JD - Just a Dream escrita por Vee Skye Bancroft


Capítulo 7
Armin VI – Jogo sentimental


Notas iniciais do capítulo

Gentem, tô xorosa, xorei de novo escrevendo, socorr...
Bem, perdoem a minha demora, mas estive ocupada com uns trabalhos da escola e Nagi no Asukara que prende a gente até terminar aquela desgraça, e nem gostei muito do final. ;u;
Mas está aí, mais um capítulo.



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"And don't you cry, tonight"

Mirian não era a única nervosa por ali. Pouco antes de chegarem perto de casa, Armin sentiu-se um pouco estranho, pois deveria apresentá-la como amiga, certo?

Seu pai o olhava atentamente, tentando decifrá-lo. Por fim, quando a garota deixara o carro primeiro, ele segurou o filho pelo braço e sussurrou: “Não acha melhor, deixá-la se definir como quiser? O que você quer, às vezes pode não ser o mesmo que ela quer”.

Bom, mas esse não era o motivo primordial. A mãe do moreno ultimamente tem estado indiferente com tudo, e geralmente triste. Perder um filho nunca é fácil.

Pararam diante da porta de mogno, que tinha um traçado bem interessante esculpido. Era oval e dividia a porta ao meio, traçando linhas mais finas para as bordas. A garota ainda ficara um tempo admirando aquilo, até que Arnaud tomou a frente e deu entrada para a casa. Enquanto ela admirava o formato de cada coisa do local, Armin fazia o mesmo, mas com relação aos cabelos erráticos dela – e, é claro, ela –, estava tão distraído que poderiam lhe empurrar de um penhasco e ele nem notaria estar caindo até perdê-la de vista.

Foi quando ele gelou completamente. Vitória estava tristemente mexendo uma panela, que exalava o perfume de carne em molho mais perfeito. No entanto, era de se espantar as bolsas que se encontravam abaixo de seus olhos verdes fraquejados. Os cabelos negros, totalmente encaracolados, estavam desgrenhados e com certeza não havia rugas de expressões mais visíveis que aquelas expostas em seu rosto.

Ela virou calmamente a cabeça e encarou a garota, de cima a baixo. Estava indiferente, como se não fosse surpresa alguma tê-la ali. Armin engoliu em seco. Um sorriso amarelo brotou, quebrando o gelo entre ambas e um suspiro de alívio de ambos, pai e filho pôde ser ouvido.

– Você deve ser Mirian. – falou em um tom tranquilizador. – Meu filho falou muito de você. – largou a panela e caminhou até a sala, estendendo os braços, pedindo um abraço, que não foi negado. – Eu sou Vitória.

Este fora o abraço mais carinhoso já visto. Ela não sufocava Mirian, apenas lhe aconchegava, e algo ali surtiu muito efeito sobre a garota, pois quando se soltaram, as piscinas de seus olhos pareciam transbordar.

Armin fora quem a aconchegara em um abraço dessa vez, estava ninando ela, fazendo um pequeno ruído, pedindo que ela fizesse silêncio. Os pais dele o observavam, intrigados. Não mexiam um músculo, vidrando-os com atenção. O filho ao ver o que estava acontecendo, corou de imediato e sussurrou para ela que subisse ao quarto do mesmo, trocar de roupa.

– Certo... Então vocês são namorados? – tentou assimilar as coisas, a mãe do mesmo.

Desapontado, o garoto abaixou a cabeça, pensando na melhor resposta.

– Bem, ainda não. – sorriu otimista para Vitória.

Enquanto subia as escadas, pensava com mais calma no que ela havia dito no carro. Então, ele tinha uma chance, não? Era só fazer tudo corretamente e logo estariam se beijando sem que ela tivesse ressentimentos perante isso.

Chegou frente ao seu quarto, e ela estava olhando para tudo atentamente, examinando o lugar. Ele ainda podia visualizar algumas lágrimas delineando seus olhos e a mesma insistia em secá-las com a manga da blusa. Aproximou-se dela e posicionou a mão direita nas costas da mesma, fazendo carinho.

– Não é o melhor quarto do mundo, mas dá pro gasto. – disse observando um sorriso florescer nos lábios dela.

– Seu irmão também ficava aqui? – perguntou, pensando no motivo de terem duas camas bem separadas uma da outra.

– Pois é. – ele olhou de relance uma moldura que havia na escrivaninha ao lado de sua própria cama, que nada mais era do que uma foto de ambos.

A morena se aproximou da cama dele, que se localizava no fundo do quarto, com relação à direção da porta. A outra ficava no outro extremo do local, bem ao lado esquerdo da porta. As duas possuíam uma escrivaninha postada ao lado, o que dava a entender que Alexy ainda estava vivo. Mirian sentiu seu coração se apertar assim que tocou na foto emoldurada.

Era provavelmente do ano em que o de cabelos azuis havia falecido, visto que as feições de Armin ainda pareciam como as de agora. Ela passou calmamente os dedos sobre o rosto fotografado dele, como se pudesse sentir a textura de sua pele. Será que ela era como a do irmão, que era rústica e suave ao mesmo tempo? Ou era tão sedosa quanto parecia?

– Você... – ele interrompeu qualquer pensamento, chamando a atenção da mesma. – Tem alguma roupa para colocar? – timidamente desviou o olhar para o próprio guarda-roupa.

– Ah... Não, foi tudo de última hora. – reposicionou o objeto ao lugar de origem, dirigindo sua atenção a onde o mesmo olhava sem se desprender.

– Quer que eu peça uma emprestada à minha mãe, ou você prefere escolher uma das minhas? Os shorts vão ter que ser dela de qualquer forma. – deu de ombros.

– Ficaria mais confortável com uma sua, acredito. – entrelaçou as mãos em frente ao corpo, observando cada camiseta ali guardada.

Ele a deixou sozinha por um instante, para que pudesse escolher uma delas e foi até o quarto de seus pais, escolher um shorts. Pegou um jeans, que não era tão curto assim. Era um pouco cheinho dos lados, como uma abóbora.

Bateu calmamente na porta, ouvindo ela se atrapalhar toda ali dentro. Ela abriu a entrada logo em seguida, mostrando como havia ficado o tamanho da camiseta. Era uma peça cinza, com alguns detalhes avulsos em azul, como formas geométricas e coisas escritas em inglês. Tinha ficado tão grande que poderia ser usado como vestido.

Mirian olhou para os shorts que ele carregava e em seguida para o mesmo, que se esforçava para não demonstrar muita alegria ao vê-la usando algo seu.

– Tem certeza que precisa deles? – balançou os shorts no ar.

– C-Claro que preciso! – enrubesceu completamente, pegando o objeto e fechando a porta rapidamente.

Ele apenas pediu-a que assim que estivesse completamente vestida, ir almoçar com eles. Mas não houve resposta, e isso o deixou particularmente preocupado.

Armin foi até a cozinha, pegando a panela com carne ao molho, a travessa de espaguete e ajudando sua mãe, para que organizasse copos e talheres sobre a mesa de jantar – que só era utilizada quando havia visitas na casa. Foi quando ele acabou sendo surpreendido por alguém que recostara seu busto em suas costas e alinhara as mãos sobre seus olhos.

Ele soltou um sorriso besta, segurando as mãos dela de volta.

– Sei que é você, Mirian. – puxou o braço dela, obrigando-a a olhar diretamente para ele.

– Droga, fui descoberta. – deu uma suave risada. – O que tem para o almoço, senhor Valdez?

A pergunta foi dirigida ao pai do garoto, que timidamente puxava alguns fios de espaguete para o prato de porcelana. Ele ainda ficou meio encabulado, como se eles não pudessem interromper a união dele, com a comida.

– Espaguete, eu acho. – disse com ironia, dando risada em seguida.

Silencioso. Um belo almoço silencioso. Ninguém falava quase nada, só Vitória que algumas vezes perguntava algo para Mirian e aquilo estava se tornando um interrogatório.

Sem mais nada para se dizer – ou fazer –, Armin e Mirian subiram novamente ao quarto do garoto, do qual ele sabia que não sairiam tão cedo, caso ele resolvesse ficar jogando. E era bem isso mesmo o que ele pretendia fazer. Recorreu a uma pilha de jogos, que estava recostada na parede e sobre a escrivaninha. No fim, não passava de um jogo qualquer de matar zumbis.

Ele a deixara jogando e sentou-se ao seu lado, observando o desempenho dela com um controle em mãos – e também a observando. Ficou maravilhado de ver a falta de dificuldade que ela tivera em matar dezenas de zumbis.

Em um trecho do jogo, Mirian estava sem munição e simplesmente não conseguia nem mesmo fugir de um único ser. Olhava impaciente para Armin, como se implorasse por um pouco de ajuda.

O garoto responde com um suspiro – olhá-la estava bom demais –, e se aproxima, ficando ajoelhado atrás dela, que estava sentada por chão, com as pernas entrelaçadas.

– Então... Se você implorar talvez eu te ajude. – sorriu, apoiando as mãos sobre o próprio colo.

– Bem, me ajude... – tombou a cabeça para trás, com um meio sorriso dançante. – Por favor. – disse com um tom infantil e mortalmente fofo.

Ele teve que se conter para não esmagá-la com um abraço. Adorável – ele pensou. Para Armin, nesse momento houve um estalo de certeza. Nunca ele veria alguém tão fofo assim na sua vida novamente.

– Já que você pediu com jeitinho... – soou como o senhor superimportante, mas estava completamente corado, pensando na próxima ação.

Passou ambos os braços, cuidadosamente por cima dos dela, tomando o controle e as próprias mãos de Mirian sob as suas, para que pudesse mostrá-la como passar daquilo. Tentou não respirar, não suspirar, no entanto se sentia tão satisfeito em tê-la em seus braços, que acabou deixando escapar uma mera rajada de vento. Esta deu de marcar encontro com a nuca dela, arrepiando-a completamente.

Armin deu um risinho quase imperceptível. Mas ela parecia até calma demais, e isso deixou ele um pouco nervoso, pois se isso não causava reação nela, o que tinha mudado?

Mesmo depois de ter concluído o obstáculo que a impedia de prosseguir, ele continuara com ela sob seus braços e a mesma nada protestava. Incomodado era pouco a tal ponto. Soltou-se dela, buscando não se desequilibrar ao elevar o corpo. Mirian o olhou intrigada, e era como se pedisse para ele ficar dessa vez.

– Eu... – começou, tentando não vidrá-la muito diretamente. – Vou buscar alguma bebida, estou com calor. Quer uma também?

Mirian apenas assentiu, baixando as orbes ao controle, se perguntando provavelmente o que deveria ser feito a seguir.

Armin correu pelas escadas, tropeçando algumas vezes nos próprios pés. Por que ela é assim, tão indecifrável e óbvia ao mesmo tempo? – se questionou mentalmente, limpando algumas gotas de suor de sua testa, enquanto pescava de dentro da geladeira duas latas de refrigerante de cola.

Parou um tempo, ainda debruçado sobre a geladeira tentando assimilar melhor as coisas, se acalmar antes de voltar para vê-la. Dessa vez, teve de tomar cuidado para não apertar muito as latas e fazê-las jorrar. Claro, Mirian era um pouco lerda para perceber tudo que acontecia ao se redor, como por exemplo, um garoto a ponto de transbordar de emoções por ela.

No entanto, quando ela percebia cada emoção e as captava para si, o resultado poderia tanto ser lindo, como desastroso – nesse caso, um debulhar quase incessante de lágrimas. Ela tinha uma fragilidade perturbadora, que atraia mais e mais o moreno. Ele queria protegê-la.

Já de volta ao quarto, ele se deparou com algo pelo qual não esperava. Nem gostaria de ver. Só lhe trazia lembranças, tanto doloridas, como as mais felizes que ele vivera no passado. Mas nunca dá para lembrar-se do que já se foi e sair completamente ileso.

Mirian estava voltada ao guarda-roupa aberto, segurando outra moldura. Esta não era a localizada sobre a escrivaninha. Trazia uma lembrança remota e triste, e não era de se espantar que a garota estivesse chocada, com os olhos arregalados e com medo, talvez. Contudo, ainda com o objeto em mãos, ela esparramou um sorriso pelos lábios, demonstrando levemente os dentes brancos, que sorriam para ele. Foi como se ela pudesse entender uma felicidade escondida que Armin nem mesmo se dera o trabalho de procurar.

Ele correu para perto dela, deixando as latas caírem ao chão, e surpreendentemente, as mesmas não explodiram com tal impacto. Armin tomou o retrato das mãos dela, um pouco constrangido e segurando um nó entalado na garganta. Bem, esta moldura não carregava foto alguma, apenas uma carta de suma importância.

– Posso lê-la? – perguntou em um tom compreensivo, buscando não assustá-lo.

– Eu prefiro que não o faça, se não se importa. – olhou tristemente para o conteúdo, passando os dedos sobre o vidro que impedia o contato com a carta. – Não me são boas lembranças.

A garota parou um tempo para pensar, antes de formular algum argumento significativo. Prendeu-se novamente à moldura. Queria muito ler aquilo. Por algum motivo havia se identificado com Alexy sem nem mesmo conhecê-lo, e ver palavras escritas por ele, poderia ajudar talvez a entender isso melhor. Entender Armin de uma forma melhor.

– Vamos lá, por favor... – implorou com sua voz fofa, o fazendo corar instantaneamente. – Não te peço mais nada... Por hoje, é claro. – concluiu, unindo as mãos.

– Claro, acha que é só fazer essa carinha, que vou ceder. – deu de ombros. – Eu tenho sentimentos também, se não lembra. Você não é a única que sofre, Mirian. – sentou-se na cama, ainda com a carta em mãos.

Mirian aproximou-se calmamente, recostando a cabeça no ombro esquerdo dele, ao ficar ao seu lado. Ele passou o braço envolta dela, fazendo carinho.

– Eu sei que você também sofre tanto quanto eu. – suspirou pesarosamente. – Mas, não sei por que, eu consigo me identificar tanto com o seu irmão, mesmo sem tê-lo visto pessoalmente. – ela pôde senti-lo enrijecer os músculos ao citar Alexy.

– Temo que isto – balançou o objeto no ar. –, te faça chorar. Sabe, já estou cansado de te ver triste e tem sido a coisa mais difícil para mim. – fez uma pausa, respirando fundo. – Contudo, desde que me prometa que não vai derramar uma única lágrima, posso considerar deixar que a leia.

Voltou-se rapidamente a ele, esboçando uma felicidade gritante e forte como as ondas do mar, bem ali escondida nos olhos. Tomou a carta das mãos do mesmo, admirando-a calmamente, antes de retirar o vidro e tocá-la, por fim.

O papel utilizado tinha uma cor suave de marrom pastel, claro como o mais fino amarelo. A cor da tinta era preta, mas tinha um estranho brilho vivido nela. Parecia até que ele estava salpicando seus mais puros sentimentos ali, para temperar tudo aquilo, dar um gosto bom a terrível e exuberante tristeza.

Sem pressa alguma, passou os olhos sobre cada letra, se identificando com tudo, com cada palavra, cada acento, vírgula e ponto final.

Querido Armin.

Escrevo a ti com a simples razão de confortá-lo.

Já não me resta muito tempo, mas eu também não me importaria de gastar cada segundo ao seu lado, mais uma vez. Assim como fazemos agora. Você vem me visitar e eu te recebo de braços abertos. A ironia da vez, é que eu sou o enfurnado em um quarto e é você quem traz na bagagem as novidades do mundo lá fora.

Pode até ser que eu não consiga dizer isso pessoalmente, pois sou tímido demais – e orgulhoso também –, para admitir tudo em voz alta. Mesmo uma pessoa desinibida tem lá suas dificuldades, sabia?

Enfim, eu apenas gostaria de te contar a mais bela história de amor que já vivenciei. Não foi um romance, uma novela, nem mesmo a li em um livro. Simplesmente aconteceu. O mais doce amor pode surgir do nada e custa a ti compreendê-lo.

Lá estava eu, em uma vasta escuridão, sozinho. Ou eu pelo menos pensei estar. No entanto, foi muito tarde que acabei percebendo a verdade, eu nunca estive mais bem acompanhado, por uma sombra idêntica. Esta me cercava e dava sermões, me fazia duvidar de mim mesmo, até quando estava repleto de toda a certeza. Eu também nunca deixei barato, condenava cada ato errado, apenas talvez, para me sobressair.

Mas... Eu compreendi também, que era graças a essa sombra que eu lutava para sobreviver esse tempo todo aqui, com essa doença. Pelos bons momentos, e pelos maus também. Porque você me manteve vivo esse tempo todo. Eu estava ingerindo sentimentos, como se fossem remédios, eles tinham mais efeito do que qualquer medicamento. Mesmo com cada desavença que tenhamos passado, acredito fielmente que um amor amigo e verdadeiro tenha florescido. Caso não, me perdoe, pode ter sido um erro meu. Um erro meu acreditar que quando você esteve todo esse tempo preocupado comigo, as lágrimas que você fingia não ter derramado, eram por sentir o mesmo que eu sinto sofrer o que eu sinto. Armin, você estampava meus sentimentos, melhor do que eu mesmo. E isso é surpreendente, é como um reflexo perfeito, não só de “mim”, nas aparências. Mas “mim” na parte não física da coisa.

Talvez tenha sido um erro me apaixonar por alguém tão como eu. É como se me amasse mais do que a ninguém. Contudo não é só isso. Eu só queria dizer que esse apaixonar-se, é algo mais puro que o amor, pois dizer “eu te amo”, perdeu o sentido. É algo aleatório e fajuto. Apaixonei-me como irmão por você.

Agora, antes de finalizar tudo, eu gostaria de concluir este conto, pedindo desculpas. Desculpe-me se alguma vez feri muito gravemente algum sentimento seu. Desculpe-me se eu fui um possível estorvo na sua vida, ou se ainda o sou através disso. Desculpe-me também, por não poder passar mais tempo com você. Ainda há tanto que eu gostaria de viver ao seu lado, tanto que eu gostaria de ver. Como meus sobrinhos por exemplo. Não os vou ver, não é?

Espero sinceramente, que me perdoe por tudo isso, e por tudo o que eu tenha feito para magoá-lo. Queria ter mais tempo, para poder contar eu mesmo tudo isso a você, mas mal consigo abrir meus lábios neste exato momento. Nunca respirar fora algo tão difícil, sinto como se estivesse me afogando nesta doença. Ela me sacia e me anestesia, para que eu perca a vida sem sentir dores maiores. Mas, partir antes de você já é a pior dor.

Um brinde ao nosso destino, que eu possa guiá-lo para sempre, onde quer que eu esteja. Não me sinto muito merecedor do paraíso, de qualquer forma. Continue sendo o meu reflexo, e eu continuarei olhando por você.

Alexy Valdez.

O apaixonado por você.

Uma surpresa bem assustadora, fora ver Mirian sorrir, e Armin chorar. Ela olhou com ternura para o rapaz, limpando as lágrimas dele com as costas da mão, tal como ele havia feito com ela certa vez. Ele abriu os olhos que escorriam pelos cantos, e fitou-a pedindo consolo.

A morena o atendeu, em um abraço demorado e aconchegante. Ele sentia-se como uma criança aos berros. Por tanto tempo havia guardado aquela carta para si, sem entender realmente o porquê de derramar tantas lágrimas ao lê-la. Mas ao ver Mirian sorrir, ele finalmente entendeu que Alexy não queria fazê-lo chorar, mas rir de tudo aquilo, de toda aquela situação sem solução. De o quão engraçada era a vida, que tentava sem obter sucesso, retirar o irmão dele. Pobre vida que nada sabe. Alexy não estava morto, pois vivia guardado no coração de Armin.

Ao finalmente sentir-se melhor e mais confiante, ele se afastou tranquilamente dela, um pouco encabulado por ser ela a consolá-lo. Mas estava decido a fazer uma coisa, certa dessa vez.

– Quero te contar a mais bela história de amor que eu estou vivendo. – tocou suavemente os dedos dela, os tomando sob os seus. – Não é bem um amor lá muito certeiro, ele é calmo, apaixonante e verdadeiro. Certa vez, eu vi uma garota de cabelos enormes – passou a mão no cabelo dela, delineando-o até as pontas.

“E bem, foi amor à primeira vista. Ela parecia precisar de mim, tanto quanto preciso dela. Essa garota se chama Mirian e vive em meu coração, quer queira ela, quer não. A pequena menina que aqui dorme, é como o céu, que às vezes está repleto de nuvens, mas às vezes é tão limpo, calmo e aconchegante que faz com que se apaixonem não só por seu brilho, mas pelas nuvens defeituosas que ele demonstra. E isso apenas me faz amá-la mais e mais, a cada segundo que a vejo, ou penso nela. Essa garota é você, sim a errática e mais certa pessoa que eu conheço. Não haveria como amá-la menos. Eu te amo Mirian.” – ele disse por fim, vendo o rosto dela corar, tomar tons indecisos de vermelho.

Mirian olhava para todos os lados, procurando evitar o olhar relaxado de Armin, se atrapalhando em si mesma. Abria a boca e fechava rapidamente, sem saber o que dizer. Mas ele sabia o que fazer.

Puxou-a delicadamente para seus braços, obrigando-a levantar-se da cama. Recostou-a sobre seu peito, a encaixando perfeitamente ali, como se o único propósito de sua vida fosse completar esse quebra-cabeça. Então puxou o queixo dela devagar, vendo que a mesma não recuaria e foi cada vez mais rápido, dando um suave encontro entre ambos os lábios.

Eles se pertencem e já não podem mais se desunir. Deslizavam com uma facilidade arrebatadora, trazendo um prazer calmo e distinto de qualquer outro. Ele se sentia cada vez melhor, como se a luz do sol estivesse iluminando os cantos mais escuros de sua alma de uma única vez, deixando transparecer naquele beijo – que apenas se intensificava mais –, cada emoção verdadeira existente em si, revelando quem ele era sem pressa que isso acabasse.

Ao finalizarem apenas pela falta de ar, ficaram trocando selinhos demorados, como colheradas do mais doce mel. Ele então entendeu que nada precisava ser dito. Mirian havia compreendido o que ele sentia e tinha retribuído a isso. Já bastava. E ela sentiu o mesmo, que não tinham palavras capazes de descrever aquilo, que a palavra certa ainda não havia sido inventada.


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