Rivais escrita por Strife


Capítulo 16
Cap.15- O aviso


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora.
Boa leitura, queridos!



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(...)

— Sim. Podemos ir para casa agora?

— Ok. -levantou, se espreguiçando- O que foi? Não consegue levantar? -colocou uma mão em meu ombro.

— Tu- Tudo bem. -levantei rapidamente e logo estava caindo de cara no chão.

— Sua perna deve estar dormente. -suspirou pesadamente.

— Desculpa. E obrigada por ter me segurado.

— Não há de quê. -sorriu.

(...)

— E o meu pai? -sentei no sofá.

— Estava uma fera! Mas ele... Já viajou... -me encarou, triste.

— Claro que sim. Não é uma filha inútil que vai segurá-lo aqui. -forcei um sorriso.

Meu pai sempre fora assim desde que... Bom, desde certos acontecimentos...

— Que clima de velório é esse? -um loiro escandaloso entrou na sala, vindo da cozinha.

— Leo? O que faz aqui? -encarei o garoto.

— Estava treinando. O Lucas sempre deixa a gente treinar aqui nos fins de semana. -deu de ombros.

— Mas não é por isso que você precisa entrar todo sujo e suado em casa.

— Eae Lucas. -ignorou a repreensão por parte do capitão.

— E ainda não é fim de semana. -revirei os olhos.

(...)

 

— Leo, fique quieto. -o capitão suspirou.

— O que?! Mas... Ela que... Argh! Eu vou fazer você sair dessa casa. CUSTE O QUE CUSTAR! -gritou e saiu bufando de raiva.

— Gente... O que aconteceu com o garoto? - Valentina olhava de mim para o capitão.

(...)

— Então me deixe descansar aqui. -deitou sua cabeça em minhas pernas, fechando os olhos em seguida.

— O- O que eu... Faço...?

— Apenas fique quieta aí até que eu acorde. -resmungou, sem abrir os olhos.

— Mas...

— Por favor... Fique aí. -falou baixinho.

— ... Tudo bem. -suspirei.

(...)

— Bom... Obrigada por tudo.

Acariciei seus cabelos negros e lisos e ele suspirou. Que fofo! Parece uma criancinha. Ele pareceu gostar do carinho -ou não, já que ele está dormindo- então tomei a liberdade de continuar bagunçando seus cabelos. E não é que eram bem macios? Suas mechas parecem até ser pintadas, já que a cor do seu cabelo é muito escura.

É preto. Claro que seria escuro. Que idiota.

Como se não existissem outras tonalidades de preto para cabelo né.

Que ótimo. Era só o que faltava. Uma discussão com o meu subconsciente.

— Acorde logo, idiota. -resmunguei.

(...)

O Aviso

— Bom dia. -falei para ele, assim que o vi.

— Bom dia. -bocejou- Acordou cedo, não?

— Na verdade, não. Sempre tive o costume de acordar cedo.

— Como está sua perna? -sentou-se à mesa.

— Boa. Acredito que em poucos dias já vai dar pra tirar.

Coloquei uma xícara com café em sua frente e um prato com torradas, outro com ovos e bacon.

— Você bebe café? Desculpa, nem tinha perguntado. -me juntei à ele no desjejum.

— Tudo bem. Não costumo ter frescura com comida.

Comemos em silêncio, e eu estava extremamente desconfortável ali, já que ele parecia não parar de me encarar.

— O que tanto olha? -perguntei sem encará-lo.

— Você.

Levantei o olhar e vi aquele brilho peculiar nos seus olhos, imensidões negras e brilhantes.

— E... Por que me olha?

— Você é diferente, Catarine. -apoiou um cotovelo na mesa e descansou sua cabeça no punho fechado.

— Diferente como? Isso é bom ou ruim?

— Só diferente, e isso é bom. -sorriu de lado.

— E você é estranho.

— Estranho como? -arqueou uma sobrancelha.

— Só... estranho. -levantei, juntei a louça que estava na mesa, e levei até a pia.

— Você não pode usar o que eu falo. Não contra mim. -argumentou.

— Hoje a louça é sua, ok? E eu vou indo, antes que perca o ônibus.

— Não vai comigo? -perguntou.

— Não quero ficar dependente de ajuda, e também não quero atrapalhar.

— Mas você não me atrapalha! Na verdade...

— Lucas, eu sei que você geralmente não costuma levantar cedo, não quero te privar de nada do seu cotidiano. Acho que você me vê como uma dependente de ajuda, mas eu posso ir sozinha, sério, já estou melhor.

Peguei minhas coisas e a chave de casa. Dessa vez, da minha própria casa.

— Venho pegar minhas coisas mais tarde.

— Como assim "Pegar suas coisas"-franziu o cenho.

— Isso aí. Não chegue muito atrasado, ok? -sai batendo a porta.

— Catarine! -pude ouvi-lo gritar.

Fui lentamente até a parada de ônibus, já que ainda era cedo, e o ônibus que eu pegava só passaria daqui a uns 10 minutos.

Meu celular vibrou com a chegada de uma mensagem, então peguei o aparelho que estava no bolso da jaqueta que eu usava.

"Tomou café da manhã?"

Ri. Beto sempre se preocupava comigo.

"Sim. Obrigada pela preocupação:)"

Respondi prontamente.

"Por nada, meu bem. Nos vemos daqui a pouco ;)"

Guardei o celular no bolso, bem a tempo de ver o ônibus parar à minha frente. Subi rapidamente, paguei, e procurei um assento vazio, e acabei fazendo um biquinho ao ver que não haviam lugares vagos.

Ótimo. Espero que eu não caia por causa dessa perna de merda.

Suspirei, me sentindo cansada, e me apoiei em um espaço perto da saída.

— Oh. Garota do óculos! -olhei para a pessoa que apontava descaradamente o dedo indicador em minha direção, bem rente aos meus seios.

Fiquei vermelha ao perceber isso, mas parece que a pessoa fazia aquilo sem segundas intenções, já que aquele sorriso animado e a expressão surpresa em seu rosto me induziram a afirmar isso.

— Oi. É... Gustavo? -sorri timidamente.

— Isso. Que bom que lembrou meu nome -sorriu- Venha, sente-se aqui! -levantou do seu lugar e praticamente me empurrou para que eu me sentasse.

— Obrigada.

— Vejo que ainda prefere usar esses seus óculos estranhos. -apoiou um dedo no queixo, pensativo- Ah! Já sei!

Ele falou alto, fechando uma mão em punho, e esticando a outra, em seguida bateu a fechada na outra, o que assustou alguns desavisados. E até a mim mesma, que estava o observando.

— O que?

— Quando estiver comigo... -se inclinou em minha direção, e quando estava com o rosto próximo ao meu, retirou meus óculos habilmente, e eu quase gritei com aquilo- Não precisa usa -los!

— Me devolva! -fechei os olhos com força.

— O que há? Está com medo de olhar para mim?

Droga. Ele tinha razão.

— Me devolva. -pedi novamente, ainda de olhos fechados.

— Já sei! Espera aí...

Eu não podia ver o que ele estava fazendo mesmo, Então dane-se. Alguém puxou o elástico que segurava o rabo de cavalo mal feito do meu cabelo, os soltando.

— Não se assuste. Sou eu. -ele falou.

Minhas maçãs do rosto foram apertadas com certa pressão, e meus cabelos bagunçados.

— O que está fazendo? -falei em um fio de voz.

— Chegamos ao colégio! Vem! Confia em mim!

— O que está...

Ele agarrou minha mão e me puxou, espero que tenha sido para a saída. Senti suas mãos em minha cintura e meus pés saíram do chão por uns instantes.

— Abra os olhos, Catarine.

Fiz o que pareceu ser o maior esforço da minha vida, e semicerrei os olhos, de modo que desse para vê -lo.

Ele estava com meu óculos na gola de sua camiseta. Abri os olhos, finalmente, e o encarei de repente, vendo-o sorrir enquanto um tom rosado apoderava-se de suas bochechas.

— Droga... -virou a cabeça para o lado- Eu acho que... você está realmente linda agora, sabia?

Se antes eu estava cor de rosa, agora estava vermelho vivo! Caramba, essas coisas só parecem acontecer comigo!

Aproveitei seu momento de distração e peguei os óculos rapidamente, os coloquei no seu devido lugar -meu rosto, claro- e saí correndo dali, com ele chamando o meu nome algumas vezes.

— Desculpe. -pedi, quando acabei batendo em alguém sem querer

— Ei! Que pressa é essa, garota!?

Ah não. Meu dia já começou complicado.

— Eu já pedi desculpas. -resmunguei.

— E eu não disse se aceito ou não.

Isso só pode ser brincadeira, né? Olhei para o ser humano idiota parado à minha frente, incrédula.

— Sério isso? -cruzei os braços.

— Claro. -fez o mesmo que eu.

— Ah me poupe. -revirei os olhos, passando por ele, com a intenção de continuar meu caminho.

— Ei! Aonde pensa que vai!?

— Estou ignorando você, Leo. Tenha um bom dia.

— Sua... IDIOTA!!!

Alguns alunos nos encaravam, achando a cena divertida. Obrigada, loiro idiota, somos o centro das atenções agora, graças a você.

Bufei alto, entrando na sala e me sentando em uma carteira que ficava mais no fundo da sala, já que as da frente estavam ocupadas.

— Bom dia. -um loiro radiante atravessou a porta, vindo saltitando até a carteira à minha esquerda.

— Bom dia. -resmunguei.

— Está de mau humor novamente? -inclinou-se e beijou minha bochecha.

— Na verdade...

— Ei! Ei! Ei! Beto, você não vai acreditar no que estão falando pelo colégio!! -a criatura mais discreta -ironia- do mundo entrou gritando, atirando sua mochila de qualquer jeito na carteira à minha direita.

— O que? -ele perguntou.

— Andam dizendo que a Cat está entrando no time do colégio só para ficar com os jogadores. -cerrou os punhos e socou minha mesa com força.

— Não acredito! -o loiro franziu o cenho.

— Vou matar esses cretinos! - continuou, enraivecida.

— Gente. Calma. Sabem que eu não me importo com essas coisas. -tentei amenizar a situação.

— Mas nós sim! Como ousam... falar isso da nossa menininha!?

— Valentina, não exagere. -sorri com o "nossa menininha".

— Mas... Argh! Pare de ser tão legal assim, garota!

— Tina, se acalma. -Beto segurou seus ombros, e a fez sentar.

— Mas eu quero chutar alguém... -choramingou.

— Mas tem alguém -me encarou - que não quer que você faça isso. -sorriu para mim.

— Vou começar por ela mesma! -rosnou.

— E eu pensei que tivesse levantado com o pé esquerdo hoje. -falei, a encarando.

— Mas você não parece irritada. Se bem que nunca parece. -o loiro agora me encarava, curioso.

— Não é normal me elogiarem muito por aí -dei de ombros- só isso.

— Opa opa opa. Espera... quem foi?

— Mais importante: o que disseram? -a rosada histérica perguntou.

Minhas maçãs do rosto aqueceram novamente. Droga, eu poderia não ter tocado nesse assunto.

— Ai. Meu. Deus. Alberto! Ela tá vermelha! Caralho, diz o que foi!

— Valentina, pelo amor de Deus. -ele revirou os olhos.

— Foi o... -abaixei a cabeça, fechando os olhos- ... Gustavo.

— Gustavo? Quem é esse? -ela arqueou uma sobrancelha.

— Meio campista dos Titãs.

Levantei o olhar. O garoto passou por nós e se jogou na carteira atrás da minha.

— Ei! Quero conversar com esse cara. -Vale me encarava.

— No me gusta. -Beto falou, e nós acabamos rindo daquilo.

— E o quê, exatamente, ele disse?

— Você é muito intrometido, Beto. -resmunguei.

 

— Mas o que tem o Gustavo, Catarine? –perguntou.

— Nada demais, Lucas. –dei de ombros- Chegou cedo hoje. –franzi o cenho.

— É. –respondeu.

— Vocês brigaram? –Beto alternava o olhar entre nós dois.

— Não. –falamos juntos.

— Pois não parece. –a rosada cruzou os braços.

— O professor chegou. Vamos prestar atenção. –falei, mudando de assunto.

Era verdade. Não havíamos brigado, o negócio é que ele chegou mal humorado no colégio. Eu não tive culpa.

...

— Vai assistir ao treino hoje? –perguntou minha amiga, arrumando o material.

— Vou sim –suspirei- Já que não posso jogar, vou pelo menos olhar...

— Não vou poder ir hoje, tenho que ajudar nos afazeres de casa. –fez uma careta, e eu ri.

Valentina odiava ter que limpar a casa. Aliás... odiava qualquer coisa que envolvesse arrumação.

— Eu também não, flor. –o loiro beijou minha testa- Mas nem precisa de gente né, já que você tem uma companhia ótima. –olhou para o Lucas.

— Então vamos. –ele levantou, saindo na minha frente.

— Melhor eu ir também. –mandei beijinhos para os dois.

Decidi ir ao banheiro primeiro, os alunos estavam saindo e os corredores esvaziando rapidamente. Graças aos céus!

Já estava lavando as mãos quando ouvi a porta sendo fechada e a chave rodando na fechadura, trancando a mesma. Me virei e dei de cara com cinco meninas vestidas com as roupas minúsculas de líderes de torcida.

— Ora ora... o que temos aqui... -uma garota loira vinha em minha direção, jogando os cabelos para o lado.

— O que quer comigo?

— Viemos só dar um pequeno aviso para você, querida. –uma outra garota falou, também vindo em minha direção.

— Ninguém mexe com os nossos garotos do time.

E então todas as cinco vieram até mim, fazendo um círculo ao meu redor, me deixando no meio dele.

Senti um tapa ardido em minha bochecha esquerda, e vi meus óculos voando para longe e logo sendo esmagado no chão. Ia pedir ajuda, mas assim que abri a boca, outra mão espalmou sobre minha face, dessa vez ainda mais forte, e eu fui ao chão.

— O-O que querem...?

— Ora, já dissemos, fofa. –a mesma loira se abaixou, cara a cara comigo, puxou meus cabelos para cima e me encarou- Que belo par de olhos você tem... –sorriu, debochada- Me deem a tesoura.

Nesse momento eu já tremia, só queria que alguém me tirasse daqui. Outros dois...  não, três tapas me atingiram com força, e eu sentia que meu rosto logo iria inchar. Eu estava sem forças, e seria quase impossível eu correr dali.

A garota aproximava a tesoura dos meus cabelos, quando a porta do banheiro foi arrombada.

— O que está acontecendo aqui?

— Graças aos céus... –sussurrei.

 


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Notas finais do capítulo

U-A-U
gostaram do capítulo?
Quem vocês acham que chegou?
Vai ajudar a Catarine, ou não?
Bom... Até o próximo!