– Ah, Carena! Eu adoraria que você entrasse pra a nossa família!

Com isso, diário, meu coração resolveu dançar tango. Imagine só, a sua família toda feliz e reunida, daí chega a Pansy e diz isso. NÃO FAZ SENTIDO! Como a tia Pansy diz isso?

Okay, alguém me ajuda aqui. Vamos recapitular... Ela quer que eu namore com o Luke, que já me fez sofrer e que é um galinha estúpido que só pensa em si mesmo.

Obviamente a resposta é não.

Se eu já fui otária? Claro que fui, até hoje sou, para falar a verdade. Mas isso não significa que eu vou ser tão burra ao ponto de namorar com o Luke Zabini.

Mesmo assim, meu rosto adquiriu uma coloração vermelha que qualquer um que visse diria que eu tinha ‘corado’. Na verdade era só de raiva mesmo. Olhei para Pansy, esperando ela começar a gargalhar, mas foi em vão, ela não fez isso. Vi para papai e Scorpius, que analisavam Luke de cima a baixo, com um olhar neutro, em seguida eles olharam para Pansy e responderam juntos.

– Nem pensar. - Eles se entreolharam e olharam para mim, que estava perplexa com a cena. Mamãe, Rose e Pansy estavam se segurando para não rir, o que não passou despercebido por mim. Quer dizer que era esse o plano? Me constranger diante da família para que eu aceitasse sair com o Luke? Não deu muito certo.

Finalmente olhei para Luke, que parecia considerar a ideia.

MERLIM, EU JURO QUE SE VOCÊ ME LIVRAR DESSA EU SUBO AS ESCADARIAS DE HOGWARTS DE JOELHOS!

— Vocês já pensaram em perguntar o que eu acho...? — Eu perguntei um pouco com medo da reação deles. Na verdade isso tudo era bizarro.

— Não. — Responderam todos de uma vez, até a Linker que eu nem sabia que estava ali! Jesus, o que eu faço?

Olhei para Rose, que estava rindo pelo nariz. Sinceramente, ela está cada dia mais estranha. Olhei para ela, rezando para que ela entendesse que eu queria que esse assunto acabasse e voltássemos a jantar. Ela percebeu meu pedido silencioso e declarou:

– Okay, circulando, circulando! - Dei graças a Merlin e fui me levantar, mas recebi um sonoro "Você fica aí" de Rose Weasley, Astoria Malfoy e Pansy Zabini.

Okay. Será que a Rose não consegue interpretar pedidos? Meu olhar estava dizendo claramente: Faça-os pararem. Agora.

Mas ela deve ter entendido: Saia daqui! Quero dar uns pegas no Luke!

O pior foi que ela e, na verdade, todas as mulheres, estavam me lançando olhares maliciosos. Eu realmente mereço isso, Merlim? Já não passei por provações demais?

Rose apenas acenou e fechou a porta, me deixando com uma cara de nada.

Estava tão envolvida em meus pensamentos que não reparei que o Zabini estava lá, sentado na cadeira, com o olhar fixo em mim. Comecei a considerar a ideia de que tinha uma lula na minha cabeça.

– O que foi? - Eu perguntei irritada.

— Você já considerou a ideia de estarmos trancados? — Perguntou como quem não quer nada. Na verdade não, fofo, mas já considerei a ideia de te esganar até sua morte, pensei.

Ele se levantou e foi até a porta da cozinha, simplesmente para constatar que estava fechada. O olhei mais irritada ainda.

— Você é um bruxo ou o que? — Perguntei. — Pegue a sua varinha, imbecil! –Levantei da cadeira, o olhando em expectativa.

– Er... É que... Eu não trouxe a minha. - Ele me deu um sorriso amarelo. - Não a de madeira. - Abriu um sorriso zombeteiro no rosto.

– Ótimo! Obrigada Merlin! MUITO OBRIGADA! – Eu gritei a última parte, assustando o Luke. – Não me olhe assim, imbecil! Eles estão lá, comendo, se divertindo, comendo, no jardim, comendo, conversando, comendo... — Constatei. Se eu estava com fome? Imagina... — Já falei comendo? — Perguntei irônica.

– Você quis dizer “se comendo”, certo? – Ele perguntou com uma naturalidade que me fez rir.

– O que foi? – Ele perguntou com seu típico sorrisinho cafajeste nos lábios.

– Nada, é que eu não tinha pensado nisso. – Eu falei me sentando no chão próximo à porta.

Ele veio sentar perto de mim, tipo, muito perto, e eu não pude deixar de pensar que, se eu fosse uma adolescente normal, eu me aproveitaria do momento. Mas... Eu não sou uma adolescente normal.

– Er... Eu fui idiota, sabe?! – Falou olhando pra mim. Fiquei meio curiosa, não sabia do que ele estava falando. – Eu sabia que você gostava de mim naquela época.

Agora estava óbvio que eu sabia do que ele estava falando. Da época que eu era perdidamente apaixonada por ele. Da época em que eu deixei que ele me machucasse. Da época em que eu fui otária inúmeras vezes.

Uma sensação totalmente orgulhosa me invadiu. Como se ele tivesse dito exatamente o que eu queria escutar. Escutar o garoto que mais me machucou chamando a si mesmo de idiota foi como música para meus ouvidos. Dei-lhe meu sorriso mais orgulhoso.

— Eu sei. — Eu lhe disse com um sorriso divertido no rosto. Ele não pode estar achando que isso iria mudar alguma coisa em nossa “relação”.

— Então você não está com raiva de mim? — Ele perguntou meio receoso, mas com um sorriso esperançoso no rosto.

Lancei-lhe meu melhor sorriso orgulhoso. — Claro que não estou. Se você olhar bem, quem saiu perdendo não fui eu. — Falei calmamente. Percebi que ele não ficou nem um pouco abalado, a única certeza de que tive que ele havia escutado algo do que eu falei foi quando ele me lançou seu sorrisinho cafajeste e foi se aproximando de mim.

— Tem certeza? — Ele perguntou se aproximando ainda mais.

— O que você pensa que está fazendo, Zabini? — Perguntei rude, tentando lhe impedir de chegar perto de mim. Óbvio que eu falhei, afinal, mesmo eu sendo artilheira do time de quadribol da Sonserina, não tem como competir com um batedor.

— Algo que eu já deveria ter feito há tempos. — Respondeu, acabando com a nossa distância. E lá estava eu. Mais perto do que eu imaginaria estar do garoto que foi meu primeiro crush. Eu até teria repondido, mas ele não me deu chances de responder. Já havia me beijado.