador com Cassandra e sumir da vista dos heróis.

— O que descobriu, Bat? — Apolo perguntou, tentando fazer a morena voltar seu foco para a missão e ficar um pouco mais calma.

— Estávamos certo quanto ao palpite de que alguém está roubando DNA meta-humano, a maioria dos "hóspedes" daqui tiveram boa parte do sangue drenado, sem dizer aqueles que foram mortos e seus corpos desapareceram — respondeu. — Aquele cara de fogo que me atacou há alguns meses provavelmente usou o soro com o DNA do Ignis, podemos perguntar para saber se ele sabe quem pegou seu sangue.

— Aquele cara tem razão, o Ignis me odeia, então vocês podem ir que eu fico aqui — Canário disse e Batgirl assentiu.

— Eu não deixaria ele machucar você — Kevin assegurou, vendo-a lhe dar um sorriso e tocar seu ombro.

— Sei que não, mas não quero confusão aqui com tantos vilões e monstros que podem ser soltos a qualquer momento.

— Daríamos conta deles — Scott disse e Apolo concordou com a cabeça.

— Vocês já querem brigar de novo? — Melissa cruzou os braços e os dois deram uma risada.

— Ficamos entediados muito rápido — o atlante respondeu.

Os cinco, de repente, tiveram suas atenções voltadas para o elevador principal ao ouvirem o som de tiros. Os homens armados que os haviam recebido antes agora faziam novamente sua formação na frente do elevador, bem na frente da pessoa que havia atirado no teto.

— Não se estressem pessoal, só estamos aqui para matar algumas pessoas — eles reconheceram a voz de Duela e rapidamente foram naquela direção. — Hey, hey, hey, mas que surpresa temos aqui!

A psicopata riu freneticamente ao avistar os heróis. Ela estava acompanhada de uma figura misteriosa, um jovem alto trajando uma roupa preta e um capacete da mesma cor que cobria inteiramente seu rosto. Em sua cintura, eram vistas duas katanas e algumas cápsulas presas em seu cinto, que lembrava o de Melissa.

— Vamos fazer assim, eu vou matar alguém e vocês atiram em mim — Duela apontou sua pistola na direção de um dos cientistas e disparou sem cerimônia.

Quando os homens armados começaram atirar na direção da Filha do Coringa, a figura misteriosa ao lado dela sacou suas duas espadas e começou a desviar todas as balas que vinham na direção dos dois. Duela já havia se posicionado atrás dele e começou a rir quando percebeu que ele não estava apenas desviando as balas, mas sim fazendo-as atingirem os homens que atiravam.

Kevin puxou Batgirl e Canário para trás de si e recebeu um grande número de balas nas costas. Apolo e Scott haviam se escondido atrás de uma mesa e esperavam pela melhor hora de atacar.

Quando os tiros pararam, os dois heróis saíram rapidamente de seus esconderijos e ficaram pasmos quando viram todos os atiradores caídos no chão. Os que não haviam levado um tiro, tiveram suas gargantas cortadas.

— Ótimo jeito de conhecerem o Ibnybay! — Duela gritou enquanto se sentava em uma cadeira giratória e rodava na mesma.

— Meu nome é Ibn al Xu'ffasch — a voz dele era fria como um iceberg, sem emoção alguma, nem mesmo raiva por ela ter errado seu nome.

— Acertei as primeiras letras dessa vez... — Duela não teve tempo de continuar, pois foi jogada na direção do chão brutalmente. Ao olhar para cima, viu ser Batgirl quem a empurrara. — Batsy-girl, que saudade!

— O que faz aqui, palhaça? — Melissa a segurou pelos ombros e a empurrou contra a parede mais próxima, não se dando ao trabalho de ser gentil no processo.

— Minha chefe me mandou para cá com o Ibnybay para apagarmos as provas de que roubamos o DNA meta-humano dos prisioneiros daqui — ela respondeu, tão sinceramente que Batgirl ficou assustada.

— Por que me contou isso com tanta facilidade?

— Porque tô te enrolando para você não ver meu amigo matar os seus! — a risada contida que ela deu fora mais tenebrosa que a do Coringa.

Batgirl a empurrou e se virou imediatamente. Scott tinha um corte superficial, porém grande, em seu peito e estava caído em uma poça de seu próprio sangue. Kate tinha uma faca pequena cravada em seu braço esquerdo e outra em sua coxa, e também estava no chão. Kevin começava a se levantar de cima de uma das mesas e ela se perguntou como ele havia sido jogado lá.

Ela ouviu o barulho alto de metal se chocando e olhou na direção em que Apolo e Ibn lutavam rapidamente. Os golpes do herói eram fortes, precisos e faziam faíscas saírem sempre que as lâminas se tocaram, mas os do assassino eram rápidos e ferozes, com real intenção de matar seu oponente.

Ibn puxou uma segunda lâmina e fez um corte na lateral direita do corpo de Apolo, que ficou desprotegida quando defendeu um golpe do outro. Ele não parou de lutar, mas quando Batgirl viu uma grande quantidade de sangue sair do ferimento, ela correu na direção deles e empurrou o namorado para o lado, recebendo o impacto na katana de Ibn com a placa de titânio em seu braço.

Ele permaneceu parado por alguns segundos para depois se afastar dela e analisá-la de longe.

Kevin se preparou para voar e empurrar aquele cara para o mais longe que conseguisse, mas sentiu algo acertar suas costas e se virou, percebendo ser uma bomba do tamanho de um melão com um sorriso desenhado nela. A risada de Duela foi a última coisa que ouviu antes de a bomba explodir e ele cair no chão.

Melissa lançou dois batarangues em Ibn, que os desviou para o lado com sua espada e se aproximou dela, guardando sua lâmina e rapidamente desviando dos socos desferidos por ela. A heroína estava com raiva, muita raiva, e ele percebia isso.

— Se preocupa demais com seus amigos — ouvir a voz dele a fez perder a concentração por alguns milésimos de segundo e ela caiu com um chute em suas costelas. — Por que liga? Eles possuem poderes para se defenderem. Você não.

Melissa ficou sem fôlego por mais tempo do que o esperado. Ele sabia mesmo em que ponto acertar para fazê-la ficar daquela forma e isso a deixou com mais raiva do que as palavras dele.

— Tente de novo — Ibn fez sinal para ela se aproximar. Batgirl se levantou e correu na direção dele, porém caiu antes mesmo de se aproximar, pois ele chutara seu joelho de forma tão rápida que ela nem conseguiu prever o movimento. — Não estaria nesse time se não pudesse fazer algo, não é? Seu amigo é forte e voa, o outro controla a água, aquela garotinha é rápida... O que você pode fazer? Nem consegue me derrubar ou chegar perto de mim.

Batgirl olhou para cima, seu sangue fervia de raiva e ela realmente queria arrancar a cabeça daquele cara. Antes de terminar o pensamento, alguém atirou na direção de Ibn e acertou em cheio o visor de seu capacete, fazendo o vidro negro trincar.

— Que tal se afastar dela como um bom garoto? — Dent gritou, tendo com ele Cassandra, Waller e um homem loiro atrás de si.

— Só me faltava ser salva pelo filho do Duas-Caras — Melissa grunhiu e viu Ibn pegar sua katana novamente.

— Cassy-baby-cue! — Duela praticamente berrou e correu na direção da Wayne.

— Duela! O que você tá fazendo aqui? — Cassandra rapidamente olhou para Greg, que apontou outra arma na direção da garota de cabelos azuis.

— Você sabe, matando gente, irritando a Batsy-girl, o de sempre — Duela se virou para Waller. — Tenho quase certeza de que você estava na minha lista de mortes, Amandinha.

— Ignis, acabe com eles — Waller ignorou o comentário da palhaça e andou na direção do elevador, não parecendo se importar com Ibn, assim como ele também não deu bola para ela.

O cara loiro deu um passo a frente e sorriu quando seu corpo se tornou inteiramente feito de fogo.

— Merda! — Duela correu o mais rápido que pôde e puxou Ibn pelo braço. Uma rajada de fogo passou zunindo pela cabeça dos dois. O assassino a fez se abaixar bem na hora e a empurrou para dentro do elevador antes que Waller entrasse nele. Antes que as portas de metal se fechassem, Ibn lançou um shuriken na direção de Greg.

Quando a lâmina chegou a três centímetros do rosto do agente, Cassandra a desviou usando apenas os dedos e a lançou na cabeça de um guarda morto no chão.

— Tá todo mundo bem, exceto aqueles que estão mortos? — ela perguntou, ouvindo alguns gemidos de dor dos heróis.

— Quem era aquele cara? — Kate conseguiu arrancar a faca presa em sua perna e percebeu que a mesma era extremamente longa.

— O nome era árabe... — Apolo conseguiu pôr-se de pé e andou até Melissa.

— E ele não machucou tanto você, Wayne — Dent ajudou Kevin a se levantar. O herói ainda não conseguia ouvir direito por conta da bomba ter explodido tão perto e estava confuso.

— Que sorte — Batgirl recusou a ajuda de Apolo para se levantar e seguiu para o elevador.

— Preciso de férias — Scott cuspiu sangue e se apoiou na mesa para levantar. — Férias muito longas debaixo d'água.

— Aceitaria umas férias — Ignis voltou ao normal e passou por Kate, propositalmente esbarrando na loira conforme andava.

— Vai começar a trabalhar agora — Greg disse, parando ao lado dos outros a espera da chegada do elevador.

— O que exatamente está tramando, Waller? Usar dois criminosos em uma missão do governo? — Batgirl indagou, vendo a morena lançar-lhe um olhar sério.

— Quem mais você usaria para uma missão suicida? — as portas se abriram e ela entrou, junto com Cassandra, Dent e Ignis.

— Até mais maninha! Tenta não morrer — Cassy sorriu e acenou para ela.

— O que faremos com esse lugar? Centenas de pessoas morreram — Kevin conseguiu dizer, seus sentidos voltando ao normal.

— Não vamos contar aos nossos pais, disso eu tenho certeza. A Waller já deve ter mandado uma equipe para fazer a limpeza desse lugar — Melissa cruzou os braços.

— Ei, tá tudo bem com você? — Apolo perguntou, percebendo o quão tensa ela parecia. Mesmo não sabendo o por quê, Mel sentia que já estava cansada daquela pergunta.

— Sim, estou bem... Melhor do que vocês — depois de dizer isso, a heroína deu um soco no botão do elevador e esperou que ele descesse.