Capítulo Três – Isso é uma ordem?!

|Pov Jasper|

- Bella conte-me o que você viu? – pedi desesperado.

- Eu vi um vampiro Jasper – respondeu atônita.

- Mas... Como?Vampiros em Forks... Uma cidade tão pacata, chata e fria? – disparou Rosalie incrédula.

- Por isso mesmo Rosalie. Pacata, chata e fria. Uma cidade perfeita para fazer vítimas sem levantar suspeitas – respondi.

- O que faremos? – interpelou Bella preocupada. – Nunca passei por uma situação igual a essa – afirmou.

Antes mesmo que eu pudesse respondê-la, recebemos um chamado. Como?

Vou explicar: Nós anjos podemos nos comunicar com outros de nossa espécie a quilômetros de distância, basta se concentrar.Mas receber um chamado significa, ter que sair da terra, se tele transportar para um lugar desconhecido para os humanos.O céu.

Fazendo isso, nós seres celestiais perdemos contato com nossos protegidos. Estes ficam a deriva, ou seja, sua moeda pode ser jogada se este for o seu destino. Mas se não for cabe a nós continuarmos a fazer a proteção deles.

- Nos chamou? – perguntou Rosalie fitando um anjo.

- Sim – respondeu ele calmamente. – Devido ao perigo que seus protegidos correm, a missão de vocês foi abortada – informou.

-Abortada!Como?Por quê? – Bella estava insegura, suas reações oscilavam era difícil para um Anjo da guarda deixar um protegido sabendo que ele precisa e muito do seu amparo.

- Você não pode fazer isso – indignou-se Rosalie.

- Eles correm perigo – alertou Bella.

- Nada que vocês falem vai mudar a ideia do soberano – alegou o anjo indiferente cruzando os braços.

- Raphael! – supliquei.

-Sinto muito Jasper! – disse ele me fitando com compaixão. – Esperem aqui até segunda ordem – informou e sumiu de vista.

– Esperem aqui até segunda ordem?! – bufou Bella. – Que coisa é essa?

- Ordens – disse triste.

- Ordens! – irritou-se Rosalie. – Deixar nossos protegidos morrer isso é ridículo. Não fomos criados para isso!

 - Estou tão indignado quanto vocês – disse olhando-as de soslaio. – Me sinto impotente aqui – confidenciei.

- E você acha que nós nos sentimos como? – interpelou Bella pronta para se tele transportar. – Não!

- O que? – perguntou Rosalie fitando Bella.

- Não...consigo... me tele transportar – a voz de Bella saia entrecortada.

- Impossível? – tentou Rosalie em vão. Agora estávamos presos em uma nuvem no céu esperando só a morte dos nossos protegidos?

- Por quê? – lamuriei olhando para o alto. – Não somos seus filhos?

- Por que ele faria isso com a gente, será que fizemos algo de errado? – a voz de Rosalie soava fraca.

- Não acho que seja isso, acho que à hora deles chegou – falou Bella olhando o horizonte. – E não podemos fazer mais nada para deter o que está escrito.

- Isso é tão injusto – sentou Rosalie apoiando a cabeça nas pernas.

Até aonde você chegaria para proteger uma pessoa?

Até aonde você iria para fazê-la feliz?

E o destino a ele pertence ou podemos mudá-lo com nossas ações?

Uma semana inerte numa nuvem fitando o horizonte, pensando no por que de estar sendo proibido de proteger aquela que corria imenso perigo na terra.

- Eu sinto muito – disse para mim.

- Que? – perguntou Bella.

- Sinto muito por estar compartilhando este sofrimento com vocês – disse pateticamente. – Eu Jasper Hale, anjo da guarda desejo cair na terra – bradei aos quartos ventos de braços abertos.

- Jasper isso é insano! –Rosalie estava alterada.

- Não há escolha – disse pensando em Alice na terra, correndo perigo, estudando com um vampiro e sabe-se lá o que mais.

- Isso é o certo a se fazer – me virei e a encarei, ela perdeu a cor com a minha atitude. Algo devia ser feito não é?Eu não ia deixar aquela que me foi destinada a proteger morrer, nem que eu morresse por ela.

- Atitude heróica essa – disse Bella carinhosa. – Mas não muda o fato deles já estarem mortos – ao ouvir isso senti um frio na espinha, isso não seria possível, seria?

- Eles não estão mortos – disse sério.

- E como ter certeza se estamos há uma semana aqui? – Rosalie fez questão de frisar a última parte.

- Minha intuição diz isso – disse me jogando no chão desesperado. Se fosse humano já estaria chorando horrores e até tido um enfarte de tanto esperar as “ordens superiores”.

- Eu compreendo – disse Rosalie. – Você pode estar certo, mas nada que façamos mudará o fato de estarmos presos – conclui com desagrado.

- Talvez mude – uma voz melódica ecoou no horizonte. Viramos e vimos Raphael e Uriel.

- Uriel o que faz aqui? – se eu pudesse mudar de cor já estaria azul. Uriel era o anjo da morte, o temido, não pronunciado e aquele que detinha a chave das profundezas do inferno.

- Trago-lhes uma notícia – de sua face perfeita um sorriso surgiu.

Eu calei-me assim como Bella e Rosalie. Não estava preparado para ouvi-la falar que minha protegida tinha feito a passagem, isso eu não suportaria!

- Parece que o superior gosta muito de vocês – ela começou a falar nós olhando atentamente.

- Vocês voltaram - Raphael afirmou.

Involuntariamente um largo sorriso surgiu nos meus lábios.

 - Mas não como anjos – Uriel foi direto.

 - Como? – perguntou Bella confusa.

- Vocês cairão não terra, serão humanos novamente – comunicou Raphael.

- Por quê? – Rosalie estava atônita.

 - O superior acha que a proteção de vocês será mais eficaz se estiverem na forma humana – Uriel estava sério. Ela parecia não gostar dessa ideia. Claro ela era o anjo da morte, quanto mais pessoas para passar no seu portal melhor.

 - Vocês receberam ordens expressas de caírem na terra, na forma humana, freqüentarem a escola de seus protegidos para protegê-los vinte e quarto horas e descobrirem o que aqueles vampiros querem naquela cidade – Raphael disse tudo rapidamente. – E mais... se for preciso outros de nós cairão também.

 - Como assim vinte e quarto horas, se estaremos na forma humana? – Rosalie perguntou e Uriel riu.

 - Como disse, o superior deve gostar muito de vocês, por que nunca em toda a minha existência algo parecido com o de vocês aconteceu. Além de cair na terra vocês terão metade dos seus poderes - Uriel pareceu não gostar dessa ideia.

Então espera aí!Cairemos na terra, na forma humana e ainda teremos poderes? Isso era surreal! E mais... minha protegida estava viva, e não morta como pensava.

 - Metade? – Bella me olhava intrigada.

- Sim – respondeu Raphael carinhosamente. – O superior lhes concedeu que durante a noite, vocês tenham acesso aos poderes de tele transporte e invisibilidade caso seja preciso usá-los.

- Boa sorte – Uriel disse secamente. Sua presença ali já estava me irritando.

- Onde vamos viver em Forks? – boa pergunta a de Rosalie, tantas coisas na minha cabeça que eu não tinha pensado nisso. – Se fingiremos ser humanos teremos que ter uma casa, não é?

- Sim e vocês terão. Vocês viverão com o chefe de Polícia Charlie Swan – Raphael disse.

- Charlie Swan? Mas ele tem o mesmo sobrenome que o meu? – Bella estava mais confusa.

- Sim ele tem, é muita coincidência isso. Quando descobrimos o superior tratou de alterar a memória dele. Agora ele pensa que tem uma filha e que junto com os primos vai morar com ele em Forks – Uriel disse com desgosto.

- Então essa é a nossa história? – perguntou Rosalie.

- Sim. Bella é filha do chefe de Polícia Charlie Swan por ter o mesmo sobrenome que o dele, já vocês são primos dela e irmãos. Jasper é o mais velho de todos – confirmou Raphael.

- Por que fomos pra lá?Sabe... os humanos são muito curiosos e temos que ter uma história mais concreta que esta – Bella tinha razão, essa nossa história tinha falhas, tudo bem que um era filho do tal chefe de Polícia e isso era muito relevante para calar a boca dos fofoqueiros de plantão, mas e os outros dois, nesse caso eu e Rosalie,onde entramos?

- Bom... Bella perdeu a mãe em um acidente. Inventem um acidente, ok? E já vocês são primos dela que também são órfãos e que morava com a mãe de Bella, portanto é como se vocês três fossem órfãos – Uriel disse impaciente.

Raphael tele transportou-se e voltou rapidamente trazendo consigo, seis malas de viagem.

- Pra que isso? – perguntei.

- Ora meu caro Jasper, vocês são humanos agora e terão necessidades de humanos – respondeu ele mostrando todos os dentes.

Ow!Necessidades de humanos?Ninguém tinha me falado isso. Como assim necessidades?

- Tudo bem... como assim? – os olhos de Bella pareciam saltar das órbitas.

- Queridos... – começou Uriel impacientemente. –... o que os humanos fazem para sobreviver, quais são suas necessidades?

Eu olhei para Rosalie e Bella que pareciam tão assustadas quanto a mim.

- Querem desistir, ainda dá tempo? – Uriel riu sarcasticamente.

- Não! - falei por mim e as meninas sinalizaram negativamente com a cabeça.

- Boa sorte! – disse Raphael rindo largamente.

(...)

Era noite quando chegamos a Forks. O tal Charlie Swan, falso pai da Bella, nós buscaria falsamente no aeroporto. Pelo menos ele pensava isso.

- Será que ele vai demorar? – perguntou Rosalie ansiosa.

- Espero que não – disse sentando encima da grande mala.

- Estou com fome – disse Bella e eu olhei para ela com cara de espanto.

- Fome! – eu e Rosalie dissemos em uníssono.

- Sim e qual o espanto? – ela deu de ombros. – Raphael disse que sentiríamos necessidade de humanos.

- Nós sabemos, mas eu não pensei que ia ser tão rápido assim – comentei.

- Pois bem estou com fome, mas não temos dinheiro – Bella fechou a cara. – Isso também é uma necessidade humana, será que não pensaram nisso?

-Acho que temos sim – alegou Rosalie mostrando um maço de dinheiro que tinha acabado de se materializar.

- Da onde surgiu isso? – perguntei atônito.

- E eu que vou saber – disse ela pegando dez dólares e dando a Bella. – Acho que nós pedidos ai apareceu, eles não nós deixariam desamparados.

- Bella! – Charlie vinha em nossa direção.

- Hey – Bella fingiu entusiasmo.

- Filha que saudades – Charlie a abraçou fortemente. – E vocês meus sobrinhos – ele estendeu o braço para alcançar a mim e Rosalie.

- Estamos bem – disse Rosalie.

- Vamos, vocês devem estar com fome e cansados da longa viagem – ele disse e nos assentimos.

Entramos no seu carro e seguimos em silencio para a casa de Charlie. Fiquei feliz que ele não começou a nós encher de perguntas, queria me livrar logo dele para ver como estava Alice, minha cabeça só conseguia processar ela.

- Bem chegamos – disse Charlie. – Vocês devem estar cansados da viagem então vou mostrar-lhes os seus quartos e amanhã conversamos.

Mal percebemos e amanheceu, era estanho ser humano e durante o dia nossos poderes não funcionavam.

Levantei indo até o banheiro fazendo minha higiene pessoal, era estranho isso. Tinha muito com o que me acostumar. Senti um cheiro delicioso vindo da cozinha foi ai que meu estômago roncou.

Por Deus!Isso é real?!

- Bom pai essas panquecas são uma delícia – Bella falava com a boca parcialmente cheia.

- Que bom filha que você gostou, foi Mariene quem fez – Charlie apontou a empregada. – Hey Jasper!Vai ficar ai? – me encarava sorridente.

- Vem comer Jazz está uma delícia – comentou Rosalie. Foi ai que eu percebi o quanto elas estavam lindas, Rosalie usava um suéter rosa com uma echarpe verde água, cabelos presos em uma trança, com uma maquiagem bem jovial.

Peraê!Eu falei maquiagem?Rosalie estava usando maquiagem?Ah...deixa pra lá.

Calça jeans e botas de couro marrom. Já Bella estava tão linda quanto Rosalie. Elas estavam surpreendes, pareciam modelos de capa de revista. Já Bella usava uma blusa branca colada ao corpo com um sobretudo preto de linho por cima, o cabelo amarrado em um coque mal feito, botas de camurça pretas e no rosto só um batom rosa claro.

Lindas!E sensacionais. Chamariam qualquer atenção no primeiro dia de aula. Tudo que agente não precisava, mas acho que elas queriam impactar.

Sentei-me junto a eles a mesa e deixei-me desfrutar das maravilhas que tinham espalhadas por esta. Brioches, panquecas, sonhos, café, sucos, frutas, queijos e outras guloseimas que não consegui entender o que era, mas que comi. A gula é um dos pecados capitais, mais que Deus me perdoe, essa manhã eu estava guloso.

- Bom...crianças aqui está o horário de vocês – disse Charlie entregando a cada um de nós um papel.

- Obrigada pai – Bella deu-lhe um sorriso cativante.

- Acho melhor vocês irem se não vão se atrasar – alegou.

- Vamos então – concordou Rosalie pegando uma bolsa da mesma cor da bota e colocando nos ombros. Bella a acompanhou e eu...Tinha me esquecido completamente de arrumar e se quer abrir as minhas malas.

- Ainda vou me arrumar – pronunciei envergonhado.

- Você já está de Jeans e camiseta é só colocar um tênis ou sapatos e uma jaqueta – disparou Bella. Desde quando ela tinha virado estilista ou algo do gênero?

- E sua mochila está no nosso quarto – confessou-me Rosalie. – Tomamos a liberdade de fazer, já que você esqueceu ontem à noite.

Ei o que aconteceu ontem à noite?Foi ai que me lembrei que teria que....

Droga!Teria que visitar minha protegida.

Subi correndo a escada indo até o quarto e coloquei à roupa que Bella ordenou, estranho, esta está logo na frente. Será que Bella tinha programado tudo isso?Desci e eles já estavam me aguardando do lado de fora, não chovia, mas fazia muito frio.

Charlie nos deixou na escola entusiasmado antes de sair para trabalhar. Esta já estava apinhada de gente e eu... bem eu não conseguia localizar Alice Cullen.

- O que aconteceu ontem? – perguntei as meninas.

- Você subiu alegando principalmente para Charlie que estava com sono – disse Rosalie. – Mas nós sabíamos que você ia visitar sua protegida.

- É eu ia - disse coçando a cabeça.

- Mas não foi nós passamos por lá logo depois que Charlie nos obrigou a subir para dormir. E você não estava lá. O que aconteceu? – interpelou Bella.

- Não sei – aleguei.

- Você dormiu e esqueceu-se dela – Rosalie me encarava furiosamente.

- Eu não me esqueci dela, nunca esqueceria. Eu devo ter pegado no sono – falei sentindo minha face queimar.

- É sei...necessidades de huma...

Foi ai então que tudo parou. Não escutava mais as reclamações vindas de Rosalie e Bella. Alice estava a minha frente encostada no seu carro, batendo animadamente um papo com duas meninas, amigas dela na certa. Eu estava distante um pouco, na verdade do outro lado da fileira de carros. E ela parecia tão entretida que nem me notou.

Continuei andando com Bella e Rosalie me acompanhando, um grupinho de garotos que falavam alto e se gabavam de alguma coisa paravam para admirar a beleza delas e para me olhar. Ah para mim, ele só me encararam como se eu fosse qualquer um. Na certa não era bem vindo já que estava andando com as duas “agora para eles” maiores gatas do colégio.