Capítulo doze – Aproximação

[Narrado em 3ª pessoa]

Festa da Jessica Stanley - Parte III

Perdida em pensamentos depois que Dylan saiu da sua mesa, Alice nem notou a aproximação de Jasper e quando olhou para o lado, lá estava ele a fitando com aqueles lindos olhos verdes claros.

- Oi – a cumprimentou e ela despertou do estado catatônico.

- Oi Jasper. Como vai?

- Bem e você?

- Vou indo – ela disse a verdade, não podia negar que a presença de Dylan a tinha incomodado.

- Algum problema? – inquiriu Jasper ao perceber um desânimo na sua voz.

- Me fale de você Jasper? – Alice mudou repentinamente de assunto o deixando intrigado.

- Não tem muito o quê falar sobre mim! – informou Jasper pego de surpresa.

- Sempre tem alguma coisa, você é tão... Sei lá... Misterioso – alegou. – Claro que eu só o conheço há poucos dias, mas você é misterioso! – ela o lançou um sorriso e Jasper só fez retribuir.

- Eu só sou novo – argumentou na esperança que ela não indagasse mais nada. – Eu e minha irmã Rosalie e a minha prima Bella somos novos em Forks, mas posso te garantir que somos tão comuns quanto você!

- Certo! – disse Alice rindo. – Percebi que você não se sente bem falando de si – Jasper só concordou com a cabeça. Alice ia começar a falar outra coisa quando seus olhos fixaram no bar e lá ela viu Alec Volturi. Seu sorriso se alargou mais e Jasper só a acompanhou com o olhar para onde ela sorria. Ela pensou na hipótese de ir falar com ele já que o viu sozinho, mas depois voltou atrás, não valia à pena tentar em vão. Ele parecia não a perceber, mas hoje pela manhã queria falar com ela.

Os olhos de Alec cruzaram com os dela por um curto período, pode-se dizer que segundos, mas que a deixaram levemente tonta e inebriada. Ela não conseguia entender como ele fazia aquilo com ela. Era indescritível o que ela sentia toda vez que ele a fitava.

O rosto de Alice ficou quente na hora, então ela desviou o olhar e encontrou o de Jasper.

Ela enrubesceu e passou uma das mãos no cabelo. Jasper continuava analisando-a e por mais que pudesse ler sua mente ele não o fez, pois estava começando a sentir muito mais que um simples carinho por Alice.

- E Ângela? – indagou Alice na tentativa de tirar Alec da sua cabeça.

- Hum... Ela foi pegar algo para beber, eu acho – informou Jasper.

Mal Alice sabia que Jasper teve que ser livrar dá pior forma de Ângela.

- Ela gosta de você! – anunciou Alice e Jasper arregalou os olhos. Ele tinha percebido que Ângela gostava dele, muito mais do que ele esperava. E por mais que ficasse lisonjeado por saber que algum humano sente por ele o maior dos sentimentos – amor -, ele se sentiu mal por ter alterado a memória da garota, mesmo que temporariamente.

- Ela é legal! – Alice só fez rir com o comentário dele. – O que foi? – interpelou sem entender.

- Eu falo que ela gosta de você e você diz que ela é legal! – argumentou Alice. – Acho que Ângela vai ficar triste em saber que você só a acha legal!

- E isso é ruim? – perguntou inocentemente.

- Você é realmente diferente Jasper! – comunicou Alice interessada. – Muito diferente. Tem uma coisa em você que ainda não consegui descobrir – avisou.

- O que tem em mim? – ele olhou para os lados como se pudesse ver.

- Não sei... Eu só sei que me sinto bem perto de você – as palavras saiam desenfreadas da boca de Alice. – Me sinto protegida – ela enrubesceu com o comentário tolo que acabará de tecer, mas mal Alice sabia que, acima de tudo, o dever de Jasper era protegê-la.

Alice voltou a olhar para onde Alec estava, mas antes não tivesse feito. Ele estava aos beijos com uma loira que não se importava em se esfregar nele na frente de tanta gente.

- Ainda acredito que um dia as coisas vão mudar! – martirizou-se.

- Como assim Alice? – Jasper expressou confusão.

- Nada Jasper. Só estou pensando alto. Me perdoe, mas tenho que ir ao lavabo – Alice nunca fora boa mentirosa, mas o ambiente agitado e suas mudanças de humor, ludibriaram de alguma forma Jasper. Na verdade, ele estava tão absorto na nevoa de sedução que Alice exercia sobre ele que nem conseguia pensar direito na tarefa simples de proteção.

- Ok. Eu espero – disse a primeira coisa que lhe veio à mente.

- Não vai precisar esperar muito. Ângela lhe faz companhia – Jasper olhou para onde Alice apontava e viu uma Ângela toda serelepe vindo em direção a eles. Jasper enrugou a face ao ler os pensamentos nada puros de Ângela para com ele e Alice riu colocando a mão quente em seu ombro. – Divirta-se!

- Ah obrigado – aturdido com o toque de Alice, ele respondeu.

- Jasper você sumiu – o tom de voz da garota era irritado, mas logo depois ele soltou um largo sorriso e Jasper ficou sem entender.

Os humanos são tão estranhos, pensou.

- Eu vim fazer companhia para a Alice – Ângela estudou Alice de cima a baixo e emburrou a cara.

- Já fez então né? – Jasper olhou de Alice a Ângela e quando ia começar a falar Alice o interrompeu.

- Sim Ângela, ele já fez. Mas não se preocupe, não vou tirar Jasper de você – a última parte Alice fez questão de sussurrar no ouvido da amiga.

- Imagino o quanto deve ter sido difícil para você não usá-lo como objeto depois do que viu – aos sussurros, Ângela retrucou.

- Ângela você andou bebendo? – Alice segurou com força o pulso da amiga.

- E se sim, qual é o problema? Agora você é a minha mãe? – a morena não se importava em ser rude e falar alto para que Jasper ouvisse.

- Não, eu não sou a sua mãe. E não tem problema algum. Tenha uma ótima festa Angie – Alice disse as últimas palavras antes de sair correndo da onde eles estavam.

- Para onde foi Alice? – Jasper levantou de um átimo da cadeira.

- Não sei. E importa? – Ângela se aproximou dele e espalmou as mãos no seu tórax.

- Ângela você não está bem – constatou Jasper.

- Você também Jasper?! Vai dizer que estou bêbada? – emburrada, a morena cruzou os braços.

- Ângela eu não sei o que você quer dizer com bêbada – Jasper a afastou para que o encarasse. – Mas que você está um pouco alterada está. Faz ideia do quanto magoou Alice com o que acabou de falar? – Ângela franziu o cenho. – Tenho que ir atrás dela.

- Não, você não tem! – Ângela o segurou com demasiada força para que não saísse de perto dela. – Por que todos têm que ficar aos pés de Marie Alice? Heim... – a morena bambeou e Jasper a segurou pela cintura antes que caísse.

- Você não está bem. Sente-se – pediu com carinho puxando uma cadeira para que ela se sentasse.

- Estou bem sim. Vocês me super...esti...mam... – a palavra saiu entre longos soluços.

Preocupado, Jasper arqueou uma das sobrancelhas e disse:

- Ângela fique aqui, ok?! Vou buscar algo para que você tome e melhore.

- Você vai me deixar aqui e vai atrás dela – Ângela fazia birra como uma criança de dez anos.

E realmente era verdade, mas Jasper nunca magoaria Ângela ao ponto de dizer que a deixaria sozinha, em uma festa que tinha um vampiro a solta para procurar Alice. Primeiro que Ângela não entenderia e acharia que tudo era fruto da imaginação de Jasper ou talvez até uma desculpa para que ele se livrasse dela e segundo que ele não podia e não devia deixar sua protegia vagando por aí sozinha.

Como se faltasse ar em seus pulmões, o anjo tragou o ar com violência e encarou Ângela que estava a fitar o meio do salão onde muitas pessoas dançavam.

- Não posso deixar Alice sozinha, você me entende? – ele ajoelhou em frente à garota que o evitava encarar. – Ângela, por favor – suplicou levando uma das mãos ao queixo dela.

- Por quê? – afastou o rosto do toque dele e enxugou, com a palma da mão, as lágrimas que já rolavam por sua face.

- Você não vai acreditar se eu disser – Jasper fechou os olhos e mordeu os lábios inferiores tomando tempo para o que diria a seguir.

- Já disse que vocês me superestimam – forçava a voz para que parecesse firme, mas ela estava bêbada, só não queria admitir.

- Alice corre perigo, algo muito ruim vai acontecer a ela se eu não for agora atrás dela – ele se enrolou todo, mas conseguiu formular uma frase que não deixasse pistas do porque ir atrás de Alice.

- É o Alec, não é? – Jasper se sobressaltou com a pergunta de Ângela. – Ele é estranho, só que Alice gosta dele, não sei por que... – ela levou à mão a boca segurando o arroto. – Estou mau. Não entendo como dois copos de Ice me deixaram assim... Bêbada – sorriu sem graça e Jasper a acompanhou.

- O que você sabe sobre o Alec? – Ângela, que bocejava, mal percebeu a ansiedade na pergunta de Jasper.

- Nada, só que ele é estranho. Nunca fala com ninguém. É um grande esnobe isso sim e aquela irmã dele... Ah deixa pra lá. Ela também é esquisita e se veste mal – terminou.

- Entendo. Você vai ficar bem se eu for? – ele olhou bem fundo nos olhos dela e se concentrou para que ela ficasse mais tonta do que já estava.

- Dói, minha cabeça – reclamou a morena levando as mãos ao rosto.  – Eu preciso ir ao banheiro – disse tudo muito rápido antes de sair empurrando Jasper e correr para o banheiro.

O anjo respirou aliviado com a partida da morena. Pelo menos não precisei mentir para me ver livre dela, pensou saindo em disparada para onde Alice tinha ido.

XxX

Em algum lugar da Florida...

- Ah droga, droga e droga... – resmungava Jane se levantando de uma imensa cratera que estava aos seus pés. – Aquela anja vai me pagar! – limpava as roupas.

A loira olhou a sua volta e só viu uma imensa floresta. Tentou puxar na memória e no olfato aguçado a característica do local para ver se descobria onde estava, mas não, seus poderes estavam limitados.

- Que lugar é esse? – andava de um lado a outro.

Lembrou que tinha um celular e o catou no bolso, mas a sua busca foi em vão. O tinha perdido na luta com Bella.

Jane olhou para o céu e começou a gritar de raiva. Alguns animais que ressonavam na paz que o lugar exercia acordaram assustados.

- Quando me livrar deste lugar você vai me pagar sua miserável... Ah se vai – berrou a plenos pulmões antes de pender ao solo, tamanha era a sua fraqueza.

XxX

- Você viu Alice? – perguntou Jasper a uma garota que dançava no meio da pista. Ele levou um bom tempo para sair da aglomeração de corpos suados e elétricos.

A garota o encarou, tentando puxar na memória da onde o conhecia. Enrugou a face, fez inúmeras caretas e por fim deu uma resposta negativa a Jasper que saiu bufando e perguntando a outras pessoas se a tinha visto.

Ele estava desesperado. Podia ouvir os pensamentos dela, mas como não conhecia a casa. Estava difícil localizá-la.

- Você viu Alice? – dessa vez ele perguntou a Jessica que estava tão grudada a Mike Newton que eles pareciam um só.

- Alice?! – Jessica olhou para os lados, depois para Mike. – Não. E você Mike a viu? – Mike apontou com a cabeça a casa que também estava lotada e Jasper rumou para lá.

Ele olhou cada canto do primeiro piso. Sala, cozinha, área da piscina... Até que uma coisa o chamou a atenção.

Uma menina estava à frente do banheiro se contorcendo horrores e batendo a porta.

- É isso! – Jasper correu até lá e ao chegar à garota o encarou com cara de poucos amigos.

- Estou na fila – disse ela rudemente.

- Quem está ai dentro? – Jasper a ignorou e ela revirou os olhos.

- Não sei... Só sei que estou querendo usar e a pessoa não sai. Isso é muita falta de consideração – exasperou contorcendo-se mais.

- Já tentou outro banheiro? – a garota sorriu sem graça para Jasper que a encarava friamente.

- E você agora é fiscal de banheiro? – perguntou dando-lhe as costas.

- Por favor, teria como você me dizer quem está ai dentro? – irritada, a garota voltou-se para Jasper e o fitou bem dentro dos olhos. Mas antes não tivesse feito isso, pois ele aproveitou o contato visual para usar o poder que lhe cabia e lhe apagar temporariamente a memória. – Eu não sei quem está ai... – ela dizia incerta, olhando para os lados e a porta. Nem sabia onde estava. – O que estou fazendo aqui? – Jasper deu de ombros a pergunta dela. – Acho que vou para casa! – o anjo só concordou e a deixou passar.

Jasper levou uma das mãos à porta e sentiu a energia que emanava de Alice. Ela estava chorando e ele pode sentir isso!

Ficou com raiva ao notar o quão frágil ela estava e a vontade que teve foi de arrombar a porta e a levar para longe de tudo e todos. Mas não podia, pois levantaria muitas suspeitas.

Como se pudesse sentir o anjo do outro lado da porta, Alice a abriu. Eles se encaram por um bom tempo, até que ela desviou o olhar e limpou as lágrimas que ainda molhavam a sua face.

- Como sabia que eu estava aqui? – sua pulsação estava rápida demais e os batimentos cardíacos desenfreados.

- Não sabia... Deduzi – respondeu Jasper e sem pensar muito ele a abraçou. Alice não hesitou e recebeu o abraço se aconchegando nos braços do anjo. – Você podia tentar esquecê-lo, não é difícil – Jasper se martirizava ao ler os pensamentos da sua protegida.

- Eu não consigo. Ele está na minha mente e para onde olho ou vou, lá está ele... – ela voltou a encará-lo. – Ele é diferente! – Alice tentava se convencer do que o quê sentia por Alec era amor.

- Alice eu não entendo muito de sentimentos, mas tudo está aqui... – ele tocou com o indicador a testa dela. –... na nossa mente. Ela às vezes cria barreiras, suspende labirintos e nos prende em uma realidade que não é a nossa. Mas basta você não esquecer quem é! – ele sentiu um frio perpassar a sua espinha, com se fosse um pressentimento ruim. Ia ser mais difícil do que imaginava tirar Alec da vida de Alice.

XxX

Depois de um tempo calados e abraçados, Jasper acabou por convencer Alice que o melhor era ir para casa. A garota não chiou e acatou a ideia do novo amigo.

O anjo a deixou em casa e esperou até que Alice se deitasse para formar um círculo de proteção ao redor dela. Só que este círculo só a podia proteger fisicamente, porque mentalmente Alec ainda estava lá.

- Alec, você está ai? – Alice sussurrava enquanto dormia.

Ela notou que estava em frente a uma cabana abandonada no meio da floresta de Forks.

- Alec! – gritou em desespero.

Jasper não queria virar um vigilante dos sonhos da garota, mas não se conteve ao ouvi-la falar e se debater na cama.

Alice correu para dentro da casa ao ouvir passos vindos da mata escura as suas costas. Assustou-se ao reparar a diferença de ambiente. A casa, por dentro, em nada era velha e caída aos pedaços.

Prosseguiu caminhando pelo corredor até parar em frente a uma porta.

Jasper via tudo àquilo como um pressagio. Agora ele já sabia onde o vampiro se escondia. O anjo tentou impedir Alice de abrir a porta, mas logo se lembrou que aquilo não passava de um sonho.

A garota abriu a porta e assim que entrou uma forte luz ofuscou seus olhos. Alice gritou levando as mãos ao rosto e Jasper, que estava ainda do lado de fora, pediu para que ela retornasse.

Nada aconteceu!

De alguma forma ele não conseguia passar por aquela porta, era como se ela fosse protegida contra anjos.

O negrume voltou à sala que Alice estava e ela pode abrir os olhos.

Ela podia enxergar tudo, mesmo no escuro e ficou assustada por conta disso.

- Você demorou – disse Alec que estava em um canto da sala. – Sabia que sua capacidade não ia falhar e logo você me encontraria.

- Alec o que fazemos aqui? – Alice não ousou se aproximar dele.

- Você não sabe? – ela respondeu fazendo sinal negativo com a cabeça. – Eu preciso de você! – ele se aproximou rapidamente dela e a agarrou pela cintura. – Quero que seja minha... Não faça força para me esquecer – pediu e Alice amoleceu em seus braços. – As outras não têm tanto valor quanto você tem para mim – disse enquanto passava docente a ponta dos dedos pela lateral do rosto dela.

- Porque me ignora? – a pergunta saiu dolorida e Alec fechou os olhos.

- Não a ignoro, só estou aguardando o momento certo – garantiu o vampiro tocando de leve os lábios aos dela. – Me encontre amanhã na estrada que leva a Sealtte, antes do anoitecer. Estarei esperando-a lá... Não falte - e assim ele a tomou em um cálido beijo. As pernas de Alice bambearam e o ar já não fluía em seus pulmões.

Alec a afastou e segurou seu rosto com delicadeza e prosseguiu:

- Nem tudo é o que parece Alice. Fique atenta as novas amizades e se resguarde o quanto possível – e assim ele sumiu.

Alice piscou os olhos e logo em seguida os esfregou, mas nada tinha mudado, exceto o fato de Alec ter desaparecido.

Ela dedilhou os lábios com os dedos e fechou os olhos desejando mais do beijo de Alec. O perfume dele estava por toda a parte.

Triste, ela caminhou para sair do cômodo e ao passar pela porta notou que estava no corredor de casa.

Jasper ficou tão aterrorizado com a mudança de cenário que pouco percebeu que Alice, corria grande risco, ao caminhar dormindo perto da escadaria que dava acesso ao primeiro andar.

Foi quando ela resmungou algo inaudível que Jasper voltou à realidade e a impediu que caísse escada abaixo.

Aquele sonho era um aviso e o anjo estava com medo do que enfrentaria.

Alice era algum tipo de sacrifício?

O que tanto Alec via nela?

Jasper teria que correr contra o tempo para desvendar esse mistério, ou perderia para sempre a sua protegida.