Elos de Fogo - Profecia da Bruxa escrita por Kuro_Hana


Capítulo 6
05


Notas iniciais do capítulo

alguns capítulos longos, outros curtos e assim vai rs



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Dessa vez os guerreiros estavam montados, o que alem de proporcionar um repouso para as pernas os deixariam mais rápidos contra os inimigos.

Lorde Lewis se separou do grupo com seus homens e destruiu o que restava do acampamento e dos soldados Sonsocs na floresta.

Fagin e Gretel penetraram em São Crispim facilmente após matarem as sentinelas, a cidade não tinha qualquer defesa armada contra o ataque e a maior parte de suas forças havia sido perdida na batalha.

Com sua voz potente Lorde Fagin fez ecoar uma das ordens mais sagradas dos Ossis:

–Todo aquele que for menor ou mais delicado que uma lança em pé deve ser deixado intacto! – era uma antiga metáfora se referindo aos idosos, crianças e gestantes – o resto é nosso!!!

Os homens e mulheres fortes, assim como as riquezas da cidade seriam tomados. Os prisioneiros arariam os campos das cidades e depois seriam degolados e pendurados para sangrar, o precioso líquido seria recolhido e espalhado pela plantação.

Esse ritual, o famoso Festival do Sangue era comemorado como sendo sagrado, o seu fim era marcado pela retirada dos corpos do imenso varal e a entrega deles para as cidades de onde vinham.

Todos os mortos (na guerra ou no festival) eram devolvidos à seus familiares, como sinal de respeito e aviso daquilo que voltaria a acontecer caso tentassem um novo ataque.

Em São Tito foram recebidos por fraco levante de camponeses, mas ao verem chegar os Ossis no puro frenesi da guerra a maioria fugiu. Os que ficaram foram pegos e eram tantos que Lorde Fagin sugeriu tirar a sorte ¹.

Lady Gretel observava atentamente o lorde, ele era um cavalheiro justo e cumpridor de tradições, mas ver gente simples amedrontada tendo a vida interrompida desse modo não o agradava. E ela sabendo disso observava-o para se certificar de que ele não estava com o dado viciado.

O dado tinha três faces, não era viciado, porém movimentando o cavalo levemente ele podia forjar os resultados. Quando chegou ao ultimo lote, percebeu que Gretel estava quase a ponto de declará-lo traidor e à contra gosto seu ultimo veredicto foi dado:

–Desses cinqüenta homens, vinte e cinco irão para Punyburg e seu destino é o Festival do Sangue...

Ainda desconfiada Lady Gretel guio sua parte dos prisioneiros e pilhagem para fora da cidade. Todos presos pelos pulsos ligados uns aos outros, a outra parcela do grupo seria guiada por Lorde Fagin.

Chegando a Punyburg com os presos o louvor dos moradores do povoado tomou o ambiente. Desde a manhã que eles esperavam notícias, e as crianças estimuladas por seus pais atiravam lama nos cativos.

E escoltados por guerreiros foram presos em um velho armazém de formato circular com muros de taipa grossa, lá seria o local onde ficariam quando não estivessem trabalhando.

Dessa vez os tornozelos é que foram atados à argolas presas ao chão e às paredes, a corda que os prendia tinha aproximadamente três ou quatro metros, o que possibilitava que se acomodassem.

Minutos depois, Fagin trazia a ultima parte dos prisioneiros de Gretel, ela o esperava ainda montada e quando o grupo se aproximou ela notou que ele os olhava com pena.

Ela pelo contrario os olhava com prazer, como oferendas do festival, seus olhos se prenderam em um dos presos. Talvez de inicio fosse somente pela cor dele, pois negros eram raros naquela região, e quando os olhos dele se encontraram com os de Gretel o coração dela disparou. Ela o reconheceu.

Ele a olhou fixamente por alguns segundos e prosseguiu. Não era uma beleza comum a que ele possuía, seu rosto melancólico tinha traços arredondados e lábios carnudos levemente rosados, seu cabelo crespo era curto nas laterais e mais alto em cima, o corpo era marcado pelo trabalho duro, mas ainda assim uma barriga se projetava por baixo da camisa branca de seda.

Seu rosto e suas roupas mostravam que havia sido brutalmente arrastado para fora de sua casa, sua bela camisa estava suja, quase não se podia dizer que ela um dia tinha sido branca, a calça de algodão tingido de azul estava rasgada nos joelhos e ele tinha um corte abaixo do olho.

O que chamava a atenção nele era a segurança com que dava cada passo. Em torno do pescoço ele levava um colar de contas vermelhas de madeira, símbolo de sua religião.

Um medo terrível se apossou de Lady Gretel, seu passado a atormentava em sonhos havia anos e agora parte dele ressurgia como por maldição, e sem demonstrar qualquer alteração de humor ela acompanhou o lote até o armazém e lá ficou esperando até que todos fossem amarrados.

Lorde Fagin se aproximou lentamente com seu cavalo:

–Sei que tu não és chegada a festas, mas haverá em Kame Town uma homenagem à Lorde Salem – e sem olhá-la nos olhos ele continuou – eu poderia levá-la em minha carruagem e trazê-la, já que nossas cidades ficam tão próximas...

–Aceito o convite, combinaremos um horário e eu irei cuidar de meus cortes.

O rosto dele se iluminou, e meio surpreso completou:

–Não pensei que fosse aceitar.

–Então na verdade queria que eu recusasse o convite...

E numa tentativa de remediar a situação ele respondeu ficando corado:

–Sempre que algum dos lordes chamava-lhe para algum evento tu sempre recusava...

Ele tinha o rosto sujo, estava suado e sua armadura possuía manchas de sangue fresco e seu cabelo estava completamente desalinhado. Ela não se encontrava melhor que ele, ela estava cansada, com um olho roxo e um fundo corte no braço esquerdo que quase impossibilitava que ela o movimentasse.

Gretel ainda assim via Fagin como um homem belo nessa condição de líder-soldado.

Calmamente ela se explicou a ele:

–Talvez não fossem os eventos certos...

Eles combinaram rapidamente os horários e Fagin partiu, um pouco mais alegre do que havia chegado.

Apesar da calma aparente, o interior da Lady se agitava e um plano se formava em sua cabeça, algumas coisas precisavam se esclarecidas ainda naquela noite.

Quando chegou a sua casa foi diretamente ao banho, levaria algum tempo até que Fagin viesse lhe buscar e essas horas seriam gastas à procura de roupas, já que ela raramente saia de Punyburg em assuntos que não fossem militares.

Por fim pouco antes da hora Lorde Fagin chegou em uma bela carruagem cinza puxada por dois belos cavalos brancos, Dináh recebeu-o pomposamente esbanjando hospitalidade.

Gretel saiu de seu quarto lindamente vestida, usando uma calça de sarja marrom e uma camisa de cetim de mangas compridas (que Dináh insistiu para que usasse e escondesse os pontos e o curativo no braço) de cor creme com botas de couro que iam até os joelhos, em matéria de jóias tinha somente a fina tiara de ouro adornando o alto de sua cabeça.

Quando ela se aproximou Fagin se inclinou para cumprimentá-la:

–Mi Lady, está encantadora...

–É bondade de seus olhos.

Ela estendeu a mão e ele a beijou, ao se aproximarem da carruagem ele deixou que ela entrasse na frente e disse de modo que só ela pudesse ouvir:

–Tenho uma proposta a fazer-te.


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Notas finais do capítulo

¹ Tirar a sorte era decidir com um dado se os grupos de presos seriam soltos, mortos ali mesmo ou levados para o festival



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