Sol e Lua escrita por Aislyn


Capítulo 26
A Vida Continua


Notas iniciais do capítulo

Dois capítulos seguidos para me redimir da demora! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/513112/chapter/26

Cinco anos após o memorial de Unohana se passaram, Aiko havia acordado cedo, era uma manhã de primavera e as flores que plantou em um jardim somente dela começavam a desabrochar, deixando tudo colorido e perfumado. Estava de folga naquele dia, mas era impossível não pensar em como tudo ficava durante a sua ausência no Centro Médico agora que era fukutaichou. Pelo menos naquele dia, ela podia aproveitar que Byakuya estava também de folga e fazer algo com ele. Era bastante atípico ter acordado primeiro, pois, quase sempre antes do sol raiar, ele já estava em pé.
Após verificar se tudo estava bem em seu jardim, foi até o lago e alimentou os peixes. Em momentos assim, imaginava como seria sua vida se fosse apenas uma esposa comum. Cuidaria da casa, prepararia sempre as refeições e sem dúvidas, levaria quando pudesse o almoço de seu marido até o bantai. Também gostaria de poder cuidar melhor dele, contudo, as obrigações sempre falariam mais alto para ambos. Só restava então curtir cada minuto que ficava em casa e tentar viver uma vida normal nesse curto espaço de tempo.
Já começava a pensar no que faria de almoço, quando percebeu que não estava sozinha no jardim. Nem teve tempo para olhar, o que fez foi saltar para escapar daquela investida.

— Você não tem mais o que fazer? – Aiko gritou ao ver Byakuya, acabara de desviar de uma pequena rajada de energia espiritual que se dissipou no ar. – Se esse é seu jeito de desejar bom dia...

Ele sorriu e desapareceu, surgindo na frente dela em uma velocidade suficiente para beijá-la antes que terminasse o que estava para dizer. Aiko cerrou os punhos, contudo, não resistiu quando ele a abraçou e se rendeu, abraçando-o.

— Bom dia, minha amada esposa – Byakuya falou baixinho perto do ouvido de Aiko. – Tive uma excelente ideia para a manhã de hoje...

— Me matar? – Ela fez cara de brava e arqueou a sobrancelha esquerda.

— Depende de você – ele a soltou, seus olhos pareciam até brilhar. – Onde está sua zanpakutou?

— No quarto...

— Me espere aqui então.

Aiko já estava acostumada, ele nunca perdia a oportunidade de se exibir com sua alta velocidade e desaparecer antes que ela pudesse sequer pensar em questioná-lo. Se conhecia-o bem, aquela não seria a manhã romântica que tanto queria. Há algum tempo não treinavam juntos, entretanto, sentiu que ele estava escondendo algo.
Byakuya voltou e entregou a zanpakutou para Aiko, em seguida, fez sinal par que ela o seguisse. Ao chegarem em um campo aberto que fazia parte da propriedade dos Kuchiki, Byakuya empunhou a sua espada sem delongas. Ela suspirou alto de propósito, queria demonstrar que não era o que havia planejado, contudo, ele já parecia decidido em prosseguir.

— Quero que me mostre sua nova técnica e aqui você pode usá-la sem se preocupar com a água...

— Mas, você já não viu? Por que isso agora?

— Você foi indicada para ser taichou do Nanabantai – ele disse como se estivesse falando algo corriqueiro e sem importância. Aiko o olhou perplexa. – Desde a morte do Komamura, o Iba Tetsuzaemon está treinando, porém, não alcançou um nível satisfatório. Então, você precisa treinar muito para que faça uma demonstração do que sabe diante de...

— Espera aí, espera aí, Byakuya! – A garota interrompeu, não conseguia acreditar no que ouviu. – Você está me dizendo isso como se fosse algo simples! Como assim fui indicada, por quem?

— Não consegue imaginar?

— Você...

— Não somente eu. O Ukitake também, assim como outros que você vai saber depois. Agora, pare de perder tempo, Aiko! – Byakuya apontou a zanpakutou na direção dela. – Ataque e não faça mais perguntas.

— Sempre dando ordens – ela deu de ombros. – Sorte sua que estou de bom humor... Que seja, meu amado marido. Espero que esteja com calor!

— Disperse... Senbonzakura.

— Flua, Mizuki!

Aiko foi em direção às lâminas já dispersas da Senbonzakura, girou os sai nas mãos e saltou no ar. Lá do alto, viu que o ataque de Byakuya mudou o curso, um pouco previsível. Normalmente, ela faria com que uma onda gigantesca fosse de encontro às lâminas, contudo, precisava ter coragem para testar uma nova possibilidade. Após respirar fundo, a shinigami apontou sua arma na direção de Byakuya e delas, saíram dois jatos de água que aos poucos iam ganhando proporção, unindo-se e formando uma torrente com incrível pressão. Estava tudo planejado em sua mente, só precisava fazer com que aquela torrente avançasse com fúria contra o ataque dele e abrisse caminho para ela.
Byakuya observava Aiko, estava para aumentar a velocidade e sua técnica, quando notou que a pressão espiritual dela vacilou. Imediatamente, fez com que sua zanpakutou voltasse para a forma normal e saltou a tempo de amparar a esposa em seus braços, que estava perdendo os sentidos. Os sai de Aiko caíram no chão e seu ataque perdeu a força, lavando o solo.
O taichou chegou no chão e tocou na testa dela, não conseguia compreender o que houve, já que aquilo nunca aconteceu nem quando ela usava a força da bankai. Byakuya espalmou a mão direita e conjurou uma corda de energia que se esticou até a zanpakutou de Aiko e a enrolou, assim, puxou-a.
Não podia mais perder tempo, precisava levá-la até a mansão e mandar chamar a taichou do Yonbantai que não demorou a chegar.

— Você tem certeza de que foi apenas um mal-estar? – Kotetsu Isane terminava de examinar Aiko.

— Eu não sei bem, estava para usar um ataque quando minha visão ficou turva e eu comecei a “apagar”.

— Estranho, faz pouco tempo que fizemos aquela bateria de exames trimestrais... Não vi nenhuma alteração nos seus resultados.

— O Byakuya exagerou um pouquinho chamando você – Aiko ergueu o corpo e sentou-se na cama. – Acho que fiquei nervosa com o que ele me falou mais cedo.

— Por via das dúvidas, não quer ficar em observação hoje? – Isane estava nitidamente preocupada.

— Está tudo bem, Isane-san! Prometo que se eu sentir qualquer coisa, vou imediatamente até o hospital. E, tenho certeza que ele não vai desgrudar de mim hoje. Estou em boas mãos.

— Certo! Mas, fique em casa amanhã também – a taichou foi até a porta. – Está uma calmaria na enfermaria e não temos muito trabalho por esses dias, então, descanse.

— Obrigada, Isane-san! Não posso desobedece-la – ela piscou o olho.

— Ainda não me acostumei com isso – disse Isane em tom de confissão. – Até mais, Aiko-San!

Byakuya esperava no lado de fora do quarto, deixava transparecer toda a preocupação em seu semblante. Após conversar com Isane e pedir que uma empregada a acompanhasse até a saída da mansão, ele entrou no quarto e não gostou nada do que viu. Aiko estava com o rosto muito pálido e com um ar de cansaço, era bastante estranho vê-la daquela forma, sobretudo quando mais cedo parecia tão disposta.
Com cuidado, ele sentou-se na cama e acariciou o rosto dela.

— Hey, você está melhor? – Perguntou com ternura. – Achei que causaria uma enchente hoje lá no campo...

— Era minha intenção, principalmente ver seus cabelos desgrenhados por estarem molhados – ela riu e o abraçou. – Fique em paz, amado taichou... Estou bem.

— Concorda comigo que um desmaio assim não é algo normal?

— Eu não ando me alimentando tão bem no trabalho, pode ser isso também. Se acontecer novamente, juro para você que fico um dia inteiro em observação e farei todos os exames que a Isane quiser.

— Podia ter feito isso hoje...

O taichou levantou-se e foi até a janela, não queria insistir com ela a ponto de provocar uma briga, já que estavam há um bom tempo em paz. Aiko estranhou o comportamento dele, sabia que ele sempre se mostrou preocupado com ela, mas, parecia um pouco exagerado. Ela pensou em perguntar o que estava acontecendo, até que lembrou de Hisana.

“Será que o meu desmaio trouxe alguma lembrança ruim para ele? Lembro de ter ouvido a respeito da doença dela e de seus desmaios constantes... Preciso acalmá-lo.”

Ela o observou em seu silêncio, não tinha dúvidas de que Byakuya estava perdido em alguma lembrança do passado. Ele não sabia lidar com situações como aquelas e mostrava-se fragilizado, algo raro para um homem como ele.

— Byakuya, acredite em mim. Se eu estivesse doente, com certeza eu perceberia... Você sabe o quanto estudo e conheço quase todas as doenças que podem acometer alguém como nós. E, a Isane teria sido a primeira a falar com você.

— Tem razão, acho que estou sendo um pouco exagerado... Tenho medo de que qualquer coisa aconteça com você, Aiko.

— Obrigada, você é tão bom comigo e às vezes não sei como retribuir – Aiko o fitou nos olhos quando ele virou. – Tenho muita sorte de ter um homem como você ao meu lado.

— Eu também tenho sorte de tê-la e vou cuidar de você hoje, da mesma forma que sempre cuida de mim.

                                                                                          Dois meses depois

O serviço no Yonbantai parecia ter triplicado após a primeira quinzena daquele mês, muitos membros haviam sido promovidos a outros batalhões que tiveram baixas ao longo das batalhas e novos recrutas começavam a chegar. Organizar o treinamento de todos exigia muito de Isane e seus oficiais, assim, Aiko ficava com todas as funções burocráticas quando não era requisitada para dar aulas de combate.
Para Aiko, sentar-se diante daquela mesa ainda era um pouco estranho, tudo lá continuava lembrando Unohana. Taichou e fukutaichou faziam o possível para que as coisas continuassem do mesmo jeito, até mesmo os arranjos de Ikebana que Unohana costumava fazer as duas deram continuidade. Às vezes olhar para aquelas flores era o suficiente para que Aiko continuasse firme e lutasse pelo Yonbantai, a fim de que eles ganhassem o reconhecimento merecido na Seireitei. Não admitia mais que ninguém menosprezasse os membros de seu bantai e se chegasse ao seu conhecimento quaisquer problemas, principalmente os causados pelos homens de Zaraki Kenpachi, ela resolvia pessoalmente. Todos respeitavam Kuchiki Aiko, não por ser membro da nobreza, mas pela shinigami que era.

— Só mais esta pilha...

Ela passou a mão na testa, estava suando e já não aguentava mais ler e assinar tantos papéis. Precisava fazer tudo com rapidez, pois, no dia seguinte teria uma reunião com alguns fukutaichous para que acertassem os detalhes da inspeção que o Yonbantai fazia em todos os bantais em prol da saúde de seus membros. Após levantar-se, Aiko fez um pouco de alongamento e seguiu até o refeitório. Gostava de almoçar com os colegas e pelo menos, esquecia um pouco os problemas rotineiros nesse horário.
Algumas enfermeiras fizeram sinal para que se juntasse a elas e com um sorriso no rosto, ela foi até lá. A chefe de enfermagem do período diurno, Ishibashi Sakura, trazia sua bandeja e sentou-se ao lado de Aiko.

— Hoje os ovos estão com uma cara ótima!

— Eu acho que vou...

Aiko sentiu o estômago revirar e saiu apressada do refeitório, se tivesse ficando um minuto mais, não teria conseguido segurar a ânsia que sentiu. Precisava urgente de algum remédio para aquilo, então, foi até a farmácia da enfermaria e acabou pegando alguns para levar consigo.  
Alguns dias se passaram e os enjoos ficavam cada vez mais frequentes, Isane estava preocupada com Aiko, mas esta sempre minimizava o que sentia e não aceitava descansar.

— Você está pálida – Isane aproximou-se de Aiko, sua expressão ficou séria. – Você está dispensada do trabalho hoje. Aprecio seu esforço, principalmente por me ajudar com a função de taichou, mas, quero que vá para sua casa e só volte quando melhorar.

— Mas, Isane-san... – Era a primeira vez que via aquela expressão no rosto de sua companheira. – Certo, vou acatar a ordem.

— Sabe que eu nunca dei uma ordem assim para você, só faço isso porque estou preocupada demais com a sua saúde e preciso da sua ajuda... Mas, não vai ajudar desse jeito. – Ela sorriu. – Passe na enfermaria e faça uma coleta de sangue, assim que sair o resultado, pode ir tranquila.

— Certo! Obrigada, Isane-san... É bom ter uma amiga como você.

Aiko fez uma reverência e foi até a enfermaria. Odiava ter que fazer exames, porém, não queria decepcionar sua taichou.
Após alguns minutos, uma enfermeira realizou a coleta e levou até o equipamento para que fosse analisado imediatamente. Aiko esperou o resultado do exame sair na tela do computador e não acreditou no que estava vendo. Precisou sentar-se, pois sentiu o corpo gelar e um mal-estar insuportável tomar conta de si. A enfermeira pegou um copo de água e ofereceu para ela.

— Quer que eu pegue algum remédio? – Perguntou gentilmente.

— Não, obrigada! Só quero que despreze meu sangue, está tudo bem comigo... Vou imprimir o resultado para mostrar depois à Isane-san, assim, ela fica tranquila.

Aiko pegou o papel que saiu da impressora e tratou de deletar os dados do exame que ficavam gravados em um arquivo com a permissão especial que possuía. Não queria que ninguém mais visse aquilo. Tudo o que desejava era voltar para casa e tomar um banho antes de ir para a cama. Pelo menos, não veria Byakuya naquele dia, pois, sabia que ele tinha uma reunião importante e sempre dormia no bantai por acabar tarde.
Ela passou como um raio pelos empregados e foi direto para o quarto, precisava evitar perguntas. Ao fechar a porta, levou um susto.

— O que está fazendo aqui?

— Eu que pergunto! – Aiko não acreditava que seu marido estava deitado na cama lendo um livro. – Você nunca vem para cá nesse dia...

— Nem você chega tão cedo – ele fechou o livro e a olhou desconfiado. – Não parece estar bem.

— Por isso vim descansar, ando trabalhando demais. Vou tomar um banho.

Kuchiki Byakuya murmurou algo ininteligível, não estava gostando do comportamento dela. Ao ouvir o barulho do chuveiro e a porta do box se fechando, ele caminhou sem fazer um ruído sequer até o banheiro e notou que havia um envelope sobre os trajes que ela largou de qualquer jeito no chão. Assim que pegou o papel, Byakuya voltou para o quarto e o abriu, mesmo sabendo que estava invadindo a privacidade dela.

— Positivo para gravidez... – Byakuya repetiu baixinho. – O quê? Não pode ser...

Ele respirou fundo e olhou novamente para os valores de referência que estavam no papel. Filhos entre shinigamis eram algo raro, tanto que a maior preocupação entre as famílias nobres consistia na continuidade da linhagem e podia demorar séculos para que um novo membro surgisse. Dificilmente algo deixava um homem como Kuchiki Byakuya sem ação, mas quem chegasse ali naquele momento o veria vulnerável. Era difícil para ele entender o que estava sentindo, uma mistura estranha de emoção com grande preocupação e algo mais que ele não sabia distinguir. Impossível não lembrar de seu avô e seu pai. Ambos teriam ficado em êxtase com a notícia, afinal, mais um líder Kuchiki nasceria. Se perguntava o porquê de Aiko não ter contado logo que chegou e chegava a pensar que ela não estava feliz com a notícia. Ele não notou a presença dela, que o olhava da porta do banheiro, com uma expressão indecifrável.

— Me perdoe, acho que eu não deveria ter pegado isso. – Byakuya foi até ela e suspirou. – Mas, quando você pretendia me contar?

— Não sei... Na verdade, nem sei o que pensar ou o que estou sentindo de fato.

Ela foi até o biombo e pegou um kimono que estava pendurado, vestindo-o. Não queria que Byakuya a visse se trocando, de repente, sentia vergonha do próprio corpo. Antes de fechar a faixa, ela olhou para o seu ventre diante do espelho, não conseguia acreditar.

— Hey, Aiko – ele esperou que a esposa saísse de trás do biombo e foi até ela, envolvendo-a em um longo e apertado abraço. – Estou ao seu lado, não precisa se preocupar com nada. Um filho é motivo de orgulho, principalmente para um Kuchiki. Não sei exatamente se o seu problema é comigo, mas, saiba que eu vou apoiá-la em tudo! Tenho certeza de que não haverá alegria maior na nossa vida do que um filho.

— Ainda não caiu a ficha – ela olhou nos olhos do marido, parecia ser impossível segurar as lágrimas naquele momento. – Estou sentindo uma angústia estranha...

— Você precisa descansar, apenas isso e ficar um pouco sozinha...

— Não! – Aiko o apertou contra seu corpo e escondeu o rosto no peito dele. – Preciso de você, aqui, para sempre...

— Estou aqui – ele sorriu. – Vou pedir que sirvam o jantar na varanda e ficaremos juntos até você se sentir melhor.

                                                                                                           Casa Kannogi

Um mês se passou, ouvia-se risos e pessoas falando alto por todos os cantos da mansão, o banquete que estavam oferecendo aos mais próximos, tanto da família Kannogi quanto Kuchiki, parecia que não teria mais fim naquela noite. Os empregados não deixavam um copo sequer ficar vazio por ordem de Masanori e até mesmo um show de fogos de artifício ele havia planejado. Tudo o que pudesse fazer para comemorar a chegada de um neto parecia pouco, pois, a felicidade não cabia dentro de si. Ele e a esposa ficaram o tempo todo perto de Aiko, queriam mimá-la e fazê-la sentir-se amparada naquele momento, pois, demonstrava insegurança e não conseguia comemorar tanto quanto todos. Byakuya tentava dar atenção aos que vinham sempre parabenizá-lo, se encontrava um pouco “alto” por conta da bebida, já que por educação participava de cada brinde. Não era de seu feitio aquele tipo de comemoração com álcool, mas, queria demonstrar que a sua alegria não tinha tamanho, mesmo que não conseguisse conversar tanto quanto gostaria com seus amigos e companheiros do Gotei Juusan.
Kuchiki Rukia tentava fazer o que Aiko não estava conseguindo e explicava que o momento era bastante delicado para uma mulher, fazendo com que todos compreendessem o silêncio e aparente desânimo da futura mamãe. Com sua alegria e espontaneidade, conseguia fazer com que os convidados se sentissem ainda mais à vontade.
Kannogi Akiko foi pegar um pedaço de torta para a filha, a fim de que ela se animasse um pouco, contudo, ao voltar, Aiko não estava mais no salão. E, conhecendo sua filha, sabia exatamente onde encontra-la.

— Queria ter a sua velocidade – Akiko correu o quanto pôde para chegar logo até a cachoeira, estava arfando e sentou-se sobre uma pedra, ao lado de Aiko. – Teria chegado aqui num piscar de olhos...

— Mamãe, a senhora não precisava ter vindo. Me desculpe por não ter dito nada, eu só precisava...

— Tanta gente pode deixar alguém na sua condição um pouco cansada, eu entendo, Aiko-chan... – Akiko segurou a mão de Aiko. – E, é nossa primeira oportunidade de conversarmos a sós.

— A senhora tem razão – ela sorriu. – Eu gostaria muito de poder dizer o que estou sentindo e acredito que ninguém mais entenderá, a não ser a minha amada mãe.

— Fale, querida... Ajudarei em tudo o que puder!

— Mamãe, eu estou tão confusa! Nunca imaginei que um dia eu fosse ter um filho, posso ter sido até um pouco inocente achando que algo assim não aconteceria tão fácil. Há shinigamis casados há tantos anos e sem filhos... Então, pensei que seríamos para sempre somente o Byakuya e eu. Meu mundo virou de cabeça para baixo, se antes eu tinha tantas preocupações com o Yonbantai e mal tinha tempo para o meu marido, imagina agora, como terei para um filho? Não me sinto preparada, mãe... Não faz tanto tempo assim que me sinto uma mulher madura, às vezes quando vejo meu reflexo no espelho, ainda vejo uma menina que tem tanto para aprender... O que faço? O Byakuya está me sufocando esses dias, controla o que como, o que faço e fica insistindo para que eu peça uma licença do bantai. Qualquer suspiro que dou, ele pensa que estou tendo algo...

— Tenha calma, Aiko. Você deve saber de onde vem a preocupação que ele tem... Seu marido já sofreu muito por causa do passado, então, é natural que queira vê-la bem. E, é normal tudo o que você está sentindo, todas as dúvidas e a insegurança, assim como qualquer coisa que de repente pareça um pouco egoísta até. Mas, sei que no fundo, quando você sentir o primeiro movimento do seu filho e perceber que há realmente uma vida dentro do seu ventre, tudo isso vai passar... Tenha paciência e muita calma, querida. Deixe seu marido cuidar de você e lembre-se que um dia você esteve triste por ele ter sido distante, então, aceite tudo o que ele fizer e veja como um grande ato de amor e carinho! O Byakuya deve estar tão inseguro e sentindo algo parecido com o que você sente...

— É verdade, acho que estou reclamando demais dele, quando deveria estar feliz por ele ter mudado tanto e se preocupar assim comigo.

— E, você vai ter o privilégio que eu não tive de poder estar ao lado do seu bebê depois que nascer... Eu também vou querer estar e poder fazer pelo meu neto o que não pude fazer por você, minha filha. Vocês poderão contar conosco e tenho fé de que tudo dará certo...

Akiko não conseguiu controlar a emoção, lembrou-se do dia em que Aiko nasceu e de tudo o que viveu até reencontra-la. Precisava tranquilizar a filha e queria começar desde aquela conversa, a deixar claro que ajudaria em todos os cuidados e na criação no neto para que Aiko não abandonasse seus deveres como shinigami, pois, tinha a certeza de que ela jamais deixaria o cargo que possuía.
A maioria das crianças nobres viviam rodeadas de empregados que faziam tudo aquilo que os pais não podiam ou queriam fazer, contudo, Aiko e Akiko chegaram à conclusão de que isso não aconteceria. Ambas se uniriam e não deixariam faltar afeto para aquela criança e era certo de que Byakuya, Masanori e até mesmo Rukia também fariam o mesmo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sol e Lua" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.