Rede de Mentiras escrita por Gaby Molina


Capítulo 8
Capítulo 8 - O primeiro raio de sol


Notas iniciais do capítulo

"MEU DEUS, ESSA MENINA TÁ QUE TÁ"
EU TÔ QUE TÔ
É legal porque eu recebo dois tipos de review:
"Nossa, você tá postando bastante, isso é muito legal! :DD"
E
"De novo RdM? Esqueceu que tem outras fics, menina?"
Preciso dizer de qual dos dois tipos eu gosto mais? Obg.

Outra coisa
Um pequeno concurso porque sim
O Fletcher tem esse nome por um motivo. Quem adivinhar o porquê ganha um trecho de capítulos futuros que contém um spoiler master.
MAY THE ODDS BE EVER IN YOUR FAVOUR

Eu amo demais esse trecho de música do capítulo, tipo no level tatuar na testa. Acho brilhante. A música em si não é uma das melhores do ARTTM, apesar de ser bem vidinha, MAS ESSA FRASE < 3333



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Maybe I'm the shot in the dark

And you're the morning light.

— Mr. Right, A Rocket To The Moon

Elena

— Sinto muito que você tenha visto aquilo — Ethan enrubesceu, ainda sem olhar para mim.

— Eu não sou uma garotinha indefesa — retruquei, seca. — Não é a pior coisa que já vi por aqui, não comece a achar que é tão especial. Eu aguento.

— Claro. Quero dizer, você não é criança, afinal, quase se casou ano passado, não foi?

Ergui uma sobrancelha.

— Como sabe disso?

Ele ficou ainda mais corado.

— Érrr... As pessoas falam.

— O fato de eu quase ter me casado não faz de mim uma adulta — corrigi. — O que eu tinha na cabeça? Puta merda. Dezoito anos. Não, dezoito anos e um transtorno mental. Jogue a culpa em qual quiser.

Para minha surpresa, ele sorriu.

— Não seja tão dura consigo mesma, todo mundo já fez merda.

— Eu não disse que me arrependo.

— Então, cadê a sua aliança?

Dei de ombros.

— O destino prega peças. Mas conte-me, qual foi a grande merda de Ethan Blackery?

Ele se reclinou mais no sofá e finalmente se forçou a olhar para mim.

— Eu quase arranquei um dente de um cara por causa de uma garota que não dá a mínima para mim.

Não sei se era a intenção, mas me senti mal por isso, apesar de fingir que não:

— Você esqueceu de mencionar que ele quase precisou de um transplante de estômago também.

Ele esboçou um sorriso e ficamos em silêncio por um minuto, até que ele o quebrou:

— Por quê?

— Por que o quê?

— Por que você não dá a mínima para mim? É por causa do ex-noivo?

— Parcialmente.

— Qual é! — o sorriso dele se alargou, e seus olhos verdes brilharam. — Eu não sou chato, sou consideravelmente esperto, posso citar Shakespeare para você porque eu realmente gosto, e não porque aprendi para conseguir garotas, eu... Eu vou à igreja... Quer dizer, eu costumava ir à igreja, tento manter alguma coisa aqui, mas não é a mesma coisa. Minha família é decente, e... Eu não sou feio — ele estreitou os olhos. — Eu sou feio?

Ethan definitivamente não era feio, e era engraçado que ele não conseguisse se dar conta do quanto.

— Não, você não é feio, Blackery. E também tem um excelente soco de direita.

Ele corou, mas riu.

— Viu só? — ele suavizou o tom de voz. — O que eu fiz para despertar o seu ódio profundo?

— Olha... Você não gosta de mim de verdade — fitei-o, tentando soar gentil. — Eu sei que você acha que gosta, mas você está preso à ideia fixa que você tem de mim. É a caçada.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— A caçada?

— Como zumbis.

— Zumbis? — seu sorriso era entretido.

— Sabe, nos filmes, como o zumbi deixa de devorar o humano que já pegou para correr atrás do mocinho quando ele aparece? Porque, na verdade, a melhor parte não é conseguir. É a caçada.

— Perdão, você acaba de me comparar a um zumbi?

— Você gosta de mim porque eu não gosto de você. Você gosta de me dar bom dia sabendo que eu não vou responder, e de fazer todas essas gentilezas, mas você não vai casar comigo.

— Se você não gosta de mim — ele me fitou, desafiador. —, por que está se dando ao trabalho de me explicar isso tudo? — ele esperou, mas eu não respondi, então continuou: — E me desculpe, mas como assim eu não vou casar com você? Você não me conhece. Você está presa à ideia fixa que tem de mim.

Encarei-o.

— Filho da mãe.

Um encontro.

— Não! — eu me levantei, rindo, e ele se levantou também, colocando a mão no corrimão quando tentei passar para subir as escadas.

— Então vai ter que me dar um motivo muito bom.

— Eu não saio com zumbis — falei, passando por debaixo do braço estendido dele e correndo escada acima.

— Ah é? É algum tipo de regra pessoal, logo abaixo de "Sempre comer vegetais"?

— Exatamente!

Dessa vez, ele me deixou ir, mas ainda sorria.

Clarissa

Ele estava dedilhando a mesma música há quarenta minutos e eu tinha certeza de que ele sequer havia notado.

— Fletcher, você está bem?

— Pela milionésima vez, eu estou bem.

— Gosta mesmo dessa música, então?

— Que música?

— A que está tocando há meia hora.

Ele olhou para baixo, parecendo finalmente notar que havia um violão ali, e parou de tocar, colocando-o de lado e se jogando na própria cama.

— Uma pessoa normal conta quatro mentiras por dia — comecei.

— Eu realmente espero que você esteja planejando chegar em algum lugar com isso.

Eu o ignorei.

— Ou seja, 1460 por ano. E um total de 88000 quando atinge 60 anos. E a mentira mais comum de todas é "Eu estou bem".*

— Tem certeza? Porque eu acho que é "Eu não sou virgem".

Eu ri, e notei que um sorriso apareceu no canto dos lábios dele também. Ele continuava olhando para o teto, então deitei-me ao lado dele.

— O que estamos observando?

— Essas linhas no teto. Está vendo?

De fato havia conjuntos de cinco linhas riscadas no teto, dezenas de conjuntos.

— Foi você quem as fez?

Ele fez que não com a cabeça.

— Acho que foi o paciente que morava aqui antes de mim. Às vezes paro e fico imaginando para o que elas serviam. Um dia as contei.

— Está brincando. Você contou? Tem centenas dela.

— 730 linhas, para ser exato. Levou uma tarde inteira.

— 730 dias. Dois anos.

Ele pareceu ter surpreso por eu ter chegado a essa conclusão, e tentei não me sentir ofendida por isso.

— Foi exatamente o que pensei.

— Acha que contar os dias ajuda?

— Acho que piora. Faz você perceber que é o mesmo ciclo de novo e de novo. Às vezes a ideia de acordar para nada pode ser mais cansativa do que não dormir.

— O que, você sabe, pode causar crises de insônia no telhado de um manicômio.

Achei que ele fosse me mandar cuidar da minha própria vida, mas acho que já passáramos dessa fase. Em vez disso, ele riu.

Manicômio. Depois eu que sou o pessimista. Manicômios são lugares onde te jogam quando não se importam mais. Aqui ainda há pessoas que se importam. Como a Teresa, e a sra. Lover. Você pode não conhecer a sra. Lover muito bem, mas acredite, ela se importa.

— O salário dela é tão ruim assim?

Ele sorriu.

— É, é bem ruim, na verdade. Ela podia ter me expulsado daqui há muito tempo, me transferido para um lugar bem pior, mas ela não fez isso.

Foi então que percebi o quanto aquela situação era estranha. Deitada na cama de Fletcher, mesmo que não estivéssemos nos encostando, rindo com Fletcher, falando com Fletcher sobre riscos no teto do quarto de Fletcher.

Tinha Fletcher demais ali. É o seu quarto também, meu subconsciente me disse, mas não parecia meu quarto. Eu ainda me sentia uma invasora na maior parte do tempo, apesar de, naquele momento, eu me sentir um pouco como uma convidada.

Não que eu fosse admitir.

Foi então que Fletcher se deu conta da situação também. Mas sua reação foi diferente: ele começou a rir. Um riso sarcástico, como se fosse absurdo, o que, de fato, era.

— Meu Deus, estamos deitados na minha cama olhando para riscos no teto.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Elena abriu a porta. Ela ergueu uma sobrancelha.

— O que vocês estão fazendo? E... Fletcher, você está rindo?

— Ei, eu posso rir — ele protestou. — Não é como se eu não risse.

— Não, é claro que você ri, só não... — a voz dela falhou, mas seu rosto denunciou o fim da frase.

... Só não sem mim por perto.

— E, respondendo à sua primeira pergunta, estamos vendo riscos no teto — contou Fletcher.

— Que riscos? — Ele não contara a ela sobre os riscos? — Enfim. Clarissa, Teresa pediu que eu te lembrasse que você está atrasada para a sua consulta.

— Ah — o tempo passara rápido. — Claro. Estou indo.

— Esse povo normal que quase não vai no psiquiatra — Fletcher zombou. — Nem lembra mais que existe.

— Cala a boca, você vai tanto quanto eu.

— Algumas pessoas têm problemas de verdade — Elena interrompeu, séria. — e precisam ir mais frequentemente ao psiquiatra. Algum dos dois tem algum problema com isso?

Eu fiquei quieta, mas Fletcher não tinha essa função no próprio cérebro:

— O que, só porque eu não tenho um Fletcher 2 vivendo dentro de mim eu não posso ter problemas de verdade? Ninguém vem parar aqui por engano, Elena. Essa é a primeira regra, e é a que você melhor sabe. Você sente como se estivesse tentando fugir do que está dentro de você, mas adivinha só? Todo mundo aqui está. Todos temos nossos próprios demônios para matar, e você tem sorte de conseguir ver o seu tão claramente.

— Sorte?! Fletcher Edwin Kingston, você acha que eu tenho sorte?! — o tom dela se elevou.

— Eu vou indo — levantei-me rapidamente e corri até a porta. — Afinal, estou atrasada e tal... Tchauzinho!

E fugi para o consultório de Teresa.

* * *

— Você sabe quem morava no quarto de Fletcher e Elena? — perguntei. — Digo... Antes de Fletcher e Elena.

— É o seu quarto também, Clarissa, você precisa entender isso.

— Eu... Eu sei, é que... — minha voz falhou. Eu não sabia terminar aquela frase. — Sabe?

Teresa pensou por um momento.

— Não, não me lembro. Por que a pergunta?

Dei de ombros.

— Algo que o Fletcher deixou na minha cabeça.

— Ah, você tem conversado com Fletcher? Isso é bom. Sei que vocês começaram mal.

— Porque ele roubou minha pulseira? Detalhes.

Ela me ignorou e continuou falando:

— É bom. Vocês podem ajudar um ao outro.

— Por quê?

— Porque estão rodeados da mesma energia.

Ergui uma sobrancelha.

— E qual seria?

— Culpa.

Fletcher

— Culpa — repeti. Teresa me fitava, esperando minha reação. — Você disse isso à Clarissa também?

— Sabe que não posso discutir consultas de outros pacientes com você, Fletcher.

— Que seja. É aí que você está errada: Clarissa não alivia a culpa. Ela a intensifica. Ela é uma lembrança constante.

— Exatamente. Há quanto tempo você não tem uma recaída?

— Desde... — pensei por um minuto, o que me surpreendeu. Normalmente eu não tinha que pensar muito. — Érrr... Desde o seu relógio. Desculpe.

— E isso foi há quanto, um mês?

— Mas isso não tem nada a ver com Clarissa.

— Não? Ela mente perto de você, pois sabe que você percebe. Seja lá o que estejam fazendo, estão se ajudando.

— Disse isso a ela também?

— Não assim. Clarissa foge quando as pessoas chegam perto de ver por dentro dela. Você é o oposto.

— Bem, se alguém quiser visitar minha mente, que fique à vontade, mas ela é geralmente um lugar horrível de se estar.

— Não precisa fazer propaganda. Elena não precisa ser a única que você deixa entrar. Esse lugar está cheio de pessoas que entendem, se você permitir que elas entendam.

— Bem, eu acho que as pessoas tem de saber o que esperar de mim — retorqui. — Elas têm que saber que eu sou sombrio, ansioso e deturpado, e se ainda quiserem ficar, isso é por conta delas.

— Já começou com isso com a Clarissa?

— Eu parei.

— Por quê?

Eu sorri involuntariamente.

— Ela gritou comigo.

— Ela... O quê?

— Eu disse a ela que eu tinha um buraco na minha alma e que, se eu podia viver com isso, não havia nada no mundo que ela poderia fazer para me deixar pior. E ela virou uma fera de 1,60m de altura, você tinha que ter visto. Começou a falar sobre como eu me fazia de vítima, e como me achava melhor do que ela. O que, você sabe, eu não acho — fiz uma pausa. — Pelo menos, não mais. Ela chutou a minha bunda, e acho que nem ela estava esperando por isso.

Teresa sorriu.

— Ela não fugiu.

— Ela não fugiu.

— E Elena? Como ela está?

— Não muito bem. Discutimos mais cedo. Ela ficou meio chateada.

— Por quê?

Fitei-a por um minuto, tentando encontrar as palavras certas.

— Olha, Teresa... Você diz que eu só tenho à Elena — abri um leve sorriso. —, mas ela também só tem a mim.

Antes de eu sair, Teresa me chamou:

— Fletcher! Sobre o meu relógio...

Enrubesci.

— Já trago para você.

* * *

— Eu não deveria ter dito aquilo — admitiu Elena enquanto estávamos sentados no sofá, encarando a parede. — Eu sei que você tem sua própria bagagem. Eu deveria saber disso melhor do que qualquer outra pessoa.

— A gente pira às vezes, é normal — apertei sua mão, entrelaçando seus dedos aos meus. Ela esboçou um sorriso. — Não somos feitos para sermos perfeitos.

— Então, para que somos feitos?

— Eu ainda não descobri essa parte, mas você vai ser a primeira a saber quando eu o fizer.

Ela assentiu.

— A Clarissa é legal.

— Não sei se esse é o adjetivo certo.

— Ela é o céu noturno. Infinito e imprevisível. Você vê todas aquelas estrelas, mas não sabe quais estão realmente lá, e quais já morreram. Não sabe o que daquilo é realmente real.

— Não — balancei a cabeça. — Ela é o primeiro raio de sol da manhã. — Elena me fitou, entretida, e foi só então que percebi o que havia dito, mas continuei: — No começo ele incomoda, mas, por alguma razão... — minha voz falhou.

... Você não consegue esquecê-lo.

Clarissa

— Ei! — Fletcher me viu no corredor. — Planejando dormir hoje?

— Se meu cérebro não resolver conversar consigo mesmo. Na verdade, acho que vou ler um pouco. Tenho que ir. Tchau.

Eu apertei o passo, mas ele chegou até mim facilmente e segurou meu pulso.

— O que você dizia sobre ser eu quem foge?

Balancei o pulso com força para ele me soltar e encontrei seus olhos escuros esperando uma resposta. Suspirei.

— Olha, eu não quero me meter no meio, está bem?

— No meio de quê?

— Sabe do quê.

Ele demorou um minuto.

— Elena.

— Ela não parecia muito feliz hoje à tarde.

— Ela não é minha patroa, eu não estou preso a ela com uma coleira.

— Bem, às vezes parece que está. Uma grande coleira emocional, com um sininho e tudo.

Ele sorriu.

— Você acabou de transformar uma cena séria e dramática em algo cômico com seus "sininhos".

— Ela é sua melhor amiga. E, se você se sente culpado pelo o que aconteceu com o seu último melhor amigo — encarei-o, séria. —, talvez um bom jeito de compensar seja não fodendo tudo com essa aqui.

Eu queria que ele dissesse alguma coisa, qualquer coisa, mas ele não o fez.

—... Boa noite, Fletcher.

— Boa noite, Clarissa.

E então eu me afastei.

* * *

— Esqueceu de mim? — Ethan sorriu, sentando-se ao meu lado no sofá da sala de estar. — Ainda não terminou esse livro, Clarissa? Meu Deus.

— Não tenho lido muito. Toda vez que planejo ler sempre dá errado.

Ele esboçou um sorriso.

— Bem, eu li O Sol É Para Todos de novo.

— E?

— E foi ainda pior do que a primeira vez.

Eu ri.

— Tem que ter algum livro aqui que você não leu.

— Impossível, li até os de autoajuda.

Já procurou atrás da cama do Fletcher?, pensei, logo depois mordendo minha própria língua, mesmo que eu não tivesse dito nada em voz alta.

— Bem, isso é uma merda.

— Pois é.

Ethan resolveu reler Molière enquanto eu lia Bukowski. Ficamos lá por pelo menos quarenta minutos antes de ouvirmos os passos bruscos na escada.

— Tem razão, Elena é minha melhor amiga — Fletcher me encarou, tão convicto de seu discurso que nem o Apocalipse o pararia naquele momento. — E tem uma razão para isso. Não são apenas palavras. A gente sobreviveu ao inferno no último ano mil vezes. Aquela discussão? Nada! Não foi absolutamente nada! E quem é você para achar que pode estragar tudo isso? Você não pode! E... — ele notou a presença de Ethan. — Ah, oi, Blackery. Vamos, Clarissa, vou gritar com você lá fora.

Ele tirou meu livro e deixou no sofá, me puxando pelo pulso para o jardim.

— O caso é que — ele estava se esforçando para olhar para mim sem olhar para baixo. — não é uma escolha. Eu não estou trocando a Elena por você, eu não vou fazer isso. Está bem? Não espere que eu faça isso. Eu só... Eu não preciso ter uma pessoa só para conversar. E é ridículo que você ache que está fazendo um favor a alguém, porque não está. Nem a mim, nem à Elena, e nem a você. Então vamos subir naquela porra de telhado e vamos falar sobre nossas mentes deturpadas, porque esse é o nosso lance — ele esboçou o sorriso. — Meu e seu. Não da Elena, nem de mais ninguém. Tem um milhão de tradições minhas e da Elena que vão continuar lá, e o fato de uma tradição nossa existir não vai mudar isso. Está bem?

— Está bem — cedi, soltando a respiração devagar. — Você praticou isso no espelho?

Ele riu. Era tão surreal fazê-lo rir, como se isso denunciasse mais que eu estava sonhando do que se um unicórnio falante viesse e me dissesse que eu estava sonhando. Mas era bom. A risada dele era baixa, não era escandalosa nem engraçada. Você jamais prestaria atenção nela, a não ser que tivesse visto tantas carrancas daquele moleque quanto eu.

— Algumas vezes. Como foi?

— Muito bom, na verdade. Adorei as partes ofensivas.

— São as minhas favoritas também — ele passou um braço pelos meus ombros, e pensei em dizer alguma coisa, mas não disse. — Já tem seus desabafos deturpados em mente?

— Dificilmente consigo esquecê-los.

— Olha só, já começamos bem.

E então nos encaminhamos ao telhado, e prometi a mim mesma baixinho que não cairia no sono novamente.


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Notas finais do capítulo

*Os números são reais. Pensem no assunto.