Capitulo IV _ Quem e você?

Guardei a foto no bolso e sai do porão a passos rápidos, ainda não tinha esquecido dos rastros de sangue que tinham la em baixo, tive sorte de não encontrar com quem fez aquilo ali e não iria bobear ficando parada esperando a minha morte.

Porque seja lá quem for que esta fazendo isso não pode ser boa pessoa, o que me faz pensar será que esse bebe na foto que julgo ser minha irmã, se fosse ela a C que me atormenta porque estaria ela fazendo isso comigo.

Entrei na cozinha e perguntei a Gabi onde meu pai estava, já que não o tinha encontrado na casa toda, ela me disse que ele tinha saído apressado depois de receber um telefonema, só disse que ia resolver um assunto importante e que iria demorar.

Irritada por ter que esperar por respostas, subi para o meu quarto.

Quando abro a porta e olho para frente meu ar quase falta.

Uma menina com uma camisola branca de mangas compridas, estava sentada na minha penteadeira, ela parecia ainda não ter notado a minha presença já que penteava calmamente os cabelos da boneca.

Sim a maldita boneca que depois que entrou na minha vida só atraiu coisas ruins.

Fechei a porta com cuidado para não fazer barulho, reuni toda a coragem que pude e falei.

_Quem é você?

No mesmo instante ela se virou para me encarar, um arrepio correu por todo meu corpo, tirando o fato de ter a pele pálida a menina era idêntica a mim, seus olhos, boca, nariz tudo.

Era como me olhar no espelho.

Ela parecia assustada, falava coisas quase sussurrando, não entendi a maioria do que ela disse, só pude ouvir algo como você não deveria estar aqui.

Por mais estranho que pareça estando frente a frente com ela, e vendo sua expressão no olhar que mais parecia de tristeza eu não estava com medo dela.

Dei mais um passo a frente e perguntei quem era ela.

Ela levantou se da cadeira depositando a boneca na penteadeira, quando me encarou de novo seus olhos estavam cheios de lagrimas, e por um impulso eu me aproximei e a abracei.

Ela ficou estática, mas depois de alguns momentos retribuiu o abraço, repousou seu rosto em meu ombro e pude sentir suas lagrimas molhando minha blusa.

Depois de um tempo se afastou ainda enxugando as lágrimas, com a ponta de sua roupa, que pude notar agora não ser uma camisola, mas sim uma camisa de força como as que eu via a mamãe usando na clinica.

Ela sentou-se em minha cama e fez sinal para que eu sentasse ao seu lado.

Mostrei a ela a foto que tinha achado no porão, e vi um pequeno sorriso em seus lábios.

_ Sabia que você era esperta e que ia acabar encontrando, Emily faz tempo que eu tenho te observado, no inicio eu pensava que tudo que aconteceu comigo era culpa sua, e queria vingança...

A interrompi antes que terminasse:

_ Tudo oque, estou muito confusa, foi você que deixou a boneca no porão?

Ela afirmou com a cabeça, minhas mãos começaram a tremer, mas eu tinha que fazer está pergunta?

_ Foi você que matou a menina da minha escola?

Ela parecia pensar, escolher as palavras certas para me dizer, depois de um longo silencio ela finalmente respondeu.

_ Não posso te contar tudo por hora, você não estará segura se souber, na verdade eu nem deveria estar aqui, tudo o que posso te dizer é que não fui eu, já fiz coisas terríveis que irei me arrepender delas até o fim dos meus dias, mas o que fizeram com a menina foi muita monstruosidade, isso só aconteceu porque ela sabia demais.

_Sabe Emily alguns segredos nunca devem ser revelados. A propósito meu nome é Camilly e eu tenho que ir agora antes que ela sinta a minha falta.

Não consegui fazer nada alem de balançar a cabeça concordando, ela saiu rapidamente pela porta e eu fiquei ali sentada tentando absorver tudo o que aconteceu naquela ultima hora.

Eu acabara de descobrir que tinha uma irmã gêmea, quinze anos sem saber disso, o que ela passou neste tempo, onde viveu? Com quem viveu? Quem a criou? E o mais importante porque nos separaram?

Perguntas e mais perguntas, e nada de respostas que fizessem algum sentido.

Não sabendo mais o que pensar.

Fui até o quarto de mamãe, mesmo não podendo precisava falar com alguém, sabia que ela era a melhor pessoa no momento para me ouvir.

Se falasse para Gabi alem de correr risco de vida ela poderia não acreditar que era verdade.

E depois de tudo o que tinha acontecido já não tinha a total confiança em meu pai.

Quando estava no corredor ouvi um barulho de um vaso se chocando contra a parede, me assustei e procurei de onde vinha tal som.

Surpreendi-me quando vi que vinha do quarto ao lado do da minha mãe, que até então eu nunca tinha visto com a porta destrancada.

Fui me aproximando lentamente sem fazer barulho, a porta estava entreaberta e tinham duas pessoas discutindo la dentro.

Uma dessas pessoas era meu pai, reconheci pela voz mesmo seu tom estando diferente, ele sempre falou de um jeito calmo e educado, mas desta vez notei que seu tom de voz estava alterado podia ate dizer desesperado na verdade.

A outra voz eu não reconheci, mas era uma voz de mulher, pensei em espiar pelo vão da porta porem fiquei com medo de ser pega no ato, e não seria nada bom ser descoberta agora.

Fiquei ali encolhida atenta enquanto a discussão dentro do quarto ficava cada vez mais calorosa.

Novamente o barulho de um objeto se chocando contra a parede, deduzi que a mulher atirará no meu pai, pois logo depois do barulho ele gritou se ela queria o matar.

Um silencio incomodo se instalou e senti um arrepio percorrer meu corpo, era como se me dissesse que algo estava errado.

A discussão recomeçou e agora era aos gritos, pude ouvir tudo claramente.

N/A : Dentro do quarto a discussão seguia entre o pai de Emily e uma mulher que aparentava ter mais de trinta e cinco anos, tinha longos cabelos castanhos e falava com raiva no olhar encarando o homem a sua frente.

_ Você não teria coragem de me matar, já que não fez isto durante todos esses anos.

_ Não te matei por pena da menina, que também é minha filha, não queria que ela sofresse mais, mas agora é diferente, você está totalmente desequilibrada.

_ Você ainda tem coragem de chama-la de filha, você nos abandonou e ainda por cima roubou minha filha para viver junto daquela mulher.

_ Eu não a roubei você mesmo me disse que não teria condições de criar as duas.

_ Eu te disse isso porque queria que você ficasse conosco, que fôssemos uma família.

_ Você sabia que o que tínhamos era só um caso passageiro, sempre amei minha esposa e fiquei com Emily porque ela queria muito um filho e na época achamos que ela não poderia gerar uma criança.

(fora do quarto)

Ao ouvir isso, foi como se nada mais fizesse sentido na minha vida, agora além de ter uma irmã gêmea, eu não era filha da mulher que por toda minha vida chamei de mãe.

E ainda por cima meu pai era um canalha que deixou minha verdadeira mãe desamparada junto de minha irmã.

Pensei em invadir aquele quarto e lhe dizer umas belas de umas verdades, mas me lembrei do que Camilly havia me dito, então eu não poderia dizer que já sabia de sua existência.

Eu tinha que pensar no que ia fazer dali em diante, e pensar muito bem, já não sabia mais em quem poderia confiar.