The Four Kingdoms escrita por starqueen


Capítulo 22
Capítulo 22 - Eu topo.


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEEEY PESSOAS, CAP NOVO AQUI, E COM MUITAS REVELAÇÕES AHSUAHSU

O capítulo está maior que o normal, MAAAS, eu espero que gostem :) Tem muitas coisas a serem reveladas aqui que vocês nem fazem ideia, e digamos que a atitude da Sam vai ser um puta "WTF?" ashuashuas

Espero que gostem :D



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Meus passos até a sala de Catlyn Velásquez soavam totalmente fortes e confiantes.

O fato da representante “oficial” dos lobos ter praticamente o mesmo nome da minha falecida irmã não me importou muito. O nome dela era escrito de uma maneira diferente, além de ter uma pronúncia um pouco mais latina, como se fosse uma mistura mal feita do espanhol mexicano com o inglês americano.

O meu único temor era de que ela continuasse com a mesma promessa da carta que Gordon me mostrou a alguns meses atrás, onde ela prometia ódio oficial ao departamento sobrenatural americano — mais especificamente, a mim. Ela era uma loba. Todos os lobos cumpriam as suas promessas. Em toda a minha vida, eu nunca vi um lobo desistir de qualquer coisa que tinha dito ou feito, mesmo que estivessem errados. Eu tentava entender Catlyn. Ela tinha todos os motivos para me matar aqui e agora, já que eu sou uma ameaça e ainda estou apoiando o mesmo governo que torturou inúmeros lobos apenas para fazer testes e depois aplica-los nos dominadores, como eu.

Aaron e Scarlett me acompanhavam, afinal, ambos eram de uma família completamente de lobos. Aaron poderia não pertencer a uma matilha, mas ele era um lobisomem forte e responsável por matar Ark Zero sem deixar nenhuma pista. Scarlett era agente de Roux, poderia ser a única humana da família, mas ela sabia como imobilizar alguém em menos de cinco segundos.

Estávamos armados. A minha espada japonesa, aquela que Gordon havia me dado no início do treinamento, estava comigo agora. Aquilo me dava uma sensação de poder maior que a que eu costumava a sentir, mas também me trazia uma grande sensação de responsabilidade. Scarlett tinha dois revólveres PT 917, daqueles que eram bem simples, mas faziam um grande estrago. Aaron mostrava as suas garras, ele era o único que só iria usar o seu corpo caso algo desse errado.

Scarlett abriu a porta, revelando um aposento estilo presidencial. No centro, tinha uma mesa de madeira e uma cadeira, com um macbook no centro e alguns porta-retratos ao redor. No fundo, tinha uma bandeira do México, outra da Espanha, Uruguai e Argentina. Eu só reconheci aquelas bandeiras porque Big J me obrigou a aprender quando eu tinha treze anos, caso eu acabasse me perdendo na América Latina, o que eu achei que nunca fosse acontecer. As coisas pareciam extremamente organizadas naquele aposento.

Sentada na cadeira, atrás da mesa, estava Catlyn. Seus olhos eram bem escuros, mas não ao ponto de serem completamente negros como os de Aaron e Scarlett. Como a janela estava aberta, você podia ver o sol acertar o seu rosto, mostrando um brilho dourado nos seus olhos, igual aos de todos líderes de matilhas.

Seus cabelos castanhos eram meio ondulados, presos em um rabo de cavalo perfeitamente penteado. A pele de Catlyn era morena, quase parda como de alguns nativos da América, mas ela era um pouco mais clara e menos avermelhada. Ela tinha a tatuagem de um círculo negro em seu pescoço. Seu corpo não era magro ou gordo, ela tinha muitos músculos por todo o seu corpo, parecendo fisicamente forte. Sua expressão era forte e intimidante. Se eu pudesse defini-la com uma palavra, seria: forte.

— Sam Watters veio acompanhada dos irmãos Knight. — ela disse. Seu sotaque era inexistente. Ela falava o inglês como se tivesse nascido nos Estados Unidos. Não que eu fosse tão preconceituosa ao ponto de achar que todo o mexicano falando inglês fosse uma vergonha, mas... Ok, vocês entenderam. Não era normal alguém falar tão bem uma linguagem que não fosse a sua original.

Aaron e Scarlett pareciam fazer uma curta reverência a ela, como se fosse uma rainha. Eu fiquei parada, aguentando o olhar meio repreensivo dela a mim, como se eu tivesse praticado um pecado. De fato, eu pratiquei. E ainda continuo praticando.

— Eu acho que estão arrependidos de tudo que fizeram aos lobos, não? — ela perguntou, dando um olhar meio ameaçador pra mim. Ela poderia ser forte, mas essa tentativa de me ameaçar não funcionava. Eu não sinto medo. — O que querem?

— Uma aliança. — respondi. — Olhe, eu sei que os The Owners e os vampiros devem estar a caminho daqui à procura de uma aliança com vocês, mas apenas o departamento sobrenatural americano pode lhes dar um verdadeiro conforto. Podemos livrar todos vocês de se matarem da guerra, além do fato que poderíamos dividir todos os lucros. Nós temos ligações com o mundo todo, como deve saber. Nos apoiar em uma guerra é sucesso garantido.

Eu sabia que aquilo era uma grande mentira. Certo, poderia ter sido verdade há alguns meses atrás, antes dos The Owners aparecerem e quando a Área 51 ainda era toda aquela coisa perfeita e majestosa, mas eu não iria mencionar isso. Eu não posso pular para o presente. Nessa situação, o passado é o meu melhor amigo.

— Eu não vivo do passado, Sam Watters. — ela disse. — Vocês estão desesperados.

Ela sabia.

Antes que eu pudesse falar algo, mais alguém entrou na sala.

— Oh, santa Lilith! — disse a voz masculina. — A garota está desesperada, Sra. Velásquez, dê uma chance.

Eu me virei rapidamente para ver quem era. Era um homem. Sua pele era extremamente pálida e o seu corpo era bem magro, do tipo que faria aquelas crianças dos comerciais tristes sobre a África parecerem obesas. Parecia ter por volta dos seus trinta e poucos anos. Seus olhos eram verdes, o que eu achei que fossem exatamente iguais aos meus. Seu sorriso torto me lembrava meu pai, o de Chris e até o meu. Seus cabelos castanhos claros eram lisos e do mesmo tamanho dos de Aaron, a diferença é que eram mais bagunçados e rebeldes. Eu forcei a minha audição, tentando ouvir o seu coração. Ele não batia, e seus pulmões não respiravam mais. Era um vampiro.

Um vampiro na base dos lobos.

Eles conseguiram a aliança antes de nós.

— Stephen. — disse Catlyn. — Agora não.

— Sim. — disse o vampiro. — Agora sim. Você não pode negar ajuda a essa garota, minha cara loba. É a última dominadora de água dos últimos duzentos anos. Até o som do seu simples nome possui um poder, não acha?

Esse vampiro é louco.

— Quem é você? — perguntei, sem olhar diretamente nos seus olhos. Minha voz soava forte e ameaçadora. Era o suficiente para deixa-lo com medo, eu acho.

Ao invés de ficar com medo, ele deu um sorrisinho sarcástico, o que me fez lembrar até de mim mesma.

— Stephen Howe. — ele disse. — Você já deve saber o que eu sou.

— Um vampiro. — disse, virando meu olhar para Catlyn. — Então os filhos de Hector já fizeram alianças com vocês, não? — perguntei a ela.

Stephen forçou uma risadinha.

— Quem disse que eu sou filho de Hector, Sam Watters? — ele perguntou de uma maneira meio assustadora. — Eu tenho certeza de que conhece bem o meu criador. — sua voz soava meio maliciosa. Seu olhar se virou para Catlyn. — Eu aconselho a fazer alianças com o departamento sobrenatural americano, afinal, nunca sabemos do que eles são capazes, não é mesmo?

Catlyn abaixou seu olhar. Ela era forte, mas parecia estar sendo intimidada por Stephen.

Eu pensei de quem Stephen poderia ter sido criado. O primeiro nome que passou pela a minha mente foi Noah Titor. Não, ele era fisicamente jovem demais e não parecia ir transformar uma pessoa. Ele disse que eu conhecia bem o vampiro. Eu entendi essa. Então um outro nome passou pela a minha mente: Bennett Moore, o atual namorado de Helena e também o cara que eu tive coragem de enganar, aproveitar e ainda roubar. Não poderia ser ele. Poderia ter fisicamente uns dezoito anos, mas ele faz o tipo irresponsável, jamais iria criar um mortal qualquer.

Mas Stephen Howe não parecia ter sido um mortal qualquer. Ele me parece extremamente familiar e eu não sei o porquê.

Catlyn demorava a responder. O sorriso sarcástico de Stephen continuava em seu rosto, a ameaçando. Ele usava uma tática que eu costumava a usar quando eu tinha os meus catorze anos: um sorriso assustador que faria qualquer um fazer o que eu quisesse.

Eu só não sei por que ele está me apoiando. Tudo isso é estranho.

— Vocês ficarão aqui por dois dias. — disse Catlyn. — Durante esse tempo, eu quero me certificar de sua lealdade e talvez fazer uma aliança.

Outro problema: eu não sou do tipo leal ou qualquer coisa do tipo. Eu sou mais do tipo que não se importa com os outros e quer salvar apenas a sua própria pele. Eu não deveria falar disso com tanta facilidade, mas era a mais pura verdade.

— Eu sabia que você iria fazer uma decisão correta.

[...]

— Sam. — eu ouvi a voz de Scarlett no banheiro.

Por um instante, eu achei que Scarlett fosse uma lésbica tarada que gostava de ver garotas de dezessete anos que haviam acabado de acordar escovando seus dentes. Eu devo ter problemas mentais sérios, mas isso é assunto para outra história. A única coisa que eu fiz foi jogar a escova na pia e secar a minha boca na maior pressa do mundo. Eu tinha acabado de acordar, então, eu provavelmente deveria estar com uma cara de Satanás loira.

Eu saí do banheiro rapidamente.

— Scarlett? — eu perguntei estranhando a presença dela no quarto.

A minha teoria de que Scarlett fosse uma lésbica tarada que gostasse de ver garotas de dezessete anos no banheiro fora completamente torturada, decapitada e morta. Ela estava completamente diferente. Lágrimas saiam dos seus olhos, e o seu rosto estava vermelho de tanto chorar. Seus cabelos ruivos estavam presos em um coque meio frouxo, e seus olhos negros pareciam ter uma escuridão maior que o normal. Nas suas mãos finas, ela apenas segurava algo parecido com um teste de gravidez.

Inúmeras teorias passaram pela a minha mente.

Eu não era do tipo de pessoa que tinha empatia com as outras e tentava as ajudar. Os momentos que eu tinha empatia eram mais raros que as vezes que um gay assumido pensa em pegar mulheres. Eu não fazia ideia de como agir naquela hora.

Eu dei alguns passos até Scarlett tentando forçar uma empatia dentro de mim.

— Você está bem? — perguntei, me aproximando dela.

Ela sentou na cama, então eu me sentei ao lado dela. Suas mãos iam no seu rosto tentando secar todas as suas lágrimas, e ela forçava a parar de chorar. Depois disso, ela estendeu o teste de gravidez pra mim.

Eu não sabia como testes de gravidez funcionavam.

— Deu positivo. — ela disse, parando de chorar. Ela virou o seu olhar em direção ao meu rosto.

Eu não fazia ideia de como agir naquela hora.

— Quem é o pai? — perguntei.

— Aaron. — ela respondeu.

Foi mais ou menos nessa hora que quase nada mais fazia sentido.

— Aaron? — perguntei. — Mas ele é o seu irmão! Como você...

Eu vacilei. O olhar triste de Scarlett não me deixou continuar.

Aquilo era estranho. Eu poderia ter visto muitas coisas estranhas durante toda a minha vida, mas aquilo era tão... Diferente. Transar com a pessoa que praticamente te viu crescer e compartilhou um monte de coisas constrangedoras não era lá uma coisa muito... Boa. Minha família poderia ter uma história muito forte de “amor” entre irmãos, pelo o que Big J disse, mas eu ainda não consigo aceitar isso. Certo, eu já vi pessoas usando drogas de maneira muito explícitas, cabeças sendo jogadas para longe, um vocabulário mais sujo do que a minha alma, pessoas viciadas em sexo, mas... Não. Eu não consigo aceitar isso.

A hipocrisia ainda corre no meu sangue.

— O que passou pela a sua cabeça? — perguntei. — Aaron é seu irmão. Isso é errado.

Ignorem o fato da garota que tem a mente mais perturbada e nojenta do mundo estar falando uma coisa dessas.

— Eu estou apaixonada por ele. — disse Scarlett. — Isso é errado. — ela deu uma pausa. — Você tem algum conselho pra mim?

Conselhos... Eu não tinha nenhum. Era estranho Scarlett estar me pedindo conselhos. De todos aqui, eu sou a que mais erra e quase nunca aprende com seus erros. Eu poderia ter passado por coisas até demais, mas eu nunca aprendi nada com elas. Se Scarlett queria conselhos que realmente a ajudassem em algo, ela estava pedindo para a pessoa errada. Scarlett deveria perguntar para Helena, talvez ela tivesse mais empatia e ajudasse Scarlet em algo.

— Conselhos meus? — perguntei. O gosto de pasta de dentes na minha boca estava ficando mais fraco. — Você está pedindo para a pessoa errada. Vá ao quarto ao lado e pergunte a Helena. Ela é a garota que sabe de coisas femininas e toda essas coisas que você precisa. Eu só sei como fazer o coração de alguém parar de vez.

— Você é a única pessoa aqui que sofreu de verdade. — disse Scarlett. — Não há mais ninguém que tenha passado por isso.

— O que você sabe sobre mim? — perguntei. —Você não deve saber nada de importante sobre mim.

— Minha família é de lobos, Sam. — ela disse. — Eu sei muitas coisas que não deveria saber.

Se a intenção dela era fazer aquilo soar meio assustador, então foi muito mal sucedida.

— Quer um conselho? — perguntei. Ela assentiu. — Faça erros e aprenda com eles. Eu nunca fiz isso, talvez porque eu nunca tive humanidade o suficiente para aprender com eles, mas você pode. Você é humana.

Esse era o pior conselho da história de todos os conselhos ruins.

— Eu entendi. — ela disse.

Ela entendeu uma coisa que nem eu mesma entendi.

— Então... — disse, me levantando. — Temos uma pequena reunião hoje. Eu acho que ficar se lamentando o dia todo por um erro não vai ajudar muito.

Eu evitei de perguntar se Scarlett ia abortar ou se ela sabia que a criança tinha grandes chances de nascer com algum defeito ou qualquer coisa assim. Eu ouvi dizer que filhos de irmãos ou primos costumam a ter algumas deficiências, e coisas desse tipo. A minha tentativa era tentar ter mais empatia, então falar isso não iria ajudar em nada.

Scarlett forçou um sorriso e se levantou da cama.

[...]

Não demorou para que eu e Scarlett nos juntássemos aos outros na pequena reunião.

Nós duas não trocamos mais nenhuma palavra. Talvez porque eu não fazia ideia de como eu poderia confortá-la ou tentar parecer uma pessoa compreensiva. Eu não era muito boa com esse tipo de coisa. Além do mais, estávamos em um território “inimigo”, onde estavam nos grampeando. Scarlett não era burra e sabia muito bem disso, talvez o fato de ela estar contando aquilo pra mim não era simplesmente para ganhar “um conselho”, ela deveria querer avisar Catlyn Velásquez e seus lobos com aquilo, mas... Por quê?

Eu não sabia se conseguia acreditar ou confiar em Scarlett. Ela era inteligente demais para ter uma atitude burra daquele jeito. Ela é uma das agentes da Roux e sempre está fazendo planos dela, talvez eu esteja envolvida em um desses planos.

Ou talvez eu só esteja paranoica.

Aaron pigarreou, me tirando de meus pensamentos.

— Estamos em uma missão perigosa. — disse Aaron. — Mas, não temos nada a esconder dos lobos. Somos leais. Estamos aqui apenas para discutir assuntos sobre nossos conflitos internos para que possamos resolver o conflito maior com os vampiros e os The Owners.

Aquela sala era grampeada. Ele não estava falando conosco, e sim com Catlyn, como se a assegurasse que não era desleal.

Eu estava entre Matthew e Scarlett. Ao lado de Matthew, estava Helena, em uma distância bem longe de Travis, que por sua vez, estava ao lado de Aaron. Os dois se evitaram desde que chegaram no México. Talvez seja porque Travis gosta de Helena, sendo que ela está toda apaixonada por Bennett. Isso parecia mais um roteiro de série americana.

— Vamos falar dos nossos problemas então. — disse Matthew. — Eu perdi a minha mão, sou órfão agora, Sam, Helena e Aaron tem seus nomes escritos em um livro de magia negra com tendências de ver os futuros defuntos, Travis e Helena estão brigados... Hm, eu acho que a única pessoa aqui que não parece estar mal é a Scarlett. — deu uma pausa. — Sem falar do fato de que a Sam está sendo caçada por praticamente o mundo todo e que podemos perder essa guerra antes que ela comece. Perfeito.

Ele conseguiu resumir perfeitamente a situação. Exceto pelo o fato de que Scarlett estava grávida do próprio irmão — ou não.

— Precisamos ficar mais fortes fisicamente. — disse Aaron. — E também resolver todas as nossas rixas com todas as criaturas sobrenaturais. — seu olhar se voltou para mim. — Se você quer ficar viva ao menos por mais um mês, deve fazer as pazes com os lobos. Eu não acho que Catlyn vá aceitar essa aliança.

— Então o que eu vou fazer? — perguntei sarcasticamente. — Entregar um bolo escrito “Me desculpe” para todos os lobos?

Aaron suspirou.

— Eu não sei. — disse, com a sua voz mais fraca. Eu estranhei. — Estamos todos compartilhando um momento de fraqueza.

— Não mais. — ouvi uma voz. Stephen Howe.

Ele entrou na sala juntamente com uma mulher ao seu lado. O sorriso sarcástico parecia estar estampado no seu rosto, o que era meio assustador e até psicopata. Era parecido com o meu.

— Ela parece com você. — Matthew sussurrou no meu ouvido.

— O quê? — sussurrei de volta.

— A mulher ao lado dele. — sussurrou. — Ela parece um pouco com você.

A mulher ao seu lado tinha olhos castanhos claros, e o seu coração também não batia. Ela era uma vampira, com toda a certeza. Seus cabelos loiros e cacheados estavam presos em um rabo de cavalo, mas ainda tinham algumas mexas rebeldes caindo pelo seu rosto. Sua pele era levemente bronzeada, o que eu estranhei para um vampiro. Ela me lembrava um pouco o Chris e até com o meu pai. Ela parecia ser bem humana. Diferente de Stephen, que parecia ter sido transformado mais ou menos na faixa dos trinta e sete anos, ela parecia ter sido bem mais jovem, com uns vinte e cinco, talvez vinte e quatro.

— Fora Sam Watters e os irmãos Knight, eu creio que o resto de vocês não me conheçam. — disse Stephen. — Eu me chamo Stephen Watters e sou um vampiro de mais de cem anos. Essa, ao meu lado, é a minha sobrinha neta, Blair Watters, ela é uma vampira de apenas dezessete anos.

Blair. Finalmente a dona do nome que vivia se repetindo na minha mente apareceu. Mas ela não parecia nada interessante. Era apenas uma vampira nova fisicamente humana.

Enquanto Stephen tinha a sua postura de quase psicopata, Blair ficava me encarando de uma maneira estranha, como se ela nem acreditasse que eu estava ali. Normalmente, algumas pessoas que olhavam pra mim ficavam tipo: “Oh meu Deus, a última dominadora dos últimos duzentos anos!” ou era assim: “Oh meu Deus, é a garota que matou um cara na TV e fugiu das acusações!”, mas Blair não me olhava assim. Ela parecia não acreditar que eu estava na sua frente, ou alguma coisa assim.

Todos estavam quietos.

Agora eu tinha outra preocupação além de Blair. Os dois eram Watters. Dividíamos quase o mesmo sangue.

Eu jamais pensei que diria isso, mas eu gostava mais daquele drama de que eu estava sozinha no mundo e que tinha matado a minha própria família. Agora meu “irmão” virou um vampiro e está com os The Owners, e dois antepassados meus estão aqui. Ótimo. Então, as pessoas da família que não morrem de vez acabam se transformando em vampiros.

Ao menos eu era a única Watters que ainda tinha o coração batendo.

Enquanto eu estava mergulhada nesses pensamentos, eu tinha percebido uma coisa: meu pai tinha uma irmã mais nova. O nome dela começava com B, eu acho. Blair. Ela se transformou a dezessete anos atrás. As datas fazem sentido. Blair Watters é a minha tia. E se Stephen é tio-avô dela, então de certo modo, ele é meu bisavô.

Eu só não entendia como ele falou antes que o seu nome era Stephen Howe.

Essa história está muito mal contada.

— Você é a minha tia. — disse a Blair. — E você é o meu bisavô. — disse a Stephen.

— Honestamente, Sam, eu pensei que iria descobrir mais rápido. As pessoas costumam a dizer que você não é fácil de enganar. — deu uma pausa. — Se eu não te dissesse isso, você jamais iria descobrir, não?

— Eu não estou muito preocupada com família. — disse. Blair estranhou aquilo que eu disse, não sei porquê. — A última coisa que eu quero é a minha família no meu pé. Então, diga o que quer comigo, porque eu tenho toda a certeza do mundo que você não veio até mim porque simplesmente queria me ajudar.

O sorriso de Stephen conseguiu ficar mais largo.

— As pessoas estão certas. É difícil enganar você. — deu uma longa pausa. Todos naquela ficavam observando a mim e a Stephen. — Como deve saber, eu não sou um dos filhos de Hector Kitter, e aí vai a umas das minhas semelhanças com você, garota: nós dois temos Hector como nosso inimigo em comum. É por isso que estou aqui. Ele não está apto a governar no trono vampírico, está só está aumentando a nossa espécie e nos afundando em desgraça. Eu preciso de uma revolução entre os vampiros. Você é a pessoa perfeita para isso. — se aproximou de mim em frações de segundo. — Jovem, poderosa e bonita. A última dominadora dos últimos duzentos anos. Isso é muita ameaça, não? Eu quero que você mate Hector Kitter e que inicie uma revolução com os vampiros. E é por isso que estou lhe ajudando.

— Então, você quer poder, não? — perguntei. — Eu não me meto em joguinhos de poder.

— Todos querem poder. — disse Stephen. — É assim que esse mundinho de merda funciona. Você quer poder sobre Hector, e eu quero poder entre os vampiros. Você vê? Queremos poder e temos o mesmo aliado em comum. E eu posso te ajudar a acabar com aquele viado estúpido.

— E que tipo de ajuda você vai me dar? — perguntei. — Dinheiro? Treinamento? Planos?

— Informações. — disse Stephen. — Eu tenho informações sobre você.

— Eu não te conheço. — disse. — Você não tem informações sobre mim.

— Eu tenho informações sobre a sua mãe biológica. — disse Stephen. — E digamos que são muito reveladoras.

Mãe biológica... Até agora eu não entendo essa. No centro Wicca já havia falado alguma coisa sobre isso, mas eu pensei que ela estivesse apenas blefando. Stephen falava isso de uma maneira tão segura que dava medo. Eu sei quem era a minha mãe. Melinda. Eu não poderia ter uma relação boa com ela, mas ao menos eu tenho certeza de que ela era a minha mãe.

— Do que diabos você está falando? — perguntei. — Você está blefando!

Stephen forçou uma risada.

— Você não se parece com Melinda, Sam. — disse Stephen. — Ou será que você nunca percebeu isso? Eu retiro tudo que falei sobre você não ser fácil de ser enganada agora.

Eu respirei fundo. Stephen estava blefando. Só podia.

— O que você tem a dizer sobre isso, então? — disse. — Você é um mentiroso.

— Sua mãe não é a Melinda, Sam. — disse. — Ela era uma loba. Eu estou mentindo por acaso, Blair?

Todos se focavam em Blair.

— N-Não. — ela gaguejou ainda olhando para mim. — Ela era uma loba. Mas hoje, seu coração não bate mais.

Stephen deu um sorriso.

— Sua mãe biologia morreu no seu parto. — disse Stephen. — É uma pena, não? O fato é que você mesmo tendo um sangue terrivelmente puro, ainda tem uma parte lobo, graças a ela. Pode não ser um lobo genuíno que nem os Knights. — seu olhar se voltou para Scarlett. Especialmente para a barriga dela. — Você deve acordar esse poder caso queira ganhar de Hector.

— Meu pai jamais trairia a minha mãe real. — disse. — Isso é impossível.

— Você é tão inocente que me enoja. — disse Stephen. — Seu pai fez, e você precisa agradecer isso, se não, eu acho que você nem existiria, certo? Ele tinha viajado para trabalhar nos Estados Unidos por um ano na gravadora e então... Sua mãe biológica engravidou e ele teve que voltar para a Austrália com um recém-nascido, ou seja, você. — deu uma pausa. — Hector conhece seus poderes de dominadora, Sam Watters. Está na hora de você acordar seus poderes de lobo.

Eu queria socar a sua cara.

E fiz.

Stephen deu um passo para trás, abaixando seu olhar. Por alguns segundos, ele ficou com a sua mão cobrindo o olho que eu dei o soco, mas logo ele se levantou, sorrido, e com o seu olho todo roxo. Demorou por volta de um minuto para que ele se regenerasse e voltasse ao normal. Então ele começou a gargalhar.

— Você é patética. — disse. — Você é uma loba, Sam Watters. Seus poderes precisam ser acordados com a mordida. Você tem duas escolhas: morrer de maneira patética e inútil, ou terminar essa guerra e morrer da maneira que você sempre sonhou. — deu uma pausa. — O que escolhe?

Eu sabia que ele não estava mentindo. Mas eu não queria acreditar.

Respirei fundo. Era a única coisa que eu poderia fazer.

— Eu aceito. — disse, em voz baixa.

Ele estava certo. Eu sou patética.


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Notas finais do capítulo

WOWOWOWOWOWOWOOWOWOWOW, DEPOIS DE ESCREVER ESSE CAPÍTULO DE MAIS DE 4 MIL PALAVRAS (Bíblia... tsc. tsc...) EU ACHO QUE VOCÊS DEVEM ESTAR DE QUEIXO CAÍDO... OU NÃO AHSUAHSUAS

Enfim, eu acho que as "fãs" dos lobos podem bater palmas aqui... Ou não, slá, façam o que quiser. A Sam era uma o tempo todo ahsuahsuahsuas Talvez ela seja a primeira dominadora "híbrida" de duas espécies agora e.e

Quem é a mãe biológica da Sam? PESSOAS, PENSEM DIREITO. É uma personagem que já apareceu nessa fic e já falou com a própria Sam. Ou ela tá morta msm ahsuahsas Pensem o que quiser. Mas as chances dela estar morta são muito altas. Ah, mas ela não era uma loba qualquer. Podem ter certeza.

Scarlett grávida? hm... O que pensam sobre isso? hm, essa história não me parece muito boa...

ENFIM, espero que tenham gostado e até o próximo o/