Sol e Lua escrita por Aislyn


Capítulo 27
Embaixador das Algas, Chappy e outras surpresas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/513112/chapter/27


— Podem deixar tudo aí! Obrigada.

Kuchiki Rukia dava as últimas instruções a alguns empregados que traziam um grande baú e algumas caixas, para que deixassem tudo dentro de um cômodo especial que estava em reforma desde o dia em que seu irmão descobriu que seria pai. Era o maior quarto da mansão e os que trabalhavam lá não aguentavam por muito tempo as ordens do senhor da casa, que colocava defeito em tudo o que faziam e já havia mandado trocar os móveis duas vezes. Desde o piso até a cor das paredes, Byakuya nunca estava satisfeito e ganhou a fama de “mandão” pelos responsáveis pela reforma.
Cansada daquela situação, Rukia dispensou os serviços e resolveu que ajeitaria o quarto por si mesma. Para a sua sorte, Aiko havia dado carta branca, já que também não suportava mais a obsessão do marido pelo quarto, e tinha algumas horas até que o irmão voltasse para casa. Abarai Renji chegou assim que os empregados saíram, não lhe agradava aquele tipo de serviço, mas, era incapaz de negar algo para sua adorada Rukia. Ele abriu uma caixa e tirou algumas latas de tinta, em seguida, pegou um pincel, um rolo, e suspirou alto.

—  Eu vou cobrar, pode ter certeza! – Disse mal-humorado. – Nunca imaginei que fosse fazer serviço de pintura depois que me tornei shinigami... É um pouco humilhante, sabia?

— Fique quieto, Renji – Rukia o fulminou com o olhar. – Comece logo a pintar aquela parede, temos poucas horas e a tinta tem que secar rápido para que eu possa fazer os desenhos...

— Você, desenhar? – Renji colocou a mão na boca, queria segurar o riso, mas não conseguiu. – O taichou vai se arrepender de não ter deixado aquela decoradora terminar o serviço antes.

— Idiota! – Rukia lançou um pincel na direção dele, acertando-o na testa. Não pareciam um casal nem de longe. – Você não sabe nada mesmo sobre os dotes artísticos da Família Kuchiki. Aprendi muito com o meu irmão e sei que vai ficar tudo maravilhoso.

Rukia falava com um brilho no olhar, havia escolhido tinta amarela para uma única parede. Tinha que concordar com seu irmão de que o bege escolhido pela decoradora não era muito adequado para o quarto de um bebê e queria fazer desenhos alegres também.
Assim que Renji terminou de pintar a parede, Rukia pegou um pincel fino, latinhas de tinta de várias cores e começou seu trabalho. A cada pincelada, ela fazia uma expressão de satisfação que deixava Renji com vontade de rir. Ao final do primeiro desenho, ele não aguentou e disparou uma gargalhada sem fim.

— Do que você está rindo?

— Nosso sobrinho vai chorar de susto quando vir esse coelho monstrengo aí, ainda mais que será a parede ao lado do berço...

— Monstrengo? – Ela arqueou a sobrancelha esquerda. – É o Chappy mais fofo que já desenhei! Ainda por cima em forma de bebê... Você que não entende nada de crianças, Renji. Aliás, monte o berço e pare de reclamar.

— Você não disse que eu teria que fazer serviço de montador também, francamente – ele deu de ombros. – Isso vai custar muito caro, Rukia.

— Vou desenhar meu irmão e a Aiko também! E fazer uma faixa de boas-vindas para o bebê mais tarde... O desenho da faixa vai combinar com os bordados que encomendei no enxoval! Aiai, tudo ficará tão fofo!

Renji meneou a cabeça negativamente, queria montar rápido o berço e sair o quanto antes dali, pois, não precisava que Byakuya o culpasse por aquilo também. Mesmo que agora fossem praticamente da mesma família, a relação de ambos não havia mudado muito.
Duas horas depois, Rukia olhava para a parede enfeitada por ela com imensa satisfação, enquanto Renji não sabia o que dizer. Havia corações e desenhos de Chappy, coelhos de pelúcia, cortinas com Chappy estampados na janela, assim como os bordados dos lençóis, fronhas e cobertor seguindo a mesma tendência. O berço branco em madeira fina estava montado e foi colocado próximo a uma janela, pois Rukia acreditava que os raios solares seriam benfazejos para o bebê quando entrassem.
Quando ela estava pronta para sair com o companheiro, ouviu alguns passos.

— Mas o quê?

Foi tudo o que Byakuya conseguiu dizer antes de entrar no recinto e olhar para a parede decorada. Não esboçava emoção alguma, até que viu o Chappy de pelúcia gigante ao lado do berço.
Alguns homens chegaram em seguida dele, traziam consigo os móveis restantes que haviam sido escolhidos por ele e algumas caixas fechadas.

— Nii-sama...

— Não fale nada, Rukia – ele olhou seriamente para ela, logo depois, para os homens. – Tragam os móveis, instalem logo o papel de parede e deixem as caixas ali no meio.

Rukia nada disse, apenas ficou observando o irmão. Ele abriu rapidamente as caixas e tirou um quadro, uma escultura, almofadas, bem como desenrolou um tapete. Renji tentou sair sem que fosse notado, entretanto, Rukia o segurou pela mão e sussurrou:

— Nem pense em sair, ele vai querer que a gente leve embora o que trouxemos.

— Abarai! – Byakuya olhou o fukutaichou de canto. - Pegue a tinta branca que está aqui dentro desta caixa e pinte as paredes do banheiro.

— Ah, taichou! Já fiz o serviço de pintura hoje...

— Vá logo seu molenga, não ouviu meu irmão? – Rukia beliscou o braço de Renji.

— E você, Rukia... – Ele virou de costas e foi até o berço, um sorriso bastante assustador para quem o conhecia, surgiu em seus lábios. – Pendure o quadro assim que terminarem a instalação do papel de parede e ajeite os outros itens que retirei das caixas do jeito que achar melhor. Ah, peça para que tragam chá, pois vou esperar o Abarai terminar.

— Sim, nii-sama!

Renji bufou, não acreditava que estava sendo feito de escravo por aqueles dois. Seu shihakushou já manchado de tinta amarela agora também ficaria sujo de branco, cobraria um novo de seu taichou e não permitiria que fosse descontado de seu salário. Rapidamente, começou a pintar o banheiro. A tinta escolhida era de secagem ultrarrápida, custava um pouco cara, mas para Byakuya isso pouco importava. O taichou deu ordens para que os homens deixassem a parede pintada por Rukia intacta, mesmo que fosse destoar de tudo.
Renji levou uma hora para pintar o banheiro e foi sentar lá fora para escapar de qualquer outro pedido. Byakuya por fim, pegou algumas tintas e começou a desenhar algo em uma parede do banheiro. Rukia o observava sem dizer nada, achava melhor fazer o que o irmão pediu e arrumar os móveis antes que ele  mudasse de ideia quanto à decoração feita por ela.
Algum tempo depois, os dois irmãos olhavam tudo com uma expressão de contentamento, o orgulho pela decoração que fizeram naquele cômodo quase não cabia dentro de ambos. Byakuya assentiu para Rukia, estava nitidamente feliz e muito satisfeito, agora poderia chamar Aiko para que ela visse o trabalho finalizado.
Uma empregada correu até a loja de doces onde Aiko estava com Isane e Matsumoto, disse que ela precisava voltar imediatamente para a casa Kuchiki.
Arfando, ela parou diante da porta do quarto onde estavam Rukia, Byakuya e Renji, olhava ao redor e não sabia o que falar. Kuchiki Byakuya aproximou-se dela e a puxou gentilmente pela mão para que entrasse e olhasse melhor.

— Isso é... – Ela tentava escolher bem as palavras, não queria ferir o orgulho deles. – Vocês fizeram esse trabalho sozinhos?

— Sim! A Rukia e o Abarai tomaram a frente com aquela parede e eu apenas dei um toque final, alguns detalhes, apenas – explicou Byakuya de uma forma quase solene. – Devo dizer que foi um trabalho primoroso. Eu não deveria nunca ter contratado pintores e aquela decoradora inútil, quando temos um senso artístico tão apurado, não é, Rukia?

— É sim, nii-sama! O banheiro que você decorou ficou incrível, ninguém mais nesse mundo pintaria dessa forma! Sem falar no quadro e na escultura!

— Nisso você tem razão, Rukia – disse Renji com ar zombeteiro. – Somente o taichou consegue fazer essa coisa e...

— Coisa? – Byakuya virou o rosto lentamente na direção de Renji e deu dois passos até ele. Com a mão direita, tocou em sua zanpakutou. – Eu ouvi bem, Abarai? Você chamou o Embaixador das Algas de coisa?

— Err... Renji, a Isane queria falar com você, por favor, vá até o Yonbantai, é importante – Aiko foi empurrando-o até a saída. –  Nos vemos depois... Bem depois – disse baixinho.

— Nii-sama, perdoe o Renji. Ele não entende nada de arte, meu noivo é um grosseirão. E, eu vou deixa-los a sós para curtirem o cantinho do bebê. Me regozija saber que gostaram e que nenhuma outra criança terá um quarto igual a esse!

— Realmente – Aiko deixou escapar. – Obrigada, Rukia. Foi uma grande demonstração de carinho o que você fez aqui, nunca vou esquecer. Agradeça ao Renji por mim, acabei esquecendo.

Rukia fez uma reverência e saiu, queria alcançar Renji e agradecer por tudo.
Aiko engoliu em seco e respirou fundo, ainda estava tentando assimilar o que via. Uma parede ao lado do berço totalmente decorado por coelhos em forma de Chappy, enquanto as outras estavam com um papel repletos de pequenas estampas do “Embaixador das Algas’”. Não satisfeito, Byakuya ainda havia pintado um "Embaixador" imenso em uma parede do banheiro, assim como trazido outros objetos de decoração com seu personagem estranho. Era tudo muito verde, exceto pelo lado feito por Rukia. Byakuya abriu a primeira gaveta da cômoda branca e tirou de dentro uma manta, nela estava bordado o brasão da família Kuchiki e entregou para Aiko. Ela não conseguiu ignorar a felicidade que estava estampada no rosto dele, era claro que seu marido havia se esforçado muito para deixa-la feliz e fazer algo para o filho com as próprias mãos – por mais estranho que tudo parecesse aos olhos de quem visse.

— Você ainda não disse se gostou – ele a beijou e sorriu. – Aqueles dois se esforçaram bastante, foi uma grata surpresa...

— Todos vocês se esforçaram para personalizar esse quarto, está aconchegante e tão alegre, que não sei o que dizer. – Ela encostou a manta no rosto e sentiu a delicadeza e maciez do tecido fino. – Obrigada, Byakuya! Vou amar ficar aqui com nosso filho, e sempre que olhar para essas paredes, me sentirei a mãe mais feliz do mundo.

— É muito bom saber que você gostou. Cá entre nós, admito que a Rukia ainda tem muito para aprender sobre desenhos, mas, veja como ela nos desenhou em forma de coelhos... Ficou muito criativo.

— Concordo, eu adorei essa parte! E, você tem razão, vai levar muito tempo até que a Rukia pinte tão bem como o grande líder Kuchiki, né?

Ela começou a rir deixando o marido sem entender. Para Byakuya, por mais  incrível que pudesse parecer, não havia uma criação melhor do que o “Embaixador das Algas” e tudo o que mais queria era que seu filho pudesse um dia se divertir com aquele personagem, como ele também um dia quando criança – e ainda se divertia.
Aiko olhou mais uma vez para o quarto, estava começando a sentir-se segura com a gravidez e com tudo o que viria dali por diante. Parecia que Byakuya estava ainda mais próximo dela e mesmo que às vezes a sufocasse um pouco, ela seguia o conselho de sua mãe. Não queria jamais que ele voltasse a ser o mesmo de antes e agradeceria sempre por tudo o que aconteceu em sua vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sol e Lua" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.