Sol e Lua escrita por Aislyn
Kuchiki Byakuya estava no escritório em sua casa, analisava algumas pastas com despesas do Rokubantai há horas e os resultados que anotava em um caderno começavam a dar um pouco de dor de cabeça. Naquela noite, Aiko havia ficado de plantão no Yonbantai, então, ele estava tranquilo por não precisar deitar-se tão cedo.
Quando já não aguentava mais ficar acordado, resolveu deixar o que restou para o outro dia e ir descansar. No caminho para o seu quarto, ouviu alguns ruídos, não compreendia o que poderia ser, já que nenhum empregado andava pela casa àquela hora. Ao notar que o ruído vinha do quarto de seu filho, abriu a porta lentamente e ficou alerta para qualquer coisa que pudesse ser. Ao acender a luz, olhou em direção ao berço e ficou sem reação.
— Quem é você que ousa brincar assim com o meu orgulho? – Disparou Byakuya e esticou o braço direito, espalmando a mão, pronto para atacar com um hadou.
— Não consegue sentir realmente quem eu sou?
Aquela voz o deixou nitidamente abalado, assim como o sorriso gentil que floreou no rosto alvo daquele homem que via diante dele. O cabelo negro à altura dos ombros e o kenseikan no lado esquerdo, os olhos demonstrando toda a bondade que possuía, sem dúvidas não parecia alguém brincando com suas lembranças, nem mesmo um fantasma.
— Otou-sama... – Buakuya sussurrou, mesmo incrédulo, deu alguns passos adiante. – Como pode estar aqui?
— O amor de um pai por seu filho é capaz de transcender qualquer barreira, até mesmo a morte. – Kuchiki Soujun olhava admirado para Byakuya. – Você se tornou um bom homem e um líder melhor do que eu teria sido para esse clã. É o meu orgulho...
— Não entendo – ele estendeu a mão na direção do pai, mas era como se não conseguisse alcança-lo. – Por que está aqui?
— Eu só queria que soubesse que estou muito feliz pelo rumo que a sua vida tomou e pelo herdeiro que está a caminho! E também, pedir para que cuide dessa criança e não deixe que seus deveres sejam mais importantes do ele... Seu filho. Ele um dia se tornará naturalmente um bom líder, mas, deixe-o fazer as próprias escolhas, Byakuya, e jamais imponha nada. Não cometa o mesmo erro que eu... Acabei negligenciando tudo o que era mais importante para mim e nem mesmo cuidei da minha saúde. Não dei ouvidos ao meu pai e quis me tornar um shinigami forte a todo o custo para provar algo que eu nunca precisei.
— O senhor foi um bom pai, ainda guardo muitas lembranças de tudo o que vivi ao seu lado. Me ensinou a empunhar uma espada e a enfrentar meus medos... Me ensinou o que era o orgulho de um Kuchiki e...
— Byakuya, meu filho – Soujun interrompeu e sorriu. – Meu maior erro foi ter ensinado você a empunhar uma espada e não o ter abraçado tanto quanto eu podia. Ensinei o que era o orgulho, mas não ensinei o que era amor, carinho e compreensão. E, infelizmente, a rigidez com a qual você foi criado, o impediu de ser apenas uma criança. O nome Kuchiki sempre pesou demais em suas costas e...
— Não, meu pai... É uma culpa que o senhor não precisa carregar onde quer que esteja. Fique em paz.
Byakuya deixou escapar uma lágrima, estava comovido com aquela aparição e convencido de que era real, pois aprendeu com aquele homem que tudo era possível e faria exatamente o que seu pai lhe pediu. Homenagearia também Kuchiki Ginrei, seu avô, ensinando ao seu filho tudo o que aprendera com ele. Tinha os melhores exemplos na família Kuchiki que eram homens de coração forte, estando seguro que tudo daria certo.
— Seja feliz, meu filho... Estamos sempre ao seu lado.
— Otou-sama...
O taichou ergueu a mão, tentou tocar em seu pai, mas ele desapareceu após um lindo sorriso. Talvez aquela fosse a bênção que faltava para a sua vida.
Aiko chegou cansada em casa, queria tomar um banho e dormir. A primeira coisa em que pensou em procura-lo no escritório e ao chegar lá, viu Byakuya debruçado sobre a mesa, dormia tranquilamente. Ela sorriu, sua vida estava tão perfeita e não queria que aquela calmaria acabasse. Vê-lo dormir era algo que a shinigami adorava, admirava o jeito tranquilo dele e sua beleza.
“Devo ser a mulher mais sortuda da Soul Society” – pensou. Com cuidado, aproximou-se dele e o tocou delicadamente no ombro. – Amor, acorde, já está um pouco tarde.
— Não percebi você chegando – ele disse com a voz rouca. – Mas...
Byakuya olhou para todos os lados, não entendia como estava no escritório. Lembrava perfeitamente de ter ido até o quarto do bebê, principalmente de ter encontrado o pai. Não podia ter sido um sonho, era real demais para ele.
— Você está bem? – Perguntou preocupada. – Parece tão agitado.
— Não sei como explicar – ele levantou e a abraçou. – Vamos para o quarto, lá eu talvez consiga dizer o que aconteceu.
Aiko ouvia o marido enquanto tomava banho, conhecia Byakuya bem demais para saber que ele não era um homem inclinado a sonhar daquela forma, entretanto, como explicar o que aconteceu?
— Talvez seu pai tenha aparecido realmente em seu sonho, quem sabe foi a forma que ele encontrou para se comunicar com você, Byakuya – escolheu as palavras antes de falar, mas estava com medo da reação dele.
— Eu tenho certeza que estava naquele quarto, não foi um sonho! – Contestou Byakuya. – Devo ter voltado para o escritório e dormi, o cansaço mental pode ter desencadeado tudo isso. Mas, eu o vi, Aiko, era tão real quanto a vejo agora!
— Acredito em você, querido. Fico feliz pelo que me contou – ela saiu do banho e começou a se enxugar. – Podemos amanhã rezar por ele e presenteá-lo, bem como os outros membros do nosso altar... Uma homenagem, que tal?
— Acho maravilhoso! A propósito, tenho um pedido a fazer.
— O que seria?
— Quero que nosso filho tenha o nome do meu pai.
— Como você tem tanta certeza de que será um menino? – Ela o abraçou.
— É algo que vem de dentro do meu coração – Byakuya a abraçou forte.
— Tudo bem, é um nome lindo.
Naquela noite, Kuchiki Byakuya dormiu tranquilo, se antes estava cheio de dúvidas sobre como seria ter um filho, e principalmente, sobre o tipo de pai que seria, tudo havia se findado. Sentia-se pleno e tinha a certeza de que era o homem mais feliz da Soul Society também.
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